quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Alex Zanardi, o nosso heroi

Sempre que termina uma competição, quer nos Jogos Olimpicos, quer agora nos Paralímpicos, a organização decide sempre tocar a musica "Heroes", que David Bowie compôs em 1977, para homenagear os vencedores e os que vão ao pódio, porque como diz a canção: "podemos ser heróis, mesmo que seja apenas por um dia"

Para nós, que amamos o automobilismo, estávamos curiosos em ver o que faria um atleta em especial nesses Jogos Paralimpicos: o italiano Alex Zanardi. Está agora a caminho dos 46 anos e tem um curricluo impressionante, onde apesar de não ter conseguido quase nada na Formula 1 - apenas um ponto em toda a sua carreira na Jordan, Minardi, Lotus e Williams - foi bicampeão na CART, ao serviço da Chip Ganassi, sendo um dos pilotos mais velozes da sua geração na competição americana. Hoje as expectativas eram muitas, e ele conseguiu as cumprir, conseguindo a medalha de ouro. O local, curiosamente, foi num circuito usado para o automobilismo: Brands Hatch.

Curiosamente, está quase a fazer onze anos desde aquele acidente em Lausitzring. Aquele acidente  do dia 15 de setembro de 2001, do qual 99 em cada cem pessoas, quando viu de imediato, enjoou ao ver a violência do embate e achou convictamente que estava morto. Contrariando as estatísticas e as convicções, sobreviveu. Com sete paragens cardíacas, com meio litro de sangue no corpo e sem pernas. O seu exemplo de sobrevivência, para mim, só pode ser explicado por ele ser um atleta.

Depois de terem assistido ao primeiro milagre, colocaram-lhe novo "o caixão à porta", dizendo que a sua carreira estava acabada. Ele fez dessa contrariedade uma oportunidade. Tem de ser: os automobilistas são competitivos por natureza. Digo isto porque me lembro da cena do "Dias de Tempestade", do agora falecido Tony Scott, onde os dois pilotos - um deles Tom Cruise - no hospital, ambos em cadeira de rodas, competiam para ver quem chegaria mais rapidamente à porta de saída. E se o cérebro estiver intacto, eles não pararão nunca.

E dessa contrariedade, assistimos ao "segundo milagre", quando o vimos a correr de novo, desta vez no WTCC, a vencer corridas pela BMW. A sua primeira, creio que foi em Oscherschleben, deve ter feito chorar muito coração empedernido, porque estava a assistir a um milagre. Alguém, "vindo dos mortos", num carro adaptado, bater pilotos que tem duas pernas, uma para acelerar, outra para frear (travar) e subir com as suas muletas ao pódio para receber o troféu da vitória e ouvir o "Il Canto degli Italiani".

Que ouvirá mais uma vez depois de vencer esta tarde a sua corrida na sua categoria, dando mais uma medalha de ouro nos Jogos Paralimpicos. Em Brands Hatch. Deve ter-se sentido em casa. E mais uma vez, escreveu mais uma página dourada da sua vida absolutamente excepcional. Hollywood já lhe deve um filme de jeito.

E para fechar: é por causa de alguém como o Alex Zanardi que acredito que voltarei a ver Robert Kubica dentro de um carro de Formula 1. E não é só para umas voltas de teste. Como já viram, o ser humano é capaz de coisas à partida "impossiveis"...

3 comentários:

Marcio Conrado disse...

Incrivel! Eu ja havia ficado emocionado só em saber que ele estava competindo nos jogos. Se eu corresse contra ele e tivesse a capacidade e ousadia de andar na frente, daria passagem. Este homem é um herói, um genio obstinado. O mundo deveria aplaudir de pé.

Alessandro Seara disse...

Caramba... estou às lágrimas com a notícia.

Grande figura, realmente um herói para todos aqueles que amam o automobilismo.

E parafraseando o David Bowie, realmente por hoje e por sempre Zanardi é herói!

lobo solitario disse...

Em primeiro lugar parabéns ao Alex Zanardi por esta magnifica vitória.

Não sei porquê mas desde que ouvi (li) que o Alex queria participar nos jogos paralímpicos nunca mais consegui tirar da cabeça o cenário de uma medalha, quando ele começou a conseguir vitórias nas maratonas comecei mesmo a acreditar que era possível. Mas quando soube que a prova se disputaria em Brands Hatch disse cá pra mim "Porra realmente há alturas na vida que todas as forças do universo se conjungam para que algo de grandioso aconteça, e nenhum outro atleta conhece Brands como o Alex."
Hoje quando li a noticia a felicidade tomou conta de mim.

Agora que venham as outras duas medalhas de ouro.

PS: Li recentemente que o Alex estava a pensar disputar as Indy 500 novamente. Depois de hoje acredito que vai conseguir.