Como seria de esperar, um Red Bull fez a pole-position. E como já se tinha visto ontem, Lewis Hamilton iria ser o "joker" que poderia baralhar as contas. E Fernando Alonso fez apenas o que lhe competia, conseguindo o suficiente para continuar em boa posição para alcançar o tricampeonato. E Mark Webber está numa posição desfavorável quando largar amanhã do quinto lugar da grelha para a corrida de Abu Dhabi, atrás de Jenson Button.
Mais do que um "passear de superioridade" por parte da Red Bull, a qualificação teve na primeira parte o Ferrari de Fernando Alonso a dar nas vistas, enquanto que mais atrás ficavam os integrantes do costume: as novatas, com Jarno Trulli a ser o melhor delas, batendo o seu companheiro Heiki Kovalainen. E na Hispania, Bruno Senna foi melhor do que Cristian Klien. E o tal que ficaria junto delas foi o Toro Rosso do suiço Sebastien Buemi.
Com a segunda parte dos treinos a decorrer, Vettel foi para a frente da tabela dos tempos, e estes começaram a cair para além da cada de 1.40 minutos. Com os pilotos que nos interessam a qualificarem-se sem problemas para o "top ten" a grande surpresa foi os dois erros cometidos por Robert Kubica nas suas voltas rápidas, que o colocaram de fora da decisão final, enquanto que no seu lugar ia... Vitaly Petrov, que acabou a qualificação no 10º posto.
E assim chegavamos à parte mais interessante da qualificação. E foi mesmo. Primeiro, os McLaren deram tudo e colocaram-se nas duas primeiras posições, com Alonso logo atrás. Depois sairam as Red Bull para marcar os seus tempos, e na última hipótese, Hamilton ficou com o primeiro posto até que Sebastien Vettel fez a sua volta em 1.39,394 segundos, tirando 31 centésimos de segundo ao inglês da McLaren.
No final da qualificação, a reacção dos candidatos era diferente. No caso do "poleman" Sebastien Vettel, celebrava o feito alcançado momentos antes: "Não poderia ter sido melhor. Foi um classificação complicada, em condições traiçoeiras. Ontem, nos treinos livres, não parecíamos tão bons e demos um passo que nos permitiu pegar a pole-position. Foi uma sessão apertada, mas agora estou focado para amanhã, para ver o que vai acontecer", concluiu.
Já Mark Webber, o seu companheiro de equipa, não era um homem feliz depois dela, porque tinha consciência que podia ter deixado escapar a aua chance de título: "Não estou muito satisfeito, claro. Ser o quinto da grelha não é muito bom. É desapontante, claro, mas ainda há muito pela frente amanhã. O pano ainda não caiu. Gostaria de ter ficado mais à frente, mas não consegui apanhar o ritmo", começou por dizer aos jornalistas da BBC.
"Temos de terminar a corrida. Muitas coisas podem acontecer na corrida. Não facilitei as coisas com a minha performance de hoje mas já vimos corridas mudarem, pelo que não estamos terminados. O campeoanto ainda não está decidido mas seria bom estar mais à frente", reforçou, lembrando que ainda está "na caça ao título".
Por fim, Fernando Alonso assumia uma postura calculista e pragmática: "Acho que estamos mais ou mesmo na mesma situação de dois dias atrás, antes do primeiro treino livre. Sabemos qual é a situação, conhecemos os quatro candidatos. Acho que está tudo na corrida de amanhã, qualquer coisa pode acontecer e vimos nos últimos eventos as coisas mudarem. Na Coreia, as Red Bulls eram muito fortes e perderam a corrida com problemas mecânicos, no Brasil, vimos problemas nos pit stops. Tudo pode acontecer na corrida, precisamos completar as 55 voltas sem problemas. Será uma corrida difícil, longa, mas nós estamos em uma posição em que estamos muito fortes", disse o piloto da Ferrari.
Depois desta qualificação neste parque temático em tamanho-cidade, as peças do xadrez desta novela estão colocados desta forma: Sebastien Vettel tem a motivação e a capacidade de lutar pelo título, aliado a um bom carro, e vai tentar tudo para ser campeão do mundo. Lewis Hamilton é o tal "joker" que pode na corrida ser um "kingmaker", no sentido de, por exemplo, ir para a frente e arruinar as hipóteses da Red Bull, dando o título a Alonso, ou então segurar o piloto espanhol tempo o suficiente para que, por exemplo, Mark Webber o passar impedir o piloto das Asturias de chegar ao tricampeonato.
Mas há outras peças do xadrez que não podem ser menosprezadas. Jenson Button, o quarto, e Felipe Massa, o sexto, poderão querer participar na festa e fazer algo que impeça Mark Webber de chegar ao título. Se jogarem bem as cartas, poderão incomodar ou impedir a progressão de um ou mais candidatos ao título. Em suma, todas as hipóteses são possiveis, e todos eles estão a ser vigiados. O final "hollywoodesco" que Bernie Ecclestone sonha todos os anos, mas que raramente se concretiza, irá começar, a partir do meio da tarde local, numa televisão perto de si.