sábado, 12 de setembro de 2020

Formula 1 2020 - Ronda 9, Toscânia (Qualificação)

De Monza passa-se para Mugello, no "tour italiano" que a Formula 1 decidiu montar num calendário inesperado que foi montado devido à pandemia. A corrida milanesa foi uma surpresa agradável, sem o tempo a interferir, apenas o erro humano que deu a segunda vitória não-Mercedes e à velha e carismática pista italiana - a caminho dos cem anos, comemorados em 2022 - mais uma razão para ficar no nosso coração como uma das mais carismáticas da história do automobilismo.


Contudo, como dissera no domingo, era para aproveitar, porque provavelmente, na semana seguinte, tudo voltaria ao normal, a hierarquia seria aquela, com os Mercedes a levarem a melhor. 

E foi o que aconteceu? pois foi. Mas é aqui que se conta essa história.

Tudo começa com uma tarde de verão num cenário absolutamente novo na história da Formula 1. Mugello era conhecido pela Ferrari, porque é uma das pistas de teste, logo , parecia ter uma espécie de "unfair advantage", mas na realidade, com o carros abismal deste ano, parecia que iriam a caminho do Gran Premio Vergogna Due", pois é a digressão italiana combinada com um péssimo chassis. A Scuderia voltou a 1980, pena não estar um Gilles Villeneuve para fazer o impossivel para tirar bons resultados.

Mugello, não sendo um circuito "tilkiano", é veloz, e tem muitas saídas pela gravilha (ou caixa de brita, para quem lê isto no Brasil). Assim sendo, os pilotos não poderiam abusar, e não haveria sensores nas curvas para ver se o tempo era ou não eliminado. Quando começou, os Williams foram os primeiros a sair, mais para marcar tempo, que logo a seguir, foram suplantados por Lance Stroll, com 1.16,701, antes de Lewis Hamilton fazer 1.15,778, antes de Valterri Bottas fazer melhor, com 1.15,749. Verstappen era terceiro e as Force India vinham logo a seguir.

Atrás, a Ferrari dava o seu melhor, e de repente, Sebastian Vettel tentava ficar ainda dentro da Q2, e lutava para sobreviver. Especialmente depois de Nicholas Lattifi ter feito um tempo que o colocava... na sua frente!

No final, todos se esforçaram e a grande surpresa nem foi Sebastian Vettel, mas sim Pierre Gasly, o vencedor de Monza, que não conseguiu passar por 52 centésimos. Faria companhia às Williams, ao Haas de Kavin Magnussen e o Alfa Romeo de Antonio Giovinazzi.

Passando para a Q2, os Mercedes começaram a marcar um tempo para mostrar ao resto do pelotão. Primeiro com Hamilton, com 1.15,309, depois Bottas, com 1.15,322. Max Verstappen era 152 centésimos mais lento que o primeiro lugar, mas estava zangado, porque achava que teria feito melhor. É que Lance Stroll tinha estado na sua frente durante a volta mais rápida e não gostou. Alex Albon era o quarto, e Sebastian Vettel não conseguia subir de 13º e ficava cada vez mais aflito, da mesma forma que os McLarens, também aflitos para estar mais acima.

Nos últimos segundos, Carlos Sainz Jr. conseguiu levar a melhor, à custa de Lando Norris, enquanto Daniil Kvyat saia fora da pista e não conseguia ir para a Q3. Acabou por fazer companhia a Sebastian Vettel, Lando Norris, Kimi Raikkonen e Romain Grosjean.

Para a fase final, começou com Carlos Sainz Jr a marcar os primeiros tempos, mas a seguir vieram os mesmos dos costume. Primeiro, Hamilton com 1.15,144, 59 centésimos na frente de Valtteri Bottas, depois de ele ter feito a sua volta. Max Verstappen foi o terceiro, a 402 centésimos. Albon e Stroll tinham ficado a seguir.


No final, Hamilton fez uma volta e não melhorou, e Esteban Ocon fez um pião que prejudicou todos os que vinham atrás, incluindo Valtteri Bottas. Pouco antes, Charles Leclerc conseguiu o quinto melhor tempo, algo raro para celebrar na Scuderia. Claro, Lewis Hamiltom agora tinha 95 pole-positions na sua carreira, a Mercedes monopolizaria a primeira linha e tudo parece que amanhã ambos estarão no pódio, com o britânico no lugar mais alto do pódio. 

Resta saber o que aparecerá amanhã. Será mais do mesmo? Provavelmente. Mas isso não me impedirá de ver a corrida, porque como viram na semana passada, até meio da corrida, toda a gente sabia quem iria ganhar...

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Youtube Formula 1 Video: Vettel é o piloto para a Aston Martin?

O Josh Revell está "on fire": vinte e quatro horas - ou pouco mais - depois de ter colocado o video sobre como chegou Michael Schumacher à Formula 1, ele colocou outro sobre a chegada de Sebastian Vettel à Aston Martin, aquilo que vai ser chamado a equipa que começou como Force Índia em 2014 - só para terem uma ideia - e já vai na sua terceira encarnação em quase quatro anos.

Claro, tem a sua opinião, mas acho que vale a pena ver este video para ficar com uma ideia do que acham sobre esta mudança, e se acham que está certo ou não. Acho que a questão é pertinente, e saber se ele irá fazer algo de relevante, ou isto é apenas um lugar onde estancará a sua queda inevitável. 

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Formula 1: Aston Martin confirma Vettel em 2021


Sebastian Vettel
é o novo piloto da Aston Martin. O piloto alemão de 33 anos estará ao lado do canadiano Lance Stroll a partir da temporada de 2021, um dia depois de Sergio Perez tinha anunciado a sua saída da equipa, onde estava desde 2014, quando ainda se chamava Force India. 

De uma certa maneira, era algo esperado, pois a alternativa à equipa seria um ano sabático, algo do qual poderá ter pensado seriamente, mas poderá ter sido seduzido pelo projeto que está a ser montado por Lawrence Stroll

Tenho o prazer de finalmente partilhar esta emocionante notícia sobre o meu futuro. Estou extremamente orgulhoso de dizer que me tornarei piloto da Aston Martin em 2021. É uma nova aventura para mim, num construtor automóvel verdadeiramente lendário." começou a dizer o piloto alemão, no comunicado oficial. 

"Fiquei impressionado com os resultados que a equipa tem vindo a alcançar este ano e acredito que o futuro é ainda mais risonho. A energia e o empenho de Lawrence [Stroll] na Formula 1 são inspiradores e acredito que podemos construir algo muito especial juntos. Ainda tenho muito amor pela Fórmula 1 e a minha única motivação é correr na frente da grelha. Fazê-lo com Aston Martin será um enorme privilégio”, concluiu.

Já o chefe de Equipa, Otmar Szafnauer, afirma que ele será bem recebido na equipa. 

Toda a gente em Silverstone está entusiasmada com esta notícia. Sebastian é um campeão comprovado e traz uma mentalidade vencedora que corresponde às nossas próprias ambições para o futuro como Aston Martin F1 Team. Sebastian é um dos melhores do mundo, e não consigo pensar num piloto melhor para nos ajudar a entrar nesta nova era. Ele irá desempenhar um papel significativo ao levar esta equipa para o próximo nível”, disse.

Vettel correrá ao lado de Stroll, e será a quinta equipa do tetracampeão, depois de BMW Sauber, Toro Rosso, Red Bull e Ferrari, desde que começou a correr na Formula 1, em 2007. 

Youtube Formula 1 Video: A chegada de Michael Schumacher na Formula 1

Michael Schumacher já é lenda, e parecendo que não, já passaram quase 30 anos desde a sua estreia na Formula 1, num Jordan verde, em Spa-Framcochamps. E o que não muita gente sabe é que ele foi para lá porque um dos seus pilotos, o franco-belga (nascido no Luxemburgo) Bertrand Gachot, se envolveu num incidente em Londres, onde se defendeu da agressão de um taxista com um jato de gás pimenta, que era ilegal na Grã-Bretanha naqueles dias.

E bom, quem conta esta história rocambolesca? O Josh Revell! Aqui vai. 

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Noticias: Sergio Perez fora da Force India


O mexicano Sérgio Perez anunciou esta quarta-feira na sua conta no Twitter que abandonará a Racing Point no final da temporada, depois de sete temporadas. O piloto de 30 anos lançou no seu comunicado oficial, agradecendo pela oportunidade lançada, e que afirma não ter planos para o futuro, significando que a sua continuidade na Formula 1 está em dúvida.

"Tudo tem um principio e um fim, e sete anos depois, o meu ciclo com a equipa chegará ao fim no final desta temporada", começou por afirmar no seu comunicado oficial. "Guardo as recordações dos muito anos que estivemos juntos, as amizades e a sensação que dei sempre o meu melhor. Estarem sempre agradecido a Vijay Mallya, que acreditou em mim em 2014 e permitiu continuar a minha carreira na Formula 1 pela Force India. E à atual administração, a cargo de Lawrence Stroll, desejo o melhor dos êxitos no seu futuro, em especial no projeto da Aston Martin.", continuou.

"Não tenho um plano B, a minha ideia é continuar por aqui, sempre que se apresentar um projeto que me motive a dar cem por cento de mim mesmo a casa volta. Agradeço a todos os que estiveram comigo ao longo destes quase dez anos. À minha familia, que esteve presente nas horas boas e más.", concluiu.

Perez está no projeto desde 2014, depois de uma passagem decepcionante pela McLaren em 2013. Antes disso, andou pela Sauber de 2010 a 2012, onde conseguiu três pódios. Ao todo, na sua carreira tem oito pódios e quatro voltas mais rápidas, sendo a sua melhor temporada de sempre as de 2014 e 2015, acabando ambas no sétimo lugar da geral.

Noticias: Ferrari com decoração especial para o seu milésimo Grande Prémio


A Ferrari pode estar na mó de baixo, mas não esqueceu de se aperaltar para aquele que vai ser o seu milésimo Grande Prémio na sua história da Formula 1, com uma pintura especial, um vermelho borgonha usado no seu primeiro carro, o modelo 125, em 1950. Para além disso, o carro terá o número "1000" escrito nos seus chassis, e os pilotos usarão um fato especial para comemorar a ocasião, ainda por cima, com alguns milhares de espectadores, escolhidos entre os fãs da Scuderia, que encherão a bancada principal do circuito de Mugello. 

O 1000º Grande Prêmio da Scuderia Ferrari é um marco muito importante, portanto, teve que ser marcado de uma forma especial”, começou por dizer Piero Lardi Ferrari, vice-presidente da Ferrari e filho do fundador.

É por isso que decidimos usar uma pintura única nos carros para este evento, com os SF1000 indo para a pista do Circuito de Mugello na cor vermelho borgonha, visto pela primeira vez no 125, o primeiro carro de corrida a levar o nome Ferrari. Até mesmo a aparência dos números de corrida nos carros de Charles e Sebastian refletirá a tradição do passado, dando a impressão de serem pintados à mão na carroceria, enquanto os trajes de corrida dos pilotos também combinam com a cor do carro.”, concluiu.

É uma grande honra dirigir uma Ferrari naquele que é o 1000º Grand Prix deste, o mais antigo serviço de todas as equipes de Fórmula 1”, disse o tetracampeão mundial Vettel.

Será um prazer ainda maior comemorar este aniversário no Circuito de Mugello e também porque, pela primeira vez nesta temporada, alguns espectadores poderão entrar nas bancadas.”, concluiu.

Mal posso esperar para estar na pista de Mugello com a Ferrari”, disse, por sua vez, Charles Leclerc. “O circuito é realmente lindo e, além disso, estamos comemorando o 1000º GP da nossa equipe na Fórmula 1. Também estou feliz em aprender lá serão alguns milhares de fãs nas bancadas.

Também em jeito de homenagem, a Mercedes decidiu que o seu Safety Car também será pintado de vermelho, em tributo à equipa de Maranello.

No Nobres do Grid deste mês...


Escrevo isto um dia depois de assistir à final da Liga dos Campeões de futebol. Claro, não vi quase nada porque calhou no mesmo dia de umas 500 Milhas de Indianápolis disputada perante bancadas vazias, triste exemplo de uma pandemia em que vivemos. E a mesma coisa reparei no maior jogo de futebol clubistico da Europa, que se disputou em Lisboa.

Mas na realidade, isso não era para acontecer. Originalmente, iria ser noutro lugar. A pandemia obrigou a se mudar para outro lugar, e a UEFA escolheu Lisboa porque era um lugar periférico e porque a pandemia tinha sido controlada. Tinham garantido lugares vazios e um controle sanitário impecável, e foi o que aconteceu. Mesmo os casos entre jogadores foram raros e aconteceram antes de eles rumarem à capital portuguesa, logo ficaram nos seus lugares de origem e em isolamento.

Isso é um exemplo de muitos eventos desportivos que aconteceram ou vão acontecer este ano. Por causa da pandemia, Portugal irá receber a Formula 1, e a MotoGP. Esta última será a prova de encerramento do campeonato, a 22 de novembro, quatro semanas depois da visita da Formula 1 ao país, e provavelmente com duas coisas: público nas bancadas e um dos seus candidato ao título. É que Miguel Oliveira, piloto da KTM, venceu a sua primeira corrida na classe raínha no passado dia 23 de agosto no Red Bull Ring, palco do GP da Styria. E com Marc Marquez fora de combate, o título está aberto e poderá vencer o mais regular. E o piloto de 25 anos tornou-se num sério candidato.

Mas não é só isso. Como sabem, a Formula 1 regressará a 25 de outubro, no Autódromo de Portimão, e prometem que será aberto ao público, com cerca de 50 mil bilhetes vendidos, para assegurar um distanciamento social seguro. Mas o preço a pagar foi irrisório, apenas a nova camada de asfalto que custará cerca de um milhão de euros e demorará dez dias para ser colocado, pronto para receber as duas e quatro rodas. E a prova da MotoGP acontece porque desde há algum tempo que a Dorna e a FIM, Federação Internacional de Motociclismo, tinham combinado que Portimão iria ser uma substituta caso alguma prova caisse no calendário. E a FIM é neste momento liderada por um português Jorge Viegas de seu nome.

Grande ironia: a única prova marcada inicialmente no calendário para terras portuguesas, o Rali de Portugal, que estava previsto para o final de maio, foi a única cancelada. Todas as outras provas são substitutas. O resto do mundo conhecerá um circuito que não estava prevista a sua passagem nos calendários iniciais. (...)

Nem tudo foi mau com a pandemia. É óbvio que não há gente para seguir os grande eventos, há um estado de alerta para evitar que o aumento de novos contagiados seja o mais contido possível, para que a segunda vaga seja a mais pequena e mais comprida possivel, agora que o outono e o inverno se aproximam, aqui, no hemisfério norte, mas num pa´si como Portugal, a pandemia permitiu a realização de um Grande Prémio de Formula 1 e a prova de encerramento da MotoGP, algo quer não estava nos planos iniciais, se não fosse os eventos que estamos vivendo.

E é essa a reflexão que faço, este mês, no Nobres do Grid.

terça-feira, 8 de setembro de 2020

Youtube Formula One Video: As declarações de Pierre Gasly depois da vitória

Eu fui à Internet e encontrei isto: a vitória de Pierre Gasly em Monza, contada nas suas próprias palavras. O video vem do canal do Youtube da Alpha Tauri, e de uma certa forma, é um momento único da história de uma equipa que já foi Minardi, passou por ser Toro Rosso e agora mudou o nome para Alpha Tauri.

Um momento para recordar.

Noticias: Lewis Hamilton participa na Extreme E Series


Lewis Hamilton
tornou-se no mais recente aderente ao Extreme E Series, a competição de todo o terreno elétrica que arrancará em 2021. A equipa, batizada de "X44", relacionado com o seu número que usa no seu carro, alinhará juntamente a uma lista crescente de equipas e pilotos que inclui a Chip Ganassi Racing, Andretti United, Abt, HWA, Techeetah e Veloce Racing, entre outros.

É um novo projeto empolgante e será divertido ter uma função diferente de ser o piloto”, disse o piloto-activista. “O que é mais atraente, porém, é que o campeonato Extreme E não só aumentará a conscientização sobre algumas das questões ambientais mais críticas que nosso planeta enfrenta, mas também fará algo a respeito, trabalhando com organizações de caridade locais para não deixar rastos, e um legado de mudança duradouro".

Desconhece-se se ele também participará como piloto na equipa. 

A Extreme E series é uma competição elétrica de todo o terreno que vai acontecer em várias localizações um pouco por todo o planeta, em locais ameaçados pelas alterações climáticas. Além da competição própriamente dita, tentarão consciencizar os espectadores do impacto que as alterações climáticas estão a ter em paisagens vulneráveis.

A competição começa em janeiro, com uma jornada dupla no lago Rosa, no Senegal, e terá mais quatro rondas no Nepal, Gronelândia, Brasil e Arábia Saudita.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Youtube Formula One Video: Os momentos do fim de semana de Monza

Uma corrida inesquecível, de uma certa maneira. O fim de semana de Monza, com o final imprevisível que todos nós vimos, foi algo memorável, mas ao longo do fim de semana, como sabemos, houve mais momentos que valerem a pena ser colocados em video.


domingo, 6 de setembro de 2020

A imagem do dia




Andei a ver os últimos momentos da transmissão francesa, com o narrador a emocionar-se perante algo que já não se via há 24 anos: um francês a vencer uma corrida de Formula 1. E parece muito - é muito, uma geração! - para ver a França, um dos pioneiros da Formula 1, o país que inventou o Grande Prémio, onde se correu a primeira prova de automobilismo da história, onde é a sede da FIA, estar fora do lugar mais alto do pódio. Tanto tempo... e tem pilotos do atual pelotão que nem eram nascidos quando Olivier Panis foi o melhor nas ruas do Mónaco, a bordo de um Ligier. 

O narrador, depois de ver Gasly cortar a meta, lembrou de todos os franceses que subiram ao lugar mais alto do pódio, desde Maurice Trintignant até a Panis. E sei das circunstâncias de todas essas vitórias, porque o meu cérebro ainda não pifou. Mas também lembrei de outras coisas. De como a França andou 35 anos à procura do seu campeão, de como eles ficaram sem ninguém, do que fizeram para encher a grelha de franceses, chegando a ter sete, oito e nove pilotos ao mesmo tempo, das esperanças e das trágicas decepções, dos dramas até à vitória final. E até da teimosia de querer ter tudo francês, só para dizer ao mundo que eram melhores que italianos, alemães e britânicos.

Trintignant - apelidado "le Petoulet", porque quando tirou o seu Bugatti da garagem onde ficou guardado por toda a guerra, e viu que tinha o escape cheio de caca de rato, deram esse nome - quando venceu nas ruas do Mónaco, em 1955, foi porque os Mercedes desistiram e o Lancia de Alberto Ascari foi parar ao fundo das águas do porto de Monte Carlo. Foi ao acaso que a França entrou no livro dos vencedores. E foi ele que, quando foi morte de Jean Behra, apelou a que aparecesse uma nova geração de pilotos para honrar o nome da França na Formula 1. Só viu esse apelo ser atendido uma década depois, quando fizeram provas como o Volant Elf e o Volant Shell, que apareceram essa geração que Trintignant tanto quis. E os nomes que apareceram ali viriam escrever páginas de ouro no automobilismo. 

Mas pelo meio apareceu a Matra, antes da Renault e Ligier. Apareceu Jean-Pierre Beltoise, que todos pensavam que seria ele a vencer, numa máquina francesa, com chassis e motor francês. O nacionalismo orgulhoso de uma industria que queria ser capaz, mas nem sempre aconteceu. E pior: não foi ele a quebrar o enguiço, foi Francois Cevért, seu cunhado, num dia de outono nas florestas de Nova Inglaterra, em 1971, que conseguiu terminar a seca. Para ele, estava reservado um dia de chuva nas ruas do Mónaco, no ano seguinte, mas não numa máquina francesa. E para Cevért, o trágico final dois anos depois, no mesmo local.

E depois, o resto. Os franceses emocionaram-se quando Jacques Laffite conseguiu em Anderstorp, em 1977, no seu Ligier-Matra. Tanto que a organização... não tinha o disco com "A Marselhesa". Um anos depois, foi Patrick Depailler, como Trintignant e Beltoise, conseguiu uma vitória que tanto queria, mas batia ao lado, a bordo do seu Tyrrell. E como comemoraram, um ano depois, com Jean-Pierre Jabouille, o motor Turbo e pneus Michelin, naquele primeiro de julho, em Dijon-Prenois! A vingança da chaleira amarela, onde em dois anos passaram de patinho feito a lindo cisne amarelo. Mesmo que todos os olhos estivessem vidrados no duelo entre Gilles Villeneuve e René Arnoux.

Depois, o resto. Brasil 1980 (Arnoux), Bélgica 1980 (Pironi), França 1981 (Prost), e a ironia de ver Patrick Tambay triunfar em Hockenheim, horas depois de terem visto, arrepiados, a agonia de Didier Pironi no solo do seu Ferrari destruído e verem desfeitos os sonhos do título mundial que tanto queriam e tinham trabalhado bastante. E outra grande ironia, quando finalmente o alcançaram, no GP da Europa, em Brands Hatch, depois de dois anos a bater a bola na barra, foi que Alain Prost conseguiu num McLaren, na mesma altura em que a Renault se retirava pela primeira vez da categoria máxima do automobilismo, frustrado por ter escrito uma página na história do automobilismo, e não ter conseguido o sonho máximo.

Mas é engraçado que depois, a Formula 1 se encheu de franceses, mas o próximo que os fez sonhar acabou por ser Jean Alesi. Como aconteceu com os italianos, preencheram a grelha, mas quase ninguém era capaz de fazer a diferença. Curiosamente, Alesi, cuja familia veio da Sicilia para França antes de ele nascer, foi para Itália e mostrou todo o seu carisma. E quando triunfou, no GP do Canadá de 1995, foi porque estava no lugar certo, na hora certa, porque o volante do Benetton de Michael Schumacher decidiu dar alguns problemas inesperados... e no final, comemorou em grande sentado no carro dele, na nação que viu nascer Gilles Villeneuve.

E depois de Panis, parece que tudo acabou. A Renault reapareceu, desapareceu e voltou a aparecer, e para o ano vai ser rebatizada de Alpine - mas não quiserem franceses, nem mesmo Sebastien Bourdais, que teve de ir para a América ser feliz. Tinha voltado o deserto, não havia franceses, as equipas tinham ido embora porque não aguentavam o aumento de custos - chegou a haver três ao mesmo tempo: Ligier, Larrousse e AGS - e mesmo com Romain Grosjean, não era ainda o "tal". Não podemos contar com Charles Leclerc, que é monegasco de nascimento, ou Jules Bianchi e Anthoine Hubert, esses desaparecidos precocemente e tragicamente.

Agora, com um Pierre Gasly que chegou à Red Bull e depois foi rebaixado para a Toro Rosso/Alpha Tauri, sem cerimonia por Helmut Marko, parece que ele começou a ter mais maturidade. Dois pódios depois do rebaixamento, o primeiro quando foi segundo no GP do Brasil do ano passado, parecem mostrar que aproveita bem as oportunidades quando as têm. Agora resta saber se terá estofo para bater Max Verstappen quando regressar à Red Bull, algures no ano que vêm. Não creio, mas nunca se sabe. Até lá, que goze este dia, que ele tão cedo não terá. A não ser que a Formula 1 baralhe e volte a dar de novo...

WRC 2020 - Rali da Estónia (Final)


Ott Tanak
aproveitou bem a sua primeira passagem pelo seu rali natal para triunfar no Rali da Estónia, vencendo com uma vantagem de 22,2 segundos sobre Craig Breen, com Sebastien Ogier a ficar com o lugar mais baixo do pódio, a 26,2 segundos. No final, foi uma dobradinha da Hyundai, que conseguiu bater a Toyota num terreno que parecia ser seu, na prova de regresso do Mundial de ralis.

Com seis especiais de classificação por completar neste domingo, e com uma luta entre Hyundai e Toyota, e com uma diferença de 11,7 segundos entre Tanak e Breen, iria ser um dia final bem competitivo. E as coisas começaram bem para o piloto local, pois ficou na frente do piloto irlandês, apenas de na primeira especial do dia, a primeira passagem por Arula, o vencedor tinha sido Elfyn Evans, 0,4 segundos na frente de Kalle Rovanpera.

Foi este último que ganhou na primeira passagem por Kaagvere, com uma vantagem de 2,1 segundos sobre Tanak e 2,2 sobre Breen. Esta era a etapa numero 13 do rali, que foi de azar para Takamoto Katsuta, que capotou quando seguia em quinto, e de Pierre Loubet, que teve problemas com a direção e acabou por desistir.

Em Kambja 1, Sebastien Ogier deu um ar da sua graça e triunfou, 1,8 segundos na frente de Kalle Rovanpera e 3,4 sobre Elfyn Evans. Tanak estava a controlar a distância entre ele e o irlandês, e a três especiais do final, parecia ter tudo controlado. Ogier voltou a vencer na segunda passagem por Arula, 0,7 segundos na frente de Tanak e 0,9 sobre Breen e Rovanpera, antes deste último triunfar na segunda passagem por Kaagvere, 2,8 segundos mais veloz que Ogier e 4,2 segundos mais elo que Tanak.

Kalle Rovanpera acabou por ser o melhor na Power Stage, 5.1 segundos na frente de Elfyn Evans e seis segundos sobre Ott Tanak. Mas o estónio estava feliz por ter triunfado no seu primeiro rali de 2020 e o primeiro caseiro. "É ótimo [triunfar em casa], claro que temos algum know-how anterior, se você correr para casa sentirá o apoio das pessoas ao redor, então, é incrível - ótima sensação, primeiro WRC Rally na Estónia, a vitória é minha, então estou feliz, com certeza.", afirmou no final.

Com isto, Sebastien Ogier lidera o campeonato com 79 pontos, nove a mais que Elfyn Evans e mais treze que Ott Tanak. O WRC continua entre os dias 18 e 20 de setembro, em paragens turcas.

Formula 1 2020 - Ronda 7, Monza (Corrida)


Monza é aquela paisagem, lugar e cor. O autódromo quase centenário foi lugar de imensas corridas, muitas memoráveis para a Scuderia Ferrari. Uma delas, há precisamente meio século, dera a vitória a Clay Regazzoni, a primeira da sua carreira, 24 horas depois do grande protagonista do campeonato daquele ano ter morrido num acidente pouco antes de chegar à Parabólica.

Mas também, Monza é lugar onde no final de cada corrida, uma multidão invade a pista e vai celebrar os seus heróis, contudo, como quase todos são "ferraristas", espera-se que comemorem as vitórias dos seus pilotos. E havia quem, tempos idos, e a lenda solidificava essa ideia, is para a pista, chegava ao pé de algum carro que estivesse abandonado e levava um qualquer "souvenir" para dizer aos seus aigos, numa qualquer conversa futura entre "lambruscos" e pasta - ou ravioli - que aquele pneu ou pedaço de asa que tem ali pendurado num canto da sala foi o resultado da sua ida às corridas. Para nem falar dos cartazes publicitários furados por "portoghese", ou seja, aqueles que foram ver a corrida sem pagar uma única lira...

Mas isso já são tempos longínquos. A lira já não existe, este ano não há público e a Ferrari caminha pelas ruas da amargura. Sebastian Vettel largará de um discreto 18º lugar na grelha, e pontuar neste domingo, será uma vitória. Uma repetição dos lugares fora dos pontos na corrida amterior, na Bélgica, poderá provavelmente rebatizar esta corrida de "Gran Premio Vergogna Uno", porque semana que vem, em Mugello, será o "Vergogna Due", apesar de oficialmente ser o lugar do milésimo GP da Ferrari...

Como podem ver, a infâmia não é só ver seus pilotos mortos ao serviço "delle nacchine rosse". É também arrancarem do fundo da grelha.


Com um céu limpo, neste final de verão, esperava-se que iria ser uma corrida sem história, provavelmente corrida do modo mais veloz possível - em média, esta corrida tem 70 minutos de duração. Contudo, o destino iria ser completamente diferente. Completamente. Um pouco como a nossa normalidade é perturbada pela colocação de mais um dado ao acaso.

Mas comecemos. A partida aconteceu com Hamilton na frente e Bottas a ser engolido pelo pelotão, primeiro pelos McLaren, depois por Perez, Ricciardo e Ocon. O finlandês queixava-se de um furo lento, mas parecia que estava tudo bem. No final da primeira volta, era sexto. Atrás, Alex Albon falhou a travagem na primeira chicane, caindo para o 15º posto, depois de um toque no carro de Pierre Gasly. No final, foi penalizado por ter andado fora dos limites.

Nas voltas seguintes, as coisas não andaram anormais, excepto quando na volta sete, os travões de Sebastian Vettel falharam e ele acabou por ir às boxes e de lá não saiu mais. Na frente, os McLaren eram segundo e terceiro, com Perez e Ricciardo atrás deles. 

Na volta 21, Charles Leclerc, que era... 14º, foi às boxes para trocar de pneus para duros, enquanto pouco depois, Kevin Magnussen se tornava na segunda desistência do dia. O carro ficou numa posição perigosa e foi o suficiente para a FIA chamasse o Safety Car. A entrada das boxes foi fechada para os comissários pudessem circular, mas ao mesmo tempo, Lewis Hamilton e Antonio Giovinazzi foram às boxes para trocar. Ou seja, com a entrada fechada, incorreram numa irregularidade. 


A corrida recomeçou na volta 24, mas não por muito tempo, quando Charles Leclerc perdeu a traseira na saída da Parabólica e bateu bem forte. Primeiro, o Safety Car, mas depois, a bandeira vermelha criou ainda mais confusão numa corrida que deveria ser chata... no final, a corrida recomeçou mais de meia hora depois, com Hamilton penalizado em dez segundos, que acabou por cumprir nas primeiras voltas depois de uma nova partida na grelha.

A corrida recomeçou na volta 27, precisamente metade da corrida. Com Hamilton a cair para a última posição, ele tinha uma tarefa bem complicada, porque eles não eram os mais velozes em reta. Quando Hamilton cumpriu a sua penalização, voltou à pista em último e a trinta segundos de liderança. Atrás, Max Verstappen era mias uma vitima dos travões e abandonava a prova.

Na volta 34, Sainz apanhou Raikkonen e passou-o, sendo segundo e indo atrás de Gasly, o novo líder. Atrás, Hamilton ia de faca nos dentes, tentando apanhar a maior parte dos pilotos para chegar o mais alto possível. Na volta seguinte, Stroll passou Raikkonen na segunda chicane para ser terceiro. Com o passar das voltas, o finlandês caia para o fundo do pelotão, pois não tinha velocidade para os acompanhar. 

Atrás, Lewis Hamilton tinha dificuldades para passar os carros que tinha na sua frente. Demorou algumas voltas até passar o carro de Alex Albon, e quando passou Romain Grosjean para ser 12º, já estávamos na volta 41. Na frente, Pierre Gasly aguentava a investida de Carlos Sainz Jr., que na volta 46, já estava na traseira do piloto francês da Alpha Tauri. 


As voltas finais foram emocionantes, com o espanhol a tentar apanhar o francês para lá chegar ao topo, mas Gasly teve sangue-frio suficiente para aguentar a inestida final do filho de Carlos Sain, para assim triunfar pela primeira vez na sua carreira, dando à Alpha Tauri a sua segunda vitória, doze anos depois de Sebastian Vettel.

E de corrida chata, passamos a ter uma emocionante e imprevísivel. E se antes, a previsibilidade era tanta que o resto não importava, agora é o contrário: uma corrida sem vencedor definido, que nos agarrou aos sofás, iria ter como ambiente um lugar vazio de gente, sem ninguém por causa de uma pandemia. Ali, o fã se lembra que está a sofrer, que aquele sonho poderia ter um ambiente melhor, porque corridas dessas só muito de vez em quando. Muito raramente.