Depois do que vimos no dia de ontem na qualificação, parecia que as expectativas eram duas: se a Mercedes iria dominar a seu bel-prazer, sem se esforçar muito, como fez
Lewis Hamilton em Melbourne, ou se a chuva iria dar um ar da sua graça e baralharia as coisas a favor dos outros? Era que, de acordo com as previsões, havia a chance da chuva poderia fazer uma aparição durante a corrida, naquelas paragens tropicais.
Contudo, o resultado final da competição demonstrou uma terceira opção, do qual poucos esperavam e alguns sonhavam, nas não tão cedo. Mas foi o resultado de um carro equilibrado e o excesso de confiança da equipa dominadora. No final, Sebastian Vettel ganhou de forma inesperada - mas merecida - e deu à Ferrari a sua primeira vitória desde o GP de Espanha de 2013. E deu duas coisas: esperança aos que já se aborreciam com o dominio dos flechas de Prata, e justiça aos que defendiam e reconheciam o talento do piloto de Heppenheim desde os tempos da Toro Rosso, mas que tiveram de aguentar as criticas dos seus detratores no tempo em que era "o dono da Formula 1", na Red Bull.
A segunda ronda da Formula 1 em Sepang começou com dezanove carros na grelha - apenas Roberto Merhi foi autorizado a guiar - e a corrida arrancou como seria de esperar, com Hamilton na frente de Vettel, enquanto que a meio, Pastor Maldonado sofre um furo e "coxeava" para as boxes. Atrás, a mesma coisa aconteceia a Kimi Raikkonen, que falhava a passagem pelas boxes no inicio da segunda volta após sofrer um toque vindo do Sauber de Felipe Nasr. As coisas estavam animadas na volta 3, até que Marcus Ericsson sofreu um despiste na curva 5, quanto este tentava passar o Force India de Nico Hulkenberg, cuja posição estava em perigo. O carro estava em posição perigosa, e isso fez entrar o Safety Car logo na terceira volta.
Isso fez com que alguns carros fossem às boxes trocar de pneus, tirando os médios para colocar os mais duros. Os Mercedes foram às boxes, mas Vettel não, o que colocava o alemão da Ferrari na liderança, seguido por Hulkenberg, Grosjean e Sainz Jr. Quando o Safety Car voltou às boxes, na volta 7, Vettel ficou na frente, enquanto que Hamilton e Rosberg tinham dificuldades para passar os carros na sua frente. E isso era benéfico para o alemão da Ferrari.
Hamilton só conseguiu passar o Toro Rosso de Carlos Sainz Jr. na volta dez, mas logo a seguir passou Romanin Grosjean, para ser terceiro no inicio da 11ª volta. Atrás, Nico Rosberg tinha muito mais dificuldade para passar, pois estava atrás de Daniel Ricciardo, no sétimo posto. Na volta 12, Hamilton era já segundo, passando Hulkenberg, mas nessa altura, tinha um atraso de dez segundos. E Rosberg só era sétimo... subindo dois lugares nas duas voltas seguintes.
Vettel vai as boxes na 17ª volta e cede o comando a Hamilton, voltando à pista no terceiro lugar, atrás dos Mercedes. Com o novo jogo de pneus, o alemão da Ferrari conseguiu aproximar-se do seu compatriota de Estugarda em pouco mais de três voltas, mas na volta 21, já estava na sua traseira. E na volta seguinte, Vettel era segundo, ao mesmo tempo que Fernando Alonso... parava de vez, quando era nono na classificação, não muito longe de Jenson Button.
Depois de Rosberg, Vettel apanhou fortemente Hamilton e no final da volta 25, o alemão passa o inglês, e ele reagiu imediatamente passando para as boxes, demonstrando que ele tinha um excelente carro, e provavelmente... a Mercedes tinha excesso de confiança. Três voltas depois, Rosberg parou nas boxes para novo jogo de pneus, na mesma altura em que Daniil Kvyat e Nico Hulkenberg tocaram-se, mas sem consequências para eles.
Outro incidente aconteceu na volta 31, quando Sergio Perez tocou no carro de Romain Grosjean, obrigando-o a tocá-lo e o francês fez um pião, seguindo em frente. Enquanto tudo isto acontecia, Hamilton aproximava-se de Vettel, mas ele não reduzia tempo suficiente para o poder apanhar com mais facilidade. Parecia que a Mercedes tinha concorrência a sério. Na volta 35, a diferença era de 14,7 segundos, a favor do piloto alemão e duas voltas depois, Raikkonen e Vettel foram às boxes, com o alemão a perder o comando para o inglês.
Regressado à pista, Vettel conseguiu ficar na frente de Rosberg, e Hamilton reagiu, parando na volta seguinte. Parecia que ambos iriam começar uma competição paralela para ver quem seria o melhor, mas parece que o inglês iria ter imensas dificuldades para apanhar o piloto alemão. Na volta 42, Rosberg ia às boxes, ao mesmo tempo em que Jenson Button parava de vez, deixando os McLaren sem ninguém na pista.
Na parte final da corrida, a Mercedes não conseguia fazer as aproximações que pretendia fazer, e parecia que aquilo que muitos não queriam acreditar - depois do dominio evidente dos carros de Estugarda em Melbourne - iria acontecer: uma Ferrari iria voltar ao lugar mais alto do pódio, pela primeira vez desde 2013. Mesmo quando a partir da volta 49, o céu escureceu e ameaçou chuva, o ritmo manteve-se.
No final, Sebastian Vettel levou a melhor e deu a Maranello a sua primeira vitória em quase dois anos, e a primeira de um piloto alemão desde o GP da China de 2006, quando Michael Schumacher foi o melhor, então. E foi uma vitória comemorada emocionalmente. Muitas lágrimas correram nas boxes entre mecânicos e engenheiros, e o melhor símbolo disso tudo foi ver um Maurizio Arrivabene a cantar a plenos pulmões o "Fratelli d'Itália", o hino nacional.
Atrás do pódio, outras coisas aconteciam. Kimi Raikkonen era quarto, numa estratégia feliz, depois de ter perdido uma volta com um furo e o Safety Car em pista. E após os Williams de Valtteri Bottas e Felipe Massa, estavam os Toro Rosso de Max Verstappen e Carlos Sainz Jr, conseguindo aqui os seus primeiros pontos das suas carreiras. no caso do filho de "Jos, the Boss", era o mais novo de sempre na história da Formula 1. E ambos conseguiam pontuar na frente de - imagine-se - dos Red Bull de Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat.
E Sepang acabou por ser emocionante, mesmo sem chuva. Quem diria!