Bernie Ecclestone admite que teria feito de tudo para dar cabo da Formula E. O antigo patrão da Formula 1 afirmou que, caso fosse mais novo, ou tivesse aparecido duas décadas antes, teria encarado a competição elétrica como ameaça e teria feito de tudo para que não crescesse. Numa entrevista à britânica Autocar, afirmou que agora é muito tarde para isso, já que eles alcançaram o seu objetivo, que era de conseguir o maior número possível de construtores e que todos falassem da competição.
"Tenho pena das pessoas que dirigem a Formula 1 agora, pois precisam considerar o impacto da Fórmula E. Eu teria enterrado. Teria guardado todos os argumentos. Não teria acontecido se eu estivesse lá."
"Agora todos estão falando apenas de carros elétricos, então seria um pouco corajoso ir contra isso", admitiu. "Parece que a chamada geração mais jovem não está mais interessada em carros em geral. Suponho que dentro de alguns anos não haverá nada para se empolgar com um carro. Se for um carro elétrico para todos, será o mesmo.", concluiu.
Sobre os carros elétricos em geral, ele afirma que é o produto em si, e não a marca, é que ficará na memória, ao contrário da Ferrari, que para ele, só a a marca será suficiente para sobreviver para além da Formula 1.
"Acho que Tesla um dia será esquecido, mas a Ferrari nunca será esquecida. Outras pessoas farão carros elétricos. Hoje são líderes, mas em breve não serão especiais. Com o que as pessoas realmente se importam? É o fato de os carros serem elétricos, não a própria marca. Isso não vai durar para sempre".
"A marca da Ferrari é tão forte que eles podem se afastar da Formula 1 e ainda ser grandes. Mesmo quando não estão ganhando na Formula 1, você pode perguntar a um homem na rua que ganhou o título mundial e ele diria apenas Ferrari",concluiu.
A reputação de Ecclestone como alguém que fez a Formula 1 é grande, e exemplos de como lidou com a concorrência aconteceram no inicio da década de 1990, quando a FIA mudou as regras da Endurance, para que tivessem a motorização de 3.5 litros, iguais aos da Formula 1, para atraírem as equipas de fábrica como a Porsche e a Mercedes, e pouco depois, em 1994, quando alegadamente incentivou Tony George, dono do circuito de Indianápolis, a criar uma série paralela à CART, para tentar atrair os pilotos americanos para a Formula 1 e evitar que alguns campeões do mundo atravessassem o oceano, como Nigel Mansell tinha feito em 1993.