sábado, 30 de junho de 2012

WSR: Bianchi vence em Nurburgring, Felix da Costa foi nono

A estreia de Antonio Felix da Costa na World Series by Renault, na estrutura da Red Bull Junior, correu bem, ao conseguir dois pontos logo na sua primeira corrida do fim de semana, na pista alemã de Nurburgring, numa prova vencida pelo belga Jules Bianchi.

Numa prova onde a ameaça de chuva pairou ao longo dos cerca de 45 minutos de prova, a mesma decorreu com o piso seco. Aí, Jules Bianchi partiu em primeiro na grelha e o manteve até á meta, ganhando uma vantagem confortável sobre os demais concorrentes. O alemão Nico Muller foi o segundo a quase nove segundos, seguido do holandês Robin Frijins, que conseguiu o lugar mais baixo do pódio depois de uma luta com o francês Arthur Pic. O dinamarquês Kevin Magnussen foi o quinto.

Quanto a Antonio Felix da Costa, ele que partia da 11ª posição da grelha, saltou logo para o nono posto, posição que manteve até à meta, sem nunca ter de preocupar com ataques dos pilotos que rodavam atrás de si. Com este resultado, o piloto português conseguiu desde já os seus dois primeiros pontos do campeonato, conseguindo algo que o seu antecessor, o britânico Lewis Williamson, não tinha conseguido nas provas anteriores.

sexta-feira, 29 de junho de 2012

GP Memória - França 1997

Duas semanas depois do GP do Canadá, em Montreal, e do seu caótico final, máquinas e pilotos estavam de volta à Europa para correr o GP de França, disputado no circuito de Magny Cours. A Prost, sem contar com os serviços de Olivier Panis, que iria passar todo o verão a curar-se das suas lesões, decidiu procurar um substituto, escolhendo o italiano Jarno Trulli, que estava a correr na Minardi, no seu primeiro ano de Formula 1. Para o lugar de Trulli, a equipa de Faenza foi buscar o brasileiro Tarso MarquesOutra alteração no pelotão tinha acontecido na Sauber, que trocara o italiano Gianni Morbidelli - que tinha quebrado o seu braço esquerdo devido a um acidente - pelo jovem argentino Norberto Fontana, que fazia aqui a sua estreia na Formula 1.

As coisas na Ferrari estavam a correr muito bem, dado que com a vitoria de Michael Schumacher em Montreal, tinha alcançado o comando do campeonato, contra um Jacques Villeneuve que tivera um maus fim de semana "em casa". E parecia que as coisas continuavam a correr bem para os lados de Maranello, pois o piloto alemão coneguiu fazer a pole-position, tendo a seu lado o Williams de... Heinz-Harald Frentzen. O Jordan de Ralf Schumacher era o terceiro na grelha, conseguindo bater o segundo Williams-Renault de Jacques Villeneuve. Aliás, pela primeira vez, os três primeiros da grelha eram alemães... Eddie Irvine, no segundo Ferrari, era o quinto enquanto que Jarno Trulli adaptava-se sem problemas ao seu Prost e era o sexto na grelha de partida. Alexander Wurz era o sétimo, no seu Benetton-Renault, à frente de Jean Alesi, e a fechar o "top ten" ficavam os McLaren de David Coulthard e Mika Hakkinen.

O tempo estava nublado no dia da corrida e as previsões de que a chuva podia fazer a sua aparição durante a competição eram bem reais. Aliás, tinmha chovido no "warm up" e as afinações para a corrida também tinham sido feitas para o molhado... Na partida, Schumacher saiu melhor do que Frentzen enquanto que mais atrás, Damon Hill sai de pista com o seu Arrows e parte a sua asa frontal, fazendo com que fosse às boxes.


Com o passar das voltas, Schumacher começou a afastar-se de Frentzen, ao impressionante ritmo de odis segundos por volta, mas a corrida não tem muita história até aos primeiros reabastecimentos, altura em que o piloto alemão aumenta ainda mais a sua diferença sobre Frentzen e Villeneuve, que tinha uma afinação para chuva e lutava para os acompanhar. Após o segundo reabastecimento, Irvine conseguiu passar Villeneuve e ficou com o terceiro posto.


Contudo, a partir da volta 55, o tempo fechou-se e começou a cair alguns pingos. A partir da volta 60, já chovia na meta, o suficiente para que começassem a trocar para pneus de chuva. alguns trocaram, mas aparentemente, Schumacher e Frentzen decidiram ficar na pista o tempo suficiente, apesar da pista estar crescentemente escorregadia. Na volta 62, Schumacher despista-se, mas consegue continuar em pista, e gere tudo com pinças até à linha de chegada, para vencer pela segunda vez consecutiva e a terceira naquela temporada. 


Contudo, na última volta, houve emoção: Coulthard tinha-se aproximado de Ralf Schumacher, e o escocês tinha tentado passá-lo, mas ambos tocam-se e o escocês desiste. Villeneuve aproxima-se de Irvine e tenta passá-lo, mas na última curva, roda e quase perde o quarto lugar para Jean Alesi. E Michael Schumacher, nos metros antes da meta, deixa passar Ralf Schumacher, que assim desdobra-se do irmão e consegue... um ponto. 


No final, Schumacher ganha, Frentzen é segundo e Irvine é terceiro, enquanto que nos restantes lugares pontuáveis ficam Jacques Villeneuve, Jean Alesi e Ralf Schumacher.

GP de Londres, ou o Primeiro de Abril a 28 de junho

Causou alvoroço nesta quinta-feira o anuncio da apresentação, na imprensa britânica, de um "GP de Londres", com o apoio da Santander, e acompanhado de um video com a participação de Lewis Hamilton e Jenson Button, os pilotos da McLaren. O circuito, desenhado em pleno centro da capital britânica, com passagens por alguns dos grandes marcos da cidade, como o Big Ben e o edificio do Parlamento, entre outros, passou a ilusão de que num futuro próximo, á noite, haverá carros de Formula 1 rolando a 300 km/hora por aquelas bandas.

Mas quando a poeira assentou, os mais atentos notaram a razão pelo qual este anuncio, tão inesperado e tão bem feito - afinal de contas, falamos de patrocinador e com declarações dos dois pilotos da McLaren - escondia algo mais: desviar as atenções em relação à sentença dita no dia anterior, no Tribunal de Munique, que condenou o banqueiro alemão Gerhard Gribowsky, a oito anos de prisão por frause e evasão fiscal. E o dinheiro descoberto na conta dele é proveniente de Bernie Ecclestone, que o pagou em 2002 para que ficasse nas suas mãos, e que depois as colocou nas mãos da CVC Capital Partners. Uma sentença destas, numa altura em que a Formula 1 vai entrar em bolsa, talvez mais para o final do ano, não seria boa publicidade de todo. E portanto, este "tirar o coelho da cartola", no caso do "GP de Londres", quase me faz pensar que a partir de agora, o Dia das Mentiras na cidade de Londres se comemora a 28 de junho.

O jornalista britânico Joe Saward, quando escreveu ontem sobre este assunto, colocou no título uma afirmação irónica: "GP de Londres... e que tal uma corrida em Marte?", e nas linhas a seguir ele escalpeliza a razão pelo qual ele afirma que tudo isto não passa de um embuste para inglês ver. Porque, para começar, desde quando que Bernie Ecclestone oferece algo a um lugar? Tirando a história de Nova Iorque - e isso é algo nebuloso para mim - não me recordo de nada assim semelhante, mas a minha memória já não é o que era.

Saward, para desmontar o esquema, vai aos detalhes mais básicos. Primeiro que tudo, fala que todo este esquema não passa de uma arte mágica com o objetivo de desviar as atenções para algo mais importante, que foi o "caso Gribowsky". mas depois aponta factos: que mais valias traz uma corrida de Formula 1 num dos destinos turisticos mais visitados do mundo, por exemplo? E se a ideia é o de trazer para ali o GP da Grã-Bretanha, como é que irá rasgar um contrato que foi assinado no ano passado e cuja validade vai até... 2027? Para não falar do eventual lucro que tal corrida possa ter. Eis um extrato:

"De qualquer maneira, só posso imaginar o que a CVC Capital Partners e os seus "amigos de Kansas" (o equivalente britânico aos 'amigos de Peniche') irão dizer sobre alguém que concorde em reduzir os seus proveitos por uma larga margem. Financiar uma corrida do seu próprio bolso ira requerer a que a Formula One Group pague a diversas partes: as equipas quererão a sua habitual percentagem, caso não haja comissões vindas de algum promotor local, significará que serão gastos à volta de 30 milhões de dólares. Acrescentem a isso outros 30 milhões para crias as infraestruturas, que apenas será pago pelas receitas de bilheteira. Se tiverem à volta de 120 mil pessoas e cada um pagar em média 200 dólares, isso significará receitas de 24 milhões. Estão a ver toda a coisa? Isto tudo poderá assustar os investidores, porque isso traria prejuízos a eles. A Formula 1 não ganha nada em impulsionar as receitas locais - é por isso que os governos locais pagam para ter as corridas nos seus lugares - mas no caso de Londres, tal impacto pode ser minorado."

A única ideia no qual Londres poderia fazer sentido, seria num eventual GP da Europa, que a partir de 2013 não terá circuito onde correr, depois que Valencia e Barcelona terem chegado a acordo em partilhar o lugar onde se realizará o GP de Espanha...

Em suma, esta ideia faz-me lembrar um album do Michel Vaillant, escrito em 1982, que especulava sobre uma corrida nas artérias de Paris. O titulo era "300 km/hora em Paris", e provavelmente Jean Graton deve ter desenhado a história a partir de um dos delírios do Tio Bernie. Afinal de contas, o anãozinho anda por aqui há muitos, muitos anos... e com uma pontaria afinada. Como conclui Joe Saward:

"Apesar de adorar a ideia de ver um Grande Prémio em Londres, e achar que tal coisa até seria ótimo para o desporto, tenho aquela sensação de que esta ideia desaparecerá após algum tempo, depois de ter feito o seu trabalho de desviar as atenções da questão mais importante destes dias: quais são as implicações no veredicto do caso Gribowsky? O cínico dento de mim diz-me que uma pessoa que não tem nada a esconder não necessita deste tipo de truques, mas perfiro esperar para ver se os procuradores [de Munique] decidem fazer alguma coisa antes de fazer qualquer julgamento sobre o 'caso Gribowsky'."

E pelos vistos, o truque resultou: alguém fala hoje sobre a sentença de Munique?

Red Bull: presente envenenado ou pacto com o Diabo?

A noticia da contratação de Antonio Felix da Costa como piloto da Arden na World Series by Renault desta temporada significou que o piloto português de 20 anos entrou no ambicionado e invejado programa da Red Bull para jovens pilotos. A ambição de muitos justifica-se pelo facto de isto poder significar que num futuro mais ou menos próximo poderá chegar à Formula 1 através da equipa Toro Rosso.

Mas como muitos sabem, entrar nesta academia de pilotos significa um presente envenenado, dada a irascibilidade de Helmut Marko e de Franz Tost, que exigem aos pilotos resultados imediatos, sob pena de serem despedidos sem apelo nem agravo. Muitos pagaram caro essa irascibilidade, os ultimos dos quais foram o espanhol Jaime Alguersuari e o suiço Sebastien Buemi, despedidos da Toro Rosso sem apelo nem agravo no final de 2011. 

Tost e Marko tem ambos uma obsessão em particular nestes últimos três anos: encontrar um outro Sebastian Vettel o mais depressa possivel. O piloto alemão, agora bicampeão do mundo, conseguiu a proeza unica de vencer com aquela equipa no GP de Itália de 2008, e desde então, a fasquia foi colocada de forma muito alta, quase impossivel de alcançar por parte dos que seguiram. Mesmo pilotos consagrados como Sebastian Bourdais, sentiram um pouco a pressão de vencer a qualquer custo de Tost e Marko. E Scott Speed, piloto americano da marca em 2007, saiu a mal da equipa, depois de um incidente na pista de Nurburgring onde após ter saído de pista, não aguentou os insultos de Franz Tost e partiu para a agressão.

E nem o palmarés salva: Jaime Alguersuari, foi campeão da Formula 3 britânica em 2009, por exemplo. Quando ele e Sebastien Buemi foram sumariamente despedidos da Toro Rosso por não não conseguiram igualar a fasquia, ambos ficaram "com uma mão à frente e outra atrás". Buemi ainda aguentou como terceiro piloto da Red Bull, e um lugar na equipa da Toyota nas 24 horas de Le Mans, mas tal coisa é mais para que o pessoal da Formula 1 não o esquecer. Jamie Alguersuari faz agora de piloto de testes na Pirelli, mas o objetivo é o mesmo: que não o esqueçam, mesmo que ele tenha 22 anos de idade. É que para esates dois pilotos, a saída forçada da "cantera" da Red Bull significou que ficaram também sem opções e sem patrocinio.

Para piorar as coisas, nesta temporada de 2012 surgiu outro problema: a performance da Toro Rosso. Ela já não é mais a equipa que deveria ser, pois começa a ser contestada na grelha pela Caterham, uma das três equipas que entrou na Formula 1 em 2009. Nas últimas duas corridas, a performance da equipa de Tony Fernandes em qualificação começou a igualar, senão superar, a da equipa de Faenza, e na corrida, raras são as vezes nos últimos tempos que anda nos pontos, ainda por cima numa temporada totalmente equilibrada. Se no ano passado, eles andavam ao nivel da Sauber, Williams e de vez em quando da Force India, este ano vê não só essa gente toda a distanciar-se, como vê a Caterham a chegar-se perigosamente, ameaçando pontuar pela primeira vez na sua carreira. E se acham que o nono lugar é o "minimo olimpico", qualquer lugar nos pontos por parte de Vitaly Petrov ou de Heikki Kovalainen significará derrota para Tost e Marko. Talvez seja por isso que de vez em quando se lembrem em vender a equipa...

Felix da Costa, dado ter muito talento e ter mostrado isso noutras categorias como na Formula Renault - onde foi rival do finlandês Valtteri Bottas - de bons resultados na Formula Renault Euroseries e agora nesta temporada da GP3, onde corre com o mítico numero 27, atraiu a atenção da Red Bull devido ao seu talento. Mas ele pode ser visto como o piloto que está a "pressionar" os que estão agora na Toro Rosso, ou seja, o australiano Daniel Ricciardo e o francês Jean-Eric Vergne. E caso o português apresente bons resultados nesta categoria, da mesma forma que está a apresentar na GP3 - apesar de estar a correr na sua terceira temporada - isso poderá significar, no mínimo, uns testes no final do ano num carro de Formula 1. E a partir de 2013, os eventuais resultados que possa ter poderão causar calafrios quer em Ricciardo, quer em Vergne...

Mas, como se costuma dizer, toda a glória é efémera. A partir deste fim de semana, Felix da Costa será pressionado para apresentar resultados de imediato. E a não ser que não queira acabar como Felipe Albuquerque, que no final de 2008 foi convidado a correr no Japão, como forma de dizer por outras palavras que os seus serviços não eram mais adequados, ele vai ter de mostrar que mais do que talento, tem de ter cabeça fria, rápida adaptabilidade e capacidade de mostrar resultados no imediato. É uma prova de fogo, se quiser provar que tem estofo para a Formula 1.  

quinta-feira, 28 de junho de 2012

5ª Coluna: Bernie Ecclestone sob pressão

Confesso que desde há algum tempo a esta parte, tento entender as declarações públicas de Bernie Ecclestone como um "smokescreen" - cortina de fumo, em português. Contudo, ontem, a fabulosa coincidência entre o possivel anuncio de um GP londrino, aproveitando um percurso desenhado no parque olimpico de Londres, com o facto de Gerhard Gribowsky ter sido condenado pela justiça alemã a oito anos de prisão por evasão fiscal, graças a um pagamento por luvas feito por Ecclestone - que admitiu a coisa, justificando-se que estava a ser chantageado - mostrou de uma forma mais cruel aquilo que ele é em termos de negócios: um homem muito astuto, mas que não se coibe de fazer coisas inapropriadas para conseguir aquilo que quer, e o suborno é um deles.

Muitos consideraram esta "coincidência" como uma manobra patética - e é - do qual só os pacóvios agarraram. E claro, muitos o fizeram, mas nem todos. Se Bernie Ecclestone julga que o "caso Gribowsky" acabou ontem à tarde com a condenação do banqueiro alemão, enganou-se, porque muito provavelmente foi apenas o final de uma etapa. A justiça alemã - e eventualmente, a britânica - irá a partir de agora investigar com outros olhos a fortuna de Bernie Ecclestone e os seus fundos de investimento como o Bambino Trust, do qual tem acumulado centenas de milhões de libras e o fazem dele um dos homens mais ricos da Grã-Bretanha. 

De uma certa maneira, o "caso Gribowsky" era uma bomba ao retardador, à espera do tempo certo para explodir. Caso nos próximos meses as autoridades de ambos os países acharem que existem provas de que Ecclestone andou a declarar menos do que devia, isso pode significar que - no lado britânico - poderá ter de levar uma pesada multa por evasão fiscal, e - do lado alemão - poderá ser julgado por corrupção e cumplicidade. E no caso alemão, isso pode significar uma pena de prisão.

Aliás, ontem, na deliberação final do julgamento, o procurador de Munique, Christoph Roedler, não foi meigo em descrever Ecclestone como "não uma vítima de chamtagem, mas sim cúmplice numa operação de suborno". E isso significa que a partir de agora, eles investigarão essa ponta solta, para ver se existe algo mais relevante que falte ser revelado. 

Estou curioso para ver como serão as visitas futuras de Ecclestone na Alemanha. Será que em alguma delas terá algum simpático policia à porta do avião que o transportará, munido de um mandato de detenção para interrogatório? Veremos os próximos episódios.  

Noticias: Felix da Costa na WSR pela Junior Team da Red Bull

Confesso ter sido apanhado de surpresa: a Red Bull anunciou esta manhã que Antonio Felix da Costa será o seu piloto na World Series by Renault 3.5 em substituição do britânico Lewis Williamson. O piloto português fará ambas as categorias até ao final do ano, dado que não existem coincidências em termos de fins de semana competitivos.

"Estou muito orgulhoso por me tornar no segundo português a militar no Red Bull Junior Team depois de Filipe Albuquerque. Estou ciente que neste programa esperam muito de nós, e pela minha parte tudo farei para justificar a confiança agora depositada em mim.”, começou por referir no seu site oficial, antes de projetar a estreia na competição, onde só testou no passado: “Felizmente já conheço a pista de Nürburgring, pois já lá corrida várias vezes no passado, e é o local perfeito para me estrear como piloto Red Bull."

O piloto português de 20 anos andará na Caterham Arden, a partir da ronda de Nurburgring, depois de de Williamson se ter desentendido com a equipa após um incidente na ronda anterior, em Spa-Francochamps, onde a equipa o ordenou que terminasse a corrida sem parar nas boxes - a paragem para troca de pneus é obrigatória. Williamson venceu, mas depois foi penalizado.

Assim sendo, com participações em dias competições, e ao serviço de uma entidade como a Red Bull Junior Team, a hipótese de ascender num futuro próximo à Formula 1 torna-se numa possibilidade real. Embora, diga-se de passagem, que as prendas da Red Bull são normalmente envenenadas...

Extra-Campeonato: A vida continua

Todos os dois anos, sejam europeus ou mundiais, as coisas acontecem da seguinte forma: a imprensa - rádio, jornais e TV - empanturra-nos à força com um muro autêntico de noticias e anuncios sobre a seleção, até ao limite do bom senso. Na TV são diretos atrás de diretos, com os "chouriços" do costume, a perguntas às pessoas banalidades sobre "quanto é que vamos ganhar e quer e vai marcar os golos". Nas rádios, os comentaristas, que deixaram o cérebro em casa ou no hotel, gritam barbaridades antes, durante e depois dos jogos, sendo o "grau zero" alcançado quando alguém marca um golo. Agradecem aos santos e os elevam a heróis, não se coibindo de passarem por ridicularias que faziam corar qualquer estudante de jornalismo. Aliás, se este era o objetivo, pergunto-me qual é a utilidade de perder quatro anos da tua vida numa universidade, não é?

Esta é a razão pelo qual critico estas alturas: o comportamento bacoco daqueles que deveriam ser os "profissionais de imprensa" mas que na realidade quase me fazem lembrar macaquinhos de crachá.

No meio disto tudo, os jogadores são mais vítimas do que réus, porque fazem os seu trabalho e deram o seu melhor. Nestes vinte dias - aliás, um mês, se contarmos com o periodo de estágio - deram o seu melhor. Muitos passaram da depressão à euforia, especialmente depois do jogo com a Alemanha. Não alinhei nem num, nem no outro lado. Calei-me porque achei que era cedo demais e ele iria reagir, como vi que eles reagiram contra a Dinamarca e a Holanda, naquele "grupo da morte". Fizeram o seu melhor e passaram, contra todos os que achavam que iriamos ser eliminados sem apelo nem agravo.

Que podeiamos ter ido à final e levado o caneco? Claro, toda a gente esperava isso. Mas eu não tinha feito promessas de andar pelado pela rua se o conseguissem, nem iria cantar o hino bocacamente. Não iria comemorar "vitórias morais" ou segundos lugares. Apenas digo que fizeram uma campanha normal e foram o mais longe possivel. Parabéns, podiamos ter ganho, mas hoje não foi. Alguém tinha de perder e azar dos azares, foram nós.

E é como escrevo no título: a vida continua. Boa sorte aos espanhois no domingo e agora, eles que vão de férias, pois em setembro tem a qualificação para o Mundial, no Brasil. E quero que eles vão lá.

Digo outra coisa ao Cristiano Ronaldo. Gostava que não fosse obcecado com a conquista de troféus ou "canecos", quer no Real, quer na Selecção. Vai ser uma pessoa muito frustrada ao longo da vida se for obcecada com isso. Ele que goze o momento, que só faz bem para ele.

Quanto ao resto... bom, vou comprar algodões para os ouvidos. Ou tiro o som da minha TV.  

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Noticias: Gribowsky condenado a oito anos de prisão

A justiça alemã condenou esta tarde o antigo banqueiro alemão Gerhard Gribowsky a oito anos e meio de prisão por provado que era culpado dos crimes de abuso de confiança e evasão fiscal do caso do banco Bayern LB e de ter recebido um parte dos quase 50 milhões de dólares de um suborno feito por Bernie Ecclestone há cerca de dez anos em relação ao processo dos direitos de transmissão da Formula 1.

A sentença, dita num tribunal de Munique, é o culminar de um processo que durou mais de ano e meio, que tinha sido iniciado quando a Bayern LB entrou em processo de falência, em fins de 2008. Quando as autoridades fiscais alemãs descobriram no inicio de 2011 cerca de 35 milhões de euros numa conta austríaca pertencente a Gribowsky e este não conseguiu justificar, o processo foi aberto e este foi detido.

Gribowsky admitiu depois ter recebido esses 35 milhões de euros, mais uma oferta de trabalho no âmbito de um acordo secreto com Bernie Ecclestone em 2005. O detentor dos direitos comerciais da Fórmula 1, admitiu esse pagamento, classificando primeiro o pagamento a Gribkowsky como “um bocado estúpido”, mas depois disse em tribunal que lhe pagou para “o manter calado”.

Com Gribowsky julgado e condenado, resta saber como ficará Ecclestone no meio disto tudo. Apesar de ter comparecido em tribunal como testemunha, numa espécie de acordo do qual ele não seria processado depois, o Joe Saward falava na semana passada, quando o julgamento estava a chegar aos seus argumentos finais, que quando Gribowsky admitiu que recebeu um pagamento, este vinha de Ecclestone. E segundo a lei alemã, se uma pessoa admitiu receber determinado suborno, os que o subornaram também são objeto de investigação. 

Ou seja, Ecclestone poderá estar de futuro sob investigação, e um sinal disso são as declarações dos procuradores de Munique, que não hesitaram em afirmar esta tarde que o "anãozinho tenebroso" era cúmplice neste caso, apesar de não ter sido acusado de nada. Agora, será que ele será incomodado pelo longo braço da lei alemã? Acho que isso é outra história, e nesse campo, fico por agora no lado dos céticos. 

Mas quem sabe, não é?

Fibra de Carbono, episódio 15

No episódio desta semana deste Fibra de Carbono, falamos sobretudo do resultado do GP da Europa, em Valência, da situação atual do campeonato e dos incidentes que aconteceram na corrida e respectivas penalizações, especialmente entre Pastor Maldonado e Lewis Hamilton

Também falamos sobre o Rali da Nova Zelândia e do facto do Sebastien Löeb ter praticamente o campeonato na mão, já que esta temprada está a ser "o rolo compressor" da Citroen. 

 Em relação à História do Automobilismo, dedicamos a falar sobre a Era Turbo, pois no próximo dia 15 de julho fará 35 anos sobre a estreia da Renault na Formula 1, com o seu motor de 1.5 litros turbocomprimido e que abriu uma nova era na história, definindo toda uma década.

Tudo isto e muito mais, podem ver a partir deste link: http://fibracarbono.net/podcast/episodio-15-europa-e-os-antipodas.html

O piloto do dia - Chris Irwin

Uma carreira que poderia ter sido maior do que foi na realidade. Esta poderia ser a melhor frase para definir o que foi a carreira de Chris Irwin no automobilismo. Um dos produtos britânicos do seu tempo, chegou á Formula 1 onde mostrou as suas potencialidades a bordo da BRM, chegando até à equipa principal. Contudo, numa prova da Endurance, sofreu um grave acidente nos 1000 km de Nurburgring sofrendo graves danos físicos, e sobretudo psicológicos, ao pontos de durante anos, nada se saber dele. No dia em que faz 70 anos, falo sobre a breve carreira de Chris Irwin.

Nascido a 27 de junho de 1942 em plena "blitz" londrina, Irwin vinha de uma familia que detinha uma firma de impressão e encadernação de livros. A sua chegada ao automobilismo, em 1960, aos 18 anos, veio ao acaso, quando decide tentar a sua sorte num fim de semana em Snetterton, como "hobby" para os seus estudos no London College of Printing. Vendo que tinha jeito para a coisa, decide inscrever-se na Jim Russell Racing School, conseguindo bons resultados e cedo inscreve um Lotus 18 para correr na Formula 2 e Formula 3.

Nos anos seguintes, as suas performances melhoram ao ponto de, na temporada de 1965, ao serviço da equipa "Chequered Flag", que corria com chassis Brabham. Os seus bons resultados no campeonato, contra pilotos como Piers Courage e Peter Gethin, fazem com que comece a ser notado por Jack Brabham, que o convida para correr na sua equipa de Formula 2 na temporada de 1966. Os bons resultados fazem com que a Brabham o convide para correr num dos seus carros no GP da Grã-Bretanha, ao lado de Dennis Hulme e Jack Brabham. Em Brands Hatch, Irvin faz uma boa corrida, acabando na sétima posição, à porta dos pontos.

No final desse ano, com a experiência nas Formulas, mas sem sinal de ser contatado pela Brabham, Irwin foi abordado pela BRM com um contrato para correr com eles. A ideia era simples: iria correr a temporada de 1967 na Reg Parnell Racing, como um "estágio", para aprender, e caso os resultados fossem positivos, iria para a equipa principal na temporada de 1968. Um contrato a longo prazo e sem pressões que Irwin aceitou de pronto. Tinha o apoio da Shell, o suficiente para que John Surtees o convidasse para correr na sua equipa de Formula 2

Estreando-se na terceira corrida do ano, em Zandvoort - com um Lotus 25 - Irwin adaptou-se rapidamente à competição, conseguindo os seus primeiros pontos em Le Mans, palco do GP de França, ao ser quinto classificado num BRM P83. A corrida francesa foi o seu grande momento de glória, quando nos treinos de sexta-feira, com um motor V8 mais velho, conseguiu ser melhor do que Stewart. No dia a seguir o escocês, algo zangado, trocou de lugar, fazendo com que Irwin ficasse com o H16, mais susceptível de falhas. E mesmo assim, foi melhor do que Stewart, ao ficar no nono lugar da grelha, à frente do escocês. Na corrida, andou muito tempo no quarto posto, até que uma falha de motor na última volta o faz baixar para o quinto posto. No final da temporada, os dois pontos alcançados na prova francesa lhe deram a 16ª posição final.

Na temporada de 1968, a BRM decidiu cumprir a sua parte no trato, dando-lhe um lugar na equipa, já que Jackie Stewart tinha ido para a Matra, apesar da entrada de Pedro Rodriguez na equipa. Contudo, Irwin também participava noutras corridas, nomeadamente na Endurance. E Irwin tinha decidido participar nos 1000 km de Nurburgring a bordo do novo Ford P68, que seria o sucessor do GT40, inscrito pela equipa de Alan Mann.

O carro era bonito, mas pouco competitivo. E para piorar as coisas, era instável. Nos treinos, Irwin estava a guiar na Flugplatz quando perdeu o controle do seu carro, virando-se no ar e aterrando de cauda, destruindo-se. Irwin sofreu um grave traumatismo craniano, que o colocou no hospital por vários meses. E isso viria numa má altura para a Formula 1 e para a marca, pois poucas semanas antes, Mike Spence tinha morrido e um lugar na equipa oficial da BRM era mais do que inevitável...

Irwin não mais voltou a competir e desapareceu dos radares por muitos anos, muitos julgando que nem teria sobrevivido ao acidente. Contudo, em 2006, reencontrou um velho parceiro de corridas e voltou de uma certa maneira aos seus contactos longamente perdidos. Dois anos depois, em 2008, a revista britânica Motorsport fez uma matéria sobre Irwin, onde afirmou que vive os seus dias em Rutland e que por vezes tem pesadelos sobre o seu acidente em Nurburgring. Mas de uma certa maneira, está bem de saúde.  

terça-feira, 26 de junho de 2012

Youtube Rally Testing: Ogier nos saltos finlandeses


Alguns estranharam que Sebastien Ogier não estivesse presente na Nova Zelândia para correr mais uma etapa do Mundial. Pois bem, a razão da ausência está devidamente justificada: estava a preparar-se para testar com a Volkswagen na Finlândia, quer com o Polo R, quer com o Skoda Fabia S2000.

O carro deverá estaer na sua fase final de teste, preparado para a sua estreia oficial, que se fala ser no Rali da Alemanha, mas até lá, ele e o seu companheiro, que tanto poderá ser o holandês Kevin Abbring ou o norueguês Andreas Mikkelsen, irão correr no Fabia. Quanto ao rali da Finlândia, será dentro de seis semanas, entre 2 e 4 de agosto.

Estar no topo é um esforço muito bem pago

Falar de dinheiro é uma chatice, especialmente quando este se torna escasso. Falar de salários numa altura em que muitos sonham com ele - por estarem desempregados - é quase um abuso. Mas quando se tratam de desportistas, o caso é mais interessante, especialmente para se poder comparar esta com aquela modalidade. Ver se, por exemplo, um basquetebolista da NBA ganha tão bem como, um Cristiano Ronaldo. E será que esses dois podem ser comparáveis com um piloto de Formula 1? 

Pois bem, a revista Forbes, que entende destas coisas, fez uma lista de desportistas bem pagos. E chegou a algumas conclusões interessantes. Primeiro: é nos Estados Unidos onde se paga muito bem, e segundo: não é a NBA ou o basebol que existem os atletas mais bem pagos. É no boxe, com valores que colocam qualquer um como... "pobres milionários". 

O mais bem pago nesta lista é o americano Floyd Merrywheather, cuja alcunha é... "Money", leva para casa a extraordinária quantia de 68 milhões de dólares por ano. Manny Pacquiao, outro lutador, vindo das Filipinas, é o segundo mais bem pago, com ganhos de 49,66 milhões de euros. O terceiro é um basquetebolista, que por estes dias deve estar nas nuvens: LeBron James, que com o título de campeão da NBA, com os Miami Heat, arranca rendimentos de 42,45 milhões de euros. E mesmo com uma temporada a meio por causa do "lockout"...

O primeiro futebolista na lista ainda está no "top ten" dos desportistas bem pagos. É português e chama-se Cristiano Ronaldo. O Real Madrid e os contratos publicitários subsequentes rendem-lhe por cada temporada cerca de 34 milhões de euros.

E o piloto de Formula 1 mais bem pago? É espanhol e chama-se Fernando Alonso. A Ferrari paga-lhe muito bem, com rendimentos anuais de 23,3 milhões de euros, não muito longe de Valentino Rossi e Michael Schumacher, que ganham cada um 22,43 milhões e estão no 20º lugar na lista dos desportistas mais bem pagos do mundo. Mas a matéria mostra algumas curiosidades, como o facto de um piloto da NASCAR, Dale Earnhardt Jr. (18,11 milhões), ganhar um pouco mais do que Lewis Hamilton (17,98 milhões).

Muito longe, mas ainda no "top cem" está Sebastien Löeb, o francês que vence todos os títulos desde 2004 no WRC, e é o mais bem pago piloto de ralis da atualidade, com dez milhões de euros por ano. Pode parecer uma brutalidade - em comparação, Mikko Hirvonen ganha três milhões - mas em relação às outras modalidades, poderá ser um ou dois meses de trabalho. Enfim, popularidades e gostos... 

Formula 1 em Cartoons - O pódio de Schumacher (Pilotoons)

Desde que Michael Schumacher regressou à Formula 1, em 2010, ao serviço da Mercedes, muitos perguntavam porque ele demorou tanto a chegar ao pódio, pelo menos. E claro, porque era constantemente batido por Nico Rosberg, a "Barbie" que já deu vitórias à marca alemã. 

Bruno Mantovani, o homem por trás dos Pilotoons, explica o porquê de ele ter demorado tanto...

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Fibra de Carbono - Episódio 14

No episódio desta semana - gravado na sexta-feira - falamos um pouco sobre o rolo compressor que foi a vitória da Audi nas 24 Horas de Le Mans e sobre os acidentes da Toyota e do Delta Wing, da Nisssan. Ainda falamos um bocadinho sobre o rali da Nova Zelândia e antevimos o GP da Europa, em Valencia. 

Na nossa "treta técnica", tentamos explicar o que é e como funciona o KERS, o sistema de recuperação de energia cinética, que dá aos carros de Formula 1 um acrescento de cavalos por alguns segundos em algumas zonas do circuito. 

Falamos sobre a segurança e dos acidentes fatais nos ralis nas últimas semanas, especialmente no Rally Targa Florio, com Gareth Roberts, o navegador de Craig Breen, para demonstrar que, apesar de todas as seguranças nos últimos anos, o automobilismo ainda é perigoso.

O enorme retorno da Formula 1?

Desde há algum tempo que sabemos que a Formula 1 vai para a Bolsa de Valores. Que a CVC Capital Partners colocou o equivalente a 30 por cento das suas ações para uma oferta pública de venda na Bolsa de Singapura, numa operação que será ajudada por quatro bancos multinacionais como a suiça UBS, a espanhola Santander e as americanas Morgan Stanley e Goldman Sachs, creio eu.

Esta segunda-feira, o jornal Daily Telegraph falava na sua secção financeira que o retorno desta operação de mil milhões de dólares poderá ser de até... 600 por cento. Descobri este artigo através do Twitter do Karun Chandhok e decidi espreitar e tentar esmiuçar o que vem lá dentro. É que caso isto seja verdadeiro, significa uma das mais bem sucedidas ofertas públicas de sempre numa bolsa de valores.

Contudo, eu tenho algum cepticismo em relação a uma ação destes, nos tempos conturbados que as bolsas de todo o mundo passam neste momento, é complicado. Vide, por exemplo, a operação do Facebook na Bolsa de Nova Iorque e a queda das suas acções nos dias e semanas seguintes. Aliás, falou-se inicialmente que esta operação poderia ser adiada de forma a não ser realizada este ano. Agora fala-se que sim, esta será realizada, pelo menos a acreditar no que vêm da boca de Bernie Ecclestone.

Acho estranho que tal coisa possa ter assim tanta valorização. Aliás, acho até que é um exagero. Mas quando leio quem o autor da matéria, que é o Chris Sylt, que escreve muitas vezes para o site Pitpass, tendo a acreditar que por ali pode haver um fundo de verdade nestas coisas. Mas há outras coisas na matéria que devem ser realçadas, como por exemplo, as dívidas e empréstimos contraídos ao longo dos anos pela CVC Capital Partners. Há um empréstimo de 1,1 mil milhões de dólares contraído em 2006 ao Royal Bank of Scotland, dívida essa que a CVC herdou quando ficou com os ativos da Formula 1 e do qual ainda está a ser paga, apesar dos enormes lucros que a Formula 1 anda a ter todos os anos, cerca de 30 por cento em média.

Todas estas noticias, porém, saem numa altura em que se está a negociar o novo Pacto da Concórdia, do qual não se sabe muito. Fala-se de que algumas equipas, como a Red Bull, McLaren e a Ferrari, poderiam ter um recebimento anual da Formula 1 por valores a rondar os 35 a 50 milhões de euros, tendo em troca a possibilidade de alargar o calendário para 23 ou 24 corridas, o que seria puxar pelos limites fisicos de toda a gente nesta competição.

Mas há também uma pergunta do qual eu gostaria de fazer há muito: com um futuro capital bolsista, as contas não deveriam ser transparentes? pode não ter muito a ver com isto, mas... acho que desde há muito se deveria saber os detalhes destes Acordos, que para mim são demasiadamente generalistas e demasiadamente opacas para ver em detalhe aquilo que sabemos por portas e janelas travessas: que quem manda no negócio é Bernie Ecclestone. E numa futura capitalização bolsista, ele no final do dia levará para casa mais algumas centenas de milhões de dólares no seu bolso. Interessante, não é? 

Esta geração de pilotos deve ser educada

O GP de Valencia foi pródigo, como sempre, de lutas entre pilotos, do qual muitas vezes terminaram em acidente. Os dois mais conhecidos foram os de Jean-Eric Vergne com Heikki Kovalainen, e o da penultima volta da corrida, entre Pastor Maldonado e Lewis Hamilton, uma luta pelo terceiro posto que terminou em choque, com ambos os pilotos a perderem a "medalha de bronze" a favor do veteranissimo Michael Schumacher, que aos 43 anos, se tornou no piloto mais velho a subir ao pódio desde Jack Brabham, que foi segundo classificado no GP da Grã-Bretanha de 1970, corrida vencida pelo lotus de Jochen Rindt e onde Emerson Fittipaldi se estreou na categoria máxima do automobilismo.

A tarde de domingo foi mais prolongada do que o normal, porque os comissários de pista se dedicaram a ver o filme da corrida, de trás para a frente e parando várias vezes para ver todos os incidentes de corrida: entre Kovalainen e Vergne, os dois incidentes de Kamui Kobayashi com Bruno Senna e depois com Felipe Massa, e para finalizar, o incidente entre Maldonado e Hamilton. E todos eles acabaram com penalizações: Vergne paga uma multa de 25 mil euros e perde dez lugares para Silverstone, Kobayashi perde cinco lugares nas duas manobras "banzai" e Maldonado perderá também dez lugares na qualificação britânica, para além da penalização de vinte segundos pós-corrida, que o fizeram perder o décimo posto a favor do seu companheiro de equipa, o brasileiro Bruno Senna.

É ótimo termos lutas na pista? Claro. É ótimo vermos ultrapassagens, mas acho sempre que tem de ser feito em segurança e sem colocar outros em perigo. No caso do incidente Vergne/Kovalainen, creio que foi mais um incidente de corrida, e as multas e penalizações foram um pouco exageradas. O próprio piloto francês pediu desculpa ao finlandês via Twitter, dizendo que o erro foi dele e foi um daqueles do principiante que ele é. Claro, isso não evita as penalizações acima referidas.

No caso de Maldonado/Hamilton, acho que aquilo foi mais um abuso, embora ache que o britânico estava na trajetória certa. Mas com pneus totalmente gastos, não tinha muitas hipóteses. E Maldonado, acho eu, é vítima da sua própria impulsividade. Fico com a sensação que não tem paciência, não sabe esperar, ainda por cima sabendo que os pneus do britânico estavam em pior condição dos dele. E por causa disso, perdeu um pódio certo. Aí, direi que mereceu as penalizações, não porque tivesse sido culpado, mas para que pense o que perdeu por "deitar fora o cérebro". Deve aprender a ser mais paciente nas corridas, fale com o Alexander Wurz para que lhe ensine a usar o cérebro.

Isto tudo demonstra que esta geração de pilotos não foi educada a ultrapassar o seu adversário. Foram moldados para que não desistir de lutar pela posição, não impota como. E isso para mim é preocupante, pois estamos a falar da primeira geração que cresceu sem ver mortes na Formula 1. Toda a gente sabe disso desde o 1º de maio de 1994, mas essa geração está a chegar às pistas e julga que tudo isto é como na Playstation, e não é. Fiquei muito preocupado quando um um Twitter do piloto cipriota Tio Elinas, que nesta segunda corrida em Valencia, para chegar ao terceiro posto, não hesitou em colocar para fora o seu adversário, o italiano Kevin Ceccon. Para se justificar, citou Ayrton Senna após o GP do Japão de 1990, quando colocou Alain Prost fora de pista na primeira curva:

"Estamos a competir para vencer. E se não lutares por aquele nicho, aquele pedaço de pista, não és mais um piloto de corridas".

Para quem não sabe - ou já não se lembra - isso foi em resposta a uma pergunta feita por Jackie Stewart, o tricampeão do mundo escocês, numa entrevista na corrida seguinte, no GP da Australia. Ao lhe perguntar se a sua manobra na corrida anterior não era perigosa, colocando-os em risco de vida, Senna defendeu-se nessa altura - e de modo algo exaltado - da manobra na primeira curva por causa do então presidente da FISA, o francês Jean-Marie Balestre, lhe ter mexido no lugar da pole-position, uma subtileza para ajudar o seu arqui-rival Alain Prost. Mas aquele exemplo ficou na mente de muita gente, especialmente desta nova geração, que passou as manhãs e tardes de domingo na frente dos televisores. E muitos, como sabem, aprenderam a idolatrar Senna. 

Só que Senna provavelmente foi para o seu túmulo desconhecendo que tinha criado, com os seus exemplos, pequenos monstros. Quer queiramos, quer não, esta jovem geração foi educada a seguir os exemplos dos seus ídolos. E os que cresceram nos anos 90 têm dois nomes na cabeça: Senna e Schumacher. Não tem Alain Prost, não tem Damon Hill, não tem Mika Hakkinen. Os seus dois maiores expoentes são pilotos que decidiram que para vencer, tinham de ser bravos, tinha de valer tudo. Escuso de vos lembrar a manobra de Schumacher a Hill em Adelaide, em 1994... A frase que Elinas citou é o exemplo desta geração: vão dar tudo para passar e tudo para vencer. Colocar fora o adversário é um incidente de corrida, porque os carros são fortes, protegem-no do embate contra a parede ou do muro de pneus.

Acho que na minha ótica, estes pilotos não só deveriam ser educados a conduzir. Também deveriam ser educados a como comportar-se em pista. O automobilismo, que eu saiba, nunca deixou de ser perigoso e como a FIA gasta neste momento muitos milhões a prevenir a sinistralidade rodoviária, não seria de mau tom se colocasse algum dinheiro de parte para aducar os pilotos que tem e aí vêm.

WRC: Presidente da Toyota planeia regresso em 2014

A noticia aparece de vez em quando, mas desta vez os rumores são realidade. Apesar de ainda não se saber em que modelo, o presidente da Toyota, Yoshitaki Kinoshita, afirmou esta semana na sede da TTE, em Colónia, que a marca está a desenvolver um motor 1.6 Turbo para 2014, com o objetivo de o colocar num modelo para correr no Mundial WRC, naquilo que pode ser um regresso à competição desde 1999.

O nosso objetivo é o WRC, e esperamos que seja possível já em 2014. Precisamos de entrar no jogo, desenvolver motores e homologar um carro. O futuro é para já desconhecido mas temos de colocar um projeto nos ralis em marcha. Temos conversado com a FIA, mas para chegar ao WRC são precisos vários passos. Recordo que ao parar em 1999 a Toyota perdeu pessoas e 'know how' a esse nível. Portanto, temos de 'reconstruir' isso tudo.”, referiu.

Caso isso aconteça, a Toyota poderá ser a quinta marca a fazer parte do Mundial, ao lado da Ford, Citroen, Volkswagen - que entrará em 2013 - e eventualmente Mini. Contudo, o presidente não referiu que modelo é que iria ser usado, embora se fale muito do utilitário Yaris.

Contudo, no Japão, a marca honologou um modelo GT86 com um motor atmosférico de dois litros. Embora isso não pode ter nada a ver com o assunto, o que se sabe é que neste momento, a Toyota está em conversações com a FIA no sentido de esclarecer sobre os regulamentos, de modo a poderem escolher o modelo mais adequado para um eventual regresso, dentro de ano e meio.

Formula 1 em Cartoons - Valencia (Pilotoons)

A corrida espanhola, vista pelo Bruno Mantovani, mostrou um Fernando Alonso dominante. Diria mesmo... monstro. E isso que podem ver pelo seu desenho, não é? 

domingo, 24 de junho de 2012

Youtube Rally Crash: o acidente de Ott Tanak na Nova Zelândia


O Rali da Nova Zelândia só teve dois momentos onde os pilotos passaram por um mau bocado, ao contrário do que acontece normalmente. O primeiro aconteceu com o - já habitual - Jari-Matti Latvala, quando perdeu o controlo do seu carro e prendeu uma das rodas do seu Ford Fiesta numa cerca, fazendo-o perder cerca que quatro minutos e o afastando da luta pela vitória.

O segundo momento aconteceu esta madrugada, durante a 20ª classificativa do rali, quando o estónio Ott Tanak perdeu o controle do seu Ford Fiesta, quando lutava pelo quinto lugar neste rali, devido também a um despiste quando tentava ser mais rápido do que a sua concorrência mais direta, constituida pelo belga Thierry Neuville e o Mini de Dani Sordo. Contudo, os estragos de Tanak foram demasiado grandes para poder continuar neste rali, impedindo-o de marcar pontos.

Mas é como digo: tirando este dois, o rali neozelandês até foi calmo. Até Ken Block se portou bem e levou o carro até ao fim...

Formula 1 2012 - Ronda 8, Valencia (Corrida)

Quando amanheceu neste domingo de verão, em Valencia, sabia-se que para alem do calor convidar as pessoas a irem às praias de El Puig e arreedores, iria haver o último GP da Europa naquelas paragens, dado que a crise aperta por aquelas bandas e as regiões autonómicas estão já à beira da falência. Havia muita expectativa, claro, para saber se iria haver um oitavo vencedor diferente nesta temporada, com os Lotus a serem os candidatos numero um e dois. também havia expectativa para saber quem seria o piloto que iria repetir uma vitória nesta temporada. O candidato numero um seria Sebastien Vettel, por partir da pole-position, mas também tinha Lewis Hamilton, o segundo da grelha. 

Havia também outros candidatos mais improváveis, como Fernando Alonso, que partia da 11º posição, e Mark Webber, que era o 19º na grelha, mas por aquelas bandas, tudo era possivel, especialmente devido ao facto de saber se as peças dos carros iriam resistir ao calor sufocante daquelas bandas.

A corrida começou com Vettel a segurar Hamilton, Grosjean e Maldonado e a ficar na frente da corrida, enquanto que mais atrás, o japonês Kamui Kobayashi armou confusão, ao bater em Bruno Senna, com este a ir para as boxes porque os comissários consideraram que... o brasileiro era o culpado. Mas isso tem uma explicação: o comissário convidado daquele final de semana era Mika Salo. Aquele que quer ver o Senna fora para colocar o Valtteri Bottas porque acha que é o maior...

A corrida estava tranquila até na primeira paragem nas boxes, com Vettel na frente de Hamilton, Grosjean e Alonso, que tinha aproveitado bem a primeira paragem para subir umas posições. Tudo indicava que o pódio era algo possivel para o espanhol, mas...

Mas... Jean Eric Vergne toca em Heikki Kovalainen, naquela nova briga que há entre a Caterham e a Toro Rosso, ambos ficam danificados - e Vergne leva dez lugares de penalização e 25 mil euros de multa - e o Safety car entra em pista. O resultado faz com que Vettel, que liderava com sobras, se juntasse com o resto do pelotão e visse toda essa vantagem a esfumar-se. Quando esta começou, Alonso passa Grosjean e beneficia do primeiro golpe de teatro do dia: a desistência de Vettel, vítima de um problema hidraulico. 

Assim sendo, Alonso fica com o primeiro lugar, e com pneus mais novos, vai-se embora com alguma facilidade frente a Romain Grosjean e a Lewis Hamilton. Pouco depois, o segundo golpe de teatro acontece quando o piloto francês desiste com problemas no alternador do seu carro. Tudo isto em claro contraste com Felipe Massa, que tinha (mais uma vez) uma corrida para esquecer, pois sido mais uma vítima do excesso do Sauber de Kamui Kobayashi. O brasileiro arrastou-se pela pista pelo resto da corrida, ao ponto de ter sido ultrapassado pelo Caterham de Vitaly Petrov, que chegou a andar nos pontos até que um toque com o Toro Rosso de Daniel Ricciardo o fez partir o bico e acabar mais atrás, na 13ª posição.

A parte final foi emocionante. Com os pneus Pirelli a esfarelarem-se, Alonso escapava-se das confusões que aconteceria atrás, especialmente Lewis Hamilton, que era segundo e lutava contra maus pneus. Não aguentou Kimi Raikkonen e na penultima volta, resistiu até que pode aos ataques de Pastor Maldonado, o piloto da Williams. E a luta foi tal que ambos... bateram. O britânico desistiu de imediato e o venezuelano, mesmo com o nariz quebrado, acabou a cair até ao décimo posto, o último lugar pontuável. Quem beneficiou disto tudo foi Michael Schumacher, que com o seu Mercedes, subiu ao pódio no terceiro lugar, o primeiro desde o seu regresso, em 2010. Mas... 

Mas parece que as corridas deste ano não acabam depois da bandeira de xadrez. Parece que a nova tendência é a secretaria da FIA, devido às penalizações. Primeiro, o venezuelano foi penalizado com dez lugares na partida do GP seguinte, em Silverstone. E para piorar as coisas, levou 20 segundos de penalização, perdendo o décimo posto a favor de Bruno Senna. Depois surgiram as suspeições de que Michael Schumacher passou em plena zona de DRS sob bandeiras amarelas, o que poderia dar uma penalização de vinte segundos.

No pódio, a chorar pelo facto de ter vencido "em casa", Fernando Alonso deve estar a pensar na sorte que teve e no esforço que fez do 11º posto para chegar até ali. E deverá pensar também no mau carro que lhe deram no inicio do ano e no esforço que fez nas primeiras corridas para o fazer funcionar, antes deles terem melhorado o carro. E querem saber quem vai vencer o título? Vai ser o Fernando Alonso. 

A razão? Já se sabia que é muito bom a tirar o melhor do carro, mas hoje, teve a estrela da sorte. E em Valencia, lucrou imenso com os azares e os desastres dos outros: Vettel desistiu com problemas mecânicos, Hamilton bateu em Maldonado, Grosjean teve também problemas mecânicos, Webber teve um mau fim de semana. O Principe das Asturias, neste fim de semana valenciano, nasceu com o rabo para a Lua. E no dia em que por fim, houve uma repetição na lista de vencedores nesta temporada, parece que Alonso é agora o candidato numero um. Afinal de contas, no carro mais improvável para vencer como começou por ser o Ferrari F2012, ele tem agora vinte pontos de avanço... 

GP3: Niderhauser vence, Felix da Costa oitavo

O suiço Patric Niederhauser tornou-se no quinto vencedor diferente em seis corridas ao ganhar esta manhã a segunda corrida da GP3 que aconteceu esta manhã no circuito de Valencia. A corrida foi um duelo entre ele e o alemão Daniel Abt, com o cipriota Tio Elinas a ficar com o terceiro posto, mas com uma decisão polémica, ao colocar para fora o carro do italiano Kevin Ceccon.

Quanto a Antonio Felix da Costa, depois de uma corrida para esquecer, o piloto português tinha de fazer algo de diferente para que saísse de Valencia com um sorriso nos lábios. E assim fez: em apenas 14 voltas, patindo de último na grelha, passou 16 concorrentes e chegou ao fim na oitava posição, conseguindo de permeio a volta mais rápida da corrida.

Foi uma corrida sempre ao ataque, efetuei inúmeras ultrapassagens e o carro estava bem equilibrado. Na última volta consegui ainda a volta mais rápida, que não só me dá dois pontos extra, como mostra que estamos rápidos e dá-me confiança para encarar com otimismo a próxima corrida, em Silverstone”, referiu.

A GP3 voltará para mais um fim de semana duplo no circuito de Silverstone, dentro de duas semanas.

WRC 2012 - Rali da Nova Zelândia (Final)

Como seria de esperar, os Citroen venceram em toda a linha, com o resultado já combinado desde o inicio do dia de ontem, quando se decidiu que Sebastien Löeb seria o vencedor do rali, relegando Mikko Hirvonen para o segundo posto. A diferença entre os dois pilotos ficou-se pelos 29,6 segundos, relegando o terceiro classificado, o Ford fiesta oficial de Petter Solberg, a um minuto e 36 segundos do piloto francês, que cada vez mais se aproxima de mais um título mundial.

O norueguês Petter Solberg foi o melhor dos Ford, como já foi dito anteriormente, que conseguiu superar o russo Evgueny Novikov.

A grande novidade deste terceiro dia foi a retirada do estónio Ott Tanak, na 20ª classificativa deste rali, quando este se despistou a alta velocidade e capotou fortemente. Os danos foram demasiado extensos para poder continuar e o piloto perdeu uma boa oportunidade para manter o quinto posto, que acabou nas mãos do belga Thierry Neuville. Dani Sordo, que venceu duas classificativas neste domingo, foi o sexto da geral, na frente do finlandês Jari-Matti Latvala, que teve mais um rali para esquecer, sendo que o sétimo posto final  sabe a muito pouco.

Quanto a Armindo Araujo, o oitavo lugar final é uma recompensa pelo facto de ter levado o carro até ao fim, apesar das dificuldades que teve, especialmente com a suspensão. conseguiu manter o ritmo no terceiro dia, controlando os avanços do seu mais direto concorrente, o americano Ken Block. “Fizemos um rali muito bom e conseguimos alcançar o resultado que cumpre com os objetivos que traçamos. Hoje tivemos de gerir muito bem os pneus que ainda tínhamos disponíveis e segurar a vantagem com que partimos sobre o Ken Block. Foi um dia tranquilo, sem cometer erros e estamos muito satisfeitos por termos voltado a terminar nos pontos”, afirmou. 

A fechar os pontos apareceu o austriaco Manfred Stohl, que pilotando o carro da Brazil World Rally Team, no lugar de Daniel Oliveira, saiu da sua situação de retirada para terminar este rali num bom décimo posto e recolher um ponto para a classificação geral.

Agora o Mundial de ralis regressa à europa para no final do mês de julho, correr nas velozes classificativas da Finlândia.