Desde há algum tempo que sabemos que a Formula 1 vai para a Bolsa de Valores. Que a CVC Capital Partners colocou o equivalente a 30 por cento das suas ações para uma oferta pública de venda na Bolsa de Singapura, numa operação que será ajudada por quatro bancos multinacionais como a suiça UBS, a espanhola Santander e as americanas Morgan Stanley e Goldman Sachs, creio eu.
Esta segunda-feira, o jornal Daily Telegraph falava na sua secção financeira que o retorno desta operação de mil milhões de dólares poderá ser de até... 600 por cento. Descobri este artigo através do Twitter do Karun Chandhok e decidi espreitar e tentar esmiuçar o que vem lá dentro. É que caso isto seja verdadeiro, significa uma das mais bem sucedidas ofertas públicas de sempre numa bolsa de valores.
Contudo, eu tenho algum cepticismo em relação a uma ação destes, nos tempos conturbados que as bolsas de todo o mundo passam neste momento, é complicado. Vide, por exemplo, a operação do Facebook na Bolsa de Nova Iorque e a queda das suas acções nos dias e semanas seguintes. Aliás, falou-se inicialmente que esta operação poderia ser adiada de forma a não ser realizada este ano. Agora fala-se que sim, esta será realizada, pelo menos a acreditar no que vêm da boca de Bernie Ecclestone.
Acho estranho que tal coisa possa ter assim tanta valorização. Aliás, acho até que é um exagero. Mas quando leio quem o autor da matéria, que é o Chris Sylt, que escreve muitas vezes para o site Pitpass, tendo a acreditar que por ali pode haver um fundo de verdade nestas coisas. Mas há outras coisas na matéria que devem ser realçadas, como por exemplo, as dívidas e empréstimos contraídos ao longo dos anos pela CVC Capital Partners. Há um empréstimo de 1,1 mil milhões de dólares contraído em 2006 ao Royal Bank of Scotland, dívida essa que a CVC herdou quando ficou com os ativos da Formula 1 e do qual ainda está a ser paga, apesar dos enormes lucros que a Formula 1 anda a ter todos os anos, cerca de 30 por cento em média.
Todas estas noticias, porém, saem numa altura em que se está a negociar o novo Pacto da Concórdia, do qual não se sabe muito. Fala-se de que algumas equipas, como a Red Bull, McLaren e a Ferrari, poderiam ter um recebimento anual da Formula 1 por valores a rondar os 35 a 50 milhões de euros, tendo em troca a possibilidade de alargar o calendário para 23 ou 24 corridas, o que seria puxar pelos limites fisicos de toda a gente nesta competição.
Mas há também uma pergunta do qual eu gostaria de fazer há muito: com um futuro capital bolsista, as contas não deveriam ser transparentes? pode não ter muito a ver com isto, mas... acho que desde há muito se deveria saber os detalhes destes Acordos, que para mim são demasiadamente generalistas e demasiadamente opacas para ver em detalhe aquilo que sabemos por portas e janelas travessas: que quem manda no negócio é Bernie Ecclestone. E numa futura capitalização bolsista, ele no final do dia levará para casa mais algumas centenas de milhões de dólares no seu bolso. Interessante, não é?
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