Todos os dois anos, sejam europeus ou mundiais, as coisas acontecem da seguinte forma: a imprensa - rádio, jornais e TV - empanturra-nos à força com um muro autêntico de noticias e anuncios sobre a seleção, até ao limite do bom senso. Na TV são diretos atrás de diretos, com os "chouriços" do costume, a perguntas às pessoas banalidades sobre "quanto é que vamos ganhar e quer e vai marcar os golos". Nas rádios, os comentaristas, que deixaram o cérebro em casa ou no hotel, gritam barbaridades antes, durante e depois dos jogos, sendo o "grau zero" alcançado quando alguém marca um golo. Agradecem aos santos e os elevam a heróis, não se coibindo de passarem por ridicularias que faziam corar qualquer estudante de jornalismo. Aliás, se este era o objetivo, pergunto-me qual é a utilidade de perder quatro anos da tua vida numa universidade, não é?
Esta é a razão pelo qual critico estas alturas: o comportamento bacoco daqueles que deveriam ser os "profissionais de imprensa" mas que na realidade quase me fazem lembrar macaquinhos de crachá.
No meio disto tudo, os jogadores são mais vítimas do que réus, porque fazem os seu trabalho e deram o seu melhor. Nestes vinte dias - aliás, um mês, se contarmos com o periodo de estágio - deram o seu melhor. Muitos passaram da depressão à euforia, especialmente depois do jogo com a Alemanha. Não alinhei nem num, nem no outro lado. Calei-me porque achei que era cedo demais e ele iria reagir, como vi que eles reagiram contra a Dinamarca e a Holanda, naquele "grupo da morte". Fizeram o seu melhor e passaram, contra todos os que achavam que iriamos ser eliminados sem apelo nem agravo.
Que podeiamos ter ido à final e levado o caneco? Claro, toda a gente esperava isso. Mas eu não tinha feito promessas de andar pelado pela rua se o conseguissem, nem iria cantar o hino bocacamente. Não iria comemorar "vitórias morais" ou segundos lugares. Apenas digo que fizeram uma campanha normal e foram o mais longe possivel. Parabéns, podiamos ter ganho, mas hoje não foi. Alguém tinha de perder e azar dos azares, foram nós.
E é como escrevo no título: a vida continua. Boa sorte aos espanhois no domingo e agora, eles que vão de férias, pois em setembro tem a qualificação para o Mundial, no Brasil. E quero que eles vão lá.
Digo outra coisa ao Cristiano Ronaldo. Gostava que não fosse obcecado com a conquista de troféus ou "canecos", quer no Real, quer na Selecção. Vai ser uma pessoa muito frustrada ao longo da vida se for obcecada com isso. Ele que goze o momento, que só faz bem para ele.
Quanto ao resto... bom, vou comprar algodões para os ouvidos. Ou tiro o som da minha TV.
1 comentário:
Quanto à partida? Bem, parecia um jogo de compadres, ninguém queria fazer gol. Lembrou-me o Brasil X Portugal da Copa de 2010.
Portugal pode ter perdido, mas me conquistou pelo uniforme... nossa, que camisa bonita! Deu-me uma vontade de comprar uma...
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