quinta-feira, 28 de junho de 2012

5ª Coluna: Bernie Ecclestone sob pressão

Confesso que desde há algum tempo a esta parte, tento entender as declarações públicas de Bernie Ecclestone como um "smokescreen" - cortina de fumo, em português. Contudo, ontem, a fabulosa coincidência entre o possivel anuncio de um GP londrino, aproveitando um percurso desenhado no parque olimpico de Londres, com o facto de Gerhard Gribowsky ter sido condenado pela justiça alemã a oito anos de prisão por evasão fiscal, graças a um pagamento por luvas feito por Ecclestone - que admitiu a coisa, justificando-se que estava a ser chantageado - mostrou de uma forma mais cruel aquilo que ele é em termos de negócios: um homem muito astuto, mas que não se coibe de fazer coisas inapropriadas para conseguir aquilo que quer, e o suborno é um deles.

Muitos consideraram esta "coincidência" como uma manobra patética - e é - do qual só os pacóvios agarraram. E claro, muitos o fizeram, mas nem todos. Se Bernie Ecclestone julga que o "caso Gribowsky" acabou ontem à tarde com a condenação do banqueiro alemão, enganou-se, porque muito provavelmente foi apenas o final de uma etapa. A justiça alemã - e eventualmente, a britânica - irá a partir de agora investigar com outros olhos a fortuna de Bernie Ecclestone e os seus fundos de investimento como o Bambino Trust, do qual tem acumulado centenas de milhões de libras e o fazem dele um dos homens mais ricos da Grã-Bretanha. 

De uma certa maneira, o "caso Gribowsky" era uma bomba ao retardador, à espera do tempo certo para explodir. Caso nos próximos meses as autoridades de ambos os países acharem que existem provas de que Ecclestone andou a declarar menos do que devia, isso pode significar que - no lado britânico - poderá ter de levar uma pesada multa por evasão fiscal, e - do lado alemão - poderá ser julgado por corrupção e cumplicidade. E no caso alemão, isso pode significar uma pena de prisão.

Aliás, ontem, na deliberação final do julgamento, o procurador de Munique, Christoph Roedler, não foi meigo em descrever Ecclestone como "não uma vítima de chamtagem, mas sim cúmplice numa operação de suborno". E isso significa que a partir de agora, eles investigarão essa ponta solta, para ver se existe algo mais relevante que falte ser revelado. 

Estou curioso para ver como serão as visitas futuras de Ecclestone na Alemanha. Será que em alguma delas terá algum simpático policia à porta do avião que o transportará, munido de um mandato de detenção para interrogatório? Veremos os próximos episódios.  

1 comentário:

Julio Cezar Kronbauer disse...

Estou ansioso para chegar a semana do GP da Alemanha. Infelizmente, não é por causa da corrida.