sábado, 13 de setembro de 2025

WRC 2025 - Rali do Chile (Dia 2)


O francês Sebastien Ogier lidera o rali do Chile com 6,3 segundos de vantagem sobre Elfyn Evans, num duelo entre Toyotas, no final deste sábado. Ambos parecem ser os favoritos à vitória nesta prova, num rali que está a ser bem competitivo. Terceiro é o Hyundai de Adrien Formaux, a 26,8 segundos, ainda com chances de os apanhar, enquanto mais distante está Thierry Neuville, a 41,7, em quarto.   

Com seis especiais pela frente neste sábado, e passagens duplas por Pelún, Lota e Maria de Las Cruces, e com todos perto uns dos outros, o dia começou com chuva na região, e isso deixa lama e o piso escorregado. Mas mesmo assim, começou com Tanak ao ataque - estava a recuperar dos problemas de motor de ontem - e a ganhar a especial, 1,4 segundos melhor que Elfyn Evans, 6,2 sobre Kalle Rovanpera e 10,7 sobre Adrien Formaux.

Munster bateu contra a berma e perdeu algum tempo, enquanto Alberto Heller e Josh McErlean tiveram problemas mecânicos, do qual perderam tempo. 

Tanak voltava a ganhar na especial seguinte, 10,8 segundos na frente de Rovanpera, 15,6 sobre Ogier e 15,8 sobre Evans. Formaux foi o quinto na especial, e aguentou o comando por 0,9 segundos, e disse de sua justiça: "Parece que estamos na Grã-Bretanha, por isso ele (Elfyn) será rápido nestas condições, está a melhorar. Se nos mantivermos unidos, tudo é possível. Satisfeito com as duas primeiras especiais, complicadas e exigentes. Continuamos."

Rovanpera foi o vencedor em Maria de las Cruces, 7,3 segundos na frente de Evans e 8,9 de Ogier. Graças ao segundo lugar, o piloto galês acabou a manhã na primeira posição, com 5,6 segundos de vantagem sobre Ogier e 9,3 sobre Formaux. Entretanto, a equipa Hyundai decidiu retirar o carro de Tanak no sentido de ter inteiro para amanhã, para um ataque total para conseguir pontos na Power Stage.


Ogier ganhou ao inicio da tarde, na segunda passagem por Pelún, 2,9 segundos adiante de Evans e 4,6 sobre Neuville. Ele repetiu na etapa seguinte, agora conseguindo 3.7 segundos de vantagem sobre Evans e 7.8 sobre Pajari e Formaux. Isso foi suficiente para que Ogier subisse para o comando do rali. No final do dia, na segunda passagem por Maria de las Cruces, o francês da Toyota voltou a ganhar, desta vez com uma vantagem de 5,3 sobre Evans.

E claro, ele estava satisfeito com o que tinha conseguido: 

"Parece bom, mas será intenso até ao fim. Amanhã de manhã, terei de estar acordado, não como em todas as primeiras etapas dos últimos dois dias. Dose dupla de expresso!", afirmou.

Depois dos quatro primeiros, quinto é Sami Pajari, a 50,4 segundos, noutro Toyota, na frente de Kalle Rovanpera, a uns distantes 1.23,2. Takamoto Katsuta é o sétimo, a 1.54,3, depois de ter passado Gregoire Munster, que é oitavo, a 2.00,4. Oliver Solberg é o nono, e o melhor dos Rally2, a 6.12,7, na frente do bulgaro-russo Nikolay Gryazin, a 6.42,9.

O rali do Chile acaba neste domingo, com a realização das últimas quatro especiais. 

Youtube Formula 1 Video: que acham da primeira temporada de Kimi Antonelli?

Andrea Kimi Antonelli promete muito: aos 18 anos, está na sua primeira temporada na Formula 1 a bordo da Mercedes, com potencial para ser campeão do mundo, caso consiga desabrochar numa competição feroz e numa temporada com mais cinco estreantes. Contudo, depois de um pódio no Canadá e duas voltas mais rápidas, está numa fase má, com acidentes e penalizações. 

E a pergunta que se faz é: apesar de tudo, continua a ter material para ser campeão? Aguentará a pressão de estar onde está? Pelo menos é isso que trata, no mais recente video do Josh Revell

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

WRC 2025 - Rali do Chile (Dia 1)


Adrien Formaux é o líder o rali do Chile ao fim de seis especiais, mas a diferença de um segundo para o segundo classificado, o outro Hyundai de Thierry Neuville, não significa absolutamente nada numa prova onde perderam Ott Tanak por causa de um problema no seu motor, recomeçando amanhã para o Rally2. Sebastien Ogier é o terceiro, a 2,3 segundos, na frente de outro Toyota, o de Sami Pajari, a 11,2 segundos. Aliás, os cinco primeiros estão separados por 13,1 segundos, e os sete primeiros, por 49,8.

Com passagens duplas por Pulperia, Rere e San Rosendo, o dia começou logo com a entrada forte de Kalle Rovanpera, que ganhou as duas primeiras especiais, ganhando um avanço de 5,8 segundos sobre Tanak e 6,3 sobre Elfyn Evans, que perdeu tempo por causa de... cães na estrada. Contudo, na especial de San Rosendo, a primeira passagem, Evans levou a melhor, depois de Kalle Rovanpaera ter batido contra um banco de terra, furando e perdendo cerca de um minuto e 11 segundos e caído para nono na geral. "Abri um pouco a estrada num troço estreito e furei ali. Infelizmente, ainda havia um longo caminho a percorrer, por isso perdi bastante tempo.", contou o finlandês no final da especial. 


Em contraste, Evans passou para primeiro, meio segundo de Tanak.

"Nada mau, fiz uma corrida muito limpa e organizada. É difícil saber se tive vantagem suficiente em termos de força, mas com toda a inclinação e tudo, é difícil estar limpo e organizado e não ter alguns momentos.", disse o piloto galês da Toyota.

A parte da tarde aconteceu com a segunda passagem pelas especiais da manhã, com Sami Pajari a ser o melhor na segunda passagem por pulperia, com meio segundo de vantagem sobre Neuville, 1,5 sobre Tanak e Formaux. O estónio conseguiu o suficiente para passar à liderança, com 6,9 segundos de diferença sobre Evans. Sebastien Ogier teve problemas com um dos seus ailerons, danificado depois de um salto, aparentemente, e Gus Greensmith e Yohan Rossel tiveram problemas, com o francês a ter o seu carro a arder por causa de uma fuga de óleo.


Tanak ganhou na segunda passagem por Rere, 0,6 segundos na frente de Formaux, 1,1 de Neuville e 3,2 sobre Takamoto. "Foi uma boa especial, mas está a ser bastante difícil para os pneus. Estou entre forçar e poupar. Na verdade, tive uma boa etapa. Ott é rápido e a sua estratégia está a funcionar. (Hyundai 1-2-3?) Já passou algum tempo, por isso foi positivo.", disse o estónio.

Mas foi sol de pouca dura: o motor explodiu na última especial do dia, deixando-o apeado, deixando-o nas mãos de Sebastien Ogier, que ganhou a especial, 3,1 segundos na frente de Neuville, 5,8 sobre Pajari e 6,5 sobre Formaux. Evans perdeu 14,2 segundos por causa de uma má especial, caindo para quinto. Atrás, Josh McErlean sofreu um furo, mas não perdeu muito tempo.

"Só posso estar satisfeito porque é a primeira vez que lidero um rali depois do primeiro dia. É uma pena para o Ott, tenho pena dele. Uma pena para a equipa também, teria sido bom estar em 1-2-3. Hoje é um bom dia para nós.", disse Formaux, no final da especial.

Depois dos cinco primeiros, Takamoto Katsuta é o sexto, a 41 segundos, seguido por Gregoire Munster, a 49,8. Kalle Rovanpera é o oitavo, a 1.05,0, e a fechar o "top ten" estão Toyota Yaris Rally2 de Oliver Solberg e o Ford Puma Rally1 de Josh McErlean, a 2.35,7.

O rali do Chile continha este sábado, com mais seis especiais.

Noticias: Citroen confirma entrada na Formula E


A Citroen anunciou esta sexta-feira que entrará na Formula E a partir desta temporada, a 12ª, com a sua equipa de fábrica. Ela substituirá a Maserati na competição elétrica, e o seu nome terá mais impacto, pelo menos em termos de veículos elétricos, pois a marca do "double chevron" produz e vende carros populares e conta com gama cada vez mais diversificada de motorizações elétricas ou eletrificadas. Esta entrada no Mundial de Fórmula E, coincide, temporalmente, com uma ofensiva de produtos novos e permite à marca desenvolver e promover todas as competências tecnológicas.

No comunicado oficial, a Citroën afirma que a sua entrada na Fórmula E representa um “novo desafio” numa “aventura elétrica, inovadora e apaixonante que incorpora os nossos valores e a nossa visão para a mobilidade do futuro

Acrescentando: “A Citroën está de regresso ao desporto motorizado, um palco que moldou a sua história e a sua lenda — o desporto motorizado na sua forma mais visionária: uma competição cem por cento elétrica, responsável e comprometida, com corridas populares no coração das cidades, um público jovem, empenhado e conectado, e uma montra tecnológica e internacional para o futuro da mobilidade.

A marca francesa tem uma impressionante lista de conquistas atrás de si: isto inclui vitórias no Dakar, no inicio dos anos 90 do século passado, graças a modelos com o o ZX, nove títulos de pilotos no Campeonato do Mundo de Ralis da FIA (WRC) com a famosa dupla Sébastien Loeb/Daniel Elena, em modelos como o C4 WRC, e o C3 Rally1, oito títulos de construtores no WRC, três títulos de pilotos no Campeonato do Mundo de Carros de Turismo (WTCC) com o C-Elysée, três títulos de equipas no WTCC, além de vários sucessos no Campeonato do Mundo de Ralis Todo-o-Terreno da FIA.

Ainda não se sabe quem será a dupla para a sua primeira temporada na competição elétrica - os rumores falam do francês Jean-Eric Vergne e do neozelandês Nick Cassidy - cuja apresentação oficial será a 20 de outubro, antes dos testes de pré-temporada acontecerão entre os dias 27 e 31 de outubro em Valência, antes da primeira corrida da 12ª temporada, que acontecerá a 6 de dezembro, em São Paulo, no Brasil.

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

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Anteontem falei sobre a primeira corrida que aconteceu depois da II Guerra Mundial, que aconteceu há precisamente 80 anos, numa pista improvisada no Bois de Boulogne, e que tinha o nome apropriado de "Coupe des Prisoniers" (Taça dos Prisioneiros), pois as receitas iriam para o fundo dos prisioneiros de guerra franceses que tinham caído nas mãos dos alemães, e que tinham ficado nos campos por quase cinco anos. 

Contudo, ontem também falei um pouco de Robert Benoist, um dos homenageados dessas corridas de setembro de 1945, uma personagem que, de uma certa maneira, teve uma vida muito cheia. E como hoje se assinala o dia da morte, falo sobre ele, e um pouco sobre William Grover Williams, o primeiro vencedor do GP do Mónaco, em 1929, ambos foram agentes do SOE, treinados para provocar ações de sabotagem por trás das linhas inimigas, e do qual pagaram o preço mais alto para a causa da libertação da Europa das garras nazis. E do qual há um excelente livro, de seu nome "Grand Prix Saboteurs", escrito pelo jornalista britânico Joe Saward

Robert Marcel Charles Benoist nasceu a 20 de março de 1895 em Auffragis, perto de Rambouillet, não muito longe de Paris. Era o segundo filho de Gaston Benoist, que era o caseiro das propriedades do barão Henri de Rothschild. O seu irmão mais velho, Marcel, tinha nascido três anos antes, e iria seguir os passos do seu irmão mais novo no automobilismo e mais tarde, na Resistência.

Na I Guerra Mundial, Benoist foi para a Força Aérea, depois de um tempo nas trincheiras do exército. Depois do conflito, e procurando um substituto da adrenalina aérea, foi para os automóveis, onde se tornou piloto de testes da de Marçay. Passou depois para a Salmson, acabando em 1924 na Delage, fazendo companhia a Albert Divo. A sua primeira grande vitória aconteceu no GP de França de 1925, em Montlehéry, numa corrida onde o piloto da Alfa Romeo, Antonio Ascari - pai de Alberto Ascari - teve o seu acidente mortal. 

A temporada de 1927 será excelente para ele. Com um Delage 15-S-8, ganha os Grandes Prémios de França, Espanha, Grã-Bretanha e Itália, acabando por dar o título à marca francesa. Pouco depois, a marca abandona a competição, deixando Benoist sem lugar. Assim sendo, enquanto dirigia uma garagem em Paris, competia algumas corridas com um Bugatti. Ganhou o GP de San Sebastian em 1928, para no ano seguinte andar num Alfa Romeo onde, ao lado do italiano Attilio Marioni, ganha as 24 horas de Spa-Francochamps.

No final de 1929, decide pendurar o capacete, mas cinco anos depois, em 1934, é persuadido a regressar graças à Bugatti, que tinha uma equipa de competição. Então com 39 anos, aceita o desafio, porque na altura, eles queriam competir nas 24 Hortas de Le Mans com uma verão do Type 57, um dos modelos de luxo da marca. Para ficar com uma ideia, é como se, hoje em dia, a Bugatti pegasse num dos Chiron e decidisse construir uma versão Hypercar. Bentoist não só iria ser um dos pilotos, como iria também ser o diretor de competição da marca. 

Em 1937, com ele e Jean-Pierre Wimille, conseguem triunfar numa corrida marcada por uma incrível carambola onde dois pilotos acabam por morrer e a corrida é interrompida por mais de uma hora para limpar os destroços do acidente que acontece na zona da Maison Blanche. Depois desse triunfo, Benoist, então com 42 anos, decide abandonar o volante e manter-se na Bugatti como diretor desportivo, onde ajuda a marca a conseguir mais um triunfo, em 1939, com Wimille e Pierre Veyron.

Depois, começa a guerra, e em consequência, as provas automobilísticas são interrompidas. Para piorar as coisas, a França é derrotada na primavera de 1940 pelo exército nazi, que aplica fortemente as táticas do "blitzkrieg", a guerra-relâmpago. Isolada na Europa, o governo britânico, liderado por Winston Churchill, decidiu criar o SOE, Special Operations Executive, com o objetivo de treinar pessoas para ações de sabotagem por trás das linhas inimigas, especialmente franceses, mas também pessoas de outras nacionalidades, bem como ingleses. Levantavam células clandestinas, ajudavam pilotos abatidos a escaparem de território inimigo, para países neutrais como a Suíça e Espanha, e transmitiam informações para Londres sobre movimentações de tropas inimigas e ações de sabotagem, entre outras. 

Mas era uma ocupação arriscadíssima. O inimigo estava a caçá-los e o preço a pagar era mortal. 

Quando chegou a França, em fevereiro de 1943, montou um pequeno grupo, o "Chestnut" (Avelã), com o objetivo de recolher informações e recolher armas e munições que os aviões traziam do Reino Unido, para distribuir pelos grupos da Resistência. Benoist recrutou outros membros, entre eles, o seu irmão Marcel e Jean-Pierre Wimille, que trabalhava na Bugatti. 

A rede funcionou durante alguns meses de 1943, mas a policia secreta alemã, nomeadamente a SD (Sicherhienstdienst), um ramo da Gestapo, estava atento a todos os grupos da Resistência, e tentava tudo para infiltrar, e depois destruir. Essas redes não aguentavam mais do que alguns meses, antes de serem descobertos. A "Chesnut" foi desmantelada a 31 de julho de 1943, numa operação contra o castelo onde morava Benoist, prendendo o seu irmão, Marcel, e Grover-Williams, também membro da SOE. Robert não estava lá, mas alguns dias mais tarde, a 4 de agosto, em Paris, foi apanhado, mas quando o levavam para o quartel da SD para ser interrogado, conseguiu escapar, pulando do carro em movimento e misturando-se na multidão.

Andou fugido por duas semanas até que, a 19 de agosto, entrou num avião rumo à segurança de Londres. Ali, recebeu trino em explosivos e queria regressar o mais rapidamente possível a França. Mas quer Londres, quer a SOE, estava relutante devido à sua fama de piloto, engenheiro e agora, resistente. Contudo, a 20 de outubro de 1943, estava a bordo de um avião para ser largado no centro de França, rumando a Nantes para efetuar ações de sabotagem. Com o nome de código "Lionel", criou a rede "Clérigo" e tentou fazer explodir uma ponte, mas não tinha a quantidade suficiente, logo, em fevereiro de 1944, regressou ao Reino Unido para buscar os explosivos que faltava e cumprir a missão.

Regressou em março, com os explosivos, meio milhão de francos e a promessa de que iria recebê-los nas próximas largadas de paraquedas, e a 16 de maio, três semanas antes do Dia D, a ponte foi arrasada, bem como as linhas de alta tensão que abasteciam a cidade. As linhas foram reparadas, mas no dia 26 de maio, voltaram a deitá-las abaixo, dois dias antes dos Aliados bombardearem a cidade. 

Na madrugada do Dia D, o seu grupo decidiu, em coordenação com outros grupos, ajudar na sabotagem atrás das linhas do inimigo. Deitaram abaixo linhas telefónicas, rebentaram com linhas de caminho de ferro, com enorme sucesso. Mas duas semanas depois, a 17 de junho, decidiu chamar as lideranças de outros grupos de resistência para uma reunião, que era contra todos os regulamentos da própria SOE, porque assim iria chamar a atenção dos inimigos, que lutavam o que podiam contra a força aliada. Para piorar as coisas, recebeu noticias de que a sua mãe estava a morrer, e decidiu ir para Paris, quebrando a disciplina. E foi assim que acabou por ser capturado, em Paris, na companhia da sua irmã.

Interrogado, tentou novamente fugir, e a 8 de agosto, três semanas antes da libertação da cidade pelos Aliados, ele e muitos outros prisioneiros de guerra, foi levado para um comboio, onde foi escoltado para a Alemanha. Este parou pelo caminho porque tinha sido metralhado por um avião aliado, e perdeu a chance de escapar, na confusão que se seguiu. Contudo, quando a situação foi controlada, foi levado para o campo de concentração de Buchenwald, onde estavam 34 membros da SOE capturados pelos alemães. No final da guerra, apenas cinco estavam vivos. E Benoist não era um deles: a 11 de setembro de 1944, ele e mais 15 elementos foram enforcados, suspensos num gancho para pendurar a carne que existe nos matadouros. Benoist tinha 49 anos. 

Hoje em dia, Benoist é recordado com um monumento na pista de Montlhéry, numa rua em Auffargis, também em França, e no monumento em honra dos membros da SOE que tombaram em França, na localidade de Valençay, entre os 91 homens e 13 mulheres que sacrificaram a sua vida em troca da libertação da França do jugo nazi.    

Noticias: Komatsu quer Bearman consistente


Com Oliver Bearman à beira da suspensão - está a meros dois pontos de ficar de fora por uma corrida - o piloto de 20 anos está a ser elogiado pelo seu "patrão", Ayao Komatsu, mas ele quer que seja mais consistente nas suas performances para melhorar a sua capacidade de “impulsionar a equipa”.

Numa conversa depois do GP de Itália, Komatsu falou sobre o seu desempenho nesta temporada:

Penso que a velocidade, não há absolutamente nenhuma questão”, afirmou o diretor da equipa. “Vemos isso, não há dúvida de que o talento está lá.” Ele sublinha que o desafio reside em “aproveitar esse talento e depois entregá-lo consistentemente, em cada sessão, em cada fim de semana de corrida, o que não temos feito”.

Komatsu acrescentou que a equipa está a trabalhar “muito, muito de perto com o Ollie, fornecendo objetivos a curto prazo, obtendo feedback, ética de trabalho, etc. Ele aceita feedback construtivo – até mesmo as críticas – muito, muito bem, por isso temos uma excelente relação de trabalho e é o nosso objetivo este ano, nas corridas restantes, apenas mostrar o seu talento de forma consistente. Essa consistência é a chave.

Interrogado sobre como irão alcançar esta consistência, Komatsu respondeu: 

O que acabei de mencionar sobre os objetivos a curto prazo, isso é muito importante. E depois, simplificar a vida – não a vida privada, mas tudo para focar no que importa. Não se pode desperdiçar uma sessão, não se pode desperdiçar uma volta, e temos de estar a impulsionar todos – temos de exigir mais uns dos outros. Por isso, embora seja um rookie e tenha 20 anos, ele é um piloto de Fórmula 1, então ele tem de estar a impulsionar a equipa também.” 

Komatsu revelou que está a “pressionar os pilotos, mas também os engenheiros e todos”, e que Bearman “pode fazer mais nesse lado, e ele sabe e é capaz de o fazer”, concluiu.

A próxima corrida será dentro de semana e meia, em Baku, com Bearman neste momento na 17ª posição da geral, com 16 pontos. 

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

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O GP de Itália do ano 2000 foi marcante por imensos motivos. Do inicio até ao fim, com uma morte e um campeão do mundo a chorar. E poderia ter sido bem, bem pior. 

A Formula 1 tinha chegado a Monza numa altura em que Michael Schumacher e Mika Hakkinen lutavam pela liderança, e o finlandês tinha feito uma ultrapassagem de antologia na corrida anterior, em Spa-Francochamps. Schumacher e a Ferrari tinham de reagir, caso contrário, poderiam ver, mais uma vez, a McLaren fugir para o terceiro título mundial consecutivo. E isso já seria intolerável em Maranello.

Talvez seja por isso, ou então, por estar a correr na casa da Ferrari, Schumacher reagiu fazendo a pole-position, com Rubens Barrichello logo a seu lado. Mika Hakkinen foi apenas terceiro, mas a diferença foi bem pequena: 197 centésimos entre primeiro e terceiro. Os tiffosi poderiam celebrar no sábado... 

Mas durou nem uma volta. No domingo, debaixo de um dia de final de verão e cerca de 120 mil espectadores na pista, as coisas foram mal. Muito mal. 

Normalmente, as carambolas em Monza acontecem na primeira chicane, como acontecera em 1978, com consequências sérias para Vittorio Brambilla e mortais para Ronnie Peterson. Vinte e dois anos depois, as coisas começaram a correr mal na Variante Roggia, a segunda chicane. Aliás, tinham começado na Curva Grande, depois da primeira chicane. Primeiro, Schumacher defendeu-se de Hakkinen, que tinha arrancado melhor. Atrás, Eddie Irvine saia em frente e abandonava a corrida na primeira chicane, escapando da carambola que aconteceria mais adiante.

Ali, foi uma confusão total. Começou com Barrichello, que tinha feito uma má partida, que tentava passar o Jordan de Jarno Trulli, mas tocaram-se, atingindo o outro Jordan, de Heinz-Harald Frentzen. Este despista-se e apanha o McLaren de David Coulthard e os quatro acabam na gravilha, com peças a voar. Uma delas saiu da pista e atingiu a cabeça e o peito de um bombeiro de 33 anos, Paolo Gislimberti, de forma mortal.

Ele tinha assistido ao acidente, e saiu do seu posto, com um extintor na mão, para se preparar e acudir os pilotos quando o pó assentasse, mas a sua ação prematura custou-lhe a vida. E ainda por cima, ainda não tinha acabado, porque segundos mais tarde, o Arrows de Pedro de la Rosa bateu na traseira do Jaguar de Johnny Herbert e foi catapultado para a gravilha, não atingindo por pouco o carro de Coulthard. Outro atingido fora o BAR de Ricardo Zonta, que tinha um furo e foi às boxes. 

No final, sete carros ficaram de fora e o diretor de corrida, Charlie Whitting, achou por bem aplicar o Safety Car em vez da bandeira vermelha, mas o pior estava a acontecer quando se soube do estado do bombeiro, que apesar dos socorros dos médicos da FIA, acabou por morrer a caminho do hospital. Era casado e a sua esposa esperava um filho dele.

A corrida só regressou na décima volta, depois de Michael Schumacher ter feito uma travagem prematura na Reta Oposta para dar espaço para o Safety Car poder recolher nas boxes... e assustar Jenson Button o suficiente para este sair da pista e bater um guard-rail, acabando ali a sua prova, quando seguia num inédito terceiro lugar. 

A corrida depois aconteceu sem grandes sobressaltos até ao final. Michael Schumacher ganhou, na frente de Mika Hakkinen e Ralf Schumacher, no seu Williams. O destaque foi a corrida de Jos Verstappen, que a bordo do seu Arrows e sem boa parte do meio do pelotão, conseguiu um aplaudido quarto lugar final, não muito longe de Ralf. 

Contudo, ao fazer isso, Michael Schumacher tinha igualado as 41 vitórias de Ayrton Senna. E a cena dele, na conferência de imprensa pós-corrida entra para a História... mas mais pelo simbolismo, foi também por tudo o que se passou nesse final de semana: foram muitas emoções, mesmo para alguém como Schumacher.

terça-feira, 9 de setembro de 2025

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Quando há precisamente 80 anos, a 9 de setembro de 1945, numa pista desenhada no Bois de Boulogne, 16 carros alinharam para uma corrida de automóveis, sabiam perfeitamente o que estavam a fazer: era a primeira corrida na Europa desde 1940, e pouco mais de seis anos e uma semana depois da última corrida de Grand Prix, que acontecera em Belgrado, então capital da Jugoslávia, e no mesmo fim de semana em que as tropas nazis entraram Polónia adentro, marcando o inicio da II Guerra Mundial. 

O nome da corrida marcava exatamente o ambiente dessa guerra, que tinha acabado quatro meses antes: "Coupe des Prisoniers": a Taça dos Prisioneiros. E desses 16 pilotos, todos franceses, estava alguma da fina flor automobilística francesa, toda em máquinas de antes da guerra. E o vencedor foi Jean-Pierre Wimille, num Bugatti Type 59, que batera Raymond Sommer. E entre os inscritos estava, por exemplo, Philippe Etancelin e Pierre Levegh, que uma década depois morreria em Le Mans, numa máquina da Mercedes.

Mas essa não era a única corrida dessa tarde. Antes tinha havido a "Coupe Robert Benoist", em tributo a um destacado piloto francês, vencedor das 24 Horas de Le Mans em 1937, pela Bugatti, que na guerra se tornou agente secreto, capturado pelos nazis e executado quase um ano antes dessa corrida, a 11 de setembro de 1944, altura em que o seu país estava a ser libertado pelos Aliados.

E curiosamente, Wimille fora o piloto que co-guiou o carro que os levou à vitória em Le Mans. Logo, foi apropriado que ele tenha saído como vencedor da corrida principal, mas não da "Coupe Robert Benoist". Aí, quem ganhou foi Aldo Gordini, filho de Amedée Gordini, o fundador da preparadora com o mesmo nome. 

Assim sendo, é uma boa altura de falar sobre Jean-Pierre Wimille. De um vencedor antes e depois da Guerra, quer em Le Mans, quer noutras competições importantes, e de alguém que poderia ter sido o primeiro francês campeão de Formula 1, se não tivesse havido a guerra, e se não tivesse morrido antes do primeiro campeonato do mundo. Bem como os seus feitos como herói da Resistência. 

Nascido a 26 de fevereiro de 1908 no 16º Bairro de Paris, o pai de Wimille era jornalista desportivo, especializado em automobilismo. Cedo surgiu a sua paixão pelos automóveis, e começou a correr em 1930, no GP de Pau, num Bugatti. No ano seguinte, foi segundo classificado no rali de Monte Carlo, num Lorraine-Dietrich, nos anos seguintes foi piloto da Bugatti, onde se tornou companheiro de equipa de Robert Benoist, 13 anos mais velho que ele. O seu grande ano é o de 1936, quando ganha o GP de França, o Deauville Grand Prix e o Grand Prix de la Marne, em Reims. Corre na Vanderbilt Cup, em Nova Iorque, onde acaba em segundo lugar, apenas batido por Tazio Nuvolari.

A sua primeira vitória em Le Mans, em 1937, acontece com Benoist a seu lado. A corrida foi muito complicada: no final da primeira hora, o piloto René Kippeurt perdeu o controle do seu Bugatti na curva Maison Blanche e no acidente, fora projetado para o meio da pista, com os carros a tentarem fugir do seu corpo inconsciente, para não atropelá-lo. No final, onze carros acabaram por se envolver na carambola, e a corrida foi interrompida para remover os destroços dos carros. Kippeurt acabou por morrer no incidente, e outro piloto, o britânico Pat Fairfield, ficou gravemente ferido, acabando por morrer dia e meio depois, na madrugada de segunda-feira. 

Wimille safou-se bem desse acidente, mas o seu rival, o seu compatriota Raymond Sommer, forçou o seu motor para tentar abrandar o seu carro e este não aguentou. Acabou por abandonar algumas voltas depois e a partir dali, Wimille e Benoist limitaram a gerir a liderança e acabar no lugar mais alto do pódio com sete voltas de avanço sobre o Delhaye de Joseph Paul e Marcel Mongin. Depois disto, Benoist, então com 42 anos, decidiu pendurar o capacete de forma definitiva. 

Dois anos depois, com as nuvens de guerra já a pairar sobre a Europa, Wimille regressou a Le Mans com a Bugatti e o mesmo Type 57, mais desenvolvido e com o seu compatriota Pierre Veyron a seu lado. Agora liderados por Jean Bugatti - que iria morrer quatro meses depois, a 27 de agosto, num teste - acabou com quatro voltas de avanço sobre o Delage de Louis Gerard e Georges Monneret. O que ninguém sabia era que, quando as 24 Horas de Le Mans regressaram, aconteceu uma década mais tarde, e com Wimille já morto. 

Em setembro, a guerra começou e as provas automobilísticas foram restritas. As 24 Horas de 1940 foram marcadas para junho, mas a invasão nazi, a 10 de maio desse ano, acabou por cancelar o evento. Wimille, entretanto, manteve a ligação com a Bugatti, construindo protótipos para superar as restrições de gasolina. Um carro elétrico foi construído, em colaboração com Marcel Lesurque

Mas enquanto isso acontecia, Benoist decidiu colaborar com a Resistência. Com a criação, na Grã-Bretanha do SOE, Special Operations Executive, com o objetivo de efetuar ações de sabotagem atrás das linhas inimigas, muitos franceses - e outra gente de outros países ocupados pelas forças nazis - foram treinados em várias táticas de sabotagem, não só de linhas elétricas, como de linhas férreas, fábricas e outras unidades industriais. E também de transmitir mensagens para Londres, para dar noticias de movimentações de tropas inimigas, e também de transportar aviadores em fuga através de "rat channels", basicamente uma rede de pessoas que acolhiam esses aviadores dos Aliados - e prisioneiros de guerra em fuga de campos de prisioneiros - para países neutrais como a Espanha e Portugal, e assim irem para Londres.

Em 1943, Bentoist, em conjunto com o britânico William Grover-Williams, o primeiro vencedor do GP do Mónaco, em 1929, fundaram uma rede, de seu nome "Chestnut" (Avelã) onde recrutaram outros membros, um deles, Wimille. A rede funcionou ao longo de 1943, mas a policia secreta alemã, nomeadamente a SD (Sicherhienstdienst), um ramo da Gestapo, estava atento a todos os grupos da Resistência, e tentava tudo para infiltrar, e depois destruir. Essas redes não aguentavam mais do que alguns meses, antes de serem descobertos. A Chesnut foi desmantelada a 31 de julho de 1943, numa operação contra o castelo onde morava Benoist, prendendo o seu irmão, Marcel, e Grover-Williams.

Robert não estava lá e acabou por escapar para o Reino Unido, onde se especializou em explosivos e regressou a França no inicio de 1944, onde voltou a estar em contacto com Wimille, que entretanto, tinha montado uma rede clandestina, recrutando alguns membros da sua família, incluindo a sua noiva, Cristiane de la Fressange, uma aristocrata. Com a chegada das tropas aliadas à Normandia, a 6 de junho, a atividade da Resistência aumentou significativamente, bem como a repressão por parte da SD. Benoist foi capturado a 18 de junho, e Wimille estava no limite, por vezes evadindo a captura porque não estava no lugar errado, à hora errada. 

Wimille acabou por sobreviver à Libertação, a 25 de agosto. Benoist e Grover-Williams, não. O primeiro foi executado no campo de concentração de Buchenwald, o segundo em Sachenhausen, algures em março de 1945, nas semanas finais da guerra. 

Depois do conflito, Wimille regressou à competição, correndo pela Alfa Romeo, que tinha guardado os seus carros de corrida, modelo 158, e construídos em 1938, num celeiro. Ganhou o Grand Prix des Nations, em Genebra, em 1946, os Grandes Prémios da Suíça e da Bélgica, em 1947, e os Grandes Prémios da França e da Itália, em 1948. 

No meio disto tudo, Wimille casava com De la Fressange, tinha um filho, e construía carros aerodinâmicos de estrada, com motores Ford V8 montados na traseira, que não davam mais de 66 cavalos, mas eram capazes de andar a mais de 160 km/hora. No final, foram construídos oito exemplares.   

No final de 1948, Wimille foi para a Argentina, no intuito de participar em algumas das corridas que aconteciam nesse país. Participante no GP de Buenos Aires, num Simca-Gordini, ao lado de Amedée Gordini, a 28 de janeiro, durante os treinos, ele acelerava para marcar um tempo quando perdeu o controlo do seu carro e bateu contra uma árvore, matando-o de imediato. Tinha 40 anos.   

Youtube Formula 1 Video: Jim Clark, o melhor de todos

Por estes dias, o Goodwood Revival está a preparar-se para comemorar os 60 anos do segundo título mundial de Jim Clark, e também para lembrar o que foi o piloto escocês, que ganhou 25 corridas em 72 participações na Formula 1, todas pela Lotus, entre 1960 e 68. 

E uma dessas comemorações é um documentário sobre o piloto escocês, com testemunhos de quem trabalhou com ele, nomeadamente mecânicos como Dave "Beaky" Sims ou Bob Dance, e pilotos como Jackie Stewart. Com quase 20 minutos, é o testemunho de pessoas com quem trabalharam com ele, e de gente que ainda hoje consideram como um dos melhores pilotos de sempre.  

WRC: Neuville satisfeito na busca do novo promotor


Na semana do regresso do WRC à ação, nas estradas chilenas, Thierry Neuville falou sobre o concurso para o novo promotor para os ralis, depois da saída da Red Bull. Falando para o site dirtfish.com., o piloto belga, campeão do mundo de 2024, teve no fim de semana do Rali do Paraguai uma conversa com Mohamed Bin Sulayem sobre o assunto, onde lhe revelou que o concurso "é uma boa ideia."

"Temos de garantir que é rápido, sabemos como estes concursos podem ser demorados," começou por revelar o piloto belga. "Para garantir que o concurso não demora muito para que possamos estar prontos antes de 2027, isto para ter termos um grande arranque em 27 com algo que seja novo para o campeonato.", continuou.

Questionado sobre se isso trará novos construtores, ele afirma que o mais importante é melhorar o espetáculo. "Tratará novos construtores? Não sabemos. Mas ao menos se subirmos o nível da promoção para o nível merecido, o campeonato pode regressar a um alto nível. Isso trará construtores e patrocinadores.", referiu. 

Tudo isto acontece semanas depois da Red Bull ter anunciado que iria deixar de promover a competição a partir do final de 2025, depois de tentativas de a vender por 500 milhões de euros terem falhado, por o preço ser demasiado elevado, face à decrescente visibilidade da competição, que é superado pela Formula 1, IndyCar, o Mundial de endurance e a Formula E. Assim sendo, a FIA decidiu juntar-se para abrir um concurso onde o WRC Promoter venderá os direitos comercias do campeonato a quem oferecer a melhor licitação.

Apesar dos números divulgados e do interesse de diversos países em organizar ralis do WRC, os construtores não aderem, e todos esperam pelos regulamentos de 2027 para saber se vale a pena investir ou não na competição. 

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

As imagens do dia








Ontem mostrei o dia da consagração de Niki Lauda como campeão do mundo de Formula 1, em Monza e onze anos depois do seu anterior título, conquistado por John Surtees. Contudo, quando todos celebravam esse feito, como que todos os seus sonhos tinham sido concretizados, poucos se lembravam que, cerca de dois anos antes, Enzo Ferrari esteve petrto de desistir da Formula 1. E os seus pilotos, Clay Regazzoni e Niki Lauda, corriam juntos... na BRM. 

Em meados de 1973, o carro era um fracasso na pista. Por muito que os seus pilotos, o belga Jacky Ickx e o italiano Arturo Merzário, faziam, eram inferiores a Tyrrell, McLaren e Lotus, e eram ameaçados por equipas novas como a Shadow ou a Hesketh. Ferrari, que tinha o apoio financeiro da Fiat, tinha de fazer algo, e depois do GP da Grã-Bretanha, onde ambos partiam do fundo da grelha, chegou a pensar em fazer algo drástico, porque em contraste, na Endurance, bateram-se de frente contra a Matra nas 24 Horas de Le Mans e quase ganharam. 

A Fiat decidiu, em resposta, mandar um jovem administrador de 26 anos a Maranello para lidar com o Commendatore e ajudar na gestão. Chamava-se Luca Cordero de Montezemolo. Vindo de uma família aristocrática e militar - seu tio, avô e bisavô tinham sido generais, e outro tio tinha sido almirante da Regia Marina na II Guerra Mundial - licenciou-se em Direito em 1971 em Roma, e nos tempos livres, tinha feito subidas de montanha e ralis pela Lancia, onde conheceu Cesare Fiorio

Pouco depois de ter acabado os seus estudo, estava na Fiat, e em meados de 1973, chegava a Maranello para ajudar na remodelação da Scuderia. Decidiu que havia muita energia dispersa em diversos departamentos, e assim, retirou-se da Endurance para se concentrar na Formula 1. No final dessa temporada, decidiram voltar a contratar Clay Regazzoni, que estava na BRM, que recomendou como segundo piloto um jovem austríaco que sabia umas coisas sobre afinar e melhorar carros, e tinha também umas contas para pagar. Chamava-se Niki Lauda.

O carro tinha sido modificado durante a pré-temporada de 1973-74 e deu resultados: na primeira corrida do ano, na Argentina, tinham acabado no pódio, e na quarta prova, em Jarama, Lauda ganharia o seu primeiro Grande Prémio, para alegria de Montezemolo, sempre presente no "paddock", ao lado de Mauro Forgheri. No final dessa temporada, lutaram pelo título com a McLaren, graças a Regazzoni, mas perderam para Emerson Fittipaldi, no seu McLaren. As suas sortes tinham mudado da noite para o dia, com muito trabalho, dedicação e os pilotos certos. 

Em 1975, o carro foi mais modificado, e depois de um inicio de temporada algo periclitante - onde acabou com ambos os carros colidirem um com o outro em Montjuich - Lauda acertou o ritmo e ganhou quatro das cinco corridas seguintes, três delas seguidas, acabando a meio do ano como o claro favorito ao título. Depois do GP de França, tinha um avanço de 22 pontos para o segundo classificado, correndo o risco de ser campeão "em casa", a duas corridas do final. 

Então com 26 anos, Lauda sentia. por fim, que todos os seus sacrifícios tinham compensado. Apesar de ter nascido em berço de ouro - era neto do fundador da Confederação da Industria Austríaca - a família nunca lhe deu qualquer tostão para a sua carreira, porque achavam que o seu apelido deveria estar nas páginas de Economia e não de Desporto - e ele, usando o seu apelido, pediu empréstimos aos bancos para pagar a sua entrada na Formula 1. Pagou cerca de cinco mil libras para correr no GP da Áustria de 1971, na March, 43 mil libras no ano seguinte para correr na mesma equipa, quer na Formula 1 e na Formula 2, salvando-a da falência, e mais 25 mil para ter um lugar na BRM, em 1973.

Mas ser piloto pagante tinha as suas vantagens: era um excelente afinador e adorava testar carros. Sabia onde existiam problemas e como fazer corrigir, e as equipas conseguiam melhorar os resultados. Anos depois, Robin Herd, um dos fundadores da March, reconheceu que Lauda foi um elemento que ajudou a corrigir da melhor maneira possível os erros crassos na concepção do modelo 721, afirmando que o modelo G, foi 80 por cento melhorado graças aos testes e as modificações recomendadas por Lauda.

Quando, no final de 1973, Clay Regazzoni disse que o austríaco poderia ser útil, ele foi a Maranello e ele, honesto como sempre, disse-lhe o problema, e o que era capaz de fazer. Pagou-lhe as dívidas, consegui tirar meio segundo ao carro, e o resto é, de uma certa maneira, é história, devolvendo-lhe à Ferrari os anos de glória de década e meia antes. Pouco depois, Montezemolo regressou à Fiat para cuidar do seu departamento desportivo, mas o resto ficou lá, especialmente os seus pilotos, dispostos a regressar aos títulos em 1976.    

Youtube Formula One Video: As obsessões de Colin Chapman

Eis algo interessante: o avião que Colin Chapman, o fundador e dono da Team Lotus ainda existe!

Quem mostra isto agora é Ben Collins, que como sabem, é piloto e a certa altura, foi o "The Stig" no Top Gear. O avião, um Cessna 414, é de 1978, e tinha a pintura da patrocinadora, John Player Special, com a matricula G-PRIX. O avião foi restaurado e mais de 45 anos depois, continua a voar, e pertence atualmente à coleção ChromeCars, que também tem uma excelente coleção de carros... da Lotus. 

E é isso que trata este video. 

WEC: Felix da Costa a caminho da Alpine?


Ainda não é oficial, mas tudo indica que português António Félix da Costa será piloto oficial da Alpine para 2026 na Endurance. Segundo conta o site endurance-info.com, o piloto de Cascais fará companhia a Frédéric Makowiecki, Jules Gounon e Charles Milesi na próxima temporada, depois de não ter podido participar em 2024 na WEC por causa de imposições na Porsche, e ter feito as 24 Horas de Le Mans deste ano num LMP2, ao contrário de Pascal Wehrlein, que correu num dos carros oficiais na classe Hypercar. 

Este poderá ser o primeiro destino do piloto de 34 anos, que participou na Formula E em 2025 pela Porsche. Tudo indica que sairá da marca alemã, rumo à Jaguar, no lugar de Nick Cassidy para a próxima temporada da competição elétrica, que começará em dezembro, nas ruas de São Paulo. 

No fim de semana de Austin, onde aconteceu mais uma ronda do Mundial FIA de Endurance, o diretor desportivo da Alpine, Nicolas Lapierre, indicou que a marca francesa pretende finalizar a sua formação de pilotos para o Campeonato do Mundo FIA de Endurance (WEC) de 2026 “o mais rapidamente possível”, mas não confirmou (nem desmentiu) o piloto português na equipa. 

Provavelmente haverá algumas mudanças na formação, mas é cedo para falar sobre isso. Esperamos tomar uma decisão o mais rapidamente possível… Temos boas opções em mãos e espero que tenhamos uma formação competitiva no próximo ano”, disse o ex-piloto e agora dirigente desportivo ao portal americano Sportscar365.

Nesta altura, a Alpine parece pretender manter a estrela Mick Schumacher, mas enfrenta vários desafios para o conseguir. O futuro de Schumacher na Alpine permanece muito incerto, com especulações sobre uma possível mudança para a McLaren ou para a Cadillac Hertz Team JOTA, após a saída de Jenson Button do seu lugar a tempo inteiro. Entretanto, Paul-Loup Chatin anunciou a sua intenção de deixar a equipa francesa, criando pelo menos uma vaga confirmada.

Em contraste, a equipa já ajustou o seu plantel para este ano de 2025, com a adição de Frederic Makowiecki e Jules Gounon, e esses três irão continuar para 2026.

domingo, 7 de setembro de 2025

A imagem do dia





Uma das tradições de Monza vemos todos os dias, que é a invasão da pista por parte dos espectadores que foram à mítica pista, não interessa a razão. Contudo, há precisamente 50 anos, os espectadores que foram a Monza foi para ver algo raro: uma vitória de um carro da Ferrari, e um título mundial para a Scuderia. A última vitória da Ferrari tinha acontecido em 1970, e o último título, em 1964. E naquele dia de setembro, ambos aconteciam, e os italianos rejubilaram.

A temporada de Niki Lauda não começou muito bem. Até à quarta corrida do ano, em Barcelona, só tinha conseguido cinco pontos, enquanto rivais como Emerson Fittipaldi já tinham 15, mais dez que ele. Contudo, cinco pódios consecutivos, dos quais quatro vitórias, lhe deram não só os 42 pontos extra, como, no final do GP da França, ele liderava com um avanço de... 22 pontos sobre o segundo classificado, o Brabham de Carlos Reutemann. A partir dali, apenas uma catástrofe o impediria de alcançar o campeonato, o seu primeiro. 

Chegado a Monza, Lauda precisava de apenas um ponto para ser campeão. Até poderia ter sido no Osterreichring, e conseguiu esse lugar, mas a corrida tinha sido interrompida e conseguiu meio ponto. Vindos da vizinha Áustria, milhares de compatriotas seus foram vê-lo correr e esperar alcançar algo que Jochen Rindt tinha conseguido cinco anos antes. Ironicamente, no lugar do seu trágico acidente... 

Partindo da pole-position, com Clay Regazzoni a seu lado, o suíço partiu melhor e ficou com o comando da corrida, que o levou até à meta. Calmamente, instalou-se na segunda posição, sendo pressionado com o passar das voltas por Emerson Fittipaldi, que queria, de certa maneira, estragar um pouco essa festa. No meio disto tudo, uma carambola, com seis carros de fora, entre eles o Lotus de Ronnie Peterson, o McLaren de Jochen Mass e o Hill de Tony Brise

Emerson, que perdera o terceiro lugar para Reutemann, começou uma corrida de recuperação, onde chegou ao terceiro lugar por alturas da 14ª volta. E a partir dali, foi atrás de Lauda, que o apanhou na 46ª passagem pela meta. Contudo, já era tarde para apanhar Regazzoni, que, quando cortou a meta na primeira posição, tinha uma vantagem de 16,2 segundos.

E no final, a Ferrari também comemorava algo que não tinha desde 1964: o campeonato de Construtores. Ganhar tudo isso em casa então foi algo do qual os "tiffosi" sonhavam sempre. Naquela tarde, todos os seus sonhos se cumpriam.

Formula 1 2025 - Ronda 15, Monza (Corrida)


Monza raramente nos desilude. Sabe dar um espetáculo. Pode ser templo, para os Ferraristas é Catedral, como o Duomo. Pode ser uma ópera e o som dos seus motores, sejam eles que cilindrada for, faz-nos lembrar La Scala. E o tempo que dura de uma ponta à outra, menos de uma hora e 25 minutos - é a corrida mais rápida do calendário - pode entender, de uma certa forma, porque é que o Stefano Domenicalli quer corridas mais curtas. Não é a geração do "déficit de atenção", é porque está habituado às corridas involuntárias de "sprint" que são todos estes Grandes Prémios no Templo do Automobilismo. 

Curiosamente, quer Monza, quer Indianápolis, verdadeiras catedrais automobilísticas, são as mais antigas do mundo em contínuo uso. 

Com o tempo habitual do final do verão, e perante um autódromo cheio, os pilotos da frente decidiram colocar médios para começar, enquanto os que estavam mais atrás era o contrário: de duros, para ficarem na pista o mais tempo possível. Praticamente estavam a afirmar que só fariam uma paragem nas boxes. E antes da partida, a corrida iria começar com 19 carros, por causa dos problemas que afetaram o Sauber de Nico Hulkenberg


A partida acontece com Max Verstappen a conseguir aguentar as pressões dos McLaren, especialmente de Lando Norris, para ficar com o comando. mas na chegada à primeira chicane, Max foi pela escapatória, para ficar com o comando da corrida. Pouco depois, das boxes, pedem a Max para ceder a liderança a Norris, o que fez. Contudo, o neerlandês não desistiu e na terceira volta, apanhou o piloto da McLaren e ficou novamente com o comando. Oscar Piastri assistia a tudo, na terceira posição, 

Com o passar das voltas, o neerlandês começou a afastar-se dos McLaren, enquanto Lewis Hamilton começou a efetuar nas voltas seguintes na sua recuperação. Tanto que no final de 10 voltas, altura em que Liam Lawson foi às boxes para colocar duros, já era sexto. 

Em contraste, Andrea Kimi Antonelli foi o mais perdedor, com menos três lugares em relação à partida. 

Com o passar de mais algumas voltas, de uma corrida cada vez mais veloz, Max mostrava porque é que é o carro mais rápido na pista. Cada vez mais distante dos McLaren, corriam cada vez mais sozinhos. por alturas da volta 20, o piloto da Red Bull já tinha cerca de cinco segundos de vantagem sobre Lando Norris, e mesmo atrás dele, Piastri, com 11 segundos de atraso, também estava isolado, porque os Ferrari rodavam mais juntos, com George Russell no meio. Gabriel Bortoletto era sétimo, e conseguia aguentar o resto do pelotão, até à volta 21, quando foi às boxes, em conjunto com Fernando Alonso.


Na volta 25, Fernando Alonso tornou-se no segundo abandono da corrida, por causa de um problema de suspensão que explodiu quando passou por cima dos limitadores na Variante Ascari.

Três voltas depois, na 28ª passagem pela meta, George Russell foi às boxes para a sua única paragem na corrida, com Antonelli a fazer o mesmo na volta seguinte.


Quando Charles Leclerc parou na volta 34, era a altura dos da frente fazerem a sua paragem, com o risco de quando saírem, serem engolidos pelo tráfego do meio do pelotão. A saída de Leclerc foi tranquila, apenas perdendo um lugar - estava longe de confusões - mas na volta 36, aconteceu a paragem do líder da prova. Com 17 voltas por cumprir, o neerlandês meteu duros e no regresso, era terceiro. Um pouco atrás, Leclerc aproximava-se de Alex Albon, o piloto da Williams, que era quinto, que ainda não tinha parado.

Hamilton foi logo a seguir, na volta 39, metendo duros, mas caindo para nono, enquanto Max tentava acelerar para poder estar dentro do "undercut" dos McLarens e assim ficar novamente com a liderança. Ele puxava, conseguindo fazer a volta mais rápida e aproximava dos McLarens, graças aos seus pneus mais novos, e por vezes conseguia ser 1,5 segundos por volta nais rápido que os McLaren. Que ainda não tinham parado nas boxes. 


Mas não ficariam até ao final. Piastri para na volta 45, para meter... moles. Ousado. Será que funcionará? Norris entra na volta seguinte, também mete moles - numa paragem mais longa, seis segundos - e sai para a pista atrás do australiano, no terceiro posto. Ele acelerou para ter ritmo suficiente, mas depois, ordens de equipa fizeram com que o britânico ficasse com o segundo lugar, mas nessa altura, independentemente das ordens, ambos estavam longe demais para ir buscar Max.

Que ia a a caminho da sua terceira vitória na temporada. Ele lá ganhou, sem grandes ameaças, 19 segundos na frente de Lando Norris e com Oscar Piastri logo atrás. Leclerc foi o quarto, na frente de Russell, o quinto e Hamilton, o sexto, enquanto nos restantes lugares pontuáveis ficavam o Williams de Alex Albon, o Sauber de Gabriel Bortoleto, que aproveitou a penalização de Andrea Kimi Antonelli, que caiu para nono, e o Racing Bulls de Isack Hadjar.


Não foi uma corrida fantástica, mas que foi rápida... foi. Menos de uma hora e 25 minutos, o habitual. Acho que deveria ser o limite que o Stefano Domenicalli quer...