quarta-feira, 10 de setembro de 2025

A imagem do dia





O GP de Itália do ano 2000 foi marcante por imensos motivos. Do inicio até ao fim, com uma morte e um campeão do mundo a chorar. E poderia ter sido bem, bem pior. 

A Formula 1 tinha chegado a Monza numa altura em que Michael Schumacher e Mika Hakkinen lutavam pela liderança, e o finlandês tinha feito uma ultrapassagem de antologia na corrida anterior, em Spa-Francochamps. Schumacher e a Ferrari tinham de reagir, caso contrário, poderiam ver, mais uma vez, a McLaren fugir para o terceiro título mundial consecutivo. E isso já seria intolerável em Maranello.

Talvez seja por isso, ou então, por estar a correr na casa da Ferrari, Schumacher reagiu fazendo a pole-position, com Rubens Barrichello logo a seu lado. Mika Hakkinen foi apenas terceiro, mas a diferença foi bem pequena: 197 centésimos entre primeiro e terceiro. Os tiffosi poderiam celebrar no sábado... 

Mas durou nem uma volta. No domingo, debaixo de um dia de final de verão e cerca de 120 mil espectadores na pista, as coisas foram mal. Muito mal. 

Normalmente, as carambolas em Monza acontecem na primeira chicane, como acontecera em 1978, com consequências sérias para Vittorio Brambilla e mortais para Ronnie Peterson. Vinte e dois anos depois, as coisas começaram a correr mal na Variante Roggia, a segunda chicane. Aliás, tinham começado na Curva Grande, depois da primeira chicane. Primeiro, Schumacher defendeu-se de Hakkinen, que tinha arrancado melhor. Atrás, Eddie Irvine saia em frente e abandonava a corrida na primeira chicane, escapando da carambola que aconteceria mais adiante.

Ali, foi uma confusão total. Começou com Barrichello, que tinha feito uma má partida, que tentava passar o Jordan de Jarno Trulli, mas tocaram-se, atingindo o outro Jordan, de Heinz-Harald Frentzen. Este despista-se e apanha o McLaren de David Coulthard e os quatro acabam na gravilha, com peças a voar. Uma delas saiu da pista e atingiu a cabeça e o peito de um bombeiro de 33 anos, Paolo Gislimberti, de forma mortal.

Ele tinha assistido ao acidente, e saiu do seu posto, com um extintor na mão, para se preparar e acudir os pilotos quando o pó assentasse, mas a sua ação prematura custou-lhe a vida. E ainda por cima, ainda não tinha acabado, porque segundos mais tarde, o Arrows de Pedro de la Rosa bateu na traseira do Jaguar de Johnny Herbert e foi catapultado para a gravilha, não atingindo por pouco o carro de Coulthard. Outro atingido fora o BAR de Ricardo Zonta, que tinha um furo e foi às boxes. 

No final, sete carros ficaram de fora e o diretor de corrida, Charlie Whitting, achou por bem aplicar o Safety Car em vez da bandeira vermelha, mas o pior estava a acontecer quando se soube do estado do bombeiro, que apesar dos socorros dos médicos da FIA, acabou por morrer a caminho do hospital. Era casado e a sua esposa esperava um filho dele.

A corrida só regressou na décima volta, depois de Michael Schumacher ter feito uma travagem prematura na Reta Oposta para dar espaço para o Safety Car poder recolher nas boxes... e assustar Jenson Button o suficiente para este sair da pista e bater um guard-rail, acabando ali a sua prova, quando seguia num inédito terceiro lugar. 

A corrida depois aconteceu sem grandes sobressaltos até ao final. Michael Schumacher ganhou, na frente de Mika Hakkinen e Ralf Schumacher, no seu Williams. O destaque foi a corrida de Jos Verstappen, que a bordo do seu Arrows e sem boa parte do meio do pelotão, conseguiu um aplaudido quarto lugar final, não muito longe de Ralf. 

Contudo, ao fazer isso, Michael Schumacher tinha igualado as 41 vitórias de Ayrton Senna. E a cena dele, na conferência de imprensa pós-corrida entra para a História... mas mais pelo simbolismo, foi também por tudo o que se passou nesse final de semana: foram muitas emoções, mesmo para alguém como Schumacher.

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