O carro que trago hoje foi a tentativa da Williams para se manter no topo, dpoies de terem tido uma história de sucesso com o FW07. Foi um chassis mais simples e tão eficar como o anterior, e mostrou-se ainda competitivo durante boa parte da sua segunda época, com um motor datado como o Cosworth V8, que perdeia progressivamente potência para os carros com motor Turbo. O Williams FW08, contudo, fez história ao dar a Keke Rosberg as suas primeiras vitórias e o título mundial, e também resultou numa variação que se tornou tão veloz que a FIA recompensou... banindo-o. A partir de agora, falo do Williams FW08.
No inicio de 1982, o FW07 já ia no seu terceiro ano. Depois de dois anos bem sucedidos, onde o carro foi guiado por Alan Jones e Carlos Reutemann, e que deu um título mundial de pilotos e dois de Construtores, o carro estava a dar os sinais de desgaste, e tinha de se pensar num sucessor. Patrick Head decidiu então desenhar o seu sucessor, com base num carro com sucesso garantido. Feito ainda em aluminio, disposto em colmeia, era uma evolução do chassis anterior, mas com uma nova frente, mais angulada, para que fosse eficaz arerodinâmicamente. Havia uma entrada de ar lateral, para refrigerar o motor Cosworth V8, e a caixa de velocidades ainda era de cinco marchas, construída pela Hewland. Em suma: um chassis simples e eficaz.
Em termos de pilotos, as coisas andavam agitadas dentro da equipa. Alan Jones decidiu retirar-se da competição, depois de ter vencido o campeonato em 1980, e Carlos Reutemann pensava fazer o mesmo, depois da equipa lhe ter ostensivamente deixado de o apoiar, após o episódio de Jacarépaguá, onde o argentino desobedeceu às ordens de Frank Williams para que cedesse o primeiro lugar a favor de Jones. Contudo, Frank Williams persuadiu-o a ficar na equipa em 1982, colocando a seu lado o jovem finlandês Keke Rosberg, vindo da Fittipaldi.
Contudo, Reutemann sai da equipa após o GP do Brasil, e depois de Mário Andretti ter corrido por uma vez, em Long Beach, o lugar foi para o irlandês Derek Daly, que tinha vindo da Theodore. O FW08 estreia-se em Zolder, onde às mãos de Keke Rosberg, faz uma boa corrida, terminando na segunda posição. O finlandês consegue novo pódio em Zandvoort, chegando ao fim na terceira posição, e aproveita esta sua regularidade para entrar na luta pelo título.
Em Brands Hatch, palco do GP da Grã-Bretanha, Rosberg consegue a sua primeira "pole-position" da carreira, onde apesar de não ter chegado ao fim, causa boa impressão. E com os azares a acontecer a Didier Pironi, especialmente depois do GP da Alemanha, Rosberg começa a ser encarado, a par de John Watson, como candidato ao título. Quase vence em Zeltweg, batido em cima da linha pelo Lotus de Elio de Angelis, mas em Dijon, palco de um extemporâneo GP da Suiça, por fim, o finlandês vence a sua primeira corrida da sua carreira. Em Las Vegas, última prova do ano, o finlandês é quinto classificado e conquista o título mundial.
Na pré-temporada, o FW08 sofre modificações para ficar em conformidade com os novos regulamentos, que fizeram abolir o efeito-solo, fazendo com que se construissem novos radiadores laterais, um chassis que ficaria conhecido como o a versão C, porque ao mesmo tempo, a versão B iria ser o desenvolvimento de uma ideia que tinha aparecido no ano anterior. Esse carro, com quatro rodas traseiras, tinha uma tração bastante superior aos demais e Patrick Head tinha por fim resolvido os problemas com a caixa de velocidades, o grande "handicap" deste tipo de carros.
O FW08B poderia ser a grande arma que a equipa tinha contra os carros com motor Turbo, especialmente por causa da fenomenal aderência que tinha à saída das curvas mais lentas, mas pouco depois, a FIA decidiu que os carros tinham de ter apenas quatro rodas. Alguns argmentavam que tinha sido porque estava a ser muito mais veloz do que os carros de quatro rodas, mas Head refuta: "Era demasiado pesado por causa do "hardware" que trazia, e iria ser um desafio para fazer baixar o peso que tudo aquilo tinha. Mas alguém na FOCA disse que aquelas seis rodas iriam causar confusão nas boxes e iria disparar os custos, então, a FISA decidiu regulamentar que os carros de Formula 1 poderiam ter apenas quatro rodas".
Assim sendo, coloca a versão C ao serviço de Rosberg e do seu novo companheiro de equipa, o francês Jacques Laffite, e faz uma boa exibição em Jacarépaguá, conseguindo a pole-position e acabando na segunda posição, mas pouco depois foi desclassificado, devido a uma confusão nas boxes, durante uma manobra de reabastecimento. O carro era menos veloz contra os motores Turbo, como o Renault e a Ferrari, mas nas pistas citadinas, mais lentas, o carro conseguia saer devidamente competitivo. Rosberg vence no Mónaco, perante chuva e uma excelente estratégia nas boxes, e é segundo em Detroit, batido pelo Tyrrell de Michele Alboreto, que viria a ser a última vitória de um motor Cosworth V8.
A partir da segunda metade do ano, o carro deixou de ser competitivo, pois a equipa decidiu apostar no novo chassis, agora com motor Turbo, pois a equipa tinha conseguido acordar com a japonesa Honda um contrato de fornecimento de motores a partir da temporada de 1984. Contudo, o novo carro ficou pronto antes, e estreou-se na última prova do ano, na Africa do Sul, ainda com mais um chassis FW08C nas mãos do seu piloto de testes, Jonathan Palmer, que se estreou no GP da Europa, em Brands Hatch.
Pouco tempo antes, a meio do ano, no circuito de Donington Park, Frank Williams decidiu ceder um dos chassis FW08 para dar a um jovem piloto de Formula 3 o seu primeiro contacto com a Formula 1. O seu nome era Ayrton Senna e nesse ano, estava a dominar o campeonato britânico, contra rivais como Martin Brundle. Frank Williams ficou impressionado com o desempenho de Senna, sabendo que iria ter futuro na categoria máxima do automobilismo.
Ficha Técnica:
Chassis: Williams
FW08
Projetista: Patrick Head
Motor: Cowsorth DFV V8 de 3
litros
Pneus: Goodyear
Pilotos: Keke
Rosberg, Derek Daly, Jacques Laffite, Jonathan Palmer
Corridas: 27
Vitórias: 2 (Rosberg 2)
Pole-Positions: 2 (Rosberg
2)
Voltas Mais Rápidas: 0
Pontos: 80 (Rosberg 61, Laffite 11,
Daly 8)
Títulos: Mundial de pilotos em
1982 (Keke Rosberg)