sábado, 26 de março de 2022

Formula 1 2022 - Ronda 2, Jeddah (Qualificação)


Este fim de semana poderá passar para a história como uma das mais agitadas da historia da Formula 1 desde 1985. E tudo porque ontem, um míssil caiu ao pé do circuito. A história já se sabia ontem: o míssil atirado pelos rebeldes houthis, do Iémen, atingiu a refinaria da Aramco em Jeddah, e o fumo via-se do circuito. 

Claro, por causa disso, todos andaram a falar uns com os outros, diretores de corrida e pilotos, com a organização, tentando assegurar que isto não é a Ucrânia, e que eles só atingem objetivos militares e industriais, nada de prédios. Os patrões ficaram convencidos, mas os pilotos andaram a reunir-se... e discutiram o assunto por quatro horas, com os diretores de equipa a irem de um lado a outro, ouvindo os pilotos e os organizadores, e por volta das três da manhã, hora local, decidiram que iriam correr. Foram persuadidos, convencidos - ou como se falou numa reportagem da BBC e entendido dessa maneira - "ameaçados". Da parte deles, iriam correr ou... correr. 

De uma certa maneira, se dúvidas teriam, provavelmente entenderam que poderiam ser reféns de um regime que os pagou a peso de ouro para os ter ali. 

Com a noite a cair - e as chamas por apagar, quase 24 horas depois - lá começou a sessão de qualificação numa pista que é tão rápido e sem escapatória que se torna numa quase armadilha, onde o erro só não é a morte do artista... porque há um Halo nos carros.

Depois de um dia de sábado com calor, a qualificação começou depois do por do sol. E logo começou com... um carro parado. O bólido de Nicholas Latifi nem andou muitos metros antes de parar e causar a primeira bandeira vermelha da qualificação. E numa altura em que os Ferrari estavam a andar bem, e Lewis Hamilton... mal.  Ele sofria com a instabilidade do seu monolugar, e marcar um tempo era complicado.

Demorou uns minutos, mas lá regressaram à pista. Mas quem não marcou tempo foi Yuki Tsunoda, que por causa de um problema técnico, acabou precocemente a sua qualificação.

Nesta fase, quem levava a melhor eram os Red Bull, com Max Verstappen na frente de Sergio Pérez, com Valtteri Bottas e Lance Stroll a seguir. Mas os Ferrari entraram na pista e marcaram os seus tempos, e  Carlos Sainz Jr. foi para o topo da tabela de tempos, seguido por Charles Leclerc

E Lewis Hamilton? Estava em apuros, pois estava despromovido à zona de eliminação. Ele bem tentou sair da zona de eliminação, mas apenas conseguiu o 15º tempo, sendo eliminado segundos mais tarde por Lance Stroll. E pela primeira vez desde 2009 que ele não era eliminado na Q1, o que mostra que estes Mercedes não andavam bem. E para além destes três (Hamilton, Latifi e Tsunoda), Nico Hulkenberg e Alexander Albon ficavam pelo caminho nesta Q1. 

Na Q2, que arrancou poucos minutos depois, todos os carros decidiram ir logo para a pista, pois o aquecimento das borrachas levava algumas equipas a fazerem duas voltas antes da volta rápida. George Russell voltou a usar a mesma estratégia, saindo com um conjunto de pneus médios, enquanto todos os outros foram para a pista com macios. Quem se queixava era Esteban Ocon, que viu Daniel Ricciardo andando lento na pista, e ficou prejudicado na sua volta rápida. No final da qualificação, acabou por ser penalizado em três lugares por esta manobra.  


E quase a seguir, numa das voltas rápidas, o Haas de Mick Schumacher bateu forte no muro, acabando a sessão novamente em bandeiras vermelhas. O carro ficou muito danificado, e o filho de Michael Schumacher foi para o centro médico do circuito, onde lhe deram a luz verde, depois do "checkup" nas urgências. 

E entre os eliminados na Q2: os McLaren de Norris e Ricciardo, o Alfa Romeo de Zhou, o Aston Martin de Stroll e o Haas do acidentado Mick Schumacher. E claro, entre os que estavam na Q3, Bottas e Magnussen lá estavam. E Russell também, mas no limite: P10.

Na Q3, Red Bull e Ferrari saíram logo, e os carros de Maranello foram os melhores, com Carlos Sainx a ser o melhor, e os pilotos da Red Bull tentaram o seu melhor, especialmente Perex e Max, com o neerlandês a não conseguir mais que o sexto tempo, queixando-se da pouca aderência do carro no asfalto, incapaz de usar a potência. Perex era o terceiro, o melhor dos outros, na frente dos Alpine de Ocon e Alonso, e depois, Russell.


Na parte final, os carros da Red Bull e da Ferrari também foram para a pista, nos seus pneus moles. Sainx parecia que iria ser o melhor, e ainda por cima, Max não iria conseguir um bom tempo... mas Checo foi o último a sair e conseguiu o melhor tempo, fazendo história. Afinal de contas, era o primeiro "poleman" do seu país. E demorou 11 anos para esse feito!

No final, hora e meia de qualificação para termos uma pole inédita da Red Bull, demonstrando competividade, logo, um equilíbrio do qual os fãs queriam. Amanhã, será uma corrida stressante de um circuito complicado, num lugar perigoso. Irá acabar depois da hora de jantar... 

sexta-feira, 25 de março de 2022

Dois pesos, duas medidas


(este artigo foi escrito originalmente nesta sexta-feira no medium.com)

A Formula 1 corre neste final de semana em Jeddah, na Arábia Saudita. Já por si, é uma das corridas mais polémicas do campeonato por ser um país com um mau reportório nos direitos humanos, e onde os direitos das mulheres são maus — até 2019, elas eram proibidas de guiar sozinhas ao volante. Mas nesta sexta-feira, as coisas exasperaram quando um míssil caiu na refinaria da Aramco na cidade, a 10 quilómetros do circuito. Quem está por lá, podia ver, primeiro o fumo, depois o fogo, da refinaria em chamas.

A explosão teve uma origem: um ataque por parte dos rebeldes houthis, do Iémen, que desde há algum tempo tem mísseis que atacam alvos sauditas, seus oponentes numa guerra que está a acontecer desde 2015.

Pensa-se que este ataque poderia ser um aviso ao pessoal da Formula 1 para que estão a correr ali por sua própria conta e risco, e claro, isso seria um pretexto para o cancelamento da corrida. Contudo… isso não aconteceu. A organização afirmou que “o fim de semana corre como planeado”, e eles “permanecem em contacto com as autoridades para assegurar que as medidas de segurança necessárias continuem a ser implementadas”.

Ora… numa altura em que a Formula 1 não teve nenhuma dúvida em tirar o GP da Rússia do calendário e apagar do “paddock” Nikita Mazepin, filho de um dos oligarcas de Putin, eles assobiam para o lado e armam-se em pinguins do “Madagáscar”, que sorriem e acenam ao público enquanto temos uma refinaria a arder e provavelmente, mais 20 cêntimos por litro na gasolina na próxima segunda-feira… e perguntamos: dois pesos e duas medidas?

A resposta é… sim. A razão principal é o dinheiro. Se para a Europa, alguém paga 30 milhões de euros para receber a Formula 1, nas Arábias, são 80 milhões, e para piorar as coisas, quando estão aflitos, os bolsos fundos dos árabes são uma boia de salvação. Quando a Formula 1 ficou paralisada, no inicio de 2020, como aconteceu com o resto do mundo, poderá ter pedido aos sauditas cerca de 300 milhões de dólares para manter a máquina a olear durante o tempo que ficou parado, entre março e julho. E para além da Aramco se tornar num dos patrocinadores principais, a corrida ficará no calendário por mais de uma década, numa corrida onde a temperatura média é de 30 graus… em março.

E claro, este “sportwashing” incomoda, e bastante. Agora, no momento em que escrevo, os representantes da Formula 1 andaram reunidos para saber o ponto da situação, e se a corrida acontecerá ou não. As equipas decidiram por unanimidade continuarem a prova, e os pilotos, também, porque “os alvos eram militares e não civis”.

Stefano Domenicalli, o CEO da Formula 1, afirmou na saída dessa reunião: “Confiamos nas autoridades sauditas. Os ataques tiveram como alvo instalações industriais, não civis ou o Grande Prémio”.

Mas independentemente do resultado, o mal está feito: o dinheiro fala, e eles correriam, mesmo que as bombas caíssem a 500 metros do paddock. E os pilotos? A grande ironia é que o piloto mais politico da Formula 1, Sebastian Vettel, não está presente… porque apanhara CoVid-19 na semana passada, no Bahrein.

Mas com todos estes critérios, sempre poderiam correr em Kiev neste final de semana, não acham?

A imagem do dia


Pela segunda vez em menos de uma semana, misseis caíram em terras sauditas, vindas do Iémen. E ainda por cima, em pleno final de semana do Grande Prémio. Apesar de se ter evitado o mais possível, durante os primeiros treinos do Grande Prémio, a coluna de fumo que se subiu da refinaria destruída era visível nas imagens televisivas. 

Não é uma nova guerra, é apenas uma que já existia há algum tempo e que decidiu dar nas vistas. Ainda por cima, o míssil atingiu a refinaria, que fica a 10 quilómetros do traçado onde corre o Grande Prémio. 

De uma certa forma, é um teste. Afinal de contas, o que é que eles estão dispostos a suportar para manter o dinheiro saudita? É a mesma coisa que termos um Grande Prémio algures na Ucrânia, com os russos a arrombar a porta das traseiras... será que se pode propor um Grande Prémio em Kiev?

Noticias: Vettel não participa, Hulkenberg em Jeddah


Sebastian Vettel não recuperou a tempo do CoVid-19 e não participará no GP da Arábia Saudita, neste final de semana. Para o seu lugar, continua Nico Hulkenberg, que já tinha participado na corrida barenita, na semana passada. Se tudo correr bem, o alemão estará de regresso ao GP da Austrália, que acontecerá dentro de duas semanas, em Melbourne.

Apesar disto tudo, existem especulações de que o piloto poderá ter aproveitado a situação para não correr na Arábia Saudita, uma espécie de protesto pelas violações dos direitos humanos, e de uma certa forma, como se pode ver hoje, com o ataque dos rebeldes houtis do Iémen à refinaria da Aramco em Jeddah, a pouco mais de 10 quilómetros do circuito, coloca aquela corrida numa situação difícil. Para não falar da má atuação da Aston Martin na última corrida.   

quinta-feira, 24 de março de 2022

Youtube Formula 1 Vídeo: A ascensão de Gunther Steiner

Gunther Steiner parece ser o diretor desportivo que todos adoram nesta altura do campeonato, graças ao Netflix e o seu "Drive to Survive". E agora que a Haas F1 conseguiu um quinto lugar logo na sua primeira corrida de 2022, depois de uma pré-temporada atribulada, o Josh Revell decidiu fazer um vídeo sobre a sua ascensão à Formula 1 e como é que o italiano - sim, ele é italiano! - chegou onde chegou. 

É mais pequeno que o habitual, mas aproveitem e tirem uns minutos para assisti-lo.

Noticias: Vettel? Só sexta haverá certezas


A participação de Sebastian Vettel no GP da Arábia Saudita ainda não está garantida. Num comunicado, a equipa afirmou que espera o resultado dos testes para poder dizer se o piloto alemão da Aston Martin para poder correr. E até lá, Nico Hülkenberg estará  de prevenção em Jeddah para correr no seu lugar, caso seja necessário.

Sebastian Vettel ainda não devolveu um teste Covid negativo, o que é exigido para poder voar para o GP da Arábia Saudita”, revelou a equipa num comunicado. “Nico Hülkenberg estará em Jeddah para substituir Seb, se necessário. Adiaremos a nossa decisão final até sexta-feira para proporcionar a Seb todas as oportunidades de correr”, concluiu.

Caso falhe - por não ter entregue um teste a tempo - seria a segunda corrida de 2022 que falharia na sua carreira, num altura em que os Aston Martin tiveram um desempenho medíocre na corrida do Bahrein. Quanto a Hulkenberg, seria a sua corrida desde 2020 que participaria. 

quarta-feira, 23 de março de 2022

Noticias: Formula 1 pode ir até 24 corridas, garante Domenicalli


Stefano Domenicalli afirmou nesta quarta-feira o que poderá ser o calendário da Formula 1 no futuro. Com 23 corridas em 2022 - uma delas ainda não confirmada - o seu presidente afirmou o que poderá acontecer daqui a uns anos. Numa entrevista a Martin Brundle, na Sky Sports, fala que o calendário, apesar de ser o maior de sempre... poderá ter espaço para mais. 

Penso que há potencial para 24”, começou por dizer Domenicali na entrevista à Sky Sports. “Eu diria que há potencial para chegar às 30! Com o interesse que vemos em todo o mundo. Cabe-nos a nós tentar encontrar o equilíbrio certo considerando quais são os locais que gostariam de estar na Fórmula 1 e quais são os valores históricos que precisamos de ver no calendário”, continuou.

Domenicalli disse que haverá alguns contratos que terminarão em breve, e algumas corridas, sobretudo europeias, poderão não regressar. “Há alguns promotores que têm acordos a expirar e provavelmente, alguns dos atuais Grandes Prémios já não farão parte do calendário”. E para substituir, a terceira corrida na América, cidades da “China e penso que também há potencial para irmos a África em breve”.

Uma história de loucos da California

Quando assisti a este vídeo pela primeira vez, pensei em "Bullit" o filme de 1968, protagonizado por Steve McQueen, onde a grande cena é a perseguição automóvel entre ele, que guia um Ford Mustang verde, e os "maus da fita", que alinham num Dodge Charger negro. E a perseguição, que ficou na história do cinema, decorria nas ruas de São Francisco, cheias de saltos e altos.

Hoje, mais de meio século depois do sucedido e já num novo século - todos os atores já estão mortos - os motores a gasolina são agora elétricos, mas a história que conto hoje é de loucos, e não é cinema, mas o novo meio para dar nas vistas: as redes sociais. E como um bando de gente alugou um Tesla para o colocar aos saltos, só para ter visualizações no Youtube. Ou sejam não é uma perseguição, é... enfim, vejam por vocês mesmos. 

No fim de semana que passou, surgiu um filme de um Tesla a alta velocidade a ficar uns metros acima do solo até se estatelar com estrondo, derrubando caixotes do lixo e um ou outro automóvel. Deu falatório, era evidente, mas o que parecia ser um acaso acabou por se demonstrar ser algo mais louco ainda, coisa a roçar a imensa estupidez humana e a destruição gratuita, digamos assim.

Ora bem, o Tesla Model S era alugado, meteram o carro em piloto automático e lá vai ela, dando o tal pulo. Aparentemente, tinha quatro ocupantes - mais um gato - e um deles, Alex Choy, um conhecido Youtuber, gravou tudo, como se fosse um transeunte inocente, o que é verdade. Mas pouco depois, todos eles abandonaram o local sem dar noticias a ninguém, especialmente a policia. E esta, depois de ver o vídeo, agora lançou uma recompensa de mil dólares para quem der informações sobre o paradeiro dos "engraçadinhos" que andaram a fazer esta... coisa, apesar do nome do condutor ser falado no vídeo.   

Para felicidade de todos, os danos foram apenas materiais e ninguém ficou ferido. Mas coisas destas, lá por estarem ao pé de Hollywood, não quer dizer que toca a imitá-los. Nem toda a gente acha piada. 

terça-feira, 22 de março de 2022

Entretanto, nas Arábias...


A Formula 1 está a caminho de Jeddah, na Arábia Saudita, e se o mundo anda atento à guerra entre a Rússia e a Ucrânia, as pessoas pouco sabem que esse país também está em guerra com outro. Diendo melhor: está contra uma fação que toma conta do poder. Os "houtis" uma coligação xiita apoiada pelo Irão, ataca a Arábia Saudita desde que esta se envolveu na guerra, em 2016. E esse envolvimento passa a que o país esteja sujeita a ataques de mísseis contra as suas instalações perolíferas. Foi o que aconteceu no domingo, contra a cidade de Jeddah... uma semana antes do Grande Prémio.

Segundo conta a Reuters, um míssil ia a caminho da cidade quando foi intercetada pela defesa local. O alvo era uma refinaria da Aramco, a petrolífera local, e não houve feridos, nem estragos materiais. A Formula 1, que foi super-lesta em retirar a Formula 1 da Rússia, por causa da guerra - rasgou mesmo o contrato que os ligava até 2025, que incluía a ida do campeonato a Igora Park, nos arredores de São Petersburgo - parece estar muito amiga do dinheiro e do "lobby" saudita.

Contudo, não deveria ser assim. E não falo das hipocrisias e do "double standards", falo de exemplos recentes que passaram pouco apercebidos. 

No Dakar deste ano, uns dias depois do seu começo, uma misteriosa explosão atingiu um carro pilotado por uma dupla francesa, ferindo gravemente o seu navegador. Falou-se de uma explosão "acidental", mas também de uma "propositada" do qual agitou um pouco a organização do Dakar, que recebeu avisos bem fortes do governo francês, depois de uma equipa de peritos ter sido impedida de ir à Arábia Saudita para investigar o caso. 

Os franceses foram super-lestos em 2008 cancelarem o rally Dakar quando este partia de Lisboa. Podem não ter feito desta vez, mas deixaram o aviso: se não melhorarem a sua segurança, irão organizar o rali para outro lado. 

Falei no final do ano passado sobre o "sportwashing" do qual o automobilismo - e sejamos honestos, o desporto em geral - está a ter com os ultra-ricos e os fundos soberanos que injetam centenas de milhões de dólares para modalidades onde precisam do dinheiro para se manterem competitivos. E esquecem-se que, quando as coisas dão para o torto, e o leite for derramado, as pessoas irão perguntar como é que foram capazes destas e outras coisas. É verdade, as pessoas esquecem destas coisas por omissão ou por hipocrisia, mas falem ao pessoal do Chelsea, que descobriram agora que ter o seu clube nas mãos de Roman Abramovich tornou-se num ativo tóxico do qual a sua própria existência está em risco...  

Desejo o melhor aos pilotos e equipas que forem a Jeddah. Só espero que se lembrem que há guerras de baixa intensidade que um dia poderão aumentar...

Youtube Formula 1 Vídeo: Os "onboards" do fim de semana barenita

Nova temporada, novos "onboards" e novos momentos dos pilotos sobre os incidentes que viveram no fim de semana do GP do Bahrein, compilados e colocados no canal oficial da Formula 1 no Youtube.  

W Series: Divulgada a lista para 2022


A W Series divulgou nesta terça-feira a lista da pilotos que participarão na temporada de 2022. Com oito pilotos garantidas na grelha graças aos seus resultados, o resto teve de ser preenchida graças a dois testes que aconteceram no inicio de janeiro, no Arizona (Estados Unidos) e no circuito de Barcelona, em Espanha, os resultados finais são, de uma certa maneira, esperados. 

A mais nova de todas, a japonesa Juju Noda, de 16 anos, foi selecionada, enquanto a mais experiente foi a brasileira Bruna Tomaselli, que tem 24 anos. 

Eis a lista completa das selecionadas:

Tereza Babickova (República Checa), 

Bianca Bustamante (Filipinas) 

Chloe Chambers (Estados Unidos) 

Emely De Heus (Países Baixos) 

Belén García (Espanha) 

Marta Garcia (Espanha) 

Nerea Martí (Espanha) 

Jessica Hawkins (Reino Unido)

Juju Noda (Japão)

Bruna Tomaselli (Brasil)

A competição arranca no fim de semana de 7 e 8 de maio, em Miami, e terá oito rondas. 

Rumor do Dia: AFC a caminho da Porsche?


A Formula E poderá estar a caminho de ter uma grande movimentação em termos de pilotos. Segundo conta o site the-race.com, António Félix da Costa poderá ser piloto oficial da Porsche na próxima temporada. O acordo seria mais abrangente e incluiria a participação do piloto português no projeto da marca de Estugarda na classe LMDh de Endurance, ou seja, IMSA e WEC.

Estes rumores surgem numa altura em que a DS Techeetah resolveu há pouco tempo um problema interno, que levou a atrasos nos pagamentos. Uma reestruturação foi a solução, e com isso, Félix da Costa tornou-se num alvo mais apetecível e com um contrato de curta duração com a DS Techeetah neste momento, o campeão de 2020 será um dos nomes mais referidos nos próximos tempos.

E não é a primeira vez que outras equipas estão de olho a Félix da Costa. O português de 30 anos chegou a ser falado no verão passado em ir para a Mercedes, quando a ida de Nyck de Vries para a Formula 1 - mais concretamente, a Williams - foi hipótese.

A Formula E regressa à ação no fim de semana de 9 e 10 de abril em Roma, a capital italiana. 

segunda-feira, 21 de março de 2022

A imagem do dia


Reine Wisell a bordo do Lotus 56 Turbina, durante o fim de semana do GP da Grã-Bretanha de 1971. Ele apenas conseguiu o 19º melhor tempo, e acabou a corrida 11 voltas atrás do vencedor, não se classificando. 

O piloto sueco, que morreu neste domingo aos 80 anos, esteve na Lotus entre o final de 1970 e o final da temporada de 1971, com um regresso em 1972 para disputar as corridas americanas dessa temporada. O seu maior sucesso foi logo no GP dos Estados Unidos de 1970, quando conseguiu o seu único pódio da sua carreira. 

O Lotus 56 Turbina era um carro que foi desenhado por Colin Chapman para as 500 Milhas de Indianápolis de 1968, no sentido de aproveitarem a tecnologia do motor a turbina, proveniente dos helicópteros. O carro era veloz em reta... e nada mais. Não era muito controlável, e num dos testes na pista americana, o Mike Spence morreu quando bateu contra a parede e levou com um dos pneus na cabeça. 

Depois da experiência americana, ficou de lado por uns tempos até o retirar do seu canto para uma experiências em 1971. E todos os seus pilotos iriam guiá-lo: Dave Walker, no GP dos Países Baixos, Wisell, em Silerstone, na corrida britânica, e Emerson Fittipaldi em Itália. Também iriam guiar nas provas extra-campeonato, como o Race of Champions, em Brands Hatch, ou o International Trophy, em Silverstone. A única coisa que eles acharam positivo foi que o carro era bom à chuva, mas era frágil e pouco guiável.

Mas isso foi a justificação para levar o carro às corridas oficiais. Na primeira corrida, em Zandvoort,  houve alguma esperança e espanto quando, à chuva, o carro subiu nos lugares de classificação muito rapidamente, podendo provavelmente chegar à frente, mas o australiano perdeu o controlo do carro e acabou por desistir. 

Com Wisell no comando, agora na corrida britânica, numa temporada onde andaram mais com o modelo 72 - mas do qual pouco investiram no seu desenvolvimento, não ganharam qualquer corrida - ele experimentou o carro e andou muito desfasado do resto do pelotão. As 11 voltas que perdeu atrás do vencedor mostraram que aquele carro era inviável, mesmo em pistas rápidas. E nem o oitavo posto em Monza, da parte de Fittipaldi, numa corrida onde os cinco primeiros estiveram esperados por menos de um segundo, o convenceu de que aquele carro valia a pena.

E claro, se um não vale, outro sairá beneficiado. Ao virarem os seus recursos para o 72, a partir de 1972, ajudaram o carro a ser a lenda que acabou por ser, com o título mundial para Emerson e sete vitórias para Ronnie Peterson, em 1973 e 74. Wisell voltou a andar com o carro, mas os seus melhores momentos já tinham passado. 

Noticias: Aston Martin (ainda) não garante regresso de Vettel


O alemão Sebastien Vettel não esteve presente no GP do Bahrein, por ter sido detetado positivo com CoVid-19, logo, substituído por Nico Hulkenberg nessa prova. Apesar de não ser grave até agora - não teve sintomas visíveis - espera-se que ele esteja de regresso ao volante na próxima semana, no GP da Arábia Saudita, em Jeddah. 

Contudo, Mike Krack, o diretor desportivo da equipa, coloca algumas dúvidas sobre esse regresso:

Esteve no debrief da equipa”, afirmou Krack. “Parecia melhor do que há uns dias atrás, mas não sabemos. Veremos como estará nos próximos dias. Esperamos que volte em breve”.

E afirmou que foi melhor ele ter testado positivo no Bahrein do que na Austrália, por causa dos protocolos locais sobre o CoVid-19 serem mais apertados. “Se testar negativo, será fácil [o regresso ao cockpit em Jeddah]. É melhor ter sido agora do que dentro de duas semanas”, concluiu.

Contudo, da maneira como está aquele carro, se calhar seria melhor repensar o seu regresso...

domingo, 20 de março de 2022

The End: Reine Wisell (1941-2022)


O antigo piloto sueco Reine Wisell, que correu pela Lotus entre 1970 e 72, e com uma carreira até 1974 pela BRM e March, morreu este domingo aos 80 anos.

Nascido a 30 de setembro de 1941 em Motala, na Suécia, começou relativamente cedo no automobilismo - chegou a ser instrutor de condução de... Ronnie Peterson! - foi para a Formula 3 em 1966, ao lado do próprio Peterson e de Freddy Kottukinsky, onde se tornou campeão em 1967. Passou para a Formula 3 europeia, mas cedo perdeu o título de melhor piloto sueco, à medida que o talento de Peterson se mostrou. Em 1970, foi pra a Formula 2, mas apenas correu por duas probas, sem grandes resultados. Também correu na Formula 5000, num McLaren-Chevrolet, 

E de repente, no final da temporada, teve a sua grande chance. Com a morte de Jochen Rindt em Monza, e a retirada de John Miles da equipa, em divergências com Colin Chapman por causa do carro, havia um lugar por preencher, e o escolhido foi Wisell. Ele iria guiar pela marca nas corridas americanas, ao lado do brasileiro Emerson Fittipaldi.


Na primeira corrida, em Watkins Glen, Wisell conseguiu um digno nono posto e a prova correu bem, aproveitando os problemas dos outros para subir na classificação, acabando a prova na terceira posição, e conseguindo um inesperado pódio. Mas o seu companheiro de equipa, Fittipaldi, triunfou na corrida, a primeira após a morte de Rindt. 

O resultado foi o suficiente para ficar na equipa para a temporada de 1971. Ali, o melhor que conseguiu foram dois quartos lugares em Kyalami e no Osterreichring, alcançando nove pontos, chegando a usar o modelo 56 com turbina no GP de França, em Paul Ricard. 

Contudo, Wisell não ficou na equipa e foi para a BRM em 1972, ao lado de Jean-Pierre Beltoise, Peter Gethin, Howden Ganley e Helmut Marko, entre outros. Contudo, só terminou uma corrida, em Itália, e na 12ª posição. Nas duas provas finais da temporada, regressa à Lotus, onde consegue uma décima posição em Watkins Glen. 

Em 1973, Wisell substitui Mike Beuttler nas provas de Anderstorp e Paul Ricard, não tendo terminado em nenhum deles, e no ano seguinte, correu com um March no GP da Suécia, não tendo acabado a prova. A partir dali, foi correr para os GT's onde se tornou campeão europeu, a bordo de um Porsche 911. Correu nos anos seguintes com Chevrolet Camaro, antes de pendurar o capacete e se tornar instrutor de condução na sua Suécia natal, participando em algumas corridas históricas.         

Formula 1 2022 - Ronda 1, Bahrein (Corrida)


Ficaram surpresos com a primeira qualificação o ano? Eu, nem tanto. Sejamos honestos, ver caras novas nas primeiras filas a grelha é algo bem-vindo, uma corria não significa toda uma primavera. Isso é a soma de diversos fatores, e muitos ainda são teorias. Por exemplo: ver Lewis Hamilton em sexto significa que está automaticamente afastado do título? E que chances temos que isto não seja outro 2012, onde as sete primeiras corridas nos deram sete vencedores diferentes? É que quando se mudam regras, verifica-se um "baralhar e voltar a dar", uma transição para outra nova era de domínio. 

Ou seja, uma série de voltas à pista, de modo lançado, é diferente de uma corrida com o máximo de duas horas, e não sabemos a fiabilidade desta gente toda. Temos umas ideias, mas falta a proa, ou o "smoking gun" que convença os céticos de que a temporada anterior não só representa o passado não só em termos de tempo cronológico, mas uma era passada. 

E é isso que precisa de saber à medida que as horas se aproximavam para a primeira corrida do ano, nas areias do Bahrein, uma das petro-monarquias do Golfo que decidiram fazer da Formula 1 o seu cartão de visita. 


Com o sol a se por neste dia de equinócio, os carros lá se alinharam e deram inicio à nova temporada. Os Ferrari mantiveram-se na frente, mas Max deu-se bem, passando Carlos Sainz Jr. e ficar com o segundo posto, indo atrás de Leclerc. Nas voltas seguintes, o monegasco começou a afastar-se do neerlandês, começando a mostrar que aquele carro era realmente aquele a abater para aquela corrida. Atrás de ambos, estavam os Mercedes, com Hamilton na frente de Russell, e sem poderem apanhar as duas equipas da frente. 

Hamilton foi o primeiro a parar, na volta 12, enquanto se ouviam queixas de que os pneus moles pediam tração a cada volta que passava. Trocaba para duros, e regressava em 11º... mas com dificuldades em aquecer os pneus, tanto que foi passado pelo Alfa Romeo do Guangyou Zhou. 

Entretanto, na frente, Max já estava em cima de Charles e a luta pela liderança aquecia. Precisamente na altura em que eles foram às boxes. O neerlandês primeiro, o monegasco depois, e colocou de novo macios. Quando voltaram à pista, Leclerc ficou com o primeiro posto, mas o piloto da Red Bull estava nos seus escapes.  O duelo continuava. 

E na volta 17, Max atacou... mas Charles resistiu. Novamente na volta 19, e o piloto da Ferrari sabia resistir. Claro, os espectadores em casa estavam bem felizes. Afinal de contas, valeu a pena terem mudado os regulamentos! Mas depois do ataque do piloto da Red Bull, Leclerc afastou-se, conseguindo uma vantagem de três segundos no final da volta 24. Já o outro piloto da Ferrari disse às boxes que considerava parar nas boxes... por três vezes. 


Quem parava na volta 26 era Alonso, que pela segunda vez, metia duros, porque com os outros... não funcionavam lá muito bem. E Hamilton parou duas voltas depois, trocando os seus duros por médios. E apenas no meio da corrida. Estes Pirelli estavam a dar parte de fraco nesta corrida. E claro, entre os queixosos estavam Max, que na volta 31, trocou para médios, caindo para quarto. Leclerc reagiu e fez a mesma coisa na volta seguinte, deixando Sainz Jr. na frente. 

As coisas acalmaram-se até à terceira ronda de paragens nas boxes, na volta 45, e as coisas corriam normalmente quando Pierre Gasly ficou parado na pista em posição perigosa, com o motor a pegar fogo, o suficiente para fazer entrar o Safety Car... primeiro virtual, depois real. E a nove voltas do fim, todos reagrupados e os pilotos atrasados a desdobrarem-se, todos esperavam para ver o que aconteceria com a relargada. 


Quando aconteceu, na volta 51, o monegasco manteve-se no comando, com o espanhol a tentar ficar com o segundo lugar, mas Max conseguiu defender-se, enquanto os Mercedes eram quinto e sexto. As coisas pareciam estáveis, mas na volta 54... o drama! Max começa a andar lento e é ultrapassado por todo o pelotão, indo lento para as boxes para abandonar. Começava mal a sua defesa do título. 

E com isso, Lewis Hamilton passou ao ataque, tentando ficar com o terceiro posto do "Checo", mas o piloto da Red Bull lá se defendia da melhor maneira possível. Mas no inicio da última volta, o mexicano rodou no final da reta e entregou o terceiro posto ao britânico. Aliás, a Red Bull iria sair do Bahrein sem qualquer ponto! Que golpe de teatro.

 E claro, Charles Leclerc aproveitou bem e ficou com tudo: a vitória e a volta mais rápida, com o seu companheiro em segundo. Os 44 pontos que conseguiram nesta corrida foram o resultado de um fim de semana perfeito, mas a temporada é longa e os problemas da Red Bull apenas foram a má sorte de acontecerem na hora errada, por muito que os "antis" tenham comemorado.

E atrás deles, algumas "doideiras": Magnussen foi quinto, no seu Haas, repetindo o seu melhor lugar de sempre com a equipa, Bottas logo a seguir, Tsunoda oitavo e o segundo Alfa, do Guangyou Zhou, ficou com o último ponto em disputa, na frente de Mick Schumacher. 


Na próxima semana há mais, em Jeddah.