Este fim de semana poderá passar para a história como uma das mais agitadas da historia da Formula 1 desde 1985. E tudo porque ontem, um míssil caiu ao pé do circuito. A história já se sabia ontem: o míssil atirado pelos rebeldes houthis, do Iémen, atingiu a refinaria da Aramco em Jeddah, e o fumo via-se do circuito.
Claro, por causa disso, todos andaram a falar uns com os outros, diretores de corrida e pilotos, com a organização, tentando assegurar que isto não é a Ucrânia, e que eles só atingem objetivos militares e industriais, nada de prédios. Os patrões ficaram convencidos, mas os pilotos andaram a reunir-se... e discutiram o assunto por quatro horas, com os diretores de equipa a irem de um lado a outro, ouvindo os pilotos e os organizadores, e por volta das três da manhã, hora local, decidiram que iriam correr. Foram persuadidos, convencidos - ou como se falou numa reportagem da BBC e entendido dessa maneira - "ameaçados". Da parte deles, iriam correr ou... correr.
De uma certa maneira, se dúvidas teriam, provavelmente entenderam que poderiam ser reféns de um regime que os pagou a peso de ouro para os ter ali.
Com a noite a cair - e as chamas por apagar, quase 24 horas depois - lá começou a sessão de qualificação numa pista que é tão rápido e sem escapatória que se torna numa quase armadilha, onde o erro só não é a morte do artista... porque há um Halo nos carros.
Depois de um dia de sábado com calor, a qualificação começou depois do por do sol. E logo começou com... um carro parado. O bólido de Nicholas Latifi nem andou muitos metros antes de parar e causar a primeira bandeira vermelha da qualificação. E numa altura em que os Ferrari estavam a andar bem, e Lewis Hamilton... mal. Ele sofria com a instabilidade do seu monolugar, e marcar um tempo era complicado.
Demorou uns minutos, mas lá regressaram à pista. Mas quem não marcou tempo foi Yuki Tsunoda, que por causa de um problema técnico, acabou precocemente a sua qualificação.
Nesta fase, quem levava a melhor eram os Red Bull, com Max Verstappen na frente de Sergio Pérez, com Valtteri Bottas e Lance Stroll a seguir. Mas os Ferrari entraram na pista e marcaram os seus tempos, e Carlos Sainz Jr. foi para o topo da tabela de tempos, seguido por Charles Leclerc.
E Lewis Hamilton? Estava em apuros, pois estava despromovido à zona de eliminação. Ele bem tentou sair da zona de eliminação, mas apenas conseguiu o 15º tempo, sendo eliminado segundos mais tarde por Lance Stroll. E pela primeira vez desde 2009 que ele não era eliminado na Q1, o que mostra que estes Mercedes não andavam bem. E para além destes três (Hamilton, Latifi e Tsunoda), Nico Hulkenberg e Alexander Albon ficavam pelo caminho nesta Q1.
Na Q2, que arrancou poucos minutos depois, todos os carros decidiram ir logo para a pista, pois o aquecimento das borrachas levava algumas equipas a fazerem duas voltas antes da volta rápida. George Russell voltou a usar a mesma estratégia, saindo com um conjunto de pneus médios, enquanto todos os outros foram para a pista com macios. Quem se queixava era Esteban Ocon, que viu Daniel Ricciardo andando lento na pista, e ficou prejudicado na sua volta rápida. No final da qualificação, acabou por ser penalizado em três lugares por esta manobra.
E entre os eliminados na Q2: os McLaren de Norris e Ricciardo, o Alfa Romeo de Zhou, o Aston Martin de Stroll e o Haas do acidentado Mick Schumacher. E claro, entre os que estavam na Q3, Bottas e Magnussen lá estavam. E Russell também, mas no limite: P10.
Na Q3, Red Bull e Ferrari saíram logo, e os carros de Maranello foram os melhores, com Carlos Sainx a ser o melhor, e os pilotos da Red Bull tentaram o seu melhor, especialmente Perex e Max, com o neerlandês a não conseguir mais que o sexto tempo, queixando-se da pouca aderência do carro no asfalto, incapaz de usar a potência. Perex era o terceiro, o melhor dos outros, na frente dos Alpine de Ocon e Alonso, e depois, Russell.
Na parte final, os carros da Red Bull e da Ferrari também foram para a pista, nos seus pneus moles. Sainx parecia que iria ser o melhor, e ainda por cima, Max não iria conseguir um bom tempo... mas Checo foi o último a sair e conseguiu o melhor tempo, fazendo história. Afinal de contas, era o primeiro "poleman" do seu país. E demorou 11 anos para esse feito!
No final, hora e meia de qualificação para termos uma pole inédita da Red Bull, demonstrando competividade, logo, um equilíbrio do qual os fãs queriam. Amanhã, será uma corrida stressante de um circuito complicado, num lugar perigoso. Irá acabar depois da hora de jantar...