O Brasil sempre foi um destino popular, isso já todos sabem mais ou menos. Contudo, com a história do Drive to Survive e outras formas que a Liberty Media fez para fazer render o seu peixe, a Formula 1 ficou ainda mais popular em solo brasileiro, especialmente entre os mais jovens e as mulheres. Também a isso não foi alheio a troca de canal de televisão no sentido da transmissão da competição, da Rede Globo para a Bandeirantes, onde aqui, o produto foi muito melhor tratado do que era dantes.
Como a Formula 1 decidiu que Interlagos seria o lugar onde iriam fazer a experiência da Sprint Race, as coias até correram melhor que o esperado, mas também o facto de Lewis Hamilton ter sido desqualificado na sexta-feira por causa das irregularidades na sua asa traseira, só criou ainda mais emoção entre aqueles que querem ver a competição ao rubro até ao fim. Mas depois de terem visto Lewis Hamilton recuperar 15 lugares em pouco mais de 25 voltas, só mostra que os Mercedes são os melhores carros aqui na pista paulista, mesmo que depois de ontem, Max ganhou mais dois pontos na liderança, agora com ambos separados por 21, a quatro provas do final.
Todos começavam de médios, excepto Yuki Tsunoda, que começava com macios. E Kimi Raikkonen saía das boxes, por causa de troca de componentes.
Na partida, Valtteri Bottas foi superado pelos Red Bull, enquanto Hamilton subia para oitavo, depois de passar Pierre Gasly. Atrás, Lando Norris sofria com um toque e arrastava o seu McLaren para as boxes. No final da primeira volta, os Red Bull eram primeiro e segundo, com Bottas em terceiro e Hamilton em sexto, atrás do Ferrari de Carlos Sainz Jr, antes de o passar facilmente para ser quinto, atrás do outro Ferrari de Charles Leclerc. Mas em quase duas voltas, Hamilton chegou a terceiro, com Max a cerca de 4,5 segundos diante dele.
Mas naquela altura, Lance Stroll e Yuki Tsunoda tinham tocado e os destroços estavam espalhados na zona do S de Senna, o suficiente para que os comissários acharem que aquilo era o suficiente para juntar os carros, fazendo entrar o Safety Car. Limpa a pista, em duas voltas, todos juntos, sabiam que Hamilton iria fazer de tudo para ir para a frente o mais depressa possivel.
No recomeço, os quatro primeiros mantiveram as posições, com Leclerc em quinto a tentar não deixar escapar Valtteri Bottas. O neerlandês escapava na frente, com Perez a proteger o seu companheiro de equipa dos ataques de Hamilton. Atrás, Mick Schumacher tinha a sua asa dianteira danificada por causa de um toque com um dos Alfa, e por causa disso, a organização meteu um Virtual Safety Car, onde todos ficavam nos seus lugares, para dar tempo para limpar a pista e o Haas ir para as boxes.
Apenas na volta 14 é que a corrida recomeçou, com Verstappen a tentar afastar-se do pelotão, com Perez a defender-se dos ataques de Hamilton. Três voltas depois, Hamilton conseguiu passar o mexicano no final da reta da meta, mas poucos metro mais adiante, ele reagiu e voltou ao segundo posto. Mas na volta seguinte, Hamilton ficou definitivamente com o segundo lugar, enquanto a Perez, agora tinha de lidar com Bottas para manter o terceiro posto.
Contudo, nas voltas seguintes, a distância entre ambos estabilizou-se nos 3,6 segundos. Os pneus médios faziam o seu trabalho, mas por esta altura, parecia que eles iam para uma paragem. E foi o que aconteceu na volta 27, colocando duros e caindo para quarto. A ideia era ver se sairia melhor que Verstappen quando fosse a sua vez. E foi o que aconteceu na volta seguinte, com uma paragem de 2,4 segundos, mas Hamilton apenas recuperou cerca de um segundo. Na frente, estava Perez, seguido por Bottas, que iria também para as boxes para colocar duros, indo para o final da corrida.
Nas voltas seguintes, Hamilton fazia volta mais rápida atrás de volta mais rápida, para ver se os seus pneus rendiam melhor ou não. Mas na volta 30, o Virtual Safety Car entrava de novo em ação porque houve algo a sair do carro de Lance Stroll. Que aproveitou o momento foi Bottas, que rumou às boxes colocar duros. Na frente, Verstappen tinha Hamilton a 1.4 segundos.
O britânico tentava apanhar o mais que podia o neerlandês, mas a meio da corrida, a diferença estava perto da distância do DRS, mas o piloto a Red Bull resistia.
E na volta 41, inesperadamente, Verstappen para nas boxes, voltando a colocar duros e caindo para quarto, mas com pneus bem melhores. Esta segunda paragem não estava esperada por ninguém, e quem reage é Perez, que na volta 43 também para, trocando também para duros. Na volta seguinte, foi Hamilton a parar, e quando regressa, o inglês tinha 2,6 segundos para recuperar. E Bottas queixa-se do que aconteceu com um "acho que deitamos fora um 1-2 muito fácil".
Mas na volta 48, Hamilton atacou a sério a liderança de Verstappen. Ambos ficaram lado a lado, mas o piloto da Red Bull aguentou o que podia os ataques do piloto da Mercedes, indo ambos até fora da pista. Os comissários investigaram o incidente, mas não decidiram punir ninguém, porque acharam que o melhor era deixar correr. E deixaram.
E pouco depois, na volta 50, Hamilton conseguiu passar no final da reta interior, para ficar com o comando e não o largar mais. Tinha demorado, mas o primeiro lugar era dele.
O resto... não houve história. Era contar até à bandeira de xadrez, Sergio Perez foi às boxes para ver se fazia a volta mais rápida, e tirar o ponto ao Hamilton - e lá conseguiu - e no final, perante a multidão em delírio, lá ganhou a sua 101ª vitória. Acabada a corrida, levantou a bandeira brasileira e o público adorou o gesto.
Agora faltam três corridas. Circuitos dos quais, dois deles não sabemos nada e de um terceiro, foi altamente modificado. Provavelmente, é uma enorme incógnita, mas também poderemos ter visto a última pista onde a Mercedes tinha uma vantagem indiscutível. Mas com os dois pilotos com 14 pontos de diferença, tudo é possível.
E agora, mais uma logistica infernal pela frente porque daqui a oito dias, é em Doha, no Qatar.