segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Sobre a aquisição da McLaren pela Audi


Então, compraram ou não compraram?

Os rumores sobre a possível compra da McLaren por parte da Audi foram confirmados, para serem imediatamente desmentidos. Aparentemente, a compra tinha sido feita para que pudessem montar uma operação para entrarem na Formula 1 a partir de 2026, para além de ficar com uma posição na McLaren Automotive, ou seja, injetar dinheiro na divisão de supercarros, que anda a precisar de liquidez, já que têm mais de meio bilião de libras de dívida.

A noticia tinha sido avançada pela Autocar britânica na passada sexta-feira, mas depois de insistências ao longo do final de semana, nesta segunda-feira, a própria McLaren desmentiu, em comunicado oficial, que tenha havido uma compra por parte da marca alemã.

O grupo McLaren tem conhecimento de uma notícia em alguns meios de comunicação social que afirma ter sido vendida à Audi. Isto é totalmente impreciso e a McLaren está a procurar que a história seja retirada.", começa por dizer o comunicado oficial. 

"A estratégia tecnológica da McLaren sempre envolveu discussões e colaboração contínuas com parceiros e fornecedores relevantes, incluindo outros fabricantes de automóveis, no entanto, não houve qualquer mudança na estrutura de propriedade do grupo McLaren.

Apesar de se dizer que existe o interesse na compra, há coisas ao longo dos meses que têm indicado que há atribulações dentro da marca de Woking. Há alguns meses, em abril, o edifício que alberga a sede, projetada por Norman Foster e inaugurada em 2004, foi vendida por 170 milhões de libras para a forma de investimento GNL, num acordo no qual a marca permanece no local, pagando uma renda. A razão por trás disso tinha a ver com os rendimentos afetados pela pandemia da CoVid-19, que resultou no corte de 1200 postos de trabalho em 2020 em todas as suas divisões: a Automotive, para os carros de estrada, a Aplied, para a tecnologia, incluindo as baterias para os seus carros de Formula E, e a Racing, a sua divisão de competição.

Em caso de compra, a Audi adquiria apenas a divisão de corrida e a dos carros de estrada, deixando de fora a McLaren Applied, o braço da marca na eletrificação de carros de estrada e de pista. 

Apesar dos sucessos na pista e na venda dos seus carros de estrada há mais de uma década, os tempos são de transição. Ron Dennis já abandonou a marca em 2018, substituído por Zak Brown, Mansour Ojjeh já morreu este ano, mas também estava afastado da marca há algum tempo, e os seus acionistas, especialmente o fundo soberano do Bahrein, só vão querer ir a um certo limite. Logo, apesar de nas pistas, eles estarem numa boa temporada na Formula 1, tendo alcançado a sua primeira vitória em quase uma década, graças a Daniel Ricciardo em Itália, e os sucessos com a parceria Arrow Schmidt Peterson na IndyCar, é provável que ainda demore mais algum tempo para colocar as finanças mais saudáveis, logo, a possível aquisição - ou não - por parte da Audi, poderia ser uma injeção semelhante ao que fez a Mercedes há mais de uma década, quando comprou a BrawnGP e a transformou no titã automobilístico que é agora.

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