"Viva Las Vegas!" A corrida que a Liberty Media queria e que muitos torciam o nariz, está aqui, depois de 41 anos de ausência, está de volta ao calendário, e com muitos a temerem o pior, depois das agitações de sexta-feira e o ceticismo dos pilotos em relação aos excessos que a Cidade do Pecado gosta de dar e que pudessem contaminar a Formula 1. Verdade que a corrida acontecia numa altura em que tudo estava decidido, mas a qualificação tinha corrido bem e existia a esperança de que as coisas poderiam não ser o "doom and gloom" que muitos temiam. Ainda por cima...
Já agora, temperatura do asfalto à hora em que as luzes se apagam? 18ºC. Muito frio para esta corrida noturna. Muito provavelmente, das mais frias de sempre. Mas claro, todos estavam ansiosos pela partida - desde as celebridades até aqueles que venderam um rim para ver a corrida das bancadas - ver no que isto iria dar.
Na partida, Charles Leclerc tentou aguentar Max Verstappen, mas o neerlandês foi mais rápido e ambos saíram da pista logo na primeira curva, com mais algumas confusões atrás, nomeadamente Carlos Sainz Jr, que também saiu, com um pião e perdeu tempo. Checo Pérez e Fernando Alonso tinham danos e acabaram nas boxes, com o piloto da Aston Martin acabou com um pião e batendo na asa do Red Bull do mexicano. Safety Car Virtual, com gente a andar mais lento, e claro, o monegasco reclamava que Max forçou a ultrapassagem. A corrida começava bem...
Na volta 3, Lando Norris saia de pista no final da curva 12 e o Safety Car entrava pela primeira vez na pista. Três voltas para recolher os danos e os pilotos a lutarem para ter grip, e no final da sétima volta, o Mercedes do Bernd Mylander recolheu e a corrida recomeçou, com Max na frente e Leclerc atrás, com os comissários a darem cinco segundos de penalização a Max por causa da primeira curva e ele não ter devolvido a posição ao piloto da Ferrari. Numa altura em que ele já tinha quase dois segundos de avanço para o monegasco...
A corrida acontecia rapidamente, com as trocas de posições graças à pura velocidade nas retas, mostrando que, afinal de contas, quem tinha médios e duros dava-se bem, apesar da baixa temperatura do asfalto. E entretanto, na volta 15, Leclerc não deixava escapar Max, porque esperava que ele perdesse muito tempo nas boxes. E a razão era uma: os pneus do neerlandês tinham ido ter com o Elvis e queixava-se na rádio. Mal foi passado, Max foi às boxes, o primeiro dos primeiros a ir lá, numa altura em que Lewis Hamilton tinha um furo e perdia tempo.
Leclerc ficava por mais algumas voltas, tentando dar espaço para aproveitar a ocasião para se distanciar. Quanto foi às boxes, na volta 21, regressou na terceira posição, atrás de "Checo" Pérez e de duros. Lá tinha de os apanhar para chegar na frente... entretanto, com menos de uma hora, já tinham chegado à metade da corrida.
Contudo, na volta 26, Max tentava passar George Russell para ser quarto e a ultrapassagem foi suficientemente musculada para acabar com danos no carro do neerlandês e esses destroços ficaram na pista, suficientes para nova entrada do Safety Car e o pelotão nas boxes, para baralhar e voltar a dar. Max foi um dos que teve de ir às boxes para saber como é que o carro estava, e foi mandado embora com o diagnóstico de, apesar dos estragos, poderia continuar a correr.
E com isto, os pilotos tinham dificuldade de aquecer os pneus. Deverão pensar que seria bom que acabasse rápido este Safety Car. Mas antes de relargarem, Russell era avisado que tinha uma penalização de cinco segundos por não ter visto Max a tempo.
A corrida recomeçou na volta 29, com Leclerc a tentar afastar-se de Pérez e Oscar Piastri, que tinha acabado de passar Pierre Gasly, que agora era ameaçado por Max. Os pilotos tentavam aquecer os pneus, com a noite fria, e com o passar das voltas, o neerlandês começava a apanhar os pilotos da frente, especialmente Leclerc. Que na volta 35, estava a ser ensanduichado pelos energéticos, depois do neerlandês ter passado o McLaren de Oscar Piastri.
Mas logo a seguir, na travagem para o final da Strip, o monegasco surpreendia Checo e voltava para a frente! O monegasco tentou afastar-se, mas Max foi buscá-lo e na volta 38, conseguiu chegar à frente. Os três primeiros estavam perto um do outro e a Red Bull acreditou numa dobradinha, com o mexicano a tentar apanhar o piloto da Ferari. E na volta 43, o monegasco falhou a travagem para ser passado por Pérez. Parecia que a corrida tinha acabado. Parecia...
Parecia que o final, tirando a paragem nas boxes de Oscar Piastri o atirar para fora dos pontos, até conseguir chegar ao décimo posto a três voltas do final, e das desistências de Nico Hulkenberg e Yuki Tsunoda, o resto não teria história. Mas quando todos avistavam Justin Bieber a agitar a bandeira de xadrez, e parecia que os Red Bull ficaram com os melhores lugares... Leclerc sacou dos seus conhecimentos e conseguiu uma ultrapassagem a Pérez e ficar com o segundo posto! Nada mau para um piloto da Ferrari.
A festa estava garantida, e de uma certa forma, até não foi uma má corrida de todo, dadas as circunstâncias. É uma corrida rápida, e parece ser interessante no sentido de ser... quanto mais rápido passar, melhor. Querem ver que a Cidade do Pecado e esta pista veio para ficar e merecer este contrato de uma década?
Assim sendo, "Elvis has left the building. Thank you very much."