quinta-feira, 23 de novembro de 2023

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Imaginem uma equipa que alcançou um sucesso retumbante nas formulas de produção. Depois, um rico investidor, que lança o seu produto e prestigio no automobilismo. E que depois de se estrarem na Formula 1, com o seu próprio chassis e motor, entram em divergências tão sérias que fabricam... os seus carros!  Há meio século, contava-se a história da Tecno, que tinha tudo para poder dar certo, mas acabou após duas temporadas, ao ponto de os seus fundadores decidirem sair do negócio para sempre.

A história da Tecno começa em 1961, em Bolonha, quando dois irmãos, Gabriel e Gianfranco Pederzani, decidem construir karts para competir na nascente industria. O sucesso dos seus chassis e motores fazem com que construam um Formula 3 em 1966. Nessa altura, contratam um piloto em ascensão, um suíço de Lugano chamado Clay Regazzoni. Foi ele que lhes deu a sua primeira vitória na competição, e no final do ano, em 65 corridas, tinham ganho 32, em diversos país europeus. Foi o suficiente para que a partir dali, todos quisessem um chassis da firma, se quisessem triunfar. Em 1969, tinham outro piloto vencedor, o sueco Ronnie Peterson, que lhes dera 15 vitórias e o título europeu de Formula 3. Daí que, no final do ano, decidissem mudar para a Formula 2, como passo natural da sua evolução. 

Como na Formula 3, continuaram a ganhar, e com Regazzoni ao volante, ganham o campeonato à primeira. E com esta ascensão, pensam em voos mais altos. 

Ao mesmo tempo, tudo isto atrai a atenção de um compatriota muito rico e com amor ao automobilismo. O Conde Teofilo Guiscardo Rossi di Montelera, Principe di Premuda era, nada mais, nada menos, que o herdeiro da firma Matini & Rossi, os "reis do Vermute", e que nos anos 30, tinha sido piloto de motonáutica, para além de em 1932, ter participado nos Jogos Olímpicos de inverno em Lake Placid, sedo quinto classificado na competição de bobsleigh. O Conde queria patrocinar a sua ida para a Formula 1, e fizeram um acordo para que eles construíssem um chassis e um motor flat-12, como tinha a Ferrari, mas menos potente que os carros de Maranello.

O carro estreou-se no GP da Bélgica, com o local Nanni Galli ao volante. Este era alternado com o britânico Derek Bell, e apesar de não terem conseguido pontos, parecia que as coisas iriam no bom caminho. Contudo, no final do ano, começaram as primeiras rachaduras no seio da equipa.

A razão? Escolha de pilotos, e as politicas dentro da equipa. Ao ponto de terem os seus próprios chassis, competindo entre si para saber quem seriam os melhores!

Quando no final de 1972, souberam que Clay Regazzoni ia sair da Ferrari, os manos Pederzani queriam-no na equipa, pois tinha dado muito sucesso na Formula 3 e Formula 2. Afinal, era um velho amigo e muito rápido. Contudo, o chefe de equipa, o britânico David Yorke, tinha outro piloto em mente: o neozelandês Chris Amon, que tinha saído da Matra. O Conde Rossi apoiou as pretensões de Yorke e acabaram por ficar com Amon. E para piorar as coisas, cada um contratou desigenrs diferentes para os carros que queriam construir para 1973: Gordon Fowell, para construir o chassis de Rossi e Yorke, Alan McCall para os Pederzani. Contudo, quando McCall saiu antes de completar o desenho do chassis, Ron Tauranac, que tinha saído da Brabham e estava a fazer desenhos em regime "freelancer", foi chamado para completar o projeto.

Amon estreou o carro na Bélgica, onde chegou na sexta posição, conseguindo o primeiro ponto da equipa. E andou entre os seis primeiros na corrida seguinte, no Mónaco, antes de um problema de sobreaquecimento, na volta 22, ter acabado com a sua corrida. Mas as divergências começavam a ser maiores, e mesmo com o chassis de Yorke e Rossi a se estrear na Grã-Bretanha, Amon decidiu que iria embora da equipa depois do GP da Áustria, quando não conseguiu largar por causa de problemas no carro. Mais tarde afirmou que "aqueles meses dentro da equipa foram o equivalente a 10 temporadas." Para verem como foi aquele ambiente de cortar a faca.

Apesar de tudo, existiram planos para 1974, um deles a construção de um 8 cilindros como os Cosworth. Mas no final da temporada, tomou-se uma decisão radical: a Techo fecharia as suas portas para sempre. O Conde Rossi levou o seu patrocínio para a Brabham, Amon decidiu construir a sua equipa - levando consigo Fowell para desenhar o seu chassis - e os irmãos Pederzani decidiram fugir da Formula 1 como se fosse o diabo da cruz, citando o ambiente tóxico que aquilo causa. Toda a história durou duas temporadas, 13 corridas e um ponto, e com tudo que tinham, fica-se a pensar que poderiam ter sido, se tivessem tido um ambiente mais harmónico.     

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