Tivemos este final de semana o Rali dos Açores, prova a contar para o Intercontinental Rally Challenge. E desde que a prova conseguiu a cobertura televisiva do Eurosport, de uma certa forma, ela conquistou-me. Está bem feita e consegue ser uma "alternativa" viável ao WRC, porque consegue ir um pouco mais além, fazendo por exemplo, classificativas à noite, durante mais dias. E grande parte dessas classificativas tem transmissão em direto na Eurosport.
Foi por isso que os organizadores do Rally de Monte Carlo decidiram, desde há uns anos para cá, fazer com que a sua prova fizesse parte desse calendário, pois de uma certa maneira, libertavam-se das grilhetas que a FIA impingia em relação aos ralis do WRC, e que para eles iria destruir o espirito do rali. E quem diz o monte Carlo, diz os outros que fazem parte do calendário, como o Rali Islas Canárias, o Rali do Chipre e o Rali da Madeira, que fazia parte neste ano, mas os problemas orçamentais e desentendimentos entre a organização e a Eurosport fizeram com que esta fosse retirada do calendário no mês passado.
Mas não foi para falar do IRC que abri este post. Foi para falar do Bruno Magalhães, o representante português neste campeonato. Esta tem sido uma temporada muito "skodiana", com os pilotos da marca checa a dominarem os primeiros lugares. O finlandês Juho Hanninen domina quando pode - e arrisca-se a vencer de novo o IRC e o SWRC - enquanto que Freddy Loix, Andreas Mikkelsen e Jan Kopecky ficam com os restos, só que esses "restos" servem para o pódio. Os unicos que podem contrariar os Skoda são os Peugeot e os Ford. Só que, ao contrário do SWRC, onde se vê mais Ford que Peugeot, aqui no IRC é mais o contrário. Bryan Bouffer, vencedor em Monte Carlo no inicio do ano, ou Bruno Magalhães, correm com carros da marca de Sochaux, modelo 207.
E ao ver aquilo que o Bruno Magalhães tem feito ao longo dos anos com o seu carro, tenho alguma pena que não tenha a sorte do seu lado, como teve em 2010, quando conseguiu ser muito regular, vencer (inesperadamente) o Rali Açores e terminar o campeonato na quinta posição. Este ano, o melhor que conseguiu foi um quinto lugar na Córsega, mas nas últimos dois ralis, a mecânica não o deixou brilhar. Em Ypres era quarto quando o motor explodiu, e agora era o unico que fazia frente aos skoda quando a sua transmissão cedeu. "Estávamos a cumprir os nossos objetivos, mostrámos bom andamento, éramos o melhor dos Peugeot, mas infelizmente tivemos de abandonar. Estava a dar-me muito gozo fazer este rali nos lugares da frente e manter aquela luta com os Skoda", afirmou Bruno Magalhães à Autosport portuguesa.
O Bruno Magalhães, bicampeão nacional, já provou que é um bom piloto. Ao andar numa categoria tão competitiva como o Intercontinental Rally Challenge, contra pilotos que ainda tem tempo para fazer uma "perninha" no WRC, como o Hanninen, acho que aposta que ele e o diretor desportivo da Peugeot Sport Portugal, Carlos Barros, na internacionalização é uma aposta ganha. Desde 2010, ano em que entraram nisto a tempo inteiro, a sua regularidade é boa, e a sua capacidade para vencer corridas e contrariar o dominio dos Skoda - quando o carro colabora - está mais do que provada.
Apesar de agora não terem aparecido os criticos do costume e os "campeões da Playstation" - arranjaram outro "saco de pancada" - , estes infelizmente já apareceram no passado, pedindo algo que ele não o é: um "win or wall". É bom naquilo que o faz e espero que o seu periodo de azar acabe logo, para provar que o seu décimo lugar na geral é absolutamente enganador. Força Bruno!