Uma semana depois de Paul Ricard e o GP de França, a formula 1 atravessava o Canal da Mancha (onde já se planeava a construção de um túnel ferroviário por baixo...) para o condado de Kent, local onde se situava o circuito de Brands Hatch, palco do GP de Grã-Bretanha, como acontecia habitualmente em anos pares.
Não havia modificações no pelotão da Formula 1, que observava nesse final de semana algumas coisas importantes Primeiro que tudo, um dos seus pilotos alcançava a marca de Graham Hill, de 176 Grandes Prémios. Era o veterano Jacques Laffite, do alto dos seus 42 anos de idade, e continuava a ser competitivo no seu Ligier-Renault Turbo. E para adicionar à festa, a Ligier anunciava um acordo com a Alfa romeo para que fornecesse motores para as três temporadas seguintes.
Mas também nesse final de semana de Grande Prémio, o público aplaudia de pé o regresso de uma personagem importante da Formula 1, que era Frank Williams. Paralisado da cintura para baixo, com limitações bem grandes ao nível das mãos e braços, Frank Williams parecia lúcido e determinado como sempre para cuidar da equipa, com o seu sócio Patrick Head. E tinha de ser: uma das suas rivais, a Lotus, negociava a aquisição de motores Honda, e não se sabia se os japoneses iriam fornecer a uma segunda equipa. E na Brabham, decidiu-se "ressuscitar" o chassis BT54 para Riccardo Patrese, como forma de o comparar ao chassis BT55 conduzido por Derek Warwick.
Provavelmente inspirados no regresso do seu patrão, os Williams dominaram na qualificação. Nelson Piquet foi melhor do que Nigel Mansell e monopolizaram a primeira fila da grelha. Na segunda fila ficaram o Lotus-Renault de Ayrton Senna e o Benetton-BMW de Gerhard Berger, enquanto que na terceira estavam os McLaren-TAG Porsche de Keke Rosberg e de Alain Prost. Teo Fabi, no segundo Benetton-BMW, era o sétimo na grelha, seguido pelo Ligier-Renault de René Arnoux, e a fechar o "top ten", estavam o Brabham-BMW de Derek Warwick e o segundo Lotus-Renault de Johnny Dumfries.
Quanto a Jacques Laffite, estava a ter um mau fim de semana: um injector de gasolina rebentado na sexta-feira, uma colisão com o McLaren de Keke Rosberg - seu ex-companheiro na Williams - na Curva Druids no Sábado, o fez com que conseguisse apenas o 20º tempo na grelha de partida. Mas o pior estava para vir...
No dia da corrida, o sol batia forte na pista e o circuito estava cheio de espectadores que queriam ver os seus pilotos levarem a melhor. E quando os carros largaram para a primeira das 75 voltas ao circuito, Mansell sai mal e Piquet aproveita bem para ficar na liderança, enquanto que o britânico era sétimo na passagem pelo Paddock Hill Bend e parecia que o seu carro tinha ficado encravado em segunda velocidade.
Mas mais atrás, havia desastre: o belga Thierry Boutsen perde o controle do seu Arrows, ricocheteia no muro e volta à pista quando passa a cauda do pelotão. Ali, leva em cheio com o Zakspeed de Jonathan Palmer e imediatamente a seguir houve uma carambola, envolvendo o outro Zakspeed de Huub Rothengarter, os Minardi de Alessandro Nannini e Andrea de Cesaris, Osella de Piercarlo Ghinzani e Alan Berg, o outro Arrows de Christian Danner. Jacques Laffite, trancado pelo Ferrari de Stefan Johansson á sua esquerda, acaba por bater em cheio no muro de proteção, desfazendo o seu carro e quebrando ambas as pernas ao piloto francês.
A corrida é logo interrompida, enquanto que os paramédicos correm para tirar Laffite do seu carro e levá-lo para o hospital. Aquela que iria ser a sua 176ª largada acabaria por ser a sua última, pois não voltaria mais a correr na categoria máxima do automobilismo. Interrompida durante 75 minutos, para reparar os carros danificados e para fazer regressar o helicóptero que tinha levado o piloto francês para o hospital, quando tudo ficou pronto para a segunda partida, para além do carro de Laffite, os Osella e o Arrows-BMW de Danner acabaram por não participar.
Entre as duas largadas, Nigel Mansell saltou para o carro de reserva, e isso foi determinante para o resto da sua corrida. Mas não na partida, porque quando aconteceu, foi ultrapassado por Piquet e Berger. Contudo, recuperou uma posição quando passou o piloto da Benetton no final da primeira volta e partiu em perseguição de Piquet. Atrás, Senna era quarto, com Rosberg e Prost atrás dele. Poucas voltas depois, Rosberg desiste com problemas de caixa e o quinto posto é do piloto francês, seguido pelo Ferrari de Michele Alboreto.
Pouco depois, Piquet - que tinha trocado cedo de pneus - falha uma marcha e Mansell aproveita a oportunidade para o passar, para delirio da multidão. E isso tudo foi antes de Berger e Senna desistirem em duas voltas, o primeiro devido a falha elétrica, o segundo devido à avaria da caixa de velocidades. Assim, o terceiro lugar caiu nas mãos de Alain Prost.
As três primeiras posições já estavam encontradas, bastava agora a Mansell gerir a vantagem. Mas em vez disso, acelerou bastante para escapar de Piquet, que não desistia de o atacar na liderança. Ambos conseguiram o suficiente para elaborar um dominio na pista tal que apenas Piquet ficou na mesma volta do que ele, já que Prost levou uma volta.
No final, Mansell levou a melhor e conseguiu a sua segunda vitória consecutiva, e curiosamente, conseguiu-a nove meses depois de ter vencido aqui pela primeira vez, então como GP da Europa. Piquet foi o segundo e Prost o terceiro. Nos restantes lugares pontuáveis ficavam o Ligier de René Arnoux, uma boa posição apesar do acidente do seu companheiro, e os Tyrrell de Martin Brundle e Philippe Streiff.
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2 comentários:
Piquet foi o pole-position, certo?
O Piquet foi pole. Já corrigi o erro.
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