A Formula 1 já tinha fama antes dos americanos tomarem conta do negócio. Pelo menos em certos lugares. Agora que eles chegaram, a Liberty Media não só arranjou novos lugares, na América e no Médio Oriente, como conseguiu atrair ainda mais gente para assistir às corridas, apesar de nesta temporada, Max Verstappen dominar tudo de fio a pavio. Aliás, hoje parecia que as chances de se aproximar fortemente do título começavam a desenhar-se agora. Nada que não soubéssemos, mas sabia-se que agora eram os momentos decisivos, aquilo que já imaginamos há muito irá acontecer, e a nossa ansiedade aumenta.
E até teria graça se ali, no Japão, se decidisse tudo. Claro, os espectadores eram imensos: 222 mil ao longo do fim de semana. Mas na realidade, o que se iria decidir era o título de pilotos. Bastawa que a Red Bull conseguisse mais quatro pontos que a Mercedes e o título era deles, renowado depois de o terem ganho em 2022.
O dia da corrida tinha calor na atmosfera e no asfalto - mais de 40ºC - e por causa disso, alguns até arrancavam com moles para se distanciarem o mais que pudessem antes de trocar para duros, o que significava que as chances de fazerem três paragens eram reais.
Quando as luzes foram desligadas, Piastri desafiou Max ao ponto de Norris ter ficado lado a lado do neerlandês. Até à curva, desafiaram o neerlandês, mas ele se manteve na liderança. Atrás, Sérgio Pérez e Lewis Hamilton tocaram-se, começando uma reação em cadeia, que afetou o Williams de Alex Albon, os Sauber Alfa de Baltteri Bottas e Guanyou Zhou. Isso foi o suficiente para que a organização decidisse por uma entrada do Safety Car.
Com isso, um dos que ganharam muito na partida foi Fernando Alonso, que agora é sexto, partindo de décimo, e estando na frente dos Mercedes e dos Alpha Tauri. Em contraste, Checo ia para as boxes trocar de nariz, colocando pneus duros e esperando que aguentasse o mais tempo possível, eesprando que subisse o maior número de lugares possível.
A corrida recomeça na volta 5, com Max a tentar distanciar-se dos McLaren, com Norris na frente de Piastri, seguido dos Ferrari, com Alonso a pressionar o seu compatriota Sainz Jr. Atrás, Hamilton passava Russell, que era pressionado por Lawson, que era nono. E Bottas era último, depois de ser tocado pelo Williams de Sargent, na travagem para o hairpin. O americano foi tocado, mas era o último, porque o finlandês desistiria no final da volta 9.
Logo a seguir, nova penalização para Checo, por ter infringido algumas regras, e com isso, a sua recuperação parece que será ainda mais complicada. A partir da volta 11, as primeiras paragens para os que tinham calçado os moles, começando pelos Alpha Tauri, que regressavam com médios.
Na volta 13, Pérez, de tão apressado que estava para passar o Haas de Kevin Magnussen, que danificou novamente o seu nariz e teve de ir às boxes, e por causa disso, os danos na pista lá estavam, suficientes para um Safety Car Virtual, bom para alguns irem às boxes, como o McLaren de Piastri. Pouco depois, Checo acabou por retirar, a conselho das boxes.
Max ia trocar de pneus na volta 17, logo antes de Hamilton, e na volta seguinte, Norris e Leclerc foram também trocar pneus, com o piloto da McLaren com duros e o da Ferrari, com médios. E na volta 19, Sainz Jr e Gasly também iam às boxes, com o espanhol a ter os mesmos pneus do seu companheiro de equipa, e o francês com duros. Entre os da frente, apenas Russell ainda não tinha ido às boxes. Alonso, que já tinha ido às boxes mais cedo, estava agora à frente do filho de El Matador. Mas ele passou-o na volta 20, na entrada da Spoon. Pouco depois, passou Gasly para ser sexto.
Entretanto, enquanto Hamilton passou Alonso na 130R, e mais adiante, passou Esteban Ocon para ser sétimo, Lance Stroll tornava-se na terceira retirada da corrida. Estava a ser uma corrida entretida, excepto na frente, que já sabemos quem lá estava. Por exemplo, George Russell aguentou com os médios até à volta 25, altura em que trocou para duros e discretamente, Sargent era o quarto carro a ser retirado da corrida, três voltas antes do seu companheiro de equipa, Alex Albon, ter o mesmo destino.
Na frente, por alturas da volta 31, Max já tinha 14 segundos de vantagem sobre Norris, que tinha Piastri não muito longe. E os McLaren queriam saber se o Russell poderia ficar na pista tempo suficiente para os passar ou não. Afinal de contas, a chance de um pódio duplo para os pupilos de Woking era bem possível.
Na volta 35, Gasly e Hamilton trocavam de pneus pela segunda vez, e nesta altura, apenas os seis primeiros tinham feito uma troca. O primeiro dos "top cinco" a ir às boxes foi Piastri, regressando em quinto e mantendo os duros. A mesma coisa aconteceu a Norris na volta seguinte e a Max e Leclerc, na volta 38. Sainz Jr foi na 39. Com todos já a fazerem as suas trocas, excepto Russell, Piastri estava agora na traseira do Mercedes, querendo passá-lo para ser terceiro. Conseguiu na volta 42.
Na parte final da corrida, enquanto Russell lutava inutilmente contra Leclerc para manter o quarto posto - o monegasco passou na volta 45 - o inglês pretendia ir até ao fim com o mesmo jogo de pneus, acabado por ser apanhado por, primeiro, Hamilton, e depois por Sainz Jr. Se a troca entre companheiros foi ordenada para tentar evitar que o espanhol o passe, isso não aconteceu, porque a tal degradação já era grande. Mas se a intenção era que Hamilton ficasse na frente de Sainz Jr, as coisas até deram certo.
Claro, enquanto isso acontecia, Max guiava calmamente para a meta no primeiro posto, preparando para sair de terras japonesas com... 400 pontos, e graças às asneiras de Checo, arriscando a ganhar na corrida seguinte, no Qatar... e num sábado!
Apesar de tudo, valeu a pena levantar de madrugada ver uma corrida destas.