segunda-feira, 25 de setembro de 2023

A(s) image(ns) do dia (II)





Há 40 anos, a Formula 1 corria em Brands Hatch. E não era para correr ali, inicialmente. Se tudo corresse como o plano, estariam nas ruas de Nova Iorque, mostrando-se perante Manhattan e o resto da América, numa tentativa de Bernie Ecclestone para seduzir os locais. Que não conseguiu.  

Como o cancelamento foi "tão em cima da hora" e a próxima corrida só aconteceria a meio de outubro, a alternativa foi correr numa segunda corrida em paragens britânicas e dar o nome de "Grande Prémio da Europa", e ainda por cima, numa altura onde existia um duelo a quatro prlo título mundial entre o Brabham de Nelson Piquet, o Renault de Alain Prost, e os Ferrari de René Arnoux e Patrick Tambay

Mas claro, poderiam acontecer algumas coisas. Alguns "outsiders" que poderiam "baralhar e voltar a dar". E um bom exemplo aconteceu nesse fim de semana com a Lotus, quando, inesperadamente, conseguiram uma pole-position com Elio de Angelis ao volante, bem como uma grande corrida de Nigel Mansell, que o colocou no pódio, mostrando uma rara luz de sol em tempos atribulados, na casa de Hethel. 

A história é relativamente conhecida. Meses antes, a 16 de dezembro de 1982, Colin Chapman sofria um ataque cardíaco fatal, numa altura em que se construía o modelo 92, e se fazia a transição para os motores Renault turbo. E ainda por cima, Chapman estava a pensar na sua derradeira ideia, a suspensão ativa. Com tanta coisa em mãos, houve algo que ficou para trás, e a temporada começou a ser um desastre. A meio do ano, Peter Warr, que ficou no lugar de Chapman, decidiu contratar o francês Gerard Ducarouge, recém-despedido da Alfa Romeo por causa das tensões que tinha com Carlo Chiti - e tinha desenhado o 183T - e em poucas semanas, fez o 94T. Um carro simples e sem complicações como a suspensão ativa - só colocariam em 1987.

O carro estreou-se em Silverstone e Mansell conseguiu um meritório quarto lugar, depois de ter partido de 17º. A partir dali, começou a pontuar frequentemente, com dois quintos lugares, um para Mansell na Áustria e outro para De Angelis em Itália. E em Brands, a Lotus colocou Mansell em terceiro, com Riccardo Patrese entre eles. E tinham deixado para trás Nelson Piquet, os Renault e os Ferrari. 

Aliás, os 15 primeiros nessa grelha eram apenas motores Turbo. Keke Rosberg era o melhor dos Cosworth, e com um atraso de... 2,8 segundos. 

Na partida, os Lotus foram surpreendidos por Patrese, que decidiu ser a "lebre", enquanto De Angelis perseguia-o. Ambos bateram na volta 11, com consequências: o italiano da Brabham continuou, com danos - ficou fora dos pontos, em sétimo - e o italiano da Lotus desistiu por causa de danos na bomba de combustível. Mansell, entretanto, não estava a dar-se bem com os Pirelli e tinha caído para sétimo, com o comando nas mãos de Piquet.

Entretanto, entre os candidatos, as sortes eram diferentes. Arnoux despistou-se na volta 20 e caiu para o fundo do pelotão, Piquet liderava, mas quando foi às boxes, teve um problema com uma das rodas e perdeu tempo. Com isso, Prost se aproximou, mas não ameaçou. Pior sorte teve Tambay, que era terceiro, mas na parte final começou a ter problemas com os travões e despistou-se, não sem antes ter sido passado por um Mansell que, por fim, tinha melhores pneus e mostrava toda a sua velocidade.

Como em Silverstone, teve compensação, mas melhor: um pódio e volta mais rápida. O primeiro grande fim de semana da equipa depois da morte de Colin Chapman. Parecendo que não, mas era o inicio do último grande ponto alto da Team Lotus.       

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