terça-feira, 26 de setembro de 2023

A(s) image(ns) do dia






O GP de Portugal de 1993 por ter sido o palco de muita coisa. Pela primeira vez, um piloto português corria ali - Pedro Lamy, infelizmente, a corrida não acabou bem... - Michael Schumacher ganhou, numa vitória "consentida" por um Alain Prost, que ali, conseguia por fim o seu quarto título mundial e iria anunciar a sua retirada - tinha-o feito antes, na sexta-feira - e as asneiras de Gerherd Berger, cujo carro decidiu ter vida própria à saída das boxes e quase acabou muito mal, porque falhou por milímetros o Footwork-Arrows de Derek Warwick.

Mas desse fim de semana no Estoril, que faz agora 30 anos, decidi falar de um regresso: o dia em que Mika Hakkinen reentrou na competição. Em 1993, o piloto finlandês era uma promessa. Tinha chegado à Formula 1 em 1991, pela Lotus, e conseguira alguns bons resultados, embora sem chegar ao pódio: 11 pontos na temporada de 1992. Foi o suficiente para a McLaren o contratar, em principio, ao lado de Michael Andretti

Contudo, Ayrton Senna não se decidia entre ficar e sair da equipa - e da Formula 1, chegando a namorar a CART - e Mika ficou relegado para a função de terceiro piloto, pegando no carro para sessões de testes e desenvolvimento. Chegou a pegar no carro com motor Lamborghini - que detestou - e o facto de conseguir ser um elemento de equipa, aliado aos maus resultados de um Michael Andretti que nunca se adaptou à equipa e à vida da Formula 1, o fez pensar que iria ter uma chance, mais tarde ou mais cedo.

Apesar do pódio de Andretti em Monza, poucos dias depois, ele é dispensado da equipa, dando a chance que o finlandês queria para se mostrar. Com os Williams aparentemente inalcançáveis, pelo menos em termos de qualificação, o duelo era interno. Se batesse Ayrton Senna, ficaria bem impressionado na equipa. E assim foi quando no sábado, conseguiu 1.12,443, contra os 1.12,491 do brasileiro, deixando-o espantado. Quando lhe perguntou como conseguira - Mika era 4 km/hora mais rápido na curva 1 - respondeu que tinha "bigger balls", e que Senna precisava de os ter ainda maiores para o bater.  

Mas como ele era finlandês, toda a gente sabe que tinha "sisu". Que é o "bigger balls", na língua dele.  

No dia da corrida, teve um pouco de tudo. Damon Hill, o poleman, não conseguiu sair do seu lugar e foi obrigado a largar do fundo da grelha, ganhando um lugar, mas na partida, apesar de ter batido Prost, o primeiro lugar na primeira curva pertencia ao Ferrari de Jean Alesi, que partia de quinto para ficar com o comando da prova. Senna conseguiu passá-lo no final da primeira volta, mas ao longo da corrida, o duelo que teve para conseguir um lugar no pódio foi com o francês da Ferrari. Foi uma corrida de velocidade entre os dois, e ambos foram às boxes na mesma volta, saindo ao mesmo tempo. O finlandês tentou ser sempre melhor que o francês, mas a potência do motor Ferrari colocava-os de igual para igual, e o duelo agitou as bancadas. 

Pelo meio, o motor de Senna rebentou, e Prost ia-se embora do pelotão, graças a uma melhor estratégia no jogo de pneus. 

Mika parecia que ia para um pódio - que seria bem merecido, mas na volta 33, um excesso na parabólica colocou-o na berma na meta, arrancou a sua asa e a corrida acabou por ali.  Foi pena, mas anos depois, ele contou que a sua chegada o fez despertar o brasileiro, que acabou por arranjar vontade para vencer, catapultando para o final de temporada que acabou por ter.   

Sem comentários: