Em 1968, McLaren começava a construir a sua equipa de competição, com chassis para a Formula 1, Formula 2 e Can-Am, mas nesta Tasman Series de 1968, ele corrida para a equipa oficial da BRM, dado que ainda tinha problemas para fazer chassis vencedores na Formula 1, e ele usava motores desta marca nos seus carros durante a temporada anterior. Aliás, foi nesse conjunto McLaren-BRM que Dennis Hulme participara no GP sul-africano, no Ano Novo.
Num circuito situado no extremo sul da South Island, os treinos começaram sem os BRM presentes - só chegariam no dia da qualificação - e com Clark a não querer forçar muito o seu motor, que seria o único do fim de semana para ele. Nos treinos, Clark e Amon marcaram o mesmo tempo, mas o neozelandês foi o primeiro a fazê-lo, logo, a pole foi dele. Para piorar as coisas, o escocês teve um problema e despistou-se, ficando por ali para o resto da sessão. Gardner foi o terceiro, seguido pelos BRM, com Rodriguez a ser melhor do que McLaren.
O dia da corrida amanheceu com mau tempo e chuva. Com uma corrida preliminar de dez voltas, onde o motor de Amon não funcionou e Clark ganhou com sobras, na partida da corrida próriamente dita, agora com tempo seco, Clark também largou bem, superando Gardner e McLaren, com Amon a ser sexto, atrás de Rodriguez. O escocês foi-se embora do pelotão, com uma diferença de 3,3 segundos ao final da terceira volta, com Amon a subir para terceiro, depois de superar Gardner e ter apenas McLaren na sua frente. Ele ultrapassou-o na sétima volta, mas por esta altura, Clark já tinha uma vantagem de sete segundos, que o alargou para 10,2 no final da décima volta.
Contudo, o tempo voltou a fazer das suas e na volta 17, a chuva começou a cair. Nessa altura, os pilotos não paravam para trocas de pneus, pois eles serviam para todas as ocasiões, mas as distâncias ficaram estáticas entre os pilotos. Rodriguez desistiu na volta 21 devido a problemas de motor, e Hulme atrasou-se devido a problemas num das valvulas do seu motor.
Mas o tempo fazia das suas. Amon e Gardner despistaram-se e perderam tempo, fazendo com que McLaren ficasse no segundo posto, mas bem distante de Clark. Contudo, na volta 53, o escocês teve problemas com o seu acelerador e também se despistou, indo para as boxes e perdendo o suficiente para ficar sem a liderança. McLaren, inesperadamente, via-se na liderança e acabou por ser o vencedor, dez segundos na frente de Clark e Gardner, todos na mesma volta do vencedor. Amon foi quarto, na frente de Courage e Hulme.
E com isto, terminavam as corridas na Nova Zelândia, com Amon a liderar com 27 pontos, contra os 15 de Clark e Courage, os 11 de McLaren e os 10 de Gardner. Dali a duas semanas, máquinas e pilotos estavam na Austrália para fazer as quatro provas seguintes, em quatro fins de semana seguidos.
AUSTRÁLIA: DUPLO LOTUS EM SURFERS PARADISE
Chegados à Austrália, havia novidades no pelotão. Graham Hill juntava-se a Clark na Lotus, para o ajudar a ver se conseguia chegar ao campeonato, enquanto que na BRM, Bruce McLaren era substituido por Richard Attwood. No lado da Ferrari, Amon continuava sozinho, mas tinha um novo motor, melhorado e capaz de fazer frente aos Lotus e BRM, que ameaçavam a sua liderança. Daí ele precisar de vencer pelo menos mais uma corrida para que as coisas ficassem complicadas para a concorrência. Mas não iria ser fácil.
Este ano, o GP da Austrália iria ser em Sandown, dali a duas semanas, pois antes, eles iriam estar em Surfers Paradise, na Gold Coast. Os locais neozelandeses davam lugar aos locais australianos, e pilotos como Frank Matich ou Leo Geoghegam faziam companhia a Frank Gardner.
Nos treinos, Courage começou a marcar um tempo de 1.11,7 no seu McLaren, batendo o recorde de Gardner, estabelecido no ano anterior, mas depois Amon pulverizou-o, colocando-o em 1.09,7. Clark conseguiu apenas 1.09,9, enquanto que Hill fez 1.10,3. Nos bastidores, havia polémica: os novos regulamentos em termos de cores nos carros não estavam de acordo com os regulamentos locais, e a organização exigia que fossem repintados ou os seus patrocinadores fossem tapados, o que ia em contradição com os regulamentos... da FIA. A Lotus e a BRM chegaram a ser barrados de entrar na pista, mas depois de muita discussão e algumas multas, ambas as equipas foram permitidas na pista.
Na partida, Clark conseguiu passar Amon e Courage, enquanto que Hill ficou-se pelo quarto posto, atrás do piloto da McLaren. Pouco depois, Courage vai ter problemas de motor e cairá quatro posições.
Nas voltas seguintes, a diferença entre os três primeiros é de dois segundos, mas na volta 11, Clark excede-se numa curva e deixa Amon passar. Contudo, contra-ataca e fica com o primeiro posto algumas curvas depois. Por esta altura, Courage já era quarto, a apanhar Hill, e na volta 19, seria terceiro classificado. A luta entre os dois primeiros andava boa até à volta 24, quando o motor de Amon explode, deixando Clark a respirar bem melhor.
Assim, Courage era agora segundo, mas na volta 28, o motor começava a tossir o que não devia, e sofreu um pião que o fez perder tempo, sendo passado por Hill e Geoghegam. Ele acelerou o seu McLaren e em quatro voltas, assegurou o lugar mais baixo do pódio, atrás dos dois Lotus.
Com este resultado, Clark fazia nove pontos bem importantes no campeonato, reduzindo a distância para meros três pontos (27 contra 24) e fazendo com que o campeonato estivesse ao rubro. Courage era terceiro, com 19 pontos, mas estava dependente dos azares dos pilotos da frente para marcar pontos importantes para o campeonato.
Agora, era Warwick Farm que estava diante deles.
(continua amanhã)