sábado, 7 de março de 2020

Youtube Racing: O ePrix de Marrakesh, na íntegra

Uma semana depois da vitoria de António Félix da Costa em Marrakesh, que lhe deu a liderança do campeonato, coloco aqui a corrida na íntegra, desde o duelo com Max Gunther até à distanciamento para com a concorrência, enquanto o piloto alemão da BMW aguentou os ataques de Jean-Eric Vergne para aguentar o segundo posto.

Tem hora e meia e narração em inglês. 

Endurance: Anunciado o calendário da próxima temporada

A FIA e o ACO acordaram nesta sexta-feira sobre o calendário da próxima temporada de 2020-21. As grandes novidades são a chegada de Monza e Kyalami ao campeonato, duas corridas que eram famosas nos anos 60, 70 e 80 do século passado, embora no caso sul-africano eram as Nove Horas de Kyalami. A prova sul-africana aparece no lugar de Xangai.

Para alem disso, o Conselho Mundial de FIA aprovou também os princípios gerais para a convergência entre os Hypercars e os LMDh, os protótipos que tem por base o próximo regulamento da americana IMSA SportsCar Championship. O equilíbrio de performances em ambas as classes será alcançado através das unidades de potência, características aerodinâmicas e peso, de modo a que a competitividade entre as duas classes seja equiparada.

Assim sendo, eis o calendário da próxima temporada: 

5 de Setembro de 2020 - Seis Horas de Silverstone
4 de Outubro de 2020 - Seis Horas de Monza
1 de Novembro de 2020 - Seis Horas de Fuji
5 de Dezembro de 2020 - Oito Horas de Bahrain
6 de Fevereiro de 2021 - Seis Horas de Kyalami
19 de Março de 2021 - 1000 Milhas de Sebring (8 horas)
24 de Abril de 2021 - Seis Horas de Spa-Francorchamps
12-13 de Junho de 2021-  24 Horas de Le Mans

sexta-feira, 6 de março de 2020

Motores e o coronavirus: As novidades do dia 6

A primeira grande novidade do dia foi o anuncio do adiamento do ePrix de Roma, que estava previsto para o dia 4 de abril. A decisão foi tomada depois do agravamento da epidemia em terras italianas, onde até hoje tinha confirmado 3858 casos, com 149 mortes. Este adiamento surge um dia depois do governo italiano ter decidido que todos os eventos desportivos do país seriam realizados à porta fechada até dia 3 de abril de forma a conter o surto do vírus CoVid-19, o nome técnico do coronavirus.

Como consequência de emergência médica em Itália e de acordo com as previsões ministeriais do país, a Fórmula E, em concordância com as autoridades de Roma, o EUR S.p.A, a FIA e o Automobile Club d´Italia, decidiram não correr nesta data e tentar remarcar para data posterior o Roma E-Prix. Todos os portadores de bilhete serão contatados através dos canais apropriados nos próximos dias.”, diz o comunicado oficial.

Agora, com o cancelamento da ronda de Sanya, que estava inicialmente previsto para o dia 21 de março, existe um "buraco" de sete semanas até à ronda de Paris, previsto para o dia 18 de abril, mas mesmo essa corrida, bem como a ronda de Seoul, estão sob ameaça. A Coreia do Sul é o segundo pais com mais casos, depois da China - tem declarados 6593 casos, com 42 mortes confirmadas - e a França já tem neste momento 577 casos e nove mortes, sendo o segundo país com mais casos registados, bem distante da Itália.

Contudo, a organização da Formula E está a pensar em alternativas, como por exemplo a montagem de um circuito em Valencia, numa versão do Ricardo Tormo, local dos testes coletivos anuais.  

Entretanto, na Formula 1, Ross Brawn, um dos seus dirigentes, afirma que não estão a correr riscos desnecessários com a decisão de prosseguir o calendário tal qual como foi planeado, afirmado que não vai ser uma epidemia que vai riscar todos os planos previamente delineados.

"É um desafio no momento, e todos estamos enfrentando o desafio do coronavírus", disse Brawn, falando num evento de lançamento do novo parceiro de F1 188Bet.

Acho que o importante é tentar manter o automobilismo da maneira mais segura possível. Não podemos correr riscos desnecessários, mas não podemos simplesmente desligar completamente. Quero dizer, se toda a economia fechasse completamente, isso teria um impacto muito mais sério do que o coronavírus. Mas ela é uma ameaça muito séria, por isso temos que tomar as reações necessárias.”, concluiu.

Contudo, nesta sexta-feira, a organização do GP do Bahrein anunciou que iria limitar a venda de bilhetes do seu Grande Prémio, previsto para o dia 22 de março, citando razões de segurança e de saúde pública.

No seu comunicado oficial, a organização explicou:

O Circuito Internacional do Bahrein (BIC) está comprometido em realizar um Grande Prémio seguro e emocionante para fãs locais e internacionais e está trabalhando em estreita colaboração com todos os departamentos governamentais relevantes, incluindo o Ministério da Saúde e o Ministério do Interior, para atenuar a disseminação do coronavírus (COVID-19). À luz da continuação do surto global de CoVid-19, a BIC anunciou que fará uma limitação da venda de ingressos para o Grand Prix para garantir que as diretrizes de distanciamento social sejam cumpridas.", começou por afirmar.

À medida que novos fatos surgem, a BIC está em estreita comunicação com a gerência da Fórmula 1 e as autoridades de saúde do Reino para avaliar a situação em desenvolvimento e libertar novos bilhetes ou reembolsar o seu valor nominal, dependendo das circunstâncias e do aconselhamento médico atualizado.", continuou.

Esta etapa de precaução foi introduzida juntamente com várias medidas de saúde pública antes do Grande Prêmio, para garantir a segurança de todos os espectadores, equipes e equipe do circuito. Isso inclui procedimentos de triagem na entrada, instalações médicas especializadas no local, melhor saneamento no circuito, estações de lavagem de mãos adicionais, pontos de informações para ventiladores, bem como protocolos médicos específicos para gerenciar casos suspeitos de CoVid-19.

Se na China, o pior poderá já ter passado, a Europa parece que está perto do seu auge. Logo, ainda terá mais algumas semanas de inferno até que o pior passe. Até lá, a vida arrisca a paralisar-se...

Youtube Motoring Presentation: o Renault Morphoz

O Robert Llewellyn foi a Paris ver um "concept car" elétrico da Renault, o Morphoz, que a marca deveria ter mostrado no Salão Automóvel de Genebra, que como sabem, foi cancelado devido ao coronavirus. 

O carro tem um conceito interessante: ele poderá alongar-se mais alguns centímetros de comprimento, variando conforme a situação. Eis o video de apresentação, em Paris, perante convidados selecionados.

WRC: Ken Block vai ao México e à Nova Zelândia

O americano Ken Block, conhecido pelas suas "ghynkhanas", vai estar presente em pelo menos dois ralis do WRC em 2020. No México, o piloto de 52 anos participará num Ford Escort RS Cossie V2 da Hoonigan Racing, enquanto na Nova Zelândia estará a bordo de um Ford Fiesta R5. No caso neozelandês, será a estreia do piloto com um carro de ralis dessa categoria.

É muito provável que estes possam não ser só os seus únicos ralis da temporada, mais provas estão em aberto.

Block, cujo último rali no WRC foi em 2018, na Catalunha, tem andando mais no rallycross, onde em 2017 conseguiu a sua melhor posição, ao ser nono classificado, com 112 pontos. Nos ralis, o seu melhor resultado foi um sétimo lugar no Rali do México de 2013.


quinta-feira, 5 de março de 2020

Motores e o coronavirus - As novidades do dia 5

Hoje, dia 5 de março, há mais algumas novidades em relação à doença que tem vindo a espalhar rapidamente pelo mundo e do qual começa a ser controlado na China. Primeiro que tudo, o governo australiano decidiu que os controlos a estrangeiros vindos de países como Itália vão ser mais apertados, devido ao alastramento da doença. Neste momento, os italianos lidam com 3089 casos, dos quais resultaram em 107 mortes. E desses 3089 casos, 126 já estão curados e tiveram alta.

O primeiro-ministro [Scott Morrison] anunciou na sua conferência de imprensa os procedimentos e medidas de triagem para pessoas vindas de Itália”, começou por dizer Andrew Westacott, CEO da Grand Prix Corporation, à estação de rádio 3AW de Melbourne. “Acho que os responsáveis pela saúde e até o comité de segurança nacional, não levam em conta eventos mas sim o que é melhor para o o país, levando em consideração todas as informações”, continuou.

O material da Formula 1 chega entre amanhã e sábado/domingo a Avalon. Então todo o staff da Fórmula 1, incluindo as equipas sobre as quais deveríamos falar um pouco mais detalhadamente, chegam de quinta a terça-feira da próxima semana”.

Entretanto, quem decidiu não ir às três primeiras corridas do ano foi a alemã RTL, que irá fazer as suas narrações dos estúdios na Alemanha, devido às restrições das autoridades locais em relação a nacionais vindos de países onde o coronavirus tem vindo a afetar. A Alemanha tem neste momento 444 casos confirmados, sem mortes ainda. 

Entetanto, na MotoGP, o calendário foi modificado. Agora, o GP da Tailândia vai acontecer a 4 de outubro, fazendo mexer na realização do GP de Aragão em uma semana, passando para o dia 26 de setembro. Entretanto, a proposta do Conselho de Saúde local de cancelar eventos desportivos por 30 dias ainda não vai afetar nem as datas das Superbikes (SBK) em Imola, a 9 de Maio, ou o GP de Itália, em Mugello, no dia 31 de Maio. Contudo, a data do ePrix de Roma, a 4 de abril, está sob observação, se a proposta for adiante. 

Noticias: FIA respondeu às equipas sobre acordo com a Ferrari

Depois de ontem as equipas terem reagido ao acordo secreto entre a FIA e a Ferrari, respeitante à legalidade do seu motor da parte final de 2019, a entidade suprema do automobilismo respondeu esta quinta-feira, afirmando em comunicado que a FIA não tinha meios para verificar se a Scuderia tinha atuado fora dos regulamentos, apesar das suspeitas existentes por causa do fluxo de combustível. Nesse campo, aparentemente a Ferrari terá encontrado forma de aumentar o fluxo máximo permitido de forma temporária, sem no entanto ir contra os 100 quilos por hora regulamentares, e que deu a origem de toda esta polémica.

No comunicado de hoje, a FIA realça isso, afirmando também que irá fazer de tudo para proteger a competição e os seus regulamentos:

A FIA conduziu análises técnicas detalhadas sobre a Unidade Motriz da Scuderia Ferrari, como tem o direito de fazer a qualquer competidor no Campeonato Mundial de Fórmula 1 da FIA.", começa por dizer.

"As investigações extensas e completas realizadas durante a temporada de 2019 levantaram suspeitas de que a Unidade Motriz da Scuderia Ferrari poderia ser considerada como não operando dentro dos limites dos regulamentos da FIA em todos os momentos. A Scuderia Ferrari opôs-se firmemente às suspeitas e reiterou que a sua unidade funcionava sempre em conformidade com os regulamentos. A FIA não estava totalmente satisfeita, mas decidiu que novas ações não resultariam necessariamente num caso conclusivo devido à complexidade do assunto e à impossibilidade material de fornecer uma evidência inequívoca de uma violação.

Para evitar as consequências negativas que um longo litígio implicaria, especialmente à luz da incerteza do resultado de tais litígios e no melhor interesse do Campeonato e de suas partes interessadas, a FIA, em conformidade com o Artigo 4 (ii) das Regras Judiciais e Disciplinares (JDR), decidiram entrar em acordo efetivo e dissuasivo com a Ferrari para encerrar o processo.

Esse tipo de contrato é uma ferramenta legal reconhecida como um componente essencial de qualquer sistema disciplinar e é usado por muitas autoridades públicas e outras federações desportivas no tratamento de disputas. A confidencialidade dos termos do acordo de liquidação é prevista no artigo 4 (vi) do JDR.

A FIA tomará todas as medidas necessárias para proteger o desporto, assim como o seu papel e reputação como reguladora do Campeonato Mundial de Fórmula Um da FIA.”, concluiu.

A resposta foi esta, mas certos dirigentes ainda não estão muito conformados com isso, e um deles é Helmut Marko, o diretor da Red Bull. O ex-piloto austríaco acredita que a Ferrari escapou a uma pena mais severa, que para ele seria justo, caso se confirme que houve irregularidade por parte da Scuderia. E avisou que poderia processar, caso se repita a gracinha.

É um valor de dois dígitos a menos se terminar em terceiro vez em de segundo. Não é apenas a distribuição, mas também estão em causa os nossos contratos de patrocínio. Se eles realmente fizeram batota, 10 ou 20 milhões seria muito barato”, começou por dizer. “Se a Ferrari agora faz pesquisas sobre combustíveis alternativos para a FIA, isso lhes dá uma vantagem de experiência sobre todos os outros”, continuou.

Desta vez, aderimos à campanha iniciada pela Mercedes. Mas, no futuro, consideraremos as nossas opções e defenderemos nossos direitos à nossa maneira”, concluiu.

quarta-feira, 4 de março de 2020

Youtube Formula 1: A entrevista a Daniel Ricciardo


A semana e meia do arranque do mundial da Formula 1, o seu canal no Youtube decidiu fazer uma entrevista exclusiva a Daniel Ricciardo, piloto da Renault. A entrevista é feita por Will Buxton e ali, fala da sua carreira, das suas ambições e o seu estilo fora das pistas.

Motores e o coronavirus - As novidades do dia 4

Hoje, dia 4 de março, os eventos que estão a ser modificados por causa do coronavirus estão a aparecer em catadupa, mostrando que a situação, apesar de estar controlada em alguns locais, especialmente na China (dos mais de 94 mil casos declarados, 51 mil estão curados), continua sem controlo noutros lugares, porque a epidemia ainda está no seu começo e ainda não alcançou o auge. 

E um desses países que está nessa fase é a Itália, país que tem jais casos na Europa. Ontem à noite, um conselho cientifico italiano recomendou ao governo para que cancele todos os eventos desportivos durante trinta dias. O primeiro ministro Conte ainda não se pronunciou sobre esse caso, mas o ePrix de Roma acontece no dia 4 de abril, daqui a precisamente... um mês. Para já, o governo decidiu apenas manter fechadas as escolas, e alargou esse encerramento às universidades, não só das zonas afetadas como a Lombardia, como de outros lugares onde a pandemia ainda não foi atingida de maneira mais forte.  

Entretanto, esta quarta-feira, o WTCR, o Mundial de turismos, decidiu cancelar os dois dias de testes que tinha marcado para os dias 24, 25 e 26 de março, no circuito espanhol de Motoland Aragon, devido ao surto, que em Espanha já anunciou 213 casos, com uma morte confirmada. A Eurosport Events, promotora da competição, tomou a decisão para evitar qualquer risco desnecessário à saúde dos envolvidos - pilotos, equipas, fornecedores, membros dos media e da comunidade em geral.

Eles afirmam que um teste de substituição acontecerá antes da ronda inaugural, no Hugaroring, que acontecerá no fim de semana de 24 a 26 de abril.

Também hoje, a FIA, através de Ross Brawn, já veio a público dizer "ou vão todos, ou não vai ninguém", ou seja, vão defender a Ferrari e as outras equipas.

Se uma equipa é impedida de entrar num país, não podemos ter uma corrida”, disse Brawn em declarações captadas pela Reuters. “Obviamente, se uma equipa fizer a escolha para não ir a uma corrida, a decisão é deles. Mas se uma equipa é impedida de ir a uma corrida por causa de uma decisão do país, é difícil ter uma competição justa”.

É uma situação muito séria, então não quero subestimá-la”, reconheceu. “Mas estamos a tentar fazer corridas. Temos que fazê-las de forma responsável. Estamos minimizando o número de pessoas no paddock, solicitando às equipas que enviem um número mínimo de pessoas necessárias para uma corrida”, concluiu.

Logo, com o Bahrein e o Vietname a colocar barreiras à entrada de italianos aos seus países, são colocados com este dilema: ou abrem excepções, ou decidem cancelar as corridas, em nome da saúde pública. 

Vivemos tempos interessantes

Noutros tempos ditos... mais "normais", o comunicado da Mercedes, libertado esta manhã, poderia ter colocado a Formula 1 em pé de guerra. Mas estes não são tempos normais, graças à epidemia do coronavirus. Neste momento, o CoVid-19, o termo técnico da doença, que está a colocar o mundo de pernas para o ar no final deste inverno no Hemisfério Norte, está a condicionar as movimentações das equipas e a complicar ainda mais uma logistica que, já de si, é complicada. É por isso que os cancelamentos poderão acontecer em cima do acontecimento.

E para piorar as coisas, um dos focos principais desta epidemia é a Itália. Sede da Ferrari, Alpha Tauri e parte da Haas. Para além da Pirelli, a fornecedora de pneus. Alguns dos países que recebem o calendário da Formula 1, como o Bahrein e o Vietname, já disseram que não receberão voos de Itália, e os seus nacionais, ou quem tenha passado por Itália nas duas semanas anteriores, ficarão em quarentena. Se nos contratos que as promotoras assinam com a FOM há uma cláusula mínima de equipas e carros a alinharem, a FIA, através de Ross Brawn, já veio a público dizer "ou vão todos, ou não vai ninguém", ou seja, vão defender a Ferrari e as outras equipas.

Se uma equipa é impedida de entrar num país, não podemos ter uma corrida”, disse Brawn em declarações captadas pela Reuters. “Obviamente, se uma equipa fizer a escolha para não ir a uma corrida, a decisão é deles. Mas se uma equipa é impedida de ir a uma corrida por causa de uma decisão do país, é difícil ter uma competição justa”.

É uma situação muito séria, então não quero subestimá-la”, reconheceu. “Mas estamos a tentar fazer corridas. Temos que fazê-las de forma responsável. Estamos minimizando o número de pessoas no paddock, solicitando às equipas que enviem um número mínimo de pessoas necessárias para uma corrida”, concluiu.

É verdade que a FIA vai ser solidária com as equipas afetadas, mas... e as equipas? Uma das que assinou o acordo a contestar a Ferrari está em Itália, mas outra das equipas que não assinou, a Sauber-Alfa, tem a sua sede na Suíça. Abandonar uma delas à sua sorte poderá causar alguns embaraços evidentes, e claro, não ajudaria à união e solidariedade da competição. E ainda por cima, lá vêm as declarações, velhas, com mais de década e meia, de que a FIA significa "Ferrari International Assistance". Logo, as coisas não são tão simples assim...  

Isso vai colocar um dilema: abrem excepções ou decidem pelo lado mais radical? O Qatar não teve problema algum em cancelar a Moto GP, e a Moto2 e Moto3 só acontecerão porque as equipas estavam ali em testes. E o GP da Tailândia, também em MotoGP, foi também adiado para setembro. Isso quer dizer que, por exemplo, Bahrein e Vietname, que tem politicas restritas de circulação de pessoas para conter o CoVid-19, poderão usar essa carta como último recurso, porque o limite mínimo está prestes a ser alcançado. A corrida barenita acontece uma semana depois da australiana, bem abaixo do limite mínimo. Ou seja, é um "cliffhanger" ao bom estilo das séries de televisão, no final de cada temporada.

Vivemos tempos interessantes, diriam os chineses. A nossa vida, dita normal, está a ficar de pernas para o ar, e há mais perguntas que respostas. As soluções radicais estão à vista, e ninguém as quer tomar, porque implicam que abandonamos a normalidade. E ninguém quer arcar com a responsabilidade. É por isso que por estes dias digo que, o que hoje é verdade, amanhã poderá ser mentira.  

As equipas contestam o acordo entre FIA e Ferrari

O ruído de fundo já tinha alguns dias, mas todas estas "estórias" sobre o coronavirus desfocaram o episódio. Agora, esta manhã, o comunicado da Mercedes - e assinado por mais seis equipas - diz tudo: o acordo confidencial entre a FIA e a Ferrari sobre o motor de 2019 deixou-as “surpresas e chocadas”, cobram lisura da entidade que regula o automobilismo, liderado por Jean Todt, ameaçando entrar na justiça para pedir uma “reparação legal”.

"Nós, as equipas abaixo assinadas, ficamos surpresas e chocadas com o comunicado da FIA de sexta-feira, 28 de fevereiro, a respeito da conclusão da investigação da unidade de potência da Ferrari na Fórmula 1”, começa por dizer o comunicado. 

Uma entidade reguladora desportiva internacional tem a responsabilidade de agir de acordo com os mais altos níveis de integridade e transparência. Após meses de investigações promovidas pela FIA, feitas apenas após pedidos de outras equipas, nós questionamos fortemente a chegada a um acordo confidencial entre FIA e Ferrari para encerrar esse assunto”, continua. 

Dessa forma, afirmamos publicamente nosso compromisso em perseguir uma explicação completa e apropriada sobre essa questão, garantindo que nosso desporto trate todos competidores de forma justa e igual. Fazemos isso pelos fãs, participantes e acionistas da Formula 1. Por fim, nos reservamos o direito de buscar reparação legal de acordo com o processo da FIA e frente aos tribunais competentes", concluiu.

Para além da Ferrari, os únicos que não assinaram o comunicado foram a Sauber Alfa e a Haas. 

Esta posição de força acontece depois de suspeitas sobre a legalidade do motor da Ferrari em 2019, especialmente na segunda metade do campeonato, pedidas por algumas das equipas do pelotão, entre elas a Mercedes e a Red Bull. A irregularidade tinha a ver com o fluxo de combustível do motor italiano. A FIA investigou e anunciou em meados do mês passado que tinham chegado a um acordo, cujos detalhes tinham sido guardados no segredo dos deuses. E entretanto, a Ferrari tinha decidido colocar um segundo sensor de combustível no seu motor para evitar novos problemas.

A FIA anuncia que, após investigações técnicas, concluiu a análise de operação da unidade de potência da Ferrari e buscou um acordo. As especificações desse acordo vão ficar entre as partes.", começou por dizer o comunicado lançado no mês passado.  

"A FIA e [a Ferrari] concordaram numa série de compromissos técnicos que vão melhorar a monitorizaçao de todos os motores da Fórmula 1 nos próximos campeonatos, assim como ajudar a FIA em outras tarefas regulatórias da Formula 1 e nas suas pesquisas de emissão de carbono e combustíveis sustentáveis”, concluiu. 

Recorde-se que a FIA é dirigida desde 2009 por Jean Todt, que foi o diretor desportivo da Scuderia de 1993 a 2007.

terça-feira, 3 de março de 2020

No Nobres do Grid deste mês...

Todos falam de Imola, 1994 como sendo o pior acidente da história do automobilismo. Não é. Nem sequer é da Formula 1. Sendo um desporto perigoso que é, certamente custou a vida de muitos pilotos, mas nunca tantos acabaram no hospital ou na morgue como aquele que aconteceu no fim de semana de 18 e 19 de junho de 1960, no circuito de Spa-Francochamps, na Bélgica. Quando essa corrida terminou, com a vitória de Jack Brabham, dois pilotos estavam mortos e outros dois gravemente feridos. E entre as vitimas esteve o primeiro dos pilotos ao serviço da Lotus, e alguns diziam ser tão bom como Jim Clark. Um dos feridos era Stirling Moss.

Em 1960, a televisão estava na sua infância, embora já tivessem sido transmitidas algumas corridas na Europa, entre os quais o GP do Mónaco. Mas sem gravações que tenham sobrevivido até aos nossos dias, pois não havia o cuidado pela conservação de fitas, nem se sabe se esta corrida teve transmissão televisiva por parte das cadeias locais. Provavelmente isso explica o pouco conhecimento deste fim de semana de Grande Prémio, ou porque não teve tanto impacto como, por exemplo, o acidente das 24 Horas de Le Mans de 1955, apenas cinco anos antes, e que matou mais de 80 pessoas. (,,,)

Com Brabham na liderança, e sem adversários à altura, os motivos de interesse aconteciam logo atrás. O local Gendebien ficou com o segundo posto, mas cedo foi passado pelo Lotus de Ireland, que andou na perseguição a Brabham. Contudo, na volta treze, sofreu um pião devido a problemas de embraiagem e não conseguiu voltar à corrida. O lugar voltou a ser ocupado por Gendebien, mas cedo foi ultrapassado por Bruce McLaren.

(...)

Por esta altura, Chris Bristow e Willy Mairesse lutavam pelo sexto posto, o ultimo lugar pontuável. Ambos eram conhecidos pelo seu estilo agressivo. Bristow, nascido em 1937 em Londres, era dos mais jovens do pelotão, ao lado de Bruce McLaren, mas enquanto o neozelandês era mais ponderado, Bristow era rude. Filho do dono de um concessionário de automóveis em Londres, era conhecido pelo apelido de "o homem selvagem do automobilismo britânico", a sua velocidade pura deu-lhe uma ascensão meteórica para a Formula 1. Naquela temporada, a Yeoman Credit, a equipa de Reg Parnell, dera-lhe um Cooper para competir, e nas três corridas em que participou, a sua velocidade não lhe tinha dado qualquer chegada, mas sabia-se do seu potencial... se alguém o conseguisse domar.

Já Mairesse, nove anos mais velho e bom conhecedor da pista belga, estava a ter a sua estreia na Formula 1 pela Ferrari, depois de ter segurado um lugar na Scuderia no ano anterior. Tinha andado na Endurance, e a sua vontade de correr começava a ser lendária. Certo dia, Peter Revson, no inicio da sua carreira, tinha dito que "olhar para Mairesse antes da partida era como observar o Diabo a correr".

Assim sendo, como nenhum deles cedia posição, eles corriam nos seus limites, até que alguém cedesse. E foi assim na volta 18, quando ambos os carros passavam pela curva Bruneville. Ali, o Cooper de Bristow perdeu o controle e bateu forte na berma, matando-o instantaneamente. (...)

Hoje em dia, quase ninguém sabe quem foi Chris Bristow e Alan Stacey. Mas ambos morreram num dia de há quase 60 anos, com poucas voltas de diferença, e em circunstâncias macabras. E mesmo assim, a corrida não foi parada. Contudo, este dia é dos mais trágicos da Formula 1, com um paralelismo apenas encontrado com o que aconteceu em Imola, 34 anos depois.

E é sobre esse fim de semana de há 60 anos, praticamente esquecido da memória do automobilismo, que vou falar este mês no Nobres do Grid.

Motores e o Coronavirus - As novidades do dia 3

Neste "diário" moto-automobilistico da relação entre isto e a doença do momento, as ameaças, as dificuldades, os adiamentos e os cancelamentos continuam. Esta terça-feira, o governo do Bahrein decidiu colocar restrições a todos os estrangeiros que visitaram Itália, China, Iraque, Hong Kong, Irão, Tailândia, Singapura, Malásia e Coreia do Sul nos 14 dias anteriores à sua chegada. A 19 dias da eventual realização do seu Grande Prémio, todas estas restrições poderão fazer complicar as coisas a nível de logística. E claro, colocando em dúvida a realização do Grande Prémio na altura prevista.

No Vietname, o governo local também decidiu colocar novas restrições a todos os que venham da Itália, Coreia do Sul e Irão.  “Todos os viajantes que entram no Vietname da China, Coreia do Sul, Itália e Irão devem trazer declarações médicas e fazer uma quarentena médica de 14 dias antes de entrar no país”, afirmou o Conselho de Turismo do Vietname, numa declaração oficial.

Entretanto, a Ferrari decidiu hoje cancelar um teste previsto para esta quinta-feira com a Pirelli para testar os pneus com jantes de 18 polegadas, referente à temporada de 2021. 

Devido às políticas de restrição adotadas pela Ferrari e pela Pirelli após o surto mundial de Coronavírus, o teste programado com pneus para piso molhado de 2021 em Fiorano, no dia 5 de março, teve de ser adiado“, disse um comunicado da marca. “O teste será remarcado em Fiorano na primeira oportunidade.

A FIA, entretanto, mantêm a sua posição em relação à epidemia e suas possíveis implicações, afirmando estar a avaliar a situação. "A FIA avaliará o calendário de suas próximas corridas e, se necessário, tomará as medidas necessárias para ajudar a proteger a comunidade global do automobilismo e o público em geral", declarou no seu comunicado oficial.

Com todos os planos a serem revistos dia a dia, o calendário está totalmente incerto. Em caso de cancelamento de provas, a Formula 1 poderá receber consideravelmente menos e que compense parceiros comerciais e promotores. Segundo conta a Forbes, ligada à economia e Finanças, a Formula 1 tem clausulas nos seus contratos onde teria de diminuir o valor recebido das cadeias de televisão caso o campeonato tenha 15 ou menos provas. Contudo, as razões ditas "de força maior" poderão estar de fora desses reembolsos.

E volta-se a afirmar: as verdades de hoje podem estar amanhã totalmente modificadas.

segunda-feira, 2 de março de 2020

Motores e o coronavirus - as novidades do dia 2

Passadas 24 horas, algumas das noticias que falei ontem confirmaram-se: o GP da Tailândia de MotoGP foi adiado - provavelmente para setembro - e o GP da Austrália de Formula 1 vai por diante, apesar dos receios das equipas italianas. 

Entretanto, esta segunda-feira, soube-se que os pilotos da Renault Academy estão de quarentena num hotel de Tenerife devido a esse estabelecimento hoteleiro estar encerrado porque um dos seus hóspedes foi infectado por essa doença. São eles o brasileiro Caio Collet e o francês Hadrien David, ambos com 16 anos. Também o diretor da Renault Academy, Mia Sharizman, está de quarentena.

De resto, os planos de contingência estão a ser montados, mas a incerteza é o que domina. Se na China, parece que o pico da gripe já foi alcançado, o facto do resto do mundo estar a receber os seus primeiros casos e as autoridades sanitárias estão a fazer o melhor para conter a doença, em certos sítios como a Coreia do Sul, a Itália e o Irão, parece que a doença ainda está no seu começo.

Entretanto, no Bahrein, o Ministério do Interior local indicou a todos os que irão ao seu país - equipas, fornecedores e meios de comunicação social - para referir os países pelos quais os seus elementos passaram ao longo das últimas 14 dias. Eles solicitam em particular sobre quem vem dos Emirados Árabes Unidos, ou seja, Dubai ou Abu Dhabi, pois existe uma interdição de vôos dessas cidades desde o dia 28. O GP do Bahrein acontece no dia 22, e todo o cuidado é pouco, porque a ilha no meio do Golfo Pérsico tem registados 36 casos até agora.

Como se já tem dito, a situação é monitorizada dia a dia, hora a hora. Tudo que é verdade hoje, poderá ser o contrário amanhã, e os piores cenários estão em cima da mesa. No caso da Formula 1, a temporada poderá inciar-se em maio, nos Países Baixos, depois do adiamento ou cancelamento das quatro primeiras corridas do ano. E na MotoGP, a primeira prova poderá ser em Austin ou Jerez, deixando de fora as três primeiras corridas do ano. E na Formula E, depois do cancelamento da corrida de Sanya, quer a próxima corrida, em Roma, quer a de Seul, em maio, são em dois dos paises com mais casos desta epidemia. E claro, nem se fala de outras, muitas outras manifestações desportivas, que foram ou correm o risco de adiamento ou cancelamento por causa desta pandemia. 

Amanhã, nova atualização.

Noticias: Tost diz ser "injusto" correr sem uma grelha completa

A chance de Ferrari e Alpha Tauri (ex-Toro Rosso) não poderem correr em Melbourne devido à quarentena provocada pelo coronavirus, é real, e para Franz Tost, os elementos italianos dessas equipas serem discriminadas em relação às outras poderá ser injusta. "Seria uma grande desvantagem", começa por afirmar o dirigente em declarações à motorsport.com.

Tost afirma que se pode usar a pausa de agosto para poder realizar as corridas em falta. "Estou otimista de que teremos as 22 corridas, porque em novembro e dezembro temos muito tempo onde podemos fazer corridas - e também em agosto", acrescentou.

Dias antes, em Barcelona, Mattia Binotto, o diretor da Ferrari, afirmou que e pegada italiana na Formula 1 é mais do que Ferrari e Alpha Tauri, pois existem elementos de outras equipas, bem como a Pirelli, fornecedora de pneus, e a Haas e Alfa Sauber, que tem instalações em Itália. 

"Eu digo que não são apenas duas [equipas] porque estamos prestando assistência à Haas e à equipa da Alfa Sauber, portanto serão quatro, pelo menos. Mais a situação da Pirelli que precisamos entender. Então, qual será a situação em que, eventualmente, quatro equipes não puderem correr e se a corrida ocorrerá ou não? Essa não é minha decisão", disse Binotto.

Até agora, a única prova que foi afetada foi o GP da China, que era para acontecer a 13 de abril e foi adiado para data a marcar. Na pior das hipóteses, a corrida inicial do campeonato poderá ter de ser o GP dos Países Baixos, em Zandvoort, a 3 de maio.

domingo, 1 de março de 2020

Motores e o coronavirus - As novidades do dia 1

Passado o fim de semana, e com os casos a aumentarem fora da China - no país propriamente dito, o foco inicial da epidemia, os casos tem vindo a diminuir - há duas grandes novidades. A primeira é que a corrida de Melbourne, a primeira do campeonato, pode acontecer mesmo sem que a Ferrari e a Alpha Tauri possam aparecer devido a eventuais restrições levantadas pelo governo australiano para os voos vindos de Itália. E o mesmo pode ser aplicado ao Bahrein, apesar das crescentes restrições por parte desse país aos voos vindos de Itália. 

Sobre a corrida australiana, qualquer decisão será anunciada amanhã. A prova é a 15 de março, uma semana antes do Bahrein. E qualquer decisão sobre a segunda corrida da temporada, acontecerá, na pior das hipóteses, em cima da hora.

Contudo, com ou sem planos de contingência - que devem estar ser colocados neste momento - surgiu esta tarde uma novidade: a prova de abertura da MotoGP, no Qatar, que deveria realizar-se no dia 8 de março, foi cancelado para a classe raínha, enquanto continua marcado para a Moto2 e Moto3. As razões têm a ver com a restrição de voos vindos de Itália e Japão. E este cancelamento poderá colocar em dúvida as quatro corridas seguintes, as da Tailândia, Estados Unidos e Argentina. Caso o pior aconteça, a temporada poderá ter de ser adiada até Jerez, onde a 3 de maio acontece o GP de Espanha.

Mas a razão porque o GP qatari foi cancelado apenas para a classe rainha foi porque a Moto2 e Moto3 já estão no emirado para os testes de pré-temporada. Se não estivessem ainda, era provável que também tivessem sido cancelados. E o que tem a ver com a Formula 1? Muito. Caso os italianos apanhem aviões que façam escala no Qatar, o período de quarentena obrigatória é de 14 dias, no mínimo. Logo, o limite é... este domingo, dia 1.

De resto, ainda temos mais algumas dúvidas sobre outras competições. A Formula E, como é sabido, suspendeu - ou cancelou - a corrida de Sanya, prevista para o dia 21 de março e o GP da China foi também adiado. Mas a prova seguinte, a 4 de abril, é em Roma. E Itália é o foco europeu da doença, apesar de estar contida na Lombardia, a mais de 900 quilómetros da capital. Ainda não chegou ao topo, mas é provável que no mês que vai começar agora, todos andam monitorizando a situação. 

Aliás, durante a semana, Jean-Eric Vergne esteve mal de saúde e submeteu-se a uma bateria de exames para despistar uma possível possibilidade do coronavirus. Em França, 130 casos deram positivo e já houve duas mortes. 

Em suma, tudo está mutável, e as certezas de hoje são as dúvidas de amanhã.