Com o piloto espanhol largando do sexto lugar, parecia que ele tinha a vantagem na mão. Mas o seu carro é nitidamente inferior aos carros da McLaren e da Red Bull, e ainda tinha pela frente pilotos como Kimi Raikkonen, no seu Lotus, e Pastor Maldonado, no seu Williams. O venezuelano é um piloto duro de roer, e Raikkonen, mais experiente, irá lutar pela sua posição, caso esteja na frente do piloto espanhol. Logo, tinhamos à partida dois pilotos que teriam de fazer grandes corridas, se queriam superar um ao outro, e diminuir - ou alargar - a diferença entre um e outro. E Sebastian Vettel iria largar das boxes, aparentemente, longe de qualquer confusão que pudesse acontecer na partida.
Mas o que parecia era que, nem um, nem outro, tinham hipóteses de vitória, pois essa parecia ser mais da área entre Lewis Hamilton e Mark Webber, com o natural favoritismo para o piloto britânico.
No lusco-fusco arábico, máquinas e pilotos preparavam-se para mais uma corrida decisiva, ainda mais quando faltam três para o fim do campeonato. Na partida, tudo correu bem para Hamilton, que manteve a liderança, e Raikkonen, que passou de quinto para segundo, mas no meio do pelotão, quatro pilotos envolviam-se em vários toques, com o lado pior a sobrar para
Nico Hulkenberg, que saiu da pista, em conjunto com o Williams de
Bruno Senna. O brasileiro voltou à pista, mas o alemão não. Outro toque tinha acontecido com
Nico Rosberg, que tinha feito contacto com
Romain Grosjean, fazendo com que caísse também para o fundo do pelotão.
Por essa altura, Alonso já tinha passado Webber e era quarto classificado, um primeiro sinal de que o piloto espanhol estava a tentar conseguir o maior numero de pontos possível para ter uma liderança. Vettel tinha passado os carros do fundo do pelotão, mas quando tinha chegado ao de Bruno Senna, leva um pequeno toque e danifica a asa dianteira. Não o suficiente para ir logo às boxes, mas a ter problemas com a dirigibilidade do seu carro.
Na frente, Hamilton liderava sem problemas, seguido por Raikkonen, Maldonado e Alonso. Mas na nona volta, houve uma situação complicada, a segunda da corrida. Rosberg estava a apanhar o indiano
Narain Karthikeyan na Curva 16 quando o motor Cosworth do HRT explode, diminuindo subitamente a sua performance. O alemão viu o fumo tarde demais e descolou, acabando por bater no "softwall", e os destroços por muito pouco não acertaram no capacete do piloto indiano. Inevitavelmente, o Safety Car teve de entrar na pista.
Isso foi aproveitado pela Red Bull para chamar Vettel às boxes e colocar uma nova asa dianteira, bem como trocar os pneus para um composto mole, para tentar passar a concorrência nas voltas seguintes. Quando a corrida voltou ao seu ritmo, na 12ª volta, Vettel começou a passar toda a gente, um por um, enquanto que Hamilton mantinha Raikkonen e uma distância razoável Parecia que isto ia ser o dia do piloto inglês, mas...
Mas na 16ª volta... Hamilton estava fora. Era a terceira situação de corrida, e Alonso subia para lugar de pódio, com Kimi Raikkonen na liderança da corrida. Quase imediatamente, Fernando Alonso aproveita uma distração de Pastor Maldonado para ficar com o segundo posto. Assim, Alonso era o lider do campeonato.
Com o desenrolar desta corrida, os incidentes continuavam a acontecer. Na volta 23, Webber tenta passar Maldonado, mas bateu e fez um pião. As coisas pareciam cada vez piores para a Red Bull (tinha caído para sétimo), mas em compensação, Vettel já estava na zona dos pontos. Duas voltas depois, Vettel tinha subido para o oitavo lugar, e a diferença entre ambos era de apenas... um ponto. Na volta seguinte, Webber tenta passar Felipe Massa, mas a ultrapassagem é tão complicada que o brasileiro acaba por fazer um pião. E com isto tudo... Sebastian Vettel tinha chegado ao sétimo posto, e voltava à liderança do campeonato. Na frente, Kimi Raikkonen afastava-se cada vez mais de Alonso.
Com o meio da corrida, e as paragens nas boxes, Vettel era segundo, atrás de Raikkonen. Agora, a grande incógnita era saber se o piloto alemão iria até ao fim, com os pneus moles, e se iria aguentar a carga final dos pilotos que iriam ficar atrás dele, como Alonso, Button ou Maldonado. Por esta altura, Alonso era pressionado por Button para o quarto posto.
Mas Vettel não tinha pneus para a volta toda e parou para trocar na volta 38. Voltou à pista na quarta posição, mas poucas curvas mais tarde, e atrás do piloto alemão, quatro pilotos lutam pelo quinto lugar. Romain Grosjean,
Paul Di Resta e
Sergio Perez, com Mark Webber observando, andavam a trocar posições. O choque foi inevitável, com Perez a ter uma maior parte da culpa, e Grosjean e Webber a acabar as suas corridas. Pela terceira vez nasta corrida, o Safety Car entrava na pista, para limpar os destroços.
Quando o Safety Car voltou para as boxes, Raikkonen consegue afastar-se de Alonso, enquanto que Button aguentava os ataques de Sebastian Vettel. Parecia que as coisas iriam acalmar-se, mas na volta 52, Vettel conseguiu passar Button, que se debatia com a crescente falta de aderência dos seus pneus, e conseguia chegar ao terceiro posto, absolutamente improvável para quem partia da última posição.
Agora, todos viam se Kimi Raikkonen iria aguentar os ataques de Fernando Alonso. Com o tempo, via-se que mesmo com a aproximação do espanhol, o finlandês manteve a cabeça fria e deu à Genii/Renault/Benetton/Toleman a primeira vitória da temporada, e dando a Kimi Raikkonen a primeira vitória da temporada e um regresso "à la Niki Lauda", como o austriaco tinha feito trinta anos antes, em 1982.
Fernando Alonso era o segundo, numa corrida... normal, dado o facto de ele dar o seu melhor com o carro que tinha entre mãos. Mas o terceiro lugar de Sebastian Vettel, dadas as circunstâncias, só demonstra que o piloto alemão não só foi o homem da corrida, como demonstrou - se ainda existem quaisquer dúvidas - que é um dos melhores pilotos da sua geração.
No final, a corrida de Abu Dhabi - que normalmente é um aborrecimento - conseguira ser, inesperadamente, a melhor corrida da temporada. Os incidentes de corrida e as entradas do Safety Car contribuiram para isso, mas observar a recuperação de Sebastian Vettel, tendo conseguido reduzir os estragos ao mínimo possivel, fez com que a competição esteja agora ao rubro, mas o alemão ainda está com as cartas na mão. E ainda pode ser campeão em Austin.