Depois de uma qualificação sensacional, do qual tirou muitas dúvidas sobre quem ganhará hoje, existiam duas dúvidas a seguir: a primeira, será que com um carro muito bom e um piloto muito motivado, a Red Bull ganhará todas as corridas de 2023 - não acredito, nem eles mesmos acreditam - e a segunda é saber será que choverá na hora da corrida, e se sim, irá afetar de alguma maneira a performance de Max Verstappen e dos energéticos.
Um aviso condicional sobre a última parte: provavelmente não. O neerlandês voador é também bom à chuva.
Antes da corrida, soube-se que o Ferrari de Charles Lelcerc e o Williams de Logan Sargent iriam arrancar das boxes, o último por causa de uma troca na suspensão do seu carro. Também existiam ameaças no carro de Lando Norris, o terceiro da grelha, por causa de uma das rodas, mas os mecânicos da McLaren resolveram a situação a tempo.
Claro, as expectativas eram grandes por causa do segundo posto de Carlos Sainz Jr. que era o segundo na grelha, atrás do - aparentemente - imbatível Max Verstappen, cada vez mais o neerlandês voador desta Formula 1 atual. E quanto às paragens nas boxes, falam entre duas e três, dependendo da degradação dos Pirelli.
E na hora de começo da corrida, as nuvens estão presentes, mas a ameaça de chuva estava longe.
Na largada, Max foi-se embora, seguido por Sainz Jr., que chegou a colocar o carro ao lado do neerlandês, mas ele levou a melhor na primeira curva. Norris queixava-se de ter sido tocado, e ia às boxes no final da primeira volta, caindo para o fim da grelha. E mais atrás, Pérez tentava recuperar lugares para ficar onde merecia estar: entre os da frente.
Detalhe: os Red Bull eram os únicos que andavam com os médios, com o resto do pelotão a andarem de moles. Os carros energéticos, por causa disso, iriam parar mais tarde, ficando mais tempo na pista - benéfico para Pérez, por exemplo - e se calhar, abririam mais para a concorrência.
Na volta 7, Hamilton já era terceiro, depois de passar Stroll, e na frente, Max já tinha quase quatro segundos de avanço para a concorrência. Pérez, entretanto, já estava nos pontos, e por alturas da volta 15, já começavam a trocar de moles para duros. Sainz trocou de pneus na volta seguinte, e o segundo posto era agora de Hamilton. E depois, era Leclerc a ir para as boxes, trocando para moles, quando tinha partido da corrida... de duros. Quanto a Alonso, trocou de boxes na volta 20, e Hamilton, na 25, Pérez na 28 e Max na 30.
E entretanto, a chuva poderá estar a chegar. Todos no pitlane andam a ver os radares, e outros andam a olhar para os céus, para saber se já caía ou não pingos de chuva. Russell chegou até a perguntar se já chovia, porque tinham aparecido uns pingos no seu capacete. Afinal, era apenas suor.
E na corrida, enquanto Max ia-se embora, parecendo que já estaria noutro fuso horário, atrás, Russell queria mostrar que os Mercedes eram melhores que, por exemplo, os Ferrari. E ambos os pilotos já tinham passado o espanhol para serem segundo (Hamilton) e terceiro (Russell).
E nos céus... poucos minutos depois, todos chegaram à mesma conclusão: a ameaça não passaria disso mesmo. Não iria chover, a monotonia iria ficar até, se calhar, à bandeira de xadrez.
Alonso parava na volta 45 para colocar duros, uma volta depois de Leclerc ter também ido às boxes para colocar... duros. Enfim, estratégias. Russell parava na volta 46, para colocar moles e elevar o ritmo, e Hamilton, bem como Pérez, entravam na 51ª passagem pela meta. Restava Verstappen, intocável, na frente, e de duros. Max trocaria pouco depois, para colocar moles. Aliás, os quatro primeiros andariam nesse composto, se calhar, até à meta.
E houve consequências: volta 55, o mexicano passava Sainz Jr para ser quarto e tentava apanhar os Mercedes. Na parte final, ele tentou apanhar Russell para chegar ao pódio, mas acabou por não acontecer.
Na frente, Hamilton ganhava sem história e consolidava a sua liderança. O neerlandês voador, com a sua máquina energética, mostrava o seu domínio e a cada corrida que passava nesta temporada, parece que o tricampeonato é uma questão de tempo. Contudo, com os Mercedes a ocuparem os dois outros lugares do pódio - Pérez não chegou a tempo da apanhar Russell - parece que os Flechas de Prata, embora ainda não consigam apanhar os energéticos, agora começam a solidificar na segunda posição, passando os Aston Martin, que foram apenas sexto e sétimo, incapazes de apanhar a concorrência.
Aliás, pela segunda vez na temporada, Fernando Alonso não ia ao pódio.
Agora que o pesadelo acabou, adiante para o Canadá. Que tem uma reputação... absolutamente contrária.