sexta-feira, 9 de junho de 2023

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Jack Brabham, Dan Gurney e Bruce McLaren tem algumas coisas em comum. Se afirmarem que acabaram por ser construtores, acertaram. Se afirmaram que ganharem corridas quer como pilotos das suas próprias máquinas, também acertaram. Mas existe mais uma coisa que têm em comum: ganharam ambos o GP de Bélgica, em anos diferentes. Mas "Black Jack" ganhou apenas uma ocasião, em 1960, a bordo do Cooper no qual alcançou o bicampeonato, e numa corrida marcada pelas mortes de Chris Bristow e Alan Stacey, e os sérios acidentes na qualificação de Mike Taylor e Stirling Moss

Contudo, há 55 anos, em 1968, os três competiam nos seus próprios carros e em Spa-Francochamps, o temeroso circuito de 14 quilómetros que tinha coisas como o Masta Kink, um conjunto de curvas a alta velocidade, por exemplo, onde todos estavam, ainda por cima, impotentes perante os elementos que lhes davam poder de vida ou de morte sobre eles. 

Nesse palco do GP da Bélgica, tiveram sortes diferentes. Gurney, o americano que tinha triunfado no ano anterior, não estava presente, por causa dos problemas com o seu Eagle, Brabham nem marcou tempo e partia do 18º e último lugar, e McLaren, que nos dois últimos anos, lutava para colocar a sua equipa de pé, agora parecia ter uma equipa capaz de chegar ao topo, com a contratação de Denny Hulme, seu compatriota e o campeão do mundo em título. E parecia indicar isso, graças ao seu segundo lugar em Espanha, o primeiro pódio oficial da marca.

Mas muita dessa reputação recém-adquirida apareceu graças ao chassis M7A. Desenhado por Robin Herd e Gordon Coppuck, tinha-se estreado em Brands Hatch, na Race of Champions, onde ganhou. Depois, novo triunfo a International Trophy, em Silverstone, parecia ser, por fim, o carro que McLaren procurava para regressar aos lugares da frente. E ter o motor Cosworth no carro também ajudava. 

Mas aquela temporada de 1968, o que as pessoas tinham em mente eram os acidentes. E quando estavam a caminho da pista belga, souberam de outro acidente sério: na Alemanha, o italiano Ludovico Scarfiotti tinha-se despistado numa proba de montanha, a bordo do seu Porsche, e tinha morrido. Ele era o terceiro piloto a morrer em dois meses, e ele nem iria participar na corrida belga, embora tenha pegado num Cooper nas três primeiras corridas do ano, conseguindo dois quartos lugares em Jarama e no Mónaco. 

Apesar dos receios, foi uma corrida emocionante. Existiu uma luta pela liderança entre Jackie Stewart, Bruce McLaren e John Surtees, mas o poleman foi o Ferrari de Chris Amon, que naquela corrida, tinha uma asa traseira em cima do seu motor. Liderou na primeira volta, para perder a favor do Honda de Surtees. 

Na sétima passagem pela meta, contudo, a periculosidade da Formula 1 e o dia omnioso pairou quando Cooper de Brian Redman teve uma falha na suspensão, despistou-se e pegou fogo, com o piloto a ser retirado do carro com um braço fraturado e algumas queimaduras, mas nada grave. 

Stewart ficou com o comando na volta 16, e parecia que ia a caminho da meta para conseguir a sua primeira vitória da temporada. Mas para ser o primeiro, primeiro tem de cortar a meta nesse lugar. E numa pista de 14 quilómetros, ficar sem gasolina... não é bom.

E inesperadamente, mas merecidamente, Bruce McLaren ficou com o comando da corrida e a vitória, na frente de Pedro Rodriguez, no seu BRM, e Jacky Ickx, no seu Ferrari. Mas de uma certa forma, foi o auge de um carro que sabiam ter sido bem nascido, e era o final de uma luta que tinha começado no final de 1963, quando ele fundou a sua própria equipa, e passou pelo GP do Mónaco de 1966, quando ele alinhou a bordo do seu próprio carro. 

E era apenas o começo. 

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