E depois da pandemia, voltamos a correr neste fuso horário. Em muitos aspetos, até tínhamos saudades de ver Grandes Prémios nesta parte do mundo, e claro, ver corridas à noite. Ainda falta a parte onde acordamos cedo como as galinhas para ver as corridas asiáticas e australianas, mas creio que não falta muito até que tal aconteça. Espero que seja em 2022, porque provavelmente - e esta semana apresentaram um projeto - a corrida australiana poderá mudar de lugar, de Melbourne para Sydney. E a própria Formula 1 já está pelos cabelos pelas restrições que o governo faz por causa do CoVid-19.
Mas para além disso, havia a luta pelo título. A Red Bull tinha mostrado que havia carro para superar os Mercedes e até Sergio Perez ameaçou a pole-position, algo que seria inédito na história, mas no final, conseguiu ensanduichar Lewis Hamilton. E claro, em Texas, onde tudo é maior - estavam 140 mil nas bancadas à espera da corrida - todos provavelmente queriam ver algo grande, até nos acidentes!
Afinal de contas, agora, aqui, com seis pontos separados entre os dois primeiros, todos estavam a salivar por esta corrida.
Pouco antes de começar a prova, havia noticias de que havia problemas no carro de Pierre Gasly, mas no final, tinha a ver com sensores desligados dentro do carro.
Na partida, Hamilton larga melhor que Verstappen e fica na frente, com Perez em terceiro. O pelotão andou a pelear lado a lado, curva a curva, nas primeiras duas voltas, mas quando a poeira se assentou, Hamilton tentava afastar-se, mas o neerlandês não deixava. Contudo, acompanhar o britânico não era fácil porque quando Verstappen começou a pisar os limites, os stewards começaram a avisá-lo que, se insistir, poderia ser penalizado.
Mas o que se via era o desgaste dos pneus. Era bem duro, porque antes das dez voltas, havia trocar de pneus para duros. Primeiro, com Alonso, e depois, na volta 11, Verstappen ia também trocar de pneus, indo também para duros. Perez parou na volta 13... e até agora, Hamilton não respondia. Será que queria ficar o mais que podia?
Afinal... não, foi na volta 14 que colocou pneus novos e colocava duros. Com isso, Verstappen passava para primeiro, para delírio das bancadas.
Quase a seguir, Gasly andava devagar, por causa dos saltos da pista, e iria ser a primeira desistência da corrida. Uma volta depois era a vez de Bottas a ir às boxes, trocar para duros e cair na geral, para 11º. Ao mesmo tempo que os ex-campeões do mundo, Raikkonen e Alonso, andaram aos encontrões e os comissários ficaram atentos ao que andaram a fazer.
Nas voltas seguintes, Verstappen continuava na frente, com Hamilton tentava a aproximar-se para ver se tinha capacidade para o apanhar. A coisa lá aconteceu, paulatinamente, a perto da volta 30, a diferença entre ambas tinha caído para menos de três segundos. E foi nessa altura em que atiraram um Safety Car virtual por causa de uma peça que foi encontrada no meio da pista. Durou pouco, os comissários retiraram a peça e a corrida prosseguiu, numa altura em que Perez se queixava que o seu sistema de bebida não funcionava.
Na volta 30, Verstappen voltou para as boxes, metendo de novo duros, e cedendo o comando a Hamilton. Parecia que iria haver três paragens nas boxes, pelos vistos. A Mercedes pediu a Hamilton para usar o melhor possível os que tinha, para evitar que ele se aproximasse e ameaçasse o comando, porque com as voltas que iriam passar, o piloto da Red Bull estava a aproximar-se rapidamente. Atrás deles, estavam os Ferrari e o McLaren de Daniel Ricciardo. Bottas era um discreto sétimo.
Na volta 37, Hamilton mete de novo duros nas boxes, e parecia que era a sua última paragem, porque faltavam já 18 voltas para o final. Com os pneus de Verstappen mais velhos em sete voltas, não havia certezas sobre se o facto de ele ter poupado até agora com esse jogo de pneus seria o suficiente para manter a liderança. Quando os carros fizeram a volta 39, a diferença entre os dois primeiros era de 8,5 segundos.
Nas voltas seguintes, Hamilton começou a aproximar-se do neerlandês, e a onze voltas do final, a diferença tinha-se diminuído para metade. Havia 3,6 segundos entre eles ninguém entre eles. Agora, a tensão aumentava, porque era um duelo à distância, e o estado dos seus pneus era decisivo.
Hamilton lá se aproximava de Hamilton esperando que estivesse na traseira do carro da Red Bull e o passasse nas voltas finais, mas apesar de ele ficasse a distância do DRS, nunca conseguiu fazer uma tentativa séria de ataque. E na volta final, Hamilton alargou a sua trajetória numa das curvas, perdendo um segundo, quando estava a pouco mais de segundo e meio. De uma certa forma, era o momento decisivo.
E lá foi Max Verstappen triunfar em Austin, num lugar onde normalmente, os Mercedes deveriam estar no lugar mais alto do pódio. Com Sergio Perez a ser terceiro, todos estavam contentes pela corrida que ali aconteceu, e um campeonato que agora estava ao rubro, como o pessoal da Liberty Media gosta e sempre implorou aos Céus para que acontecesse.
Com Shaquille O'Neill a entregar o troféu ao vencedor, foi assim que a tarde se encerrava naquela parte do mundo, e agora, esperávamos duas semanas para continuarmos a ver o duelo no Autódromo Hermanos Rodriguez. Agora, Max e Lewis têm doze pontos de diferença um do outro.