domingo, 24 de outubro de 2021

A imagem do dia


Fizeram um filme desta corrida, é verdade, mas aconteceu. Mas o que não contam muito é que Niki Lauda não foi só o piloto que parou voluntariamente: o Copersucar do Emerson Fittipaldi e os Brabham do Carlos Pace e Larry Perkins também tiveram a mesma atitude.

Tudo isto na primeira vez em que a Formula 1 estava em paragens asiáticas.

A razão para toda esta agitação são... várias. Os pilotos ainda estavam de "rabo preso" pelos eventos de Nurburgring, dois meses e meio antes, era a corrida final do campeonato e um duelo pelo título que tinha de ser resolvido, e como era meio da noite na Europa, a Formula 1 tinha conseguido algo inédito até então: comprar tempo de satélite. Graças a Bernie Ecclestone, o patrão da Brabham.

Não que nunca tenha havido transmissões em direto antes, principalmente para os Estados Unidos, mas falávamos de uma decisão de um título mundial, e envolvendo um piloto britânico. E - oh, grande ironia! - três meses antes, a BBC não queria transmitir em direto os Grandes Prémios, incluindo o seu, porque uma das equipas, a Surtees, era patrocinada por uma marca de preservativos! Isto era do tempo em que o automobilismo era perigoso e o sexo inofensivo...

Claro, a pressão pública levou a melhor e a BBC transmitiu esta corrida no meio da noite, porque o campeão do mundo poderia ser britânico. 

Os pilotos não queriam correr com aquela chuva e nevoeiro, e fizeram finca-pé com a organização, mas no final, levaram a deles adiante, e muitos dos pilotos também queriam correr com aquelas condições, pensando que poderiam melhorar. Anos depois, Jody Scheckter disse que, quando teve o sobreaquecimento que obrigou a encostar à berma na volta 58, sentiu "alivio" por aquela avaria ter acontecido.

Foi a corrida que deu à Lotus a sua primeira vitória desde o GP de Itália de 1974, com Ronnie Peterson ao volante, e claro, a primeira vitória de Mário Andretti na Formula 1 em cinco anos e meio. E o resto é conhecido: Hunt lutou como se fosse um leão para conseguir os pontos necessários para ser campeão, e cruzou a meta em terceiro, julgando que tinha sido quinto e perdido a chance do título para Lauda. E só quando viu Teddy Mayer fazer o sinal de "três", que tinha sido terceiro, conseguido quatro pontos e passado o austríaco na pontuação, é que ficou aliviado e comemorou... como só ele sabia fazer. Com ou sem orgias de hospedeiras da British Airways com Barry Sheene a seu lado, a história é outra.  

E foi assim que a Formula 1 encerrou a sua temporada, há precisamente 45 anos. 

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