Pois bem, esta semana, a CBC canadiana revelou que Jacques Villeneuve, o ex-campeão do mundo de Formula 1 de 1997, poderá ter evadido impostos ao longo de nove anos, entre 1993 e 1996, e 2007 a 2013, declarando rendimentos muito baixos - em 2010, revelou ter ganho "apenas" 6431 dólares canadianos, para no ano seguinte afirmar ter conseguido 3224 - tudo isto para não pagar impostos, e ainda receber benefícios fiscais dessa ordem. Agora, suspeita-se que ele tenha grande parte da sua fortuna em "offshores", especialmente na Suíça.
Segundo conta o canal de televisão, o filho de Gilles Villeneuve poderá ter começado a mexer-se em "offshores" desde, pelo menos, 1992, altura em que corria na Formula 3 japonesa. Na alture, ele e o seu manager, Craig Pollock, criaram nas Bahamas a "holding" Goldstar Holdings Corp. para colocar lá todos os seus ganhos quer nas corridas, quer os seus contratos. Na atura, Pollock queria um acordo com a Imperial Tobacco para que ele voltasse a correr em terras canadianas - e mais tarde, correr na formula Atlantic e na CART, onde acabou por ser campeão em 1995 - e ter um lugar onde depositar os seus ganhos num local com zero taxação seria o ideal.
Dois anos depois, em 1994, Pollock abriu uma "trust", a Moritz Settlement, desta vez nas Ilhas Virgens britânicas, também com taxa zero. Foi establecida para "preservar, proteger e gerir os bens familiares dos senhores Craig Pollock e Jacques Villeneuve.". Tornou-se acionista da Goldstar Holdings, através de um esquema chamado "bearer sharings", nos quais quem possui os certificados de ações reais é o proprietário do património da empresa. Os nomes dos proprietários não aparecem em qualquer registro, permitindo uma total opacidade. Isso foi abolido no ano 2000 nas Bahamas.
Quando Villeneuve foi para a Europa, para a sua carreira na Formula 1, fixou como sua residência o principado do Mónaco, como todo o pessoal da Formula 1 faz, para ter um alivio fiscal. Alias, nem era um sitio totalmente desconhecido: o seu pai tinha uma casa e ele viveu parte da infância por lá. Mas em 1998, apareceu uma nova companhia, Villeneuve Milti-Media, que foi registada nas Bahamas, e o seu acionsta maioritário era... Goldstar Holdings. A ideia era receber os lucros de videojogos como o "Speed Challenge: Jacques Villeneuve's Racing Vision" para a PlayStation 2, GameCube e Windows.
Em 2002, depois de ter assinado um acordo de 100 milhões de dólares com a BAR Racing e exibir luxo - chegou a ter um superiate e um chalet na Suíça - surgiu outro "trust" nas Ilhas Virgens Britânicas, a Glion Trust, com o objetivo de "preservar, proteger e gerir os bens familiares do senhor Jacques Villeneuve", nem altura em que a sua carreira na Formula 1 estava em decadência. Ele regressou ao Canadá em 2007, e adquiriu um apartamento no subúrbio mais luxuoso de Montreal e desinvstiu progressivamente nas suas holdings, acabando por as encerrar. Mas isso não impediu de abrir outras: o seu restaurante, Newtown, pertencia à Fairstar Holdings, nas Bahamas, por exemplo.
Apesar de Villeneuve ter sido que pagou os seus impostos enquanto ter declarado viver no seu país, na realidade, Revenu Quebec, a autoridade tributária local, afirmou que em 2013, ele falhou em revelar ter uma conta na Suíça quando auditou as suas contas e os seus rendimentos. E ainda por cima, também falou que o empréstimo de 300 mil dólares da Goldstar Holdings, pedido nesse ano, não era mais do que um esquema fraudulento. Algo do qual os seus advogados andam a contestar em tribunal, afirmando que isso não era taxável.
No final desse ano, Villeneuve transferiu a sua residência fiscal para a Andorra, e quatro anos depois, em 2017, mudou-se para Itália, onde um regime especial criado pelo governo local dá aos estrangeiros uma flat tax de cem mil euros por ano a todos os seus residentes estrangeiros.
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