Sete dias bastam entre estas duas provas, ainda no mesmo sítio. ão dois desenhos diferentes porque os organizadores foram capazes disso, mas esse tempo entre corridas foi o suficiente para praticamente... alterar tudo. E não falo só sobre o episódio de Romain Grosjean e o facto de todos terem comemorado a sua sobrevivência a um acidente potencialmente grave, que nos assustou a todos, mas mostrou que a tecnologia funciona e dalva vidas.
Mas enquanto esperávamos pelo assentamento da poeira sobre Romain Grosjean, na terça-feira, soube-se que Lewis Hamilton, o campeão do mundo, o piloto mais veloz do pelotão, apanhou o coronavirus e iria ficar dez dias em isolamento. A sua sorte é que ele é o campeão do mundo, e todas estas provas só servem para comprir calendário. E o mais interessante no meio disto tudo é que, pela primeira vez desde... 2007, não haverá Hamilton no pelotão. Como seria que eles reagiriam sem ele? A sua ausência deu um enorme volta em todos os pilotos, com George Russell a ter a sua chance num carro competitivo, e muitos a dizerem que ele poderá ter a oportunidade de mostrar que tem talento, apeas o carro não ajuda.
Mas não foi só aí: com Grosjean de fora, Pietro Fittipaldi vai ter a sua chance para estrear na Formula 1. O primeiro brasileiro em três anos e um bocado, numa Haas que não é competitiva desde há algum tempo, e claro, com Russell na Mercedes, outro britanico, Jack Aitken, iria ter a sua chance para andar num carro que, como sabem não é muito competitivo. Resta saber se ele é melhor do que, por exemplo... Jaimie Chadwick. Mas isso sou eu.
Com uma das provas mais curtas de sempre na Formula 1, uma "oval" desenhada no anel externo do circuito de Shakir, esta qualificação sem Hamilton prometia ser mais equilibrada que o normal, o que mostra que Hamilton é realmente, um piloto invulgar e somos uns privilegiados por viver nesse tempo, tal como vivemos os tempos de Ayrton Senna e Michael Schumacher, entre outros.
E foi assim que começou a qualificação "shakiriana". Aos poucos, todos viamos que eles davam a volta num piscar de olhos, na casa dos 54 segundos, a mais rápida de sempre - mas não em termos de velocidade - e também se poderia ver que... se quisessemos ser mauzinhos, poderemos dizer que a corrida acabará num abrir e fechar de olhos, e nao a lembraremos. Mas há uma semana, nesse mesmo circuito, voltamos a ver as chamas num bólido, e a corrida se tornou inesquécivel pelas piores razões.
Ao longo destes primeiros minutos, começou-se a ver uma competividade inesperada, entre não só os Mercedes, que usavam os pneus médios, como também com pessoal como os Red Bull, especialmente Max Verastappen, e gente como Daniil Kavyat e Sergio Perez, que com os moles, faziam tempos competitivos.
No final, foi Valtteri Bottas o melhor, com George Russell a seguir, e Max Verstappen logo atrás, mas todos muitos muito juntinhos. Enquanto eles seguiam em frente, quem ficou de fora foram os Haas, os Williams e o Alfa Romeo de Kimi Raikkonen.
Na Q2, a velocidade continuou a ser rei. Pessoal como a Ferrari decidiu ir para médios, mas eles não conseguiam tempo para seguir em frente. Na frente, algo surpreendentemente, Sergio Perez estava no topo da tabela de tempos, parecendo que sem Hamilton, isto era à mão de semear... mas na parte final, os únios que tinham marcado tempo com os médios foram os Mercedes, e eles ficaram calmamente na Q3. E isso indicaria muita coisa em relação aos carros que tinham à mão.
No final, entre os eliminados, ficaram o McLaren de Lando Norris, o Red Bull de Alexander Albon, o Ferrari de Sebastian Vettel, o Renault de Esteban Ocon e o Alfa Romeo de Antonio Gioninazzi.
A Q3 tinha a expectativa de saber o que faria o novo recruta da Mercedes. Ficava-se com a ideia de que ele tinha guardado todos os seus trunfos para esta altura, para ele mostrar velozmente que tinha material de campeão. Bottas foi o primeiro, com 53,7 segundos, antes de Max Verstappen colocar 53,591, antes de Leclerc ficar um pouco mais abaixo. 22 centésimos mais abaixo. Russell era apenas quarto.
A parte final foi um esforço tremendo por parte dos Mercedes, primeiro foi Russell, mas depois Bottas, o "senhor Sábado", como disse um comentador televisivo britânico, conseguiu arrancar o seu melhor e conseguiu bater o novato e ficou com a pole-position, relegando Max Verstappen para o terceiro posto na grelha. Charles Leclerc conseguiu o quarto posto, na frente dos Racing Point, "Checo" na frente de "Sir Lancelot".
No final, foi por pouco que o finlandês mostrou que com o patrão fora, ele manda ali. Mas a corrida é outra história.
Amanhã veremos uma corrida muito veloz. Afinal de contas, 87 voltas em menos de 55 segundos poderá ter tudo resolvido em uma hora e um quarto. Talvez...