domingo, 29 de novembro de 2020

Formula 1 2020 - Ronda 15, Bahrein (Corrida)


O Bahrein - dizendo melhor, o circuito de Shakir - tem tudo para ser aborrecido. Apesar de este ano ser a terceira corrida em ronda dupla - petrodólares oblige - todos têm a ideia de que, se não existir uma luta por um lugar qualquer da liderança, de forma constante, como aconteceu em 2014, não será uma prova emocionante, bem pelo contrário, um suporífero.

No final, não foi. Bem pelo contrário: foi arrepiante. E foi graças à ciência e à tecnologia que se salvou uma vida. E nem foi o único acidente daquela prova, apenas o primeiro.

As coisas explicam-se em poucas linhas: depois da partida, onde Lewis Hamilton partiu bem e Valtteri Bottas mal, Max Verstappen ficou com o segundo posto, seguido pelo Racing Point de Sergio Perez. Atrás, havia a confusão do costume, mas o Haas de Romain Grosjean, ao evitar um carro que tinha parado à sua frente, desviou-se e tocou na roda do Alpha Tauri de Pierre Gasly, acabando nos guard-rails de proteção da Curva 3. O impacto foi forte, o chassis foi arrancado em dois precisamente na parte do depósito de gasolina, e uma bola de fogo se via no lado de fora dos guard-rails. Depois de alguns segundos de angustia, e de respiração suspensa, Grosjean saiu do carro pelo seu próprio pé, e arrancado do local pelo Dr. Ian Roberts, o médico de serviço, e o piloto do carro médico, o sul-africano Alan ven der Merwe.

No final, escriações nas pernas e ligeiras queimaduras nos braços foi apenas o resultado de um impacto que uma geração antes, teria mandado o piloto para a sepultura, fosse queimado, sufocado ou destruido com o impacto contra os guard-rails. Mas graças à tecnologia, que nos deu coisas como o Halo, a celula de sobrevivência, a o chassis de fibra da carbono, Romain Grosjean vive para continuar a correr, seja aqui ou noutro lado.

Corrida interrompida, bandeira vermelha. E respirar fundo enquanto se pensa que o automobilismo continua a ser perigoso.


Demorou até recolher tudo e reparar o guard-rail na zona afetada, e quando puderam, houve nova partida. Hamilton voltou a largar bem, com Perez a assediar Verstappen, mas o holandês levou a melhor. Atrás, Bottas era assediado por Albon, mostrando que hoje, aparentava não ter um grande carro para acompanhar os da frente. Mas afinal, tinha um furo e iria recolher às boxes.

Mas... atrás, novo acidente. Daniil Kvyat tocava em Lance Stroll na curva 8, e o canadiano da Racing Point acabou de cabeça para baixo, que deu em Safety Car e não acabou pior porque... o Halo fez o seu trabalho. Mais uma vez.

Apenas na nona volta é que a corrida recomeçou, com Hamilton á frente de um comboio de pilotos, e aos poucos, o que se via eram os Ferrari a ficar acada vez mais para trás, enquanto os McLaren iam para a frente. Um pouco como está a ser a temporada, não é?


Com o passar das voltas, a emoção foi-se. O britâico ia para ma vitória que ninguém o contestava, apesar de Verstappen. As trocas de pneus, dos médios para os duros, após a passagem pelas boxes, era mais para ver se iam até ao fim ou não. E parecia que as coisas iriam assim até ao fim, até que a três voltas do final, o motor Mercedes de Sergio Perez entregou a sua alma ao Criador, algo bem raro hoje em dia. Aliás, se não estiver enganado, a última vez que vimos um motor a explodir na pista não foi com Lewis Hamilton, em Sepang, em 2016?

Claro, Alex Albon foi o grande beneficiado. E a Racing Point, que poderia ter somado muito, ficou sem nada e pior, viu os McLaren serem quarto e quinto, conseguindo 22 pontos, decidivos na luta pelo terceiro posto no Mundial de Construtores. O piloto tailandês subiu de novo ao pódio, num duplo pódio que já não acontecia desde o GP do Japão de 2017, numa final que acabou debaixo de bandeiras amarelas. E provavelmente, com um enorme sinal de alivio.

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