Este senhor foi piloto de Formula 1 com um dos "backgrounds" mais invulgares que se pode ter. Muitos não tem educação universitária, e se têm, são mais para os lados da Engenharia. Mas neste caso, é diferente, pois
Jonathan Palmer, o homem do qual falarei hoje, é formado... em Medicina! No dia em que se comemora o seu 52º aniversário natalicio, é dele que hoje falo.
Nascido em Londres a 7 de Novembro de 1956, Palmer era filho de médico, mas desde criança que estava viciado nas corridas. Contudo, o dinheuro foi sempre curto, e decidiu seguir a carreira do pai, cursando Medicina, que concluiu em 1979. Mas depois de dois anos, e depois de ter corrido num Austin-Healey e de ter tentado a sua sorte na Formula Ford, sem sucesso, decidiu pedir uma licença sabática e correr na Formula 3 britânica.
Em 1981, foi correr para a equipa West Surrey, e sabendo que o dinheiro era escasso, tinha que dar nas vistas. E conseguiu vencendo as quatro primeiras corridas do campeonato, lutando com o brasileiro Raul Boesel e o francês Thierry Tassin pelo título. No final do ano, conseguiu ganhar o campeonato, e fez os primeiros testes de Formula 1, na McLaren e na Williams.
Em 1982, vai para a Formula 2, onde consegue ser piloto da Ralt-Honda, e após um primeiro ano de aprendizagem, vence o campeonato de 1983, com 17 pontos de vantagem sobre o neo-zelandês Mike Thackwell. Esse resultado tem logo uma recompensa, ao guiar o terceiro carro da Williams- Cosworth, no GP da Europa, em Brands Hatch. Nessa corrida, Palmer qualificou-se e levou o carro até à 13ª posição final.
Em 1984, tem a sua primeira temporada completa ao serviço da RAM, do John McDonald. Com um carro do fundo do pelotão, não podia esperar grandes resultados, tendo o seu melhor sido um oitavo lugar na corrida inaugural, no Brasil. No ano seguinte, passa para a Zakspeed, uma nova equipa, vinda da Alemanha, que para além do chassis, construia o seu próprio motor! Sempre necessitando de dinheiro, competia também nos Sport-Protótipos, pela Richard Lloyd Porsche, num 956. Contudo, nesse ano, um acidente nos treinos para os 1000 km de Spa-Francochamps, a mesma prova onde morreu o alemão Stefan Bellof, provocou fracturas no pé direito, que o impediram de continuar a correr pela equipa alemã.
Recuperado, voltou à competição em 1986 pela Zakspeed, onde ficou toda uma temporada, sem, contudo, conseguir um lugar nos pontos. O melhor que conseguiu foi um oitavo lugar em Detroit. Mas no final desse ano, foi contratado pela Tyrrell para ser o seu piloto por três temporadas. Com um carro aspirado, muito inferior aos carros turbocomprimidos, Palmer não podia aspirar a mais do que aproveitar as oportunidades de chegar aos pontos, caso aparecessem.
Em 1987, a FIA criou um troféu para os motores aspirados, o Troféu Colin Chapman, e para os pilotos, foi criado o Troféu Jim Clark. A Tyrrell e os seus pilotos Palmer e o francês
Phillippe Streiff) eram os mais naturais candidatos a ambos os títulos, pois eram os melhores nesse pelotão. Palmer conseguiu pontuar por três vezes, sendo o seu melhor resultado um quarto lugar no GP da Austrália, conseguindo sete pontos no total e a 11ª posição no campeonato. Natiuralmente, foi o vencedor do troféu.
No ano seguinte, agora com
Julian Bailey a seu lado, era um carro pior do que o anterior, mas mesmo assim, conseguiu levar o carro por três vezes aos pontos, conseguindo cinco pontos e o 14º lugar no campeonato. Em 1989, no primeiro ano da era aspirada, Palmer tinha um adversário de respeito: o italiano Michele Alboreto. Ele conseguiu um terceiro lugar no México, mas estava em más graças com o "Tio" Ken, portanto, o seu cargo estava mais ou menos seguro. No chuvoso GP do Canadá, prova onde não terminou, conseguiu algo inédito: uma volta mais rápida, a sua unica. Já antes, em San Marino, tinha chegado na sexta posição.
Contudo, a chegada de Jean Alesi, que foi muito mais rápido do que Palmer, sognificou que os seus dias na Tyrrell estavam contados. No final do ano, depois de conseguir dois pontos e a 25ª posição no campeonato, assinou um contrato para ser piloto de testes da McLaren, cargo no qual ficou até 1993.
A sua carreira na Formula 1: 88 Grandes Prémios, em sete temporadas (1983-89), uma volta mais rápida, 14 pontos.
Em meados de 1993, a BBC pediu para substituir James Hunt no papel de comentarista ao lado de Murray Walker, após a inesperada morte do ex-campeão do Mundo.Por lá ficou até 1996, altura em que foi substituido pelo seu compatriota Martin Brundle, quando as transmissões televisivas passaram para a ITV.
Então, virou-se para os negocios. Em 1998, criou e organizou a sua própria categoria de acesso, a Formula Palmer Audi, de onde sairam pilotos de expecção como
Justin Wilson,
Giorgio Pantano,
Bjorn Wirdheim,
Gary Paffet, entre outros. Palmer foi o manager de Wilson até à sua chegada à Formula 1. Para além disso, criou a Motorsport Vision, uma empresa que cuida e gere quatro circuitos ingleses, entre os quais Brands Hatch e Snetterton. Este ano, a empresa foi escolhida para levar por diante a organização da nova Formula 2, uma das competições de acesso para a categoria máxima do automobilismo.
Fontes: