Para Ayrton Senna, a indecisão tinha sido a sua marca ao longo da pré-temporada. Considerou sériamente tomar outro ano sabático, como fizera Prost, e até tinha andado num Penske da IndyCar, a convite de Emerson Fittipaldi. Mas depois de muito pensar, Senna decidiu continuar na McLaren e na Formula 1, à razão de... um milhão de dólares por corrida. A McLaren acedeu, apesar de nesse ano, sem o motor Honda, se tinha resignado a ter um motor Cosworth cliente, já que as melhores evoluções iriam para a Benetton, que agora estava a concentrar as suas atenções sobre o jovem alemão Michael Schumacher.
Prost, Senna e Schumacher iriam ter novos companheiros de equipa. Na Williams, esta iria ter uma dupla totalmente nova e Frank Williams achou por bem dar uma chance de correr ao seu piloto de testes, o britânico Damon Hill. O filho de Graham Hill tinha tido a chance de experimentar um carro ao longo de parte da temporada de 1992 com a Brabham, e agora este ano iria estar ao lado de Alain Prost, dado que não seria ameaça para o piloto francês, apesar de ter... 32 anos.
Na McLaren, Senna iria ter como companheiro de equipa o americano
Michael Andretti. Filho de
Mário Andretti, o piloto de 30 anos tinha palmarés nos Estados Unidos, tendo sido campeão na CART, que então vivia o seu auge. Como piloto de reserva,
Ron Dennis tinha ido buscar o jovem talentoso finlandês,
Mika Hakkinen, pois não tinha a certeza se Senna iria continuar ou iria fazer uma temporada sabática. Com o brasileiro a decidir pela continuidade, Hakkinen fica nos bastidores.
Na Benetton, o companheiro de Michael Schumacher iria ser um veterano da Formula 1: o italiano Riccardo Patrese. A equipa iria acolher o piloto que já estava na competição pela 17ª temporada consecutiva e que já pertencia ao clube dos 200 GP's. A equipa tinha prioridade sobre os motores Ford Cosworth e previa-se que iriam ter uma boa temporada.
Essas três equipas iriam ser as favoritas ao titulo de construtores, porque a Ferrari ainda estava a lamber as feridas de um 1992 desastroso.
Jean Alesi iria continuar na equipa, mas para seu companheiro de equipa, a Scuderia pediu a
Gerhard Berger para que regressasse a uma casa onde tinha sido feliz entre 1987 e 1989 e desenvolvesse o novo carro.
Niki Lauda iria regressar também à marca, como conselheiro, enquanto não aparecesse um novo diretor desportivo que fosse capaz de catapultar a marca para os tempos de glória, que já estavam demasiado distantes.
Na Lotus, a equipa ainda necessitava de usar o modelo 103, modificado para as especificidades desta temporada, e tinha uma dupla constituida por Johnny Herbert e pelo veloz italiano Alessandro Zanardi. Iriam manter os motores Cosworth, mas esperavam ter melhores motores na temporada que ali vinha. Já a Arrows, que usava o nome do seu patrocinador, a Footwork, como titular, decidira apostar na continuidade, graças aos motores Mugen-Honda. Aguri Suzuki mantinha-se na equipa, que recebia o regressado Derek Warwick, que voltava depois de duas temporadas de ausência.
A Jordan era uma equipa que fora redesenhada de alto a baixo, depois de uma temporada desastrosa. Com
Mauricio Gugelmin e
Stefano Modena fora da Formula 1.
Eddie Jordan decidiu arranjar uma dupla totalmente nova, constituida por um veterano, o italiano
Ivan Capelli, que tentava recuperar a sua auto-estima após uma temporada desastrosa na Ferrari, e o estreante brasileiro
Rubens Barrichello, que tinha vindo da Formula 3000, e aos 20 anos, era dos mais jovens pilotos de sempre num carro de Formula 1. A mesma coisa acontecia na Ligier, que tinha mantido os motores Renault, mas que tinha colocado uma nova dupla: dois britânicos,
Martin Brundle e
Mark Blundell.
Na temporada de 1993, uma nova equipa iria entrar no pelotão da Formula 1. Iria ser a Sauber, uma equipa suiça com experiência na Endurance, que com os motores preparados pela Ilmor - mas com apoio da Mercedes, sua parceira nos Sport-Protótipos - estava a testar há mais de um ano para ver se entraria na Formula 1 com o "pé direito". Para as duas vagars foram dois pilotos jovens e velozes: o estreante austríaco Karl Wendlinger e o finlandês J. J. Letho, vindo da Dallara.
Na Minardi, houve uma mistura de contiuidade e mudança. O brasileiro Christian Fittipaldi manteve-se na equipa, enquanto que foi contratado para o lugar de Gianni Morbidelli outro seu compatriota, Fabrizio Barbazza. A Scuderia Itália decidiu abdicar dos chassis Dallara e pediu à Lola para que construisse dois chassis para eles, numa equipa que iria misturar juventude e experiência: uma dupla totalmente italiana, constituida por Michele Alboreto e por Luca Badoer.
Para finalizar, a Tyrrell decidira manter os pilotos de 1992: o italiano Andrea de Cesaris e o japonês Ukyo Katayama, mas trocou os motores Ilmor pelos Yamaha, enquanto que na Larrousse, Philippe Alliot alinhava ao lado de Eric Comas.
Chegou-se a pensar - e estiveram inscritos - que a equipa March iria estar presente em Kyalami, mas no meio de fevereiro, a March entrou em falência e eles acabaram por não comparecer em paragens sul-africanas.
Feitas as devidas adaptações à altitude sul-africana num Kyalami absolutamente diferente do passado, as qualificações não foram surpreendentes: Alain Prost fez a pole-position, com Ayrton Senna a seu lado por meros... 88 centésimos de segundo. Michael Schumacher fora o terceiro, seguido pelo segundo Williams de Damon Hill. Jean Alesi era o quinto, no seu Ferrari, seguido pelo surpreendente Sauber de J.J. Letho. Riccardo Patrese conseguiu o sétimo posto, seguido pelo Ligier-Renault de Mark Blundell. A fechar o "top ten" ficou o segundo McLaren de Michael Andretti e o segundo Sauber de Karl Wendlinger.
A partida foi atribulada. Prost partiu mais lentamente do que foi o esperado e foi superado por Senna e Hill, enquanto que Michael Andretti ficou parado na grelha de partida, incapaz de se adaptar a uma partida parada, em vez das largadas em andamento como acontecia na CART. Pouco depois, Hill perde o controlo do seu carro e entra em despiste, caindo para o fundo do pelotão.
A partir daqui, três pilotos começam a se deslocar do resto do pelotão: o McLaren de Senna, o Benetton de Schumacher e o Williams de Prost. O francês tenta pressionar Schumacher, mas o alemão não cedia facilmente. Somente na 13ª volta é que o francês passou para o segundo lugar e começou a pressionar Senna para o comando. Atrás, Damon Hill recuperava posições, mas na 19ª volta, calculou mal uma travagem e acabou por bater no Lotus de Zanardi.
Por essa altura, Prost pressionava Senna, mas o brasileiro defendia o comando com unhas e dentes, mas na volta 25, o francês conseguiu passar o brasileiro e ficou no comando. Pouco depois, Schumacher ficou com o segundo lugar, mas ambos tiveram de parar para trocar de pneus. Senna saiu melhor do que Schumacher e conseguiu recuperar o segundo lugar.
Schumacher não largou Senna e procurou uma chance para o passar. Conseguiu-o na 40ª volta, mas Senna fechou o suficiente para que existisse um ligeiro toque na roda do Benetton, o suficiente para o desequilibrar e entrar em despiste. Caindo na caixa de brita, o alemão ficou-se por ali.
Na frente, Prost estava cada vez mais à vontade, com Senna no segundo lugar, e Patrese era terceiro. Contudo, na volta 46, o italiano entrou em despiste e também acabou por desistir. Por esta altura, a corrida sul-africana tinha sido uma hecatombe para o pelotão: por alturas da 50ª volta, apenas nove pilotos estavam ainda em pista.
Nas voltas finais, o tempo ameaçava piorar. Nuvens negras estavam no horizonte e a ideia de uma chuvada forte era real. E tal aconteceu em parte do circuito a pouco mais de duas voltas do fim, o que fez com que alguns dos carros saissem da pista, mas não o suficiente para fazer parar a corrida ou influenciar o resultado final. Alain Prost cruzou a meta no primeiro lugar, com Ayrton Senna no segundo e o Ligier de Mark Blundell a conseguir o terceiro lugar, o seu primeiro pódio da sua carreira. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram o Minardi de Christian Fittipaldi, o Sauber de J.J Letho e o Ferrari de Garhard Berger.