sexta-feira, 27 de março de 2020

A imagem do dia

Antes de Miki Biasion, a Itália teve um campeonissimo nos ralis, de seu nome Sandro Munari. E durante boa parte da sua carreira, especialmente nos anos 70, ele era associado a um carro: o Lancia Stratos. O pequeno carro com motor Ferrari V6 Dino de traseira dominou os ralis entre 1972 e 1977, e Munari aproveitou muito bem esse bolido, vencendo sete provas no WRC e levando-o ao seu único título mundial, o primeiro que a competição conhece, em 1977.

A imagem que acompanha este post data de 1975, quando Munari venceu o Rali de monte Carlo, a primeira das três vitórias consecutivas que iria ter por aqui - venceria em 1976 e 77 - e era uma prova especial. Depois de não ter sido realizado em 1974 por causa do primeiro choque petrolifero, onde os preços na bomba de gasolina subiram 400 por cento, o regresso dos carros às paisagens brancas dos Alpes franceses foi uma bela maneira de dizer que as coisas tinham regressado à normalidade.

Munari estava com o seu Stratos contra os Fiat oficiais, que alinhavam com os 124 Spider, guiados pelo francês Barnard Darniche e os finlandeses Hannu Mikkola e Markku Alen. A concorrência era mais vasta, desde os Alpines de pessoal como Jean-Pierre Nicholas, Jean-Luc Therier ou Jean Ragnotti, até aos Opel de Andres Kullang ou de um jovem chamado Walter Rohrl.

Já agora, Mikkola era navegado por um francês chamado Jean Todt...

Munari teve tudo controlado desde o inicio. Sofreu os ataques dos Fiat, especialmente quando os Alpine não aguentaram a pedalada dos italianos. Tanto que Mikkola e Alen cedo foram a maior oposição do Lancia, mas Munari, como foi dito, nunca perdeu a liderança de vista. E entao, num tempo onde os ralis duravam quase uma semana e tinham dezenas de especiais, no final, o piloto italiano acabava no lugar mais alto do pódio com quatro minutos de avanço sobre Mikkola. E foi aqui que Alen conseguiu o seu primeiro pódio numa prova do WRC. Pouco tempo depois, em Portugal, alcançaria a sua primeira vitória.

Esta foi a sua única vitória desse ano para Munari. Curiosamente, em 1976 teria o seu melhor ano, vencendo em três provas: Monte Carlo, Portugal e na Volta à Corsega, e se existisse um Mundial de pilotos, se calhar teria também sido campeão, como foi campeão europeu em 1973 e bicampeão italiano em 1967 e 69, também num Lancia. E pelo meio, ainda ganhou um Targa Florio, ao lado de Arturo Merzário, a bordo de um Ferrari 312PB.

Assim sendo, "compleanni felice" a Sandro Munari!

quinta-feira, 26 de março de 2020

Motores e o coronavirus: As novidades do dia 26

Mais um dia em isolamento mundial, mais uma grande quantidade de adiamentos. A grande novidade foi o anuncio do adiamento das 500 Milhas de Indianápolis para o dia 23 de agosto. Apesar da prova ter sido cancelada nos anos de 1917-18, e entre 1942 e 45, devido às guerras mundiais, nunca a prova tinha sido adiada devido a motivos de saúde. O GP de Indianápolis, que ocorre na pista que foi construída para a Formula 1, acontecerá a 4 de julho.

"O mês de maio no Indianapolis Motor Speedway é minha época favorita do ano e, como nossos fãs, estou decepcionado por termos de remarcar a Indy 500", disse Roger Penske. “No entanto, a saúde e a segurança de nossos participantes e espectadores são nossa principal prioridade, e acreditamos que adiar o evento é uma decisão responsável com as condições e restrições que estamos enfrentando. Continuaremos focando em maneiras de melhorar a experiência do cliente nos próximos meses, e estou confiante de que daremos as boas-vindas aos fãs com instalações transformadas e um espetáculo global quando realizarmos a maior corrida do mundo."

A Indy Car Series é mais uma das competições suspensas devido do coronavirus, que também cancelou e adiou praticamente todas as competições desportivas marcadas para este ano. Em termos de números, hoje os Estados Unidos têm 60.562 casos, à frente da Itália, com 57.521, e da Espanha, que tem 38.809, com 1081 mortes para os Estados Unidos, 8165 para Itália e 4145 para Espanha.

Horas antes, o Mundial de Moto GP também anunciou o adiamento das rondas de Espanha e França, marcadas para o inicio de maio. Até agora, as quatro primeiras provas do campeonato tinha sido ou adiados ou cancelados em cima da hora, como foi o GP do Qatar, para o Moto GP, mas não para a Moto2 e Moto3. Para além disso, a ronda de Mugello, em Itália, previsto para o dia 31 de maio, poderá também ser adiado para data a determinar, isto é, se for realizado ainda em 2020.

Entretanto, Romain Grosjean revelou uma conversa que teve com Sebastian Vettel quando ele enviou uma mensagem às 4 da manhã através do Whatsapp informando do momento em que iria embora da Austrália, horas antes do cancelamento da mesma devido ao coronavirus.

"Os rumores começaram a acontecer na noite de quinta-feira", disse Grosjean numa entrevista. "De quinta para sexta-feira, não dormi muito bem. Às três da manhã, eu estava conversando com Sebastian Vettel. Eu perguntei 'onde você está, por que você está acordado?' E ele respondeu 'eu estou indo para o aeroporto'. Ele estava tipo 'está cancelado, isso não está acontecendo'." Eu disse que não ouvi nada oficial, então fico-me por aqui.", continuou.

"Ele disse: 'minha equipa me disse que estou livre para ir, então vou embora'". Assim, às três da manhã de sexta-feira no horário de Melbourne foi quando eu soube que as coisas não iriam acontecer", concluiu.

quarta-feira, 25 de março de 2020

A imagem do dia

Um dos grandes defeitos do Ayrton Senna por muito tempo era a sua falta de paciência, especialmente para passar os carros mais lentos. O exemplo do GP de Itália de 1988 é o mais célebre, quando não esperou alguns segundos para poder passar Jean-Louis Schlesser, pois tinha uma enorme vantagem sobre o Ferrari de Gerhard Berger. E ao não ter paciência para atrasado, ofereceu à Ferrari a mais inesperada das suas vitórias na sua longa história da Formula 1.

Em 1990, a Formula 1 regressava a Interlagos na pior altura para receber um Grande Prémio. No Brasil, o país vivia com o flagelo da inflação, e o novo presidente, Fernando Collor, decidiu confiscar as poupanças que as pessoas tinham no banco, obrigando-as a tirar apenas uma infima parte. As pessoas correram aos balcões para tirar o que podiam antes da medida entrar em vigor, e muitos não conseguiram.

Ao mesmo tempo, Jean-Marie Balestre, então presidente da FISA, ia ao Brasil, poucos meses depois dos eventos de Suzuka. Eles aproveitou a situação para insultar o povo brasileiro, dizendo que não tinham dinheiro para comprar tomates para poder atirar a ele, e chamando-os de cobardes, ao compará-los aos separatistas corsos que matavam pessoas com bombas debaixo dos carros. Vá lá, não disse que o IRA e a ETA eram melhores...

Senna era de São Paulo e queria ganhar em casa. Aliás, até então não tinha ganho nenhum GP do Brasil, tendo o melhor sido um segundo lugar na edição de 1986, e em 1988 e 89, tinha tido problemas, desde batidas na partida até uma desclassificação. E até tinha colocado o dedo nas obras de remodelação ao autódromo de Interlagos, que completava 50 anos em 1990. Foi por causa dele que nasceu o "S" de Senna, por exemplo.

Ele queria avidamente ganhar, especialmente para poder esfregar na cara de Prost, que vencera em "terra Brasilis" em 1982, 84, 85, 87 e 88. Na Ferrari, tinha máquina para ser de novo campeão, logo, seria o rival de Senna no título... e no seu próprio Grande Prémio. Senna fez a pole e Prost foi apenas sexto na grelha, enquanto o brasileiro partiu no comando, enquanto atrás, Prost tentava fazer uma corrida suficiente para estar no lugar certo, à hora certa. 

Na volta 40, Senna aproximava-se do Tyrrell de Satoru Nakajima, seu companheiro nos dias da Lotus-Honda. Prost estava no segundo posto, a cerca de dez segundos. Estava perto, mas não era ameaçador. Contudo, a sua ansiedade levou a melhor, e a impaciência levou a uma atitude intempestiva. O nariz foi quebrado e o downforce comprometido. Foi às boxes e tentou recuperar o tempo perdido, mas não conseguiu mais que o terceiro posto, atrás de Alain Prost e Gerhard Berger.

Claro, nem tudo foi mau. Continuava a liderar o campeonato, mas em rermos de vitórias naquela temporada, era um empate. Quando tinha tudo para sair dali como vencedor. Os fãs tiveram de esperar mais um ano, e em circunstâncias épicas, para verem o seu sonho realidade.  

terça-feira, 24 de março de 2020

Motores e o Coronavirus: As atualizações do dia 24

A grande novidade deste dia 24 é de... ontem. Chase Carey, o CEO da FOM, voltou a falar aos fãs, admitindo que deverão assistir-se a mais adiamentos e/ou cancelamentos, e provavelmente o calendário de 2020, a acontecer, será totalmente reformulado. Carey mostra-se determinado em que a Fórmula 1 tenha pelo menos um calendário de quinze provas, o que era costume nos anos 80 e 90 do século passado. 

Reconhecemos que existe um potencial significativo para mais adiamentos de eventos actualmente agendados, no entanto, nós e os nossos parceiros esperamos que a temporada comece no Verão em algum momento com um calendário revisto de quinze a dezoito corridas”, começou por dizer Carey.

Antecipamos que a data do fim da temporada seja estendida para lá da sua data original, 27 a 29 de Novembro, com a sequência e datas das corridas a diferirem significativamente do calendário original de 2020”, concluiu.

Entretanto, no WRC, o Rali de Portugal foi adiado e os organizadores do Rali da Sardenha ainda não anunciaram o adiamento do seu rali, previsto para os dias 4 e 7 de junho, mas será uma questão de tempo. No caso português, o solicitamento para o seu adiamento partiu da parte de Carlos Barbosa, o presidente do Automóvel Clube de Portugal (ACP), para uma data oportuna.

Queremos agradecer a todos os nossos patrocinadores e parceiros pela compreensão e esperamos contar com todos numa data posterior este ano”, declarou Carlos Barbosa, presidente do ACP.

Para o promotor do WRC, Oliver Ciesla, “estamos todos a trabalhar para identificar possíveis datas alternativas no final da temporada, caso a situação do COVID-19 melhore, levando em consideração a logística do campeonato, a capacidade de as equipas viajarem novamente e a capacidade dos respetivos países organizarem o WRC nessa altura”.

No caso sardo, segundo conta hoje o site dirtfish.com, o adiamento do rali italiano acontecerá a qualquer momento, para uma data posterior. A acontecer, o reinicio do Mundial acontecerá nos dias 16 e 19 de junho, no Quénia, com o regresso do Rali Safari.

É agora evidente que a situação da pandemia desencadeada pelo Coronavirus, com os seus diferentes métodos de desenvolvimento de país para país, requer uma revisão completa do calendário das grandes competições automóveis internacionais, incluindo o WRC e nesse sentido, o Automobile Club d’Italia como organizador do Rally Italia Sardegna disponibilizou-se com a FIA e com o Promotor do WRC para estudar uma possível nova data para o evento italiano do Campeonato do Mundo de Ralis”, afirmou o presidente do Automobile Club d’Italia, Angelo Sticchi Damiani.

Por hoje é tudo, nova atualização caso seja necessária.

segunda-feira, 23 de março de 2020

Motores e o Coronasvirus: As novidades do dia 23

As novidades desta segunda-feira tem a ver com o adiamento do GP do Azerbeijão, previsto para o dia 7 de junho, devido à pandemia mundial do coronavirus. Os rumores apareceram no final de semana, primeiro com a suspensão de vistos para o país, depois chegou-se a dizer até que ele poderia ser cancelado, pura e simplesmente. No final, é um adiamento sem data marcada, provavelmente para 2021 ou mais adiante.

Com isto, o calendário da Formula 1 está reduzido a 14 corridas marcadas ainda nas suas datas originais, o número mais baixo desde 1980. Contudo, como provavelmente o GP do Canadá será também adiado, bem as corridas em França e Grã-Bretanha, é altamente provável que o calendário seja baralhado e voltado a dar, ou seja, haja um mini-calendário com as provas possiveis, ainda este ano, ou então uma super-temporada 2020-21, com as 23 corridas programadas inicialmente, o que seria algo mais complicado de se realizar. 

Entretanto, no WRC, os organizadores do Rali de Portugal estão à espera do mês de abril para saber se haverá condições para a sua realização na data prevista. Em declarações aos site Dirtfish.com, Oliver Ciesla, o promotor do WRC, revelou que o deadline para decisões "será a primeira semana de Abril, quando a maior parte dos governos tomarão novas decisões e novas previsões relativamente à situações em que os países se encontram."

Carlos Barbosa, o presidente do Automóvel Clube de Portugal, já tinha dito que estava à espera da evolução da situação para tomar alguma decisão sobre o possível adiamento da prova, e que ainda era cedo para tal. 

Por outro lado, no Europeu de Ralis, a prova das ilhas Canárias foi adiada para dezembro, no novo calendário da competição. Agora, a prova começa no final de meio, na Letónia, enquanto o rali dos Açores passou para o fim de semana de 17 e 19 de setembro, depois de ter sido remarcado de março. 

Por agora, é tudo. Mais tarde haverá nova atualização.