sábado, 7 de janeiro de 2023

As aspirações de Hamilton no seu aniversário


No dia em que comemora 38 anos, Lewis Hamilton sabe que não há muito mais tempo na Formula 1, e as suas chances de conquistar um oitavo título diminuem de ano para ano, por causa as ascensão de Max Verstappen e da Red Bull. Contudo, o piloto britânico está esperançado que o W14 - cujo motor foi ligado no final do ano passado - seja um carro que tenha resolvido os defeitos de 2022 e seja capaz de superar os adversários para que ele alcance o oitavo campeonato, e quem sabe, sair por cima da Formula 1.

Numa entrevista ao jornal Bild, o britânico referiu que o trabalho que a Mercedes desenvolveu ao longo de da última temporada lhe dá esperança de que 2023 seja melhor. "Sei como é difícil estar no topo e ficar lá. Queremos voltar ao topo. O que nos dá grande esperança é o final desta época. As últimas corridas mostraram uma clara tendência positiva e provam que com perseverança podemos conseguir tudo", prosseguiu.

No final, afirmou que pretende sair com o oitavo título: "Acho que sair como campeão do mundo é um sonho que todos os atletas têm – e eu também", reconheceu.

Terá essa capacidade? Não foi um grande ano, o de 2022. Pela primeira vez na sua carreira, ele não triunfou em qualquer corrida. E para piorar as coisas, a única vitória foi no Brasil com George Russell, bem mais novo que ele e com potencial para ser campeão. E a idade começa a pesar em Hamilton, que em compensação, ganha em termos de experiência. 

O grande defeito do W13 teve a ver com o "porpoising" e espera-se que o carro possa resolver esses problemas, esperando que o motor seja superior aos da concorrência. Mas num ano onde os carros tem de começar a ficar mais iguais, com alguma vantagem a ser diminuída, quer em termos de potência e aerodinamismo, será o piloto a fazer a diferença. E quanto mais fresco... se calhar, seria melhor. 

Temos uma temporada para assistir. E claro, feliz aniversário, Lewis!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

A imagem do dia



Ontem e hoje acontecem as exéquias de Phillipe Streiff, que faleceu no passado dia 23 de dezembro, aos 67 anos, depois de quase meia vida numa cadeira de rodas após o seu acidente em Jacarépaguá, ao serviço da AGS, e que precipitou o final da sua carreira automobilística. 

A cerimónia acontece numa igreja em Neuilly, nos arredores de Paris, com familiares e amigos a prestarem homenagem ao piloto e organizador de eventos como o Bercy Karting Masters, e também quando foi conselheiro para a segurança rodoviária durante o governo de Nicolas Sarkozy.

Finda a cerimónia, os restos mortais serão transportados para o jazigo de família em Grenoble. 

Youtube Motorsport Bideo: Ken Block em Goodwood

Na semana da morte de Ken Block, o Goodwood Festival of Speed fez uma homenagem ao piloto e acrobata americano de 55 anos, colocando este vídeo das suas passagens - sempre espetaculares - pelo Goodwood Festival of Speed, no Reino Unido.

No vídeo, a organização homenageou-o, falando dele como "um bom amigo de Goodwood, amado quer por nós, quer pelos fãs.

Noticias: McLaren anuncia novo carro


A McLaren anunciou esta sexta-feira que o novo carro, o MCL37, será apresentado ao mundo a 13 de fevereiro, a mesma data onde o carro da Aston Martin será lançado ao mundo, na sua sede em Woking.

A equipa, que em 2023 terá Lando Norris e Oscar Piastri, terá um novo diretor desportivo depois da saída de Andreas Seidl, em dezembro, ele que foi para o projeto da Audi, no lugar de Fred Vasseur, que foi para a Ferrari. Para o seu lugar rumou Andrea Stella.

Neste momento, das 10 equipas, cinco já anunciaram as datas de apresentação dos seus chassis. Os testes de pré-temporada acontecerão a 25 de fevereiro no Bahrein.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

A abertura para as novas equipas


O Ano Novo ficou marcado pela intenção de Mohamed Bin Sulayem de ouvir - e provavelmente, apoiar - a entrada de novas equipas na Formula 1. Numa altura em que se fala do projeto da Andretti e da resistência das outras equipas de ter mais gente, porque significa que o "bolo" vindo da FOM seria mais espalhado, a ideia de alargar o pelotão, pela primeira em quase década e meia, é algo do qual deve ser lido, ouvido e refletido. 

Numa altura em que a Audi irá entrar na Formula 1 em 2026, depois de ter adquirido a Sauber, e se fala da Porsche, por agora como fornecedora de motores, a Andretti é a marca que está a mexer-se no sentido de estar na grelha assim que puder, provavelmente nesse mesmo ano. Aliás, nesta quinta-feira, Michael Andretti anunciou uma parceria com a General Motors, através da Cadillac. 

"Tenho orgulho em dizer que temos a GM e a Cadillac ao nosso lado enquanto buscamos esse objetivo. GM e a Andretti dividem um legado surgido do amor pelas corridas. Agora, temos a oportunidade de combinar nossas paixões pelo automobilismo e dedicação e inovação para construir uma equipe de Formula 1 verdadeiramente americana", afirmou o ex-piloto numa conferência de imprensa coletiva.

Entrar na Formula 1 não é fácil: precisa do acordo de todas as equipas e que haja o pagamento de uma taxa de 200 milhões de dólares, que seria devolvida nos anos seguintes. E fazer cair essa taxa precisa do acordo de todas essas 10 equipas, o que provavelmente não será fácil, porque as equipas tem os seus interesses e poderão usar isso como moeda de troca para conseguir algo a seu favor. 

Mas a Andretti, pesar de ser séria, não é a única que pretende entrar na competição. O próprio Bin Sulayem fala que até nove equipas poderão estar interessados em entrar, e uma delas é falada há anos: a Panthera Team Asia. Desde 2019 que tenta montar um projeto sério para participar na competição, e que foi a primeira a falar disso à FIA, depois do anuncio do seu presidente. Em declarações ao Racingnews365.com, Benjamin Durand afirmou o seu interesse.

Acolhemos a iniciativa da FIA, mas agora precisamos saber exatamente quais são os requisitos e como o processo se desenrolará, estamos prontos para expressar nosso interesse na Fórmula 1”, afirmou.

Contudo, o projeto da Panthera existe há algum tempo e poucos tem sido os esforços para montar uma estrutura dita "séria" para competir na categoria máxima do automobilismo. Logo, não se sabe se isto é ou não é sério para poder ser acolhido. 

Numa altura em que já temos um teto orçamental, controlado pela FIA, esse controlo, que levará a um maior equilibro entre equipas num futuro mais ou menos próximo, poderá abrir a porta a novas equipas, alargando para 12 ou 13, dependendo que quantos projetos aparecerão, e que limite é que as equipas estão dispostas a impor, por causa do Acordo da Concórdia, que foi renovado em 2020. 

Contudo, a FOM tem a palavra mais importante, que farão o possível para que o projeto não tenha falhas. E um bom exemplo foi a reação que tiveram após o anuncio da manifestação de interesse da Cadillac, onde tentaram colocar água na fervura. 

"Há um grande interesse no projeto da Formula 1 neste momento, com uma série de conversas que não são tão visíveis como outras. Todos queremos garantir que o campeonato se mantém credível e estável e qualquer novo pedido de entrada será avaliado em critérios para cumprir esses objetivos por todas as partes interessadas relevantes. Qualquer novo pedido de participante requer o acordo tanto da F1 como da FIA", afirmou, no comunicado oficial.

A Formula 1 são 10 equipas, uma máquina bem oleada do qual irão querer ter tudo fechado a muitas chaves. E só deixarão entrar alguém se apresentarem todas as garantias, incluindo as que tiverem de ser inventadas neste momento. Ou seja, o caminho será bem longo e complexo.  

Formula E: Apresentado o circuito de São Paulo


A menos de semana e meia do inicio da temporada, foi mostrado o circuito do Anhembi, em São Paulo, que será o palco da ronda brasileira da competição elétrica. A pista terá um desenho relativamente diferente daquele que usou uma década antes, quando acolheu a IndyCar, e por causa disso, terá 2900 metros, contra os cerca de quatro mil que apresentou anteriormente.

Segundo conta a prefeitura da cidade, o contrato foi assinado para cinco temporadas, com a possibilidade de renovação por mais cinco. E segundo o perfeito da cidade, Ricardo Nunes, este projeto pode ter o potencial de gerar cerca de dois mil empregos diretos e indiretos.

"A cidade recebe milhares de eventos culturais, esportivos e de negócios todos os anos, e ter a Fórmula E no nosso calendário é motivo de orgulho e comemoração. Uma corrida com carros exclusivamente elétricos também vem ao encontro do nosso Programa de Metas, que tem os 'Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)' como premissa de conceção e execução em cada um dos seus 77 pontos", afirmou.

Espera-se que cerca de 35 mil pessoas estarão presentes no dia da corridas nas bancadas espalhadas ao longo da pista. 

quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

A imagem do dia


A foto encontrei no Facebook do F1 Lado B, fornecido pelo Leonardo Bandeira Verde. E trata-se de um teste, feito algures em 1984 ou 85 com o Ligier JS23. E mostra um piloto que, sendo bom nas Formulas de acesso, nunca teve uma chance de correr na categoria máxima do automobilismo, apesar de ter andando perto por algumas ocasiões. 

Para Michel Ferté, morto nesta quarta-feira aos 64 anos em Le Mans, depois de uma longa batalha contra uma doença, o seu grande momento nem foi a andar naquele Ligier de Formula 1, foi mais tarde, em Le Mans. Em 1991, como piloto oficial da Jaguar, acabou no segundo posto na edição deste ano, ao lado do americano Davy Jones e do brasileiro Raul Boesel, duas voltas atrás dos vencedores, o Mazda 787 da tripla Johnny Herbert, Wolker Weidler e Bertrand Gachot

Nascido em Falaise, no Calvados francês a 8 de dezembro de 1958, era três anos mais novo que o seu irmão Alain, foi campeão francês de Formula 3 em 1983, ao mesmo tempo que participava em algumas corridas de Formula 2 pela Martini. No ano a seguir, acabou em terceiro lugar, com uma pole-position e cinco pódios. Em 1985, foi para a Formula 3000, onde ao serviço da Marlboro France, e até ao final do ano seguinte, conseguiu oito pódios, duas pole-positions, duas voltas mais rápidas, 41 pontos no total e dois quintos lugares na competição. Mas não ganhou corridas. 

Apesar de ser um dos melhores pilotos da sua categoria, acabava por ver os outros a terem a sorte de ir para a Formula 1. Não deslumbrava, não era espetacular, não barria a concorrência, e também, não tinha a carteira suficientemente gorda para poder "comprar" um lugar. Mas mesmo que isso acontecesse, não fazia parte da sua natureza.

Assim sendo, não houve a Formula 1. E foi mais feliz na Endurance.  O seu grande momento foi em 1991, mas na realidade, a sua presença até 2003, correndo no Ferrari P333 SP e no Courage C50- Porsche, com o seu melhor resultado um nono posto na edição de 1999, ao lado do já veterano Henri Pescarolo e de Patrice Gay.

Um mês depois de Patrick Tambay, e duas semanas depois de Philippe Streiff, a França perde mais um dos seus pilotos que marcaram uma infância.     

Youtube Rally Video: Os Campeões

O ano de 2023 marca os 50 nos a primeira temporada do Mundial de ralis, então a Taça do Mundo de Ralis da FIA, onde não se coroavam os pilotos, mas sim... os carros. Apenas em 1979 se começaram a dar títulos aos condutores, sendo o primeiro a ser o sueco Bjorn Waldegaard, no seu Ford Escort 1800 de Grupo 4, batendo o finlandês Hannu Mikkola por... um ponto.

Para assinalar esta data, e claro, homenagear os seus campeões, o Antti Kalhola fez este vídeo, que o publicou no final do ano passado. Bom saber que ele está de volta, e é bom recordar todos estes que marcaram uma era nos ralis, nos últimos 40 anos. 


Noticias: Alpine anunciou dia de apresentação


A Alpine anunciou hoje que o seu carro de 2023, o A523, será apesentado a 16 de fevereiro. O carro, que será pilotado pelos franceses Esteban Ocon e Pierre Gasly, será apresentado em Londres e acontecerá nove dias antes dos testes coletivos no Bahrein, que começarão no dia 25 de fevereiro, duas semanas ants da primeira corrida do campeonato, a 5 de março, no mesmo local. 

A equipa tornou-se na quarta a anunciar a apresentação do seu chassis, depois da Aston Martin, Alpha Tauri e Ferrari. Quanto aos seus pilotos, Gasly está agora no lugar de Fernando Alonso, que rumou para a Aston Martin, em substituição de Sebastian Vettel, que se retirou da competição no final da temporada passada.

terça-feira, 3 de janeiro de 2023

A imagem do dia


A ideia de hoje, de inicio, seria o de falar sobre o negócio à volta de como a Lotus conseguiu o seu grande patrocínio da Imperial Tobacco, e como 110 mil libras, em 1968, deu para financiar a temporada da Team Lotus na Formula 1, Formula 2, Formula 3 e Formula Ford (!), e ainda sobrou uns trocos para pagar salários a pilotos e mecânicos. 

Mas com a morte inesperada e violenta de Ken Block, fica para outro dia. 

Nos imensos tributos e historietas sobre o piloto de 55 anos, mais conhecido pelas suas "ghynkahas" e o facto de ele ter sido visto com desconfiança pelos mais puristas - ignorando que ele trouxe muita gente para os ralis, dando uma visibilidade que não existia desde Colin McRae - dei de caras uma uma historieta sobre ele, que é publicada na Autosport portuguesa. E conta como ele não guiou um Formula 1... porque era grande demais.

Estamos em 2011. A Pirelli decide fazer um teste em Monza usando o seu chassis, o Toyota TF109, o carro que a marca japonesa construiu para 2009, a última em que participou. Demoraria três dias e nos dois primeiros, o piloto seria o brasileiro Lucas di Grassi. O americano, já conhecido pelas suas acrobacias - e de capotar um Ford Focus no shakedown do rali de Portugal do ano anterior - iria andar no último dia desse teste.

Contudo, chegado o momento, Block, que tinha 1.83 metros, e mais musculoso que a média mundial... não cabia no carro! A razão era relativamente simples: mais alto que Jarno Trulli e Timo Glock, as suas pernas eram compridas demais ao ponto de bloquear os movimentos do volante. E mesmo tentando encontrar outro carro mais adequado à constituição do piloto, não se conseguiu encontrar em pouco tempo e a chance... acabou por não acontecer. O que foi pena.

Contudo, algum tempo depois, em 2014, teve de novo outra chance de percorrer num carro de Formula 1. Aconteceu no circuito de Bushy Park, nos Barbados, quando foi convidado pela Top Gear para fazer um comparativo com o Mercedes guiado por Lewis Hamilton, numa volta no circuito que há por ali. Ele não andou no Mercedes, mas tentou ser mais rápido que ele numa volta ao circuito, com o seu Ford Fiesta WRC, sem sucesso. Block deve ter achado fascinante e pensado em entrar no carro, mas certamente deve ter lembrado dos eventos de algum tempo antes para não ter mais experimentado - ou pensado em experimentar - um carro de Formula 1...  

Youtube Formula 1 Vídeo: O tributo a Sebastian Vettel

Depois de 15 temporadas, quatro títulos, passagens por BMW Sauber, Toro Rosso, Red Bull, Ferrari e Aston Martin, Sebastian Vettel, e 35 anos, pendurou o capacete. No final do ano, o Josh Revell decidiu fazer um vídeo de tributo ao piloto alemão e à sua longa carreira no topo do automobilismo. Provavelmente o maior da sua carreira, mas é daqueles que vale a pena porque faz jus ao seu palmarés e ao impacto que causou numa geração de adeptos de Formula 1.   

The End: Ken Block (1967-2023)


O piloto de ralis americano Ken Block, conhecido também pelas suas "Ghynkhanas", acrobacias feitas nos centros das cidades, e mostradas em vídeos do Youtube com dezenas de milhões de visualizações, morreu nesta segunda-feira, vitima de um acidente no seu rancho no Utah. Tinha 55 anos.

De acordo com a policia do condado de Wasatch, no estado do Utah, o acidente aconteceu à volta das 14 horas, hora local, quando Block perdeu o controlo do seu snowmobile, capotando em cima dele. Socorrido quase de imediato, os paramédicos limitaram-se a declarar o seu óbito. 

Nascido a 21 de novembro de 1967, na California, a sua chegada aos ralis foi tardia. Na realidade, era empresário e foi um dos fundadores da DC Shoes, que deram sucesso suficiente para prosseguir a sua paixão pelo automobilismo, nomeadamente os ralis. Os seus primeiros ralis nas estadas americanas começaram em 2005, quando já tinha 37 anos de idade. No ano seguinte, tornou-se vice-campeão, algo que alcançou em 2008 e 2013, sempre com a Ford.

Em paralelo com os ralis, Block começou a andar no rallycross, também num Ford Fiesta, e o seu primeiro vídeo da Ghynkhana apareceu em 2008, ainda ele andava num Subaru Impreza. No ano seguinte, tornou-se conhecido no mundo quando apareceu num episódio do Top Gear, fazendo as suas manobras perante James May - iria regressar em 2015, com um Ford Mustang.

Entretanto, tentou a sua sorte no WRC, com resultados modestos. Em 2010, participou em alguns ralis do Mundial, e deu nas vistas no rali de Portugal quando... capotou. Estava no "shakedown" quando exagerou na sua aceleração e o carro embateu nas rochas, rolando no ar e caindo estrondosamente no chão. Os estragos foram tais que o impediram de alinhar na prova. Contudo, os primeiros pontos foram alcançados na Catalunha, nesse mesmo ano, quando acabou o rali na nona posição.

O seu melhor resultado foi um sétimo posto no rali do México de 2013, antes de se virar para o rallycross. Segundo classificado no Global Rallycross Championship, em 2014, correu no FIA Rallycross Championship de 2014 a 2017, onde conseguiu dois pódios e teve como melhor resultado um nono lugar em 2017.

Em 2021, Block trocou a Ford pela Audi, e o seu derradeiro vídeo, mostrado em novembro, fora filmado em Las Vegas, num modelo elétrico, ao que chamou de "Electrikhana". A ideia era de fazer uma parceria com a marca no sentido de elaborar projetos na área da mobilidade e atrair uma geração para este tipo de carros.

Apesar de muitos - especialmente nos ralis - o terem visto como um corpo estranho à modalidade, ninguém poderá negar que ele atraiu muita gente, mais por causa da visibilidade que ele poderia dar com os seus vídeos do que com os resultados. Contudo, não se pode negar a sua paixão e sua obsessão pelas vitórias, especialmente no seu país natal, e que se pode ver num dos seus derradeiros vídeos, onde se fala da luta pelo título no Rally America. 

As "Ghynkhanas" irão ser o seu legado.  

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

A imagem do dia


Logo no dia de Ano Novo de 1968, quem observasse as boxes do GP da África do Sul, em Kyalami, repararia num Brabham pintado de cores muito estranhas. O carro, pilotado pelo rodesiano John Love, estava pintado de laranja e castanho, uma cor nada habitual e mais parecido com uma das marcas de tabaco mais conhecidas na região, a Gunston. 

E não era um equívoco: era mesmo um patrocinador, que não uma marca de pneus, de automóvel ou gasolineira. É que desde aquele dia, os carros deixavam de ser pintados com as cores nacionais, podendo pintar no que quiserem, abrindo caminho a carros patrocinados. Até ali, os carros tinham as cores nacionais: vermelho para os italianos, azuis para os franceses, brancos - ou cinzas - para os alemães, laranja para os neerlandeses, verde para os britânicos. Alguns colocavam faixas nos carros - a Lotus tinha uma faixa amarela, a Brabham uma dourada - e pouco mais. 

Mas a queda desse regulamento mudou tudo, e o primeiro a utilizar foi uma marca de tabaco. E de um lugar pouco comum.

Nos anos 60, existiam campeonatos locais de Formula 1, e a mais conhecida era o sul-africano, a par da Tasman Series, onde os pilotos aproveitavam o verão no hemisfério sul, para correr em pistas australianas e neozelandesas. Mas se gente como Jim Clark, Jack Brabham, Bruce McLaren ou Chris Amon iam correr para lugares como Longford, Ardmore, Calder Park ou Pukehoke, nas paragens sul-africanas apareciam os locais como Basil van Rooyen, Dave Charlton ou Jackie Pretorious, acompanhados pelos rodesianos John Love e Sam Tingle. Poucos além dos locais corriam por lá, mesmo por uma ou duas corridas. Mas o panorama era ativo, e bem patrocinado. A Team Guston era a melhor.

Naquela corrida de 1968, Love e Tingle alinharam na corrida com chassis diferentes: o primeiro com um Brabham BT20, de 1966 e usado quer por Brabham, quer por Dennis Hulme, o segundo com um LDS, um chassis local. Partindo de 17º na grelha, Love acabou cinco voltas atrás do vencedor, no nono posto. Tingle, 22º e último, acabou na volta 35 com sobreaquecimento no seu motor Repco.

Esta primeira vez é tão discreta, tão localizada e tão pouco conhecida que muitos estão convencidos que o primeiro carro com patrocínios são os Lotus, com a Gold Leaf. Mas o acordo foi só assinado algumas semanas depois, com os carros a serem pintados na Austrália, quando competiam na Tasman Series. E um acordo bem generoso, para os padrões na altura. Mas isso fica para outra ocasião. 

Contudo, independentemente de quem foi o primeiro, naquela ocasião, a Formula 1 tinha mudado para sempre.  

Youtube Automotive Video: Cinquenta anos de Honda Cívic

Em 2023 passarão 50 anos sobre o lançamento do Honda Cívic. Causou impacto na primeira ocasião nos Estados Unidos, ao aparecer justamente no tempo do primeiro choque petrolífero, fazendo frente aos "muscle cars" e as "banheiras" gulosas de gasolina e ganhando de "cebolada", se preferirem. 

E claro, foi o inicio do domínio japonês no mercado americano. 

Meio século mais tarde, o pessoal do Donut Media decidiu sair à rua e experimentar todas as gerações do carro, que agora tem um modelo mais potente, o Cívic R. E claro, ver como é se saíram. E o vídeo tem a sua graça, é preciso que se diga.  

domingo, 1 de janeiro de 2023

A imagem do dia


Por duas vezes na história da Formula 1, houve corridas no Ano Novo. Ou seja, os pilotos não poderiam entrar nos carros de ressaca porque a corrida depois iria ser um desastre. Ou se quiserem, as sessões de treinos foram num ano, e a corrida noutro. 

Era costume ir à África do Sul no final do ano, e nos anos 60, tanto poderia ser no final da temporada - no inicio da década - como poderia ser a proba de abertura, como aconteceu a partir de 1967. Mas em 1965, 66 e 68, foi logo no dia 1, e sempre em Kyalami.

Mas a prova de 1968 foi memorável. Porque a Formula 1 celebrava a quebra de um recorde. E era pelo seu grande piloto, Jim Clark, e o carro do momento, o Lotus 49. 

O escocês estava num grande momento, pois tinha triunfado nas duas últimas corridas da temporada, em Watkins Glen e na Cidade do México, um grande final para uma temporada de altos e baixos, mas todos sabiam que o conjunto chassis-motor, com o Cosworth de oito cilindros, era quase imbatível. E Clark, que ia entrar na sua oitava temporada, estava prestes a superar o recorde de 24 vitórias, que pertencia a Juan Manuel Fangio, dez anos depois do argentino ter vencido pela última vez. 

Com 23 carros inscritos, Clark conseguiu o melhor tempo, na frente de Graham Hill e do seu compatriota Jackie Stewart, no seu Matra. O piloto da Lotus perdeu temporariamente a liderança, na partida, mas retomou o comando na segunda volta, ficando por ali até à meta. Quando por fim cruzou a bandeira de xadrez, detinha os seguintes recordes:  

- vitórias (25) 
- pole-positions (33) 
- voltas na liderança (1943) 
- pole, vitória e volta mais rápida (11)

E já tinha o "Grand Slam", ou seja, a pole, a vitória, a volta mais rápida e a liderança em todas as voltas da corrida. Ele tinha tido oito fins de semana perfeitos. Em Kyalami, tinha sido quase perfeito, porque não liderou em uma volta. 

E tudo isto em apenas 72 corridas, sempre pela Lotus.

Parecia que o carro tinha, por fim, deixado para trás os seus problemas de juventude e iria dominar as pistas. E Chapman preparava-se para isso, com o acordo que estava a magicar nos bastidores e o iria fazer cem mil libras mais rico. Mas não iria ser o primeiro a consegui-lo. Apenas iria fazer melhor.