sábado, 26 de novembro de 2022

WRC: Organização satisfeita com confirmação do Rali de Portugal no calendário


O Automóvel Clube de Portugal (ACP) está feliz pelo facto do Vodafone Rally de Portugal ter sido confirmado no calendário do Campeonato do Mundo de Ralis (WRC) de 2023, disputando-se entre os dias 11 e 14 de maio. A prova do ACP acontecerá entre os dias 11 e 14 de maio, será a quinta etapa de um calendário composto por 13 ralis e com novidades no calendário, com os regressos do México e do Chile, e a estreia de um rali na Europa Central.

Carlos Barbosa, presidente do ACP, está feliz com esta confirmação, referindo também sobre o impacto económico que a prova tem no país. 

É um orgulho enorme termos o Vodafone Rally de Portugal novamente confirmado no calendário do WRC 2023. Acima de tudo, é o reconhecimento da qualidade da nossa organização e da paixão dos portugueses pelo desporto automóvel e pelos ralis em Portugal, que este ano se traduziu num impacto de 153 milhões de euros para a economia nacional. Mais ainda quando este calendário reforça o destaque de Portugal nos ralis disputados na Europa”, sublinhou.

O rali acontecerá pela 15ª vez de forma consecutiva, e à partida, continuará a ter o seu centro nevrálgico em Coimbra, para as classificativas em Arganil, para além dos de Cerveira, Fafe e Viana, entre outros.

sexta-feira, 25 de novembro de 2022

A imagem do dia


Os destroços de um dos Maseratis, simbolizando o final de uma era no automobilismo de uma as maiores equipas italianas, num país distante que estava à beira de mudar a sua história.

Esta foto, verdadeiramente, é marcante de várias maneiras. E aconteceu, faz 65 anos esta semana. E a história, embora já a tenha contado há algumas semanas na minha coluna no site nobres do Grid, merece um desenvolvimento especificamente para ele, para simbolizar a ocasião, em muitos aspectos.

Nos anos 50, a Venezuela entrou no mapa do automobilismo quase de rompante. O ditador do seu tempo, Marcos Perez Jimenez, reparou que, como Adolf Hilter e Benito Mussolini duas décadas antes, acolher o automóvel como bandeira de um regime coloca-o no mapa, seja a fazer estradas, seja a impulsionar a indústria local, porque em ambas as ocasiões, são uma montra. E na América do Sul, Juan Domingo Peron aproveitou muito bem, financiando as carreiras dos seus pilotos locais, o melhor deles Juan Manuel Fangio, mas outros como José Froilan Gonzalez e Onofre Marimon causaram impacto na Europa. 

E em Cuba, mais a norte, Fulgêncio Batista também se tinha seduzido pela velocidade e trazia os melhores pilotos americanos e europeus para as ruas de Havana, aproveitando e passeando sorridente pelo "paddock"...

Contudo, os locais não eram enganados: Perez Jimenez era um ser desprezível, e os Grandes Prémios eram das poucas ocasiões em que poderia sair sem ser apupado. Se pisasse fora da cerca, seria implacavelmente visado. Sabia que sem uma mão de ferro, o povo o expulsaria. 

Um bom exemplo tinha acontecido uns meses antes, quando Aaron Copeland, um dos mais conhecidos pianistas americanos, fez um concerto em Caracas. A peça chamava-se "Um retrato de Lincoln" e Perez Jimenez chegou em cima do tempo para assistir ao concerto. Ao saber da sua presença, a atriz Juana Sanjo recitou o discurso de Gettysburg, e quando citou a passagem "que o governo do povo, pelo povo e para o povo, jamais desapareça da face da terra", o auditório explodiu de aplausos e júbilo por minutos a fio, num sinal de desafio ao ditador.

A 25 de novembro, porém, o regime celebrava o terceiro GP da Venezuela e estava feliz por um motivo: a corrida fazia parte do Mundial de Endurance, e as grandes equipas estavam lá, especialmente Ferrari e Maserati. A Ferrari ainda lambia as feridas do que tinha acontecido nas Mille Miglia, em maio, com a morte de Alfonso de Portago e mais sete espectadores, alguns deles crianças, e a forte critica da opinião pública italiana por Enzo Ferrari atirar os seus pilotos para riscos desnecessários. 

Contra eles, corriam a Maserati, que naquele ano tinha triunfado na Formula 1, graças aos talentos de Juan Manuel Fangio. E a sua vitória em Nurburgring, batendo os Ferrari de Peter Collins e Mike Hawthorn, era o símbolo de um tridente a espetar a sua lança no lombo do Cavalino Rampante e no orgulho do Commendatore. Mas se também ganhassem o Mundial de Endurance, seria ainda melhor. Mas claro, havia gato escondido com rabo de fora: a Maserati estava à beira da falência, graças à gestão de Angelo Orsi, que tinha comprado a marca dos irmãos Maserati, os fundadores.

Em caracas, os Maserati iriam ser guiados por gente como Stirling Moss, Fangio, o francês Jean Behra o sueco Jo Bonnier, bem como os americanos Harry Schell e Masten Gregory, num carro inscrito pela Temple Buell. 

No dia da corrida, o tempo local não ajudava: estava quente e húmido. Nada bom para carros e pilotos que iriam encarar 101 voltas, num total de 1003 quilómetros. Os carros iriam partir ao estilo Le Mans – carros na diagonal, pilotos a correrem do outro lado da pista rumo aos seus bólidos. E na manhã da corrida... inesperadamente, Perez Jimenez quis cumprimentar os pilotos um a um. Este evento não pleaneado atrasou tudo em algum tempo e colocou toda a gente ainda mais nervosa como estava, a começar pelos organizadores.

Na partida, os Maserati ficaram parados, enquanto os Ferrari foram para a frente, mas quem liderava era o Corvette inscrito por Dick Thompson, com os Ferrari logo atrás, esperando pela sua oportunidade. Pouco depois, o Maserati da Temple Buell, guiado por Masten Gregory, passou-os a todos e ficava com a liderança. Outro 450S, guiado por Behra, era terceiro, atrás do Ferrari de Hawthorn e Collins. 

Mas os sarilhos começaram cedo para os Maserati. Gregory desistia, com o carro da Temple Buell, mas entretanto, Moss recupera o tempo perdido – passou 22 carros numa só volta! - e apanha não só os da frente, como os passa, ficando com a liderança. Aqui, a Maserati tinha tudo controlado: Moss em primeiro, Behra em segundo, e o 300S de Jo Bonnier em terceiro, passando até o Ferrari dos britânicos.  

Contudo, na 32ª passagem pela meta, o desastre. Moss apanhava o AC Ace de Joseph Hap Dressel quando este virou para a direita para o deixar passar. Contudo, ambos se desentenderam e bateram forte. O AC ficou cortado ao meio, por causa de um poste de iluminação, e Dressell safou-se por pouco. O carro de Moss tinha a frente toda destruída e atrasava-se. 

Quatro voltas mais tarde, Behra leva o seu carro para as boxes, no sentido de o reabastecer. Contudo, quando o procedimento acabou e a equipa assinalou ao francês para partir... uma bola de fogo surgiu do carro, obrigando ele e um dos mecânicos, Guerino Bertocchi, a escaparem pela vida, com chamas no seu corpo. Os bombeiros apagaram logo as chamas, e ambos foram transportados para o hospital, com queimaduras graves no caso de Bertocchi.

Nello Ungolini decidiu que Moss, nas boxes e ainda a recuperar do acidente, fosse guiar o carro de Behra, que estava chamuscado, mas intacto. Contudo, uma volta depois, Moss regressou porque o assento ainda estava a arder... e ele também! Apagadas as chamas, foi a vez de Harry Schell a guiar o carro, o terceiro piloto em três voltas. O americano foi para a pista, andou no seu ritmo e em pouco tempo, estava na liderança.

Contudo, na volta 55, quando passava Bonnier, que iria perder uma volta, o sueco sofre um furo. Apesar de controlar da melhor maneira que podia, ficou na trajetória de Schell e ambos colidiram. O carro de Bonnier foi cortado ao meio por um poste de iluminação, mas o sueco sobreviveu, enquanto Schell foi projetado do carro, escapando ileso e batendo contra um muro, metros à frente do outro Maserati. Para piorar as coisas, o poste caiu... em cima do seu carro em chamas, felizmente sem consequências físicas para os pilotos.

Mas para a Maserati, as suas chances de título tinham acabado. A Ferrari triunfaria em linha, com os quatro primeiros lugares, com Collins e Phil Hill em primeiro, uma volta na frente de Mike Hawthorn e o italiano Luigi Musso. Os alemães Wolfgang von Trips e Wolfgang Seidel foram terceiros, enquanto o melhor Maserati foi um 300S guiado pelos locais Mauricio Marcotulli e Ettore Chimeri, que ficaram na sexta posição, a dez voltas do vencedor.

Dez dias depois, a Maserati pedia falência e um administrador foi indicado para fazer o inventário e tentar viabilizar a empresa para compradores futuros. Uma das condições foi o de deixar as competições. 

Ao mesmo tempo, em Caracas, os dias de Perez Jimenez estavam contados: a oposição fortalecia e as forças armadas estavam descontentes com o comportamento do ditador. Mesmo com um referendo forjado, a 15 de dezembro, para manter Perez Jimenez por mais um mandato, algumas semanas depois, a 23 de janeiro de 1958, ele foi deposto pelas suas próprias Forças Armadas, fugiu para a República Dominicana e a democracia foi reposta no país. O GP da Venezuela, que foi usado como montra do regime, não voltaria mais.        

Youtube Formula 1 Video: A carreira de Sebastian Vettel, na rádio

A Formula 1 continua nas homenagens a Sebastian Vettel. E desta vez, fez uma coleção dos seus melhores rádios ao longo da sua carreira de 15 anos, entre 2007 e 2022. E começa com a sua vitória em Monza, e acaba em Abu Dhabi, passando por mais alguns episódios clássicos. 

Confesso que o meu favorito é o dele em Austin, em 2013, comemorando o seu quarto título mundial. Afinal de contas, ele diz algumas verdades da vida, nada mais.  

WRC: Já saiu o calendário de 2023


A FIA confirmou esta sexta-feira o calendário de 2023, e como seria de esperar, existem diversas alterações em relação à temporada que acabou há umas semanas. Os regressos do México e do Chile, a estreia do rali da Europa Central, dividido entre Chéquia, Áustria e Alemanha, e as saídas da Nova Zelândia e da Catalunha, são as grandes novidades de um calendário que manterá as 13 provas, e não as catorze, porque se falava nos bastidores de um rali na Arábia Saudita.

Como em 2022, o Mundial começa em Monte Carlo, no final de janeiro, acabando no dia 22, continuando na Suécia, a 12 de fevereiro, antes do México, que se instala a 19 de março.

O rali de Portugal acontecerá entre os dias 11 e 14 de maio, enquanto o novo rali da Europa Central acontece entre os dias 27 e 29 de outubro, e será a última prova do ano, antes do seu encerramento, a 18 de novembro, no rali do Japão.  

Eis o calendário completo:

19-22 de janeiro - Monte Carlo (misto) 
9-12 de fevereiro - Suécia (neve) 
16-19 de março - México (terra) 
20-23 de abril - Croácia (asfalto) 
11-14 de maio - Portugal (terra) 
1-4 de junho - Sardenha (terra) 
22-25 de junho - Quénia (terra) 
20-23 de julho - Estónia (terra) 
3-6 de agosto - Finlândia (terra) 
7-10 de setembro - Grécia (terra) 
28 de setembro-1 de outubro - Chile (terra) 
26-29 de outubro - Europa Central (asfalto) 
16-19 de novembro - Japão (asfalto)

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

A imagem do dia


Nesta série de posts em tributo a Sebastian Vettel, tinha de caber algo sobre o seu tempo na Aston Martin. Para falar de um dos grandes pilotos que a Formula 1 viu na última década e meia, que é o tempo deste blog, por curiosidade, todos os tempos, bons ou maus, têm de caber aqui. E neste tempo final da sua carreira, falo de uma equipa que teve diversas encarnações, desde a original, a Jordan, passando pela Spyker, Force India e Racing Point, antes de em 2020, Lawrence Stroll o ter comprado para ser a Aston Martin, para o seu filho, Lance Stroll, poder correr. 

Mas para começar um pouco atrás, falo da sua saída da Ferrari. Depois de uma vitória em 2019, em Singapura, que deu a sua segunda pior classificação desde 2014 - nesse último ano na Red Bull, não triunfou em qualquer corrida - a Ferrari tinha sido acusada de ter mexido no seu motor pela FIA. Ambas as partes fizeram um acordo secreto, e a Scuderia pagou com um decréscimo de potência em 2020. Não era algo que afetasse tanto Vettel, porque dentro de Maranello, os dados já tinham sido lançados para o monegasco Charles Leclerc, considerada a nova esperança. Mas como eu já disse em relação aos pilotos da Ferrari, é mais lenha para queimar. 

Contudo, 2020 foi um ano invulgar, em todos os aspetos. Mas na Ferrari, a coisa fez com que fosse a pior temporada desde 1992: apenas três pódios, com Leclerc a conseguir o seu melhor resultado, um segundo lugar na Áustria. Vettel conseguiu um terceiro posto à chuva, na Turquia, mostrando que quando os carros ficam iguais, o piloto até se pode dar nas vistas. E ali, foi a sua pior temporada desde 2008: apenas 33 pontos, com estes a serem distribuídos pelos dez primeiros. Se fosse no sistema desse ano, seria bem pior: apenas teria conseguido onze. No último ano pela Toro Rosso, levou 35 para casa.

Mas em 2021, Vettel estava num lugar mais pequeno e acolhedor. Contudo, em muitos aspectos, era um lugar novo, apesar dos donos anteriores. A adaptação não iria ser fantástica, e o facto de não ter pontuado nas primeiras quatro corridas mostrou isso. Mas no Mónaco, vimos um relampejo do alemão. Primeiro, na qualificação, depois na corrida.   

A qualificação monegasca foi agitada - aquele circuito não perdoa erros - e Charles Leclerc fez a pole-position, apesar de ter batido nos minutos finais, acabando por antecipar o final e prejudicando gente como Max Verstappen, por exemplo. Vettel até conseguiu levar o carro para a Q3, conseguindo um digno oitavo posto, um lugar mais abaixo de Lewis Hamilton, apenas sétimo. O pior resultado para o inglês desde... o GP da Alemanha de 2018. 

E a corrida começava bem, quando se descobriu que o carro do "poleman" tinha um problema no eixo, obrigando a desistir ainda antes do início da corrida, porque as reparações não iriam ficar prontas a tempo. Parecia Jean-Pierre Jarier no GP da Argentina de 1975, quando não aproveitou a pole para nada... assim sendo, todos já ganharam um lugar, mesmo antes dos semáforos se apagarem. Vestappen herdou o lugar.

Para melhorar as coisas, na volta 30, quando Valtteri Bottas foi às boxes para fazer a troca de pneus, um dos macacos para tirar o pneumático corroeu a porca e não podiam tirá-lo dali. Não tiveram outra chance senão obrigá-lo a abandonar a corrida, fazendo aquela tarde uma miserável para os Flechas de Prata. Atrás, Vettel fazia tudo bem, aproveitando as chances para subir uns lugares na classificação geral, especialmente depois de um duelo com o Alpha Tauri de Pierre Gasly, no qual ele acabou por triunfar. Vettel tinha sido o melhor do resto... mesmo que a realização monegasca, a certa altura, ter cortado para mostrar um toque de Lance Stroll do guard-rail, sem consequências de maior!

O quinto lugar final, a mais de 30 segundos de Sergio Perez, o quarto classificado, pode não ser grande coisa, mas soube a vitória. E de uma certa maneira foi o triunfo da veterania e da manha, aproveitando muito bem as particularidades de uma pista citadina. Algumas semanas depois, em Baku, essas manhas, adicionando os azares dos outros pilotos, deu-lhe um segundo lugar algo inesperado, o único da Aston Martin até agora, e o último de Vettel na Formula 1. 

O remake será melhor que o original?

"Bullit" é um dos filmes que marcam Hollywood. Estreado em 1968, o policial - poucos sabem o estilo de filme! - com Steve McQueen, Robert Vaughn e Jacqueline Bisset nos principais papéis, onde um polícia de São Francisco, de seu nome Frank Bullit, tenta saber se há ou não corrupção dentro da corporação onde trabalha.

Este foi um dos filmes que solidificou a reputação de McQueen como "Mr. Cool". Camisola de gola alta, a andar num Ford Mustang "fastback" verde-escuro, contra um Dodge Charger negro, o carro dos maus da fita, numa perseguição realista pelas ruas e estradas a volta de São Francisco. E a reputação foi tal que se pensava que os Mustang usados no filme tinham sido perdidos por mais de 40 anos, quando na realidade... um estava perdido numa sucateira no México, e outro estava guardado numa garagem no Kentucky, do qual o dono não o vendeu por preço algum, nem quando McQueen "himself" o quis comprar, em 1977.

55 anos depois, "Bullit" continua a ser um grande filme, ao ponto de agora, poder haver a chance de ser feito um "remake", com Steven Spielberg e Bradley Cooper no projeto. Um a realizar, outro como ator. O projeto está a ser falado desde 2019, sabendo-se que eles já deram o "sim" ao projeto, mas não se sabe em que ponto é que isto está, em termos de desenvolvimento.

Agora que se sabe disto, a grande pergunta é esta: será que vale a pena?

São poucos os filmes dos anos 60, dos tempos do Technicolor e do Cinerama, que resistiram ao teste do tempo. E para os fãs de automóveis, muito poucos são. Talvez "Grand Prix" e "Le Mans" - este último produzido por McQueen, para além de ter sido ator - sejam dos filmes que os fãs mais gostam. "Easy Rider" também é outro grande filme desse tempo, logo, qualquer remake tem um calçado muito grande para preencher. E claro, os fãs serão extremamente exigentes: tem de ser muito melhor, e isso é um feito raro na história do cinema, para ser honesto. Mesmo com gente tão prestigiada com a que foi falada.

E claro, para finalizar, deixo aqui a cena que marcou a história do cinema: a perseguição automóvel nas ruas de São Francisco.

Youtube Formula 1 Video: Os melhores de 2022, por Josh Revell

E não é que o Josh Revell decidiu fazer um "ranking" dos melhores pilotos de 2022? Logo ele que tinha previsto no inicio do ano que o campeão seria Charles Leclerc... pois. 

Assim sendo, é sempre engraçado o que este "kiwi" tem para falar sobre a temporada que já acabou, mesmo que o video seja um pouco grande, com cerca de 17 minutos.

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

A imagem do dia


Sobre os eventos de Montreal, ainda não consigo ver com distância e frieza suficiente sobre a decisão dos comissários de penalizar Sebastian Vettel por aquele erro e ter defendido a sua posição sem tocar no carro de Lewis Hamilton. Mas sei que do outro lado, os fãs do britânico dirão que a punição era justa e o que ele fez foi uma demonstração de mau perder. 

Até pode ser, mas que era uma injustiça, era. Houve exemplos no passado, bem piores, que foram deixados em claro. E até defendia uma posição mais radical do que esta mera troca de placas. Era chegar ao microfone, anunciar a sua retirada da Formula 1 com efeito imediato e não voltar atrás. 

Mas depois, colocando-me na pele dos hamiltonistas, eu seria considerado como mau perdedor. 

Contudo, tenho a certeza que deve ter quebrado alguma coisa dentro da mente de Sebastian Vettel. Se algum dia tiver a oportunidade de o entrevistar, perguntarei isso. 

Reparem... lembram-se daquilo que escrevi ontem sobre Chris Amon e a sua corrida de Charade, em 1972? Eu acho que Vettel sabia que, na Ferrari, não iria conseguir mais nada. E que a sua chance tinha terminado, e ficaria na pilha daqueles que tentaram e não foram bem-sucedidos. Como disse antes, a Scuderia devora todos aqueles que trabalham nele.

Claro, Vettel escolheu ir para a Ferrari. A responsabilidade é dele, e claro, não deverá ter arrependimentos. Mas se alguém falar do que aconteceu naquele dia, em Montreal, aposto que deverá ter uma ponta de amargura, por tudo o que se passou. Pelos comissários e pela FIA. Não pelo Hamilton, que apenas era mais um concorrente, um rival.

Aliás, a relação entre ambos até é bem interessante. Sempre houve respeito entre ambos. Entraram no mesmo ano, um mais tarde que o outro, é evidente, mas tiveram o seu tempo. Quando Vettel dominou, Hamilton quase nunca teve chances de o apanhar, nos seus tempos de McLaren, e no primeiro ano da Mercedes, depois da retirada de Michael Schumacher. Depois, quando a Mercedes dominou, os únicos que pressionaram o britânico foram Nico Rosberg e Sebastian Vettel, numa primeira fase, antes de Max Verstappen. E quando o alemão, nascido no Mónaco e filho de Keke Rosberg, o conseguiu bater, decidiu pendurar o capacete de imediato. Quanto ao segundo, aguentou mais tempo, mas desgastou-se. 

E creio que aquele gesto, de forma irónica e inconsciente, também foi uma forma de afirmar que desistia da luta, e disse que Hamilton era o melhor. A partir dali, Vettel sepultou o piloto ultracompetitivo e decidiu ser mais humano, sentou, andou a ganhar dinheiro e decidiu apreciar a viagem e o privilégio de ser piloto de Formula 1. Nisso, deve ter visto Kimi Raikkonen e seguiu a sua atitude.   

Youtube Automotive Video: A utilidade do hidrogénio

O pessoal do Fully Charged anda por estes tempos a falar que a eficácia do hidrogénio é muito baixa, e acha que a aposta de algumas marcas por esta tecnologia é como trocar seis por mais dúzia - pelo menos, em relação aos motores a combustão. 

Contudo, se para o automóvel, as limitações são evidentes, para outros meios de transporte, como barcos e aviões, por exemplo, creio que terá a sua utilidade.  


Noticias: GP da China sai do calendário de 2023


O GP da China saiu oficialmente do calendário de 2023. O anúncio foi feito nesta quarta-feira. A razão tem a ver com a política de "CoVid zero" que o governo central chinês está a seguir desde o início da pandemia, em 2020. Assim sendo, o calendário será reduzido a 23 provas, sem hipótese de substituição. 

Agora, com este cancelamento oficial - como é sabido, a Formula 1 foi a Xangai pela última vez em 2019 - o grande desafio da Formula 1 é o de adiantar as provas de Melbourne e Baku, no Azerbeijão, para evitar um buraco de quatro semanas que o calendário deixou, já que as chances de meter uma corrida de substituição - corriam rumores de um regresso a Portimão em Abu Dhabi - são nulas.

Segundo conta a BBC, Stefano Domenicalli, o patrão da Formula 1, poderá atirar isso para as negociações da renovação do contrato da corrida azeri, que termina o seu contrato em 2024, e pretende que tenha uma extensão de dez anos. 

Neste momento, Melbourne acontecerá a 2 de abril, e Baku será a 30 do mesmo mês.

terça-feira, 22 de novembro de 2022

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Será este momento o princípio do fim?

Para algumas coisas, eu creio que sim. Mas pessoalmente, acho que o princípio do fim foi mais tardio - sobre isso falarei mais tarde. Bem vistas as coisas, creio que deve ter sido ali que a sua confiança foi abalada. 

A Ferrari é um sonho. Mas também é um Saturno devorando os seus filhos, como Francisco Goya bem pintou nos seus pesadelos, num dos quadros mais impressionantes que já vi da história da pintura. Se no tempo do "Coomendatore" Enzo Ferrari, os pilotos pagavam com a vida, agora, eles pagavam com a carreira e o prestígio abalado, senão destruído. Poucos são os que voltam a vencer depois de passarem por Maranello. Lá, deixas a alma.

Há alguns anos, li uma entrevista que o Chris Amon fez à Motorsport britânica, que contou sobre a sua incapacidade de triunfar numa corrida de Formula 1, e falou da sua performance no GP de França de 1972, em Charade, com o seu Matra, onde fez tudo bem e ia ganhar... se não fosse um furo, que o relegou para o terceiro lugar. Todos consideram que foi o seu melhor desempenho na sua longa carreira na Formula 1. Amon contou nessa entrevista que esse foi o momento em que fez acreditar que não seria bem-sucedido. Isso e outras razões. 

Não ficaria admirado se um dia, mais tarde, numa entrevista qualquer, se lhe perguntarem ao Vettel sobre essa corrida, se calhar terá uma resposta semelhante. Ou esse, ou o GP do Canadá de 2019.

Mas falemos dessa corrida. Quando todos chegaram a Hockenheim, Vettel vinha de um triunfo em Silverstone, que o deixou na frente do campeonato, com oito pontos de vantagem sobre Lewis Hamilton. E para melhorar as coisas, na qualificação - mais especificamente na Q1 - Hamilton sofreu um problema hidráulico, significando que ele iria partir de 14º, com a pole nas mãos de Vettel. 

Ele tinha tudo para alargar a liderança.

O dia da corrida começou com ameaças de chuva, mas isso não acontecia quando partiram, quando Vettel largou bem e começou a alargar a liderança para Valtteri Bottas, o segundo classificado. O alemão controlava a corrida até à volta 26, quando foi às boxes e trocou de pneus, deixando a liderança para Bottas e regressando em quarto. Vettel começou a subir na hierarquia e na volta 39, depois de passar Kimi Raikkonen, começou a queixar-se do sobreaquecimento dos seus pneus. Hamilton, entretanto, tinha metido ultra-moles. E havia uma razão para isso: iria chover.

Os primeiros pingos de chuva caíram na volta 44, e Vettel, que agora liderava, começava a ter problemas. Primeiro, uma pequena saída de pista. E depois, na volta 52, quando era o líder, não travou a tempo na curva interior do Estádio, acabando na gravilha. Era a catástrofe, ainda por cima, no seu GP caseiro!

O resto acabou por ser marcante. Mesmo com o britânico a atravessar a linha antes das boxes na volta 53, porque o chamaram tarde demais para fazer uma entrada como todas as outras, o britânico triunfou, e para melhorar as coisas, tinha sido um maná dos céus, porque deve ter sido das vitórias mais improváveis e mais imprevistas da sua carreira. E aqueles 25 pontos, com o alemão a conseguir zero, num campeonato até ali bem disputado, era um maná do qual não poderia desperdiçar. 

Mas a partir dali, a sorte de Vettel descambou. Apesar da vitória na Bélgica, por exemplo, os erros em Monza, e sobretudo em Singapura, onde ele e Raikkonen foram eliminados à partida pelo Red Bull de Max Verstappen, deram o caminho do triunfo ao britânico. Tirando 2016, com Nico Rosberg, aquele tinha sido, até então, o ano onde Hamilton sentiu mais dificuldade em alcançar o título. 

E a Ferrari não iria ter mais chances nos próximos tempos. Agora, sabemos, este pode ter sido o começo do fim na Scuderia, o momento em que sentiu ser devorado pela máquina de Maranello.

Noticias: Leno já teve alta


Há boas notícias de Los Angeles: depois de uma semana de internamento, Jay Leno regressou a casa. O apresentador, comediante e "petrolhead" confesso esteve no hospital depois de um acidente na sua oficina mecânica, tendo ficado com queimaduras na cara, peito e braços. Aliás, na fotografia que tirou à saída do hospital, pode-se ver que ainda existem queimaduras no seu corpo.

Estou satisfeito com o progresso de Jay e [francamente] otimista de que ele se recuperará totalmente”, disse Peter Grossman, médico que tratou Leno, num comunicado oficial do Grossman Burn Center, o lugar onde ficou internado. "Jay gostaria de dizer a todos o quanto ele está grato pelo cuidado que recebeu e agradece por todos os votos de melhoras. Ele está ansioso para passar o Dia de Ação de Graças com sua família e amigos e deseja a todos um feriado maravilhoso.", finaliza.

Segundo conta o site tmz.com, Leno estava a trabalhar num carro a vapor, o White Model G, de 1907, quando se deu conta de uma fuga de combustível que resultou numa ignição, causando queimaduras no apresentador. As queimaduras foram sérias, mas o apresentador, de 72 anos, foi rapidamente transportado para o hospital para receber tratamento.

Comediante, ator e apresentador do The Tonight Show entre 1992 e 2014, com uma interrupção entre 2009 e 2010, onde foi apresentado por Conan O'Brien, ele é um ávido colecionador de automóveis, com uma garagem onde tem muitos dos modelos da história do automóvel, quer nos Estados Unidos, quer do mundo. Para além disso, tem um programa no seu canal do Youtube chamado "Jay Leno's Garage", onde mostra muitos desses automóveis ao mundo. 

Youtube Formula 1 Video: As comunicações de Abu Dhabi

Na última corrida da temporada de 2022, o fim de semana de bu Dhabi foi emocionante. Não foi uma decisão de títulos, mas em muitas maneiras, marcou o final de uma era. Sebastian Vettel na Formula 1, Daniel Ricciardo - pelo menos, de forma temporária - Fernando Alonso, quando sai da Alpine para a Aston Martin, e muitas outras comunicações de um fim de semana que, em termos de pista, nem foi muito excitante.

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

A imagem do dia


A mudança de regras em 2014 apanhou a Red Bull desprotegida, depois de quatro anos de domínio. E para piorar as coisas, naquela temporada, Sebastian Vettel ainda foi superado na sua luta interna por um esfomeado australiano chamado Daniel Ricciardo, que conseguiu três vitórias, contra as zero de Vettel, que pela primeira vez desde 2007, não conseguia qualquer triunfo. Aliás, apenas conseguira quatro pódios e tinha sido superado pelo Williams de Valtteri Bottas!

Portanto, ir para a Ferrari parecia ser um passo adiante na sua carreira. Iria sair do casulo da Red Bull, onde praticamente correu em todos os Grandes Prémios da sua carreira - talvez, exceptuando, a sua corrida solitária na BMW Sauber, em Indianápolis 2007 - e muitos achavam que ali, ele se poderia espalhar ao comprido. Mas a jogada do alemão para a Scuderia tinha uma boa razão: queria imitar o seu ídolo, Michael Schumacher, que em 1995 fora contratado a peso de ouro para levantar a equipa e torná-la campeã.

Nessa altura, a "seca" já tinha sete anos de idade, e também o monte que iriam escalar seria muito alto. A Mercedes tinha encontrado a fórmula certa e eles iriam dominar o pelotão, com Lewis Hamilton e Nico Rosberg. Com o britânico a ter o carro dos seus sonhos, o que queriam saber era quando e onde seria campeão, que recordes iria derrubar e se iria a caminho de ser o GOAT do automobilismo. A Ferrari, que tinha dispensado Fernando Alonso para ele tentar de novo a sua sorte na McLaren, que tinha acabado de assinar um contrato para ter motores Honda - e sem ele saber, caminhariam sobre brasas infernais - acolhia Vettel de braços abertos e esperava que ele e o seu companheiro de equipa, o finlandês Kimi Raikkonen, colaborassem para ser "o melhor dos outros".

A entrada nem foi má, quando Vettel foi terceiro em Melbourne, atrás dos dois Flechas de Prata, mas na corrida seguinte, em Sepang, palco do GP da Malásia, as coisas foram mais competitivas. A começar pela qualificação, onde apesar de Hamilton ter sido o "poleman", Vettel largou a seu lado, intrometendo-se entre os Mercedes. Atrás, em quarto e quinto, estavam Daniel Ricciardo e Daniil Kvyat.

E os Manor-Marussia, ainda não estavam prontos para correr em 2015, onde depois e não terem participado na Austrália, não tinham feito tempo para participar na prova malaia.

Com Hamilton a largar bem e manter a liderança, Vettel começou primeiro por resistir aos ataques de Rosberg, especialmente depois de um período de Safety Car por causa de um depiste de Marcus Ericsson. Aí, quase todos os pilotos da frente foram às boxes, trocando de pneus, enquanto Vettel se mantinha de fora, ficando com a liderança. Depois, com o Safety Car nas boxes, ele aguentou os ataques dos Flechas de Prata até à volta 18, quando parou pela primeira vez. Regressado no terceiro posto, apanhou-os rapidamente, passando o alemão na volta 22, e ficando com a liderança quando Hamilton parou uma segunda vez na volta 24.

Vettel parou de novo na volta 38, com a liderança a cair nas mãos de Hamilton, que foi às boxes uma volta mais tarde, acabando com ambos com uma diferença de 12 segundos. Rosberg parou na volta 41, e apesar dos esforços de Hamilton, o alemão manteve a liderança até à meta. 

Era a primeira vitória dele desde o GP do Brasil de 2013, e a primeira da Ferrari desde o GP de Espanha desse mesmo ano, ganha por Fernando Alonso. E claro, um jubilante Vettel comemorava no pódio esse regresso.

No final da temporada, o alemão iria ganhar mais duas corridas, na Hungria e em Singapura, acabando a temporada como "o melhor dos outros", em terceiro lugar. Treze pódios, uma pole, uma volta mais rápida e uma regularidade suficiente para mostrar que tinha matéria de campeão, se estivesse no lugar de qualquer um daqueles pilotos inalcançáveis. 

Agora tinha de ajudar a construir um carro capaz. Mas isso não seria um projeto fácil.

WRC: Ford afirma que tem muitas opções


Richard Millener, diretor desportivo da M-Sport, afirma que ainda tem tempo para fazer o alinhamento para 2023. Com a equipa ainda em aberto, ainda não se sabem com quem eles irão contar para a próxima temporada, com gente como Ott Tanak no mercado, procurando por um carro fiável. Ele afirma que conta com, pelo menos Sebastien Loeb e quer continuar a colaboração com Gus Greensmith e Pierre-Louis Loubet, mas gente como Andreas Mikkelsen, Oliver Solberg e Teemu Suninen também estão entre as chances de fazer um programa total ou parcial, agora que falta pouco mais de dois meses para a próxima temporada. 

Temos tempo, as inscrições para o Monte Carlo fecham a 16 de dezembro o que nos dá cerca de um mês para resolvermos as coisas. Estou confiante de que teremos notícias antes disso”. começou por dizer Milliner. “Parece um cliché, mas genuinamente estamos a falar com todos sobre o próximo ano. Ainda há muitas possibilidades. Naturalmente, estamos a falar com Gus [Greensmith] e Pierre-Louis [Loubet] – ambos tiveram connosco uma temporada 2022 de sucesso e estamos interessados em continuar a trabalhar com eles”, concluiu.

Com a inclinação da marca de fazer alguns Puma Rally1 para privados, a chance de uma equipa apoiada pela firma de bebidas Monster parece estar em cima da mesa. Contudo, sobre isso, Millener nada fala. E em relação à possibilidade de Sebastien Loeb poder fazer mais alguns ralis na temporada, isso está fora de questão pela sua participação, por exemplo, no Dakar Rally, que acabará alguns dias antes do rali de Monte Carlo.

No final, e aguardar para saber quem alinhará com os Puma Rally1 em 2023. 

Noticias: Logan Sargent é piloto da Williams


O americano Logan Sargeant será piloto da Williams em 2023, estreando-se na categoria máxima do automobilismo. Será o primeiro piloto do seu país no pelotão desde 2015, quando a Manor-Marussia teve como piloto Alexander Rossi. Sargent, piloto que competia este ano na Formula 2, conseguiu os pontos necessários para a Super-Licença. 

Para Sargeant este é, naturalmente, um momento feliz: 

Uma enorme honra e um sonho tornado realidade esta oportunidade de competir na Fórmula 1 com a Williams Racing. Um enorme obrigado a cada pessoa na Williams Racing e Dorilton Motor Sports pelo apoio que me deram desde o dia em que me juntei à equipa no Grande Prémio dos Estados Unidos em 2021. Fazer parte da Williams Driver Academy durante o ano passado deu-me uma importante plataforma para me desenvolver como piloto e preparar-me para este próximo capítulo. Estou pronto e entusiasmado para fazer parte desta viagem, à medida que a equipa procura progredir na grelha”, afirmou o piloto, no comunicado oficial da marca.

Para Jost Capito, CEO e Director da Equipa, Williams Racing, a inclusão de Sargeant na equipa será uma mais-valia: “Desde que entrou para a nossa Academia de Pilotos no final de 2021, Logan tem sido capaz de se integrar plenamente com a equipa em Grove enquanto esteve no simulador e mais recentemente na pista durante as quatro sessões de Treino Livre em que participou. Ele teve uma forte temporada de estreantes na Fórmula 2, e estamos entusiasmados por vê-lo subir de escalão na Fórmula 1. Estamos aqui para apoiar essa viagem com ele”.

Sargeant, de 21 anos - nascido a 31 de dezembro de 2000 em Fort Lauderdade, na Florida - acabou a temporada de 2022 da Formula 2 como "rookie do ano", sendo quarto classificado, com duas vitórias, dois pódios e 148 pontos no total. 

Para além disso, é o irmão mais novo da Dalton Sargeant, que competiu na NASCAR entre 2015 e 2018.

domingo, 20 de novembro de 2022

A imagem do dia


No meio dos posts de despedida a Sebastian Vettel, recordo Abu Dhabi 2010, o lugar do primeiro dos seus quatro títulos. E recordo por uma razão muito simples: ele não era o favorito à vitória. Este primeiro campeonato para ele e para a Red Bull foi o resultado de uma parte final impecável contra Fernando Alonso, na Ferrari, contra os McLaren de Jenson Button e Lewis Hamilton, e sobretudo, contra o seu companheiro de equipa, Mark Webber

E até contra alguns que queriam uma hierarquia dentro dos energéticos. Porque a duas corridas do fim, o australiano era o piloto mais bem colocado no campeonato. 

Quando Fernando Alonso tinha ganho o GP da Coreia do Sul, numa prova atribulada debaixo de chuva, e Mark Webber tinha sido altamente prejudicado, com uma colisão na volta 18 com o carro de Nico Rosberg, o espanhol tinha passado para a frente com onze pontos de diferença. Vettel, que desistira na volta 31 com um motor rebentado, estava ainda mais distante: 206 pontos, precisamente 25 do espanhol. Parecia ser uma tarefa quase impossível. Se fosse no ténis, o alemão estaria a encarar o "match point" do espanhol, num 40-15, contra ele.

Faltava Brasil e Abu Dhabi, e ele teria de fazer corridas perfeitas para lá chegar. Ninguém daria nada por ele, e a Red Bull poderia ter dito a ele que para aquela temporada, as suas chances tinham acabado, e deveria apoiar o seu companheiro de equipa. Em Interlagos, a qualificação tinha sido baralhada pela chuva, que deu uma inesperada pole-position para o Williams de Nico Hulkenberg. Mas a seguir, estavam os Red Bull: Vettel na frente de Webber. No final, o alemão ganhou, com Webber em segundo, Alonso em terceiro e Hamilton em quarto. 

Saído de Interlagos, a diferença entre Alonso, com 246, para Hamilton, quarto, era de meros 24 pontos. Todos tinham chances de campeonato. Webber pediu a Helmut Marko para lhe dar uma chance de título, mas ele ficou quieto. Vettel viu nisso como a sua única chance de título, e iria aproveitá-la em Abu Dhabi.

E na qualificação, Vettel foi ao ataque: pole-position, queria definitivamente acabar em primeiro. Mas Alonso apontava... para o Red Bull errado, porque pensava que Webber tinha todas as chances, e Vettel era um isco. 

Na corrida, Vettel foi para a frente, seguido pelos McLaren de Jenson Button e Lewis Hamilton, que, recorde-se, também lutava pelo título. Atrás, Webber e Alonso lutavam por posição, significando que, se um ficasse na frente do outro, seria campeão. Era Alonso que tinha isso controlado, mas havia um problema: estavam abaixo no pelotão. Segundo os cálculos, ele precisava de um sexto posto para ser campeão. 

Mas pela frente tinha um Renault: o do russo Vitaly Petrov. Alonso tentava passá-lo, porque com ele para trás, conseguia os pontos mínimos para ser campeão. Mas à medida que as voltas se aproximavam, Alonso e a Ferrari ficavam crescentemente nervosos, porque na frente, Hamilton não apanhava Vettel.

E quando cruzou a meta, o impensável aconteceu: não só Vettel era o vencedor, como tinha sido campeão. Era o mais jovem de sempre, e pela primeira vez desde 1976, quando aconteceu com James Hunt, o campeão chegou á liderança no final da última corrida. Num campeonato com cinco candidatos durante muito tempo, e com três equipas capazes de alcançar o título, ninguém esperava Vettel ficar com o título. Mas aconteceu.

E ali, começava o domínio de Vettel e da Red Bull. E o dedo indicador, símbolo de triunfo, seria uma visão frequente nos fins de semana de Grande Prémio.     

Formula 1 2022 - Ronda 22, Abu Dhabi (Corrida)


E pronto, fecha o pano para a temporada de 2022. Foram 21 corridas nos quatro cantos do mundo, para depois chegarem ao final em Abu Dhabi, um lugar habitua desde há muito tempo. Com todos os campeonatos já decididos, agora era cumprir calendário até ao final.

E claro, este era o local de despedida de Sebastian Vettel. Mas não era só ele que ia embora da Formula 1. Para Mick Schumacher e Daniel Ricciardo, poderá ser um tempo sabático, continuando como pilotos de reserva, e para o canadiano Nicholas Latifi, provavelmente terá futuro na IndyCar na próxima temporada, quem sabe, poderá seguir uma carreira na Endurance, agora que aparecerão muitas equipas de fábrica que quererão um bom piloto. 

E como este ano, as coisas tinham de acontecer mais cedo, a corrida arrancou ainda com o sol e a luz a dominarem os céus de Yas Marina. Futebol "oblige", certo?


No momento da partida, parecia que Verstappen iria ser passado por Perez, mas saiu melhor, mantendo a liderança. Leclerc foi o terceiro e o pelotão lutava pelo melhor lugar possível. Algumas curvas depois, Sainz Jr atacou Hamilton para ser quarto e o passou, antes do britânico ir para a escapatória e recuperar essa posição. 

Quatro voltas depois, o britânico foi ordenado a devolver essa posição para o outro piloto da Ferrari. Mas o britânico reagiu e tentou voltar à posição que tinha cedido, o que conseguiu. E a partir dali, tornou-se o primeiro duelo da corrida, porque na oitava volta, o espanhol voltou a tentar de novo ficar com essa posição, o que conseguiu. Um pouco atrás, na luta pela oitava posição, Sebastian Vettel conseguia passar Esteban Ocon, antes de perdê-lo na aceleração para a curva seguinte.

A seguir, Hamilton perdia mais um lugar, desta vez a favor de Russell.

As coisas andavam mais calmas até à primeira janela da troca de pneus. Russell, que acabou por cumprir uma penalização, quando regressou à pista... aconteceu no momento em que chegava Lando Norris para trocar os seus pneumáticos. Mas sarna para se coçar... e aconteceu: nova penalização por largada insegura. Um mal nunca vem só.  


Ao longo da corrida, os Red Bull tentavam manter os Ferrari longe deles, esperando que a sua estratégia desse certo. Russell, apesar da penalização, era quinto, muito melhor que Hamilton, enquanto atrás, era cada um por si. Menos para Alonso, que na volta 28, acabava mais cedo o seu campeonato, e a sua estadia na Alpine. A primeira desistência do ano.

A corrida continuava, morna e sem grande história. Apenas havia agitação nas boxes, especialmente depois de Sergio Perez ter feito uma segunda passagem, tentando ser mais rápido que os Ferrari. Mas eles pareciam que não iriam parar, logo, tentando ficar com os outros lugares no pódio e tentar a sua sorte. Perez fazia voltas mais rápidas, mas parecia ser insuficiente para os apanhar. 

Depois, na volta 39, havia agitação quando Mick Schumacher, que queria ultrapassar Nicholas Latifi, e ambos acabaram tocados. Como no ano anterior, o canadiano acabou com a sua traseira no "softwall", mas desta vez, ele tinha sido tocado pelo alemão. Nas reptições, pareciam que estavam a competir em algo sincronizado nos Jogos Olimpicos, pois pareciam rer feito um pião tão exato, um ao lado do outro. Lá prosseguiram, mas para o fundo do pelotão. Quem sentirá saudades dos dois em 2023?

Atrás, Perez fazia uma corrida de recuperação, apanhando Hamilton, e ia atrás de, pelo menos, um dos Ferrari, já que Russell estava penalizado. O mexicano apostava na degradação dos pneus dos carros italianos para os apanhar e chegar onde queria estar. 

Quase no final, um golpe de teatro: Hamilton, que era quarto e segurava Sainz Jr, queixou-se de problemas na caixa de velocidades, mais concretamente de algo no sistema hidráulico. Preso em sétima velocidade, tentou resolver o problema, mas debalde: a sua corrida acabou ali. Um final de temporada pensoso para ele, a primeira sem vitórias para o britânico. Algumas voltas antes, Nicholas Latifi também terminava mais cedo a sua corrida, temporada e carreira na Formula 1.   

Na bandeira de xadrez, Max triunfa numa corrida burocrática, mas Lelcerc, com o seu segundo lugar, conseguiu o que desejava, o seu prémio de consolação: um vice-campeonato, num ano em que todos pensavam que seria o ano da Ferrari, e teve um arranque fabuloso, mas no final, foi aproveitar os erros e problemas mecânicos de Verstappen. E o terceiro posto de Sergio Perez soube a derrota, porque o objetivo de ser o vice acabou por não acontecer.  


E no final... a festa. Um pouco artificial, é verdade, mas temos de consciencializar que agora, a Formula 1 pertence aos americanos, e eles adoram um "showoff". Mas mais do que o fogo de artificio, os "confettis" e o champanhe da treta, porque por ali não se bebe álcool... assistimos à despedida de Sebastian Vettel.

Sabemos que este dia iria chegar, mas vê-lo agradecer ao público, depois de 300 corridas e 16 temporadas, é sinal da nossa idade, da juventude que tínhamos quando o vimos chegar, e os cabelos brancos - quem ainda os têm - e as rugas na cara, sinais do tempo.

No final, até conseguiu pontuar na sua 300ª e última corrida. Mas não importava muito: foi bonita a festa de despedida do Seb, de uma longa carreira, e que com 35 anos e 16 temporadas, já tinha tudo a provar. Agora, provavelmente irá descansar e decidir o que fazer.

E quem já anda aqui há muito tempo, como eu, sabemos que iremos ver mais momentos como este. 

Danke Seb. Auf Wiedersehen.

Agora, para 2023!

Rumor do Dia: Tanak e Solberg com Pumas Rally1?


Ott Tanak pode não tirar férias em 2023. A revista espanhola Scratch fala que está em cima da mesa a chance de ser construída uma equipa privada, que usará dois Puma Rally1, apoiada pela Monster e que seria dirigida por Petter Solberg e Ken Block.

A ideia inicial era de a equipa ser montada para acolher Oliver Solberg, (na foto) filho de Petter e dispensado da Hyundai no final desta temporada, mas a chance de ter o piloto estónio, que também saiu da Hyundai no final da temporada, alegando tensões dentro da equipa coreana, parece ser boa demais para ser deixada de lado. Solberg Jr é apoiado pela "outra marca" de bebidas energéticas, e Tanak também não é apoiado pela Red Bull.

Contudo, o site dirtfish.com diz que Malcom Wilson, o homem-forte da M-Sport, está a falar com Oliver Solberg para correr pela equipa, num programa a tempo inteiro, agora que há uma vaga com a saída de Craig Breen da equipa, depois de um ano despontante. 

Sim, estamos interessados em falar com Oliver e já conversamos – eu estive com ele depois que ele regressou da Nova Zelândia. Obviamente, teria que haver um aspeto comercial em qualquer acordo para a próxima temporada. Nós conversamos sobre ele vir ter connosco há alguns anos.”, afirmou Wilson.

Desconhece se isso traria uma temporada a tempo inteiro ou parcial em 2023, mas isso também aconteceu ainda antes de Tanak ter anunciado a sua saída da Hyundai, após o rali da Catalunha. Nesta altura, a Ford está a arranjar o seu alinhamento de pilotos, tendo apenas Gus Greensmith, com Sebastien Loeb a fazer um programa parcial e desconhecer o estatuto de Pierre-Louis Loubet. E a Ford poderá fazer um ou dois carros para serem corridos por privados.