Mas para começar um pouco atrás, falo da sua saída da Ferrari. Depois de uma vitória em 2019, em Singapura, que deu a sua segunda pior classificação desde 2014 - nesse último ano na Red Bull, não triunfou em qualquer corrida - a Ferrari tinha sido acusada de ter mexido no seu motor pela FIA. Ambas as partes fizeram um acordo secreto, e a Scuderia pagou com um decréscimo de potência em 2020. Não era algo que afetasse tanto Vettel, porque dentro de Maranello, os dados já tinham sido lançados para o monegasco Charles Leclerc, considerada a nova esperança. Mas como eu já disse em relação aos pilotos da Ferrari, é mais lenha para queimar.
Contudo, 2020 foi um ano invulgar, em todos os aspetos. Mas na Ferrari, a coisa fez com que fosse a pior temporada desde 1992: apenas três pódios, com Leclerc a conseguir o seu melhor resultado, um segundo lugar na Áustria. Vettel conseguiu um terceiro posto à chuva, na Turquia, mostrando que quando os carros ficam iguais, o piloto até se pode dar nas vistas. E ali, foi a sua pior temporada desde 2008: apenas 33 pontos, com estes a serem distribuídos pelos dez primeiros. Se fosse no sistema desse ano, seria bem pior: apenas teria conseguido onze. No último ano pela Toro Rosso, levou 35 para casa.
Mas em 2021, Vettel estava num lugar mais pequeno e acolhedor. Contudo, em muitos aspectos, era um lugar novo, apesar dos donos anteriores. A adaptação não iria ser fantástica, e o facto de não ter pontuado nas primeiras quatro corridas mostrou isso. Mas no Mónaco, vimos um relampejo do alemão. Primeiro, na qualificação, depois na corrida.
A qualificação monegasca foi agitada - aquele circuito não perdoa erros - e Charles Leclerc fez a pole-position, apesar de ter batido nos minutos finais, acabando por antecipar o final e prejudicando gente como Max Verstappen, por exemplo. Vettel até conseguiu levar o carro para a Q3, conseguindo um digno oitavo posto, um lugar mais abaixo de Lewis Hamilton, apenas sétimo. O pior resultado para o inglês desde... o GP da Alemanha de 2018.
E a corrida começava bem, quando se descobriu que o carro do "poleman" tinha um problema no eixo, obrigando a desistir ainda antes do início da corrida, porque as reparações não iriam ficar prontas a tempo. Parecia Jean-Pierre Jarier no GP da Argentina de 1975, quando não aproveitou a pole para nada... assim sendo, todos já ganharam um lugar, mesmo antes dos semáforos se apagarem. Vestappen herdou o lugar.
Para melhorar as coisas, na volta 30, quando Valtteri Bottas foi às boxes para fazer a troca de pneus, um dos macacos para tirar o pneumático corroeu a porca e não podiam tirá-lo dali. Não tiveram outra chance senão obrigá-lo a abandonar a corrida, fazendo aquela tarde uma miserável para os Flechas de Prata. Atrás, Vettel fazia tudo bem, aproveitando as chances para subir uns lugares na classificação geral, especialmente depois de um duelo com o Alpha Tauri de Pierre Gasly, no qual ele acabou por triunfar. Vettel tinha sido o melhor do resto... mesmo que a realização monegasca, a certa altura, ter cortado para mostrar um toque de Lance Stroll do guard-rail, sem consequências de maior!
O quinto lugar final, a mais de 30 segundos de Sergio Perez, o quarto classificado, pode não ser grande coisa, mas soube a vitória. E de uma certa maneira foi o triunfo da veterania e da manha, aproveitando muito bem as particularidades de uma pista citadina. Algumas semanas depois, em Baku, essas manhas, adicionando os azares dos outros pilotos, deu-lhe um segundo lugar algo inesperado, o único da Aston Martin até agora, e o último de Vettel na Formula 1.
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