Como já disse ontem, a CART correu em 1983 e 84 no Ceasar's Palace, no circuito que foi construído para a Formula 1. Contudo, apesar de também ser a corrida que encerrava o calendário - foi ali que Mário Andretti conseguiu o seu último título, e o primeiro pela Newman-Haas, em 1984 - a competição deixou de ir à cidade no final desse ano e o circuito foi demolido, estando agora no seu lugar alguns edifícios.
Apesar de uma passagem fugaz da ChampCar em 2007, somente em 2011 a IndyCar pensou na "cidade do pecado" para a sua competição. E como das outras vezes, seria a corrida final. E foi tudo feito para que fosse um grande espetáculo.
Nesse ano, já havia na cidade uma "superspeedway", construída e usada pela NASCAR. Os organizadores fixaram um prémio bem chorudo, e tentaram atrair pilotos de outras categorias para irem lá correr. A ideia era trazer ex-pilotos de Formula 1, por exemplo, mas no final, só conseguiram um piloto: Dan Wheldon. Nesse ano, ele só tinha corrido numa prova, as 500 Milhas de Indianápolis... e ganhou. Numa das vitórias mais dadas da história do automobilismo quando J.R. Hildebrand bateu no muro na última curva da última volta da corrida. Ainda assim, acabou em segundo.
Wheldon regressou, atraído pelo dinheiro, e também porque tinha de se treinar para a temporada seguinte - ia correr pela Andretti - e os organizadores queriam que ele partisse de último, para tentar algo impossível: ganhar a corrida. Se conseguisse, ganharia metade do prémio. Parecia ser improvável, mas ele tentou. E até pintou um capacete especial para o evento, que tinha roleta e catas de poker. Tipicamente Las Vegas.
Como sabem, acabou mal. Uma carambola na 12ª volta acabou com Wheldon catapultado contra as redes e acabou por sofrer um acidente mortal, aos 33 anos de idade, e meses depois do seu maior triunfo no automobilismo - que tinha ganho pela segunda ocasião. A corrida foi imediatamente cancelada, e mais tarde, a IndyCar foi depois criticada pelo fato de eles terem corrido ali, numa pista onde um "big one" - uma enorme carambola - onde 15 carros foram envolvidos e terminou na morte do piloto britânico, era inevitável por causa da quantidade de carros que corriam juntos, separados por centímetros, a mais de 320 km/hora.
Em suma, tinha tudo para acabar mal. Só não se sabia quando.
Não acho que seja agoirento, e entendo a ideia de atrair gente - mais turismo - para uma das cidades mais visitadas da América e do mundo. E desejo toda a sorte do mundo para eles. Contudo, todas as experiências anteriores resultaram em fracasso. Portanto... é bom que façam as coisas muito bem feitas. Nem que seja para contrariar a má relação entre automobilismo e esta cidade.
Caso contrário, a aposta sai pela culatra e isto será mais um (mau) episódio. E ainda por cima, já foram investidos algumas dezenas de milhões de dólares, por causa do paddock que foi construído de raiz.