sexta-feira, 10 de novembro de 2023

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Isto acabou por ficar tão grande, logo, decidi que iria ter duas partes. A primeira coloco hoje, e amanhã há mais.

Quem conhece isto de modo um pouco mais profundo, saberá que o GP de Las Vegas é uma aposta pessoal, da Liberty Media. Não foi uma aposta da cidade ou do estado do Nevada, como o Texas faz em relação a Austin, quando recebe o GP dos Estados Unidos, ou do estado da Florida, que subsidia em parte o GP de Miami, que foi construído nos terrenos do estádio dos Miami Dolphins, para evitar as contestações dos moradores da cidade por causa do barulho e das condicionantes em termos de transito.

Para além disso, quem também conhece a história, sabe que a Formula 1 já esteve na "Sin City" por duas corridas, em 1981 e 82... e foi um fracasso. De tal forma que mesmo quando mudou para a CART, em 1983, não aguentou mais duas temporadas e a pista, erguida do parque de estacionamento do Ceasar's Palace - e considerada como das piores da história - foi rapidamente apagada, tendo agora prédios no seu lugar. 

E agora, no seu regresso, decidiu ser à noite, como acontece com as corridas na peninsula arábica - Arábia Saudita, Qatar e Bahrein - bem como em Singapura, tornando-se na quinta corrida (em 22) que acontecerá à noite, num fuso horário onde muitos terão de acordar cedo, como se fosse o GP do Japão. E ainda por cima... com a possibilidade de frio. Muito frio.

Assim sendo, a pergunta que se faz é esta: porque é que a Formula 1 decidiu regressar a Las Vegas? Porque temos de ser honestos: no fim de semana da corrida americana, estão prewistos... cinco a sete graus Celsius. Por ser na noite de novembro. No Hemisfério Norte. E há quem diga que isto pode ser um enorme embaraço, por causa das potenciais dificuldades de fazer aquecer os pneus na noite da corrida. Toda a gente sabe que, se isso se confirmar, igualará o GP do Canadá de 1978 como a corrida mais fria da história da Formula 1. E essa corrida, a que deu a vitória a Gilles Villeneuve foi de dia.

E claro, a Formula 1 está de regresso, depois de 41 anos de ausência. E então, como acontece agora, foi uma aposta pessoal de Bernie Ecclestone, que queria colocar uma lança na América. Aliás, isto foi o rescaldo da sua tentativa de, um ano antes, ele, como presidente da FOCA, a associação de Construtores de Formula 1, ter feito uma competição paralela da então FISA. 

Em 1981, a Formula 1 foi para um lugar que não tinha tradição, porque o promotor estava em busca de dólares, e foram correr numa pista que, mês e meio antes... não existia. Tudo correu bem, apesar de ter sido corrido contra o sentido dos ponteiros do relógio - como Interlagos, por exemplo - e Nelson Piquet estar a sofrer com o pescoço, devido a uma lesão que sofreu dias antes.

Mas em 1982, a corrida aconteceu na última semana de setembro, e nesse final de semana, a temperatura era de... 38ºC. E como no ano anterior, foi a última corrida do campeonato, com mais que um candidato ao título. Um deles... no hospital: Didier Pironi. Logo, os outros dois, Keke Rosberg (Williams) e John Watson (McLaren), iam para a luta. No final, apesar de Watson ser segundo, bastou o quinto posto do finlandês para conseguir o campeonato. 

Apesar de ter gente como Paul Newman como diretor de corrida, e Diana Ross a dar os prémios aos pilotos - e dar um grande beijo ao vencedor, Michele Alboreto - poucos foram os espectadores a assistir às corridas e sempre deu prejuízo. Para piorar as coisas, Bernie Ecclestone pediu mais dinheiro e em 1983, decidiram acolher a CART. E no final de 1984, o automobilismo em Las Vegas acabou. Por uns tempos. 

Amanhã, conto a outra história de automobilismo a ir à capital do jogo e... não resultou.  

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