E por fim, chegou-se à meta.
Demorou muito tempo, estiveram em todos os continentes, exceto em África, mas depois de ter começado em março, em dezembro, a três semanas do Natal, chegou a Abu Dhabi para a bandeira de xadrez do campeonato. Altura de despedidas - Carlos Sainz Jr sai da Ferrari, Lewis Hamilton da Mercedes, (se calhar) Checo Pérez da Red Bull, e tantos, tantos outros.
Ao contrário do que acontece em Losail, ali em Abu Dhabi, espera-se pelo por do sol para que os carros alinhem nas suas posições na grelha e esperem para que as luzes se apaguem pela última vez na temporada. Ou seja, com o sol no horizonte, as cortinas corriam numa das temporadas mais imprevisíveis desde 2021. Especialmente quando nada esperava isto, no inicio da temporada.
Na partida, Norris largou bem e manteve o primeiro lugar na primeira curva, mas atrás... o Inferno quase gelou. Max queria tirar o segundo lugar de Oscar Piastri e tudo o que conseguiu foi tirá-lo da pista e ele acabou com um pião que assustou todo o pelotão. Ambos caíram para o fundo da grelha, mas nenhum deles acabou a sua corrida por ali. Aliás, a alguns, foi uma corrida de recuperação, especialmente para Charles Leclerc, que recuperou muitas posições, para chegar aos pontos o mais depressa possível. Afinal, um dos McLaren estava de fora, e ter os dois Ferrari nos pontos seria ótimo para as suas aspirações para o título.
Max acabou com 10 segundos de penalização, por ter causado o acidente, e a perda de alguns pontos na super-licença. Mas isso não foi suficiente para que ele ficasse inibido destes gestos. Até afirmou que, se tirassem os outros pontos em 2025, que aproveitaria e tiraria uma licença paternal!
Mas quem também ficou com danos, e de forma permanente, foi Sérgio Pérez, que se despistou na curva seis encostou o carro ainda na volta. Falar a expressão "final melancólico" começa a ser redundante...
Nessa altura, para piorar - um bocadinho - as coisas, Piastri, na sua tentativa de recuperação, acabou por bater na traseira do Williams de Franco Colapinto. Os comissários viram aquilo e ele acabou com 10 segundos de penalização.
Claro, nas voltas seguintes, com Norris na frente de Sainz Jr em segundo quem era o terceiro classificado era Pierre Gasly. O piloto da Alpine aproveitou muito bem a situação e ficou nessa posição enquanto os outros recuperavam o tempo perdido. Mas até lá, tinha os seus 10 minutos de fama.
Na volta 21, Leclerc foi às boxes trocar de pneus, colocando duros para tentar chegar ao final da corrida, e parecendo que era isso que o resto do pelotão iria fazer. Nesta altura, ele já era quarto, e regressou à pista na oitava posição.
As trocas continuavam, com Sainz Jr e Norris a trocar de pneumáticos nas voltas 26 e 27, respetivamente, mas o britânico manteve a vantagem sobre os Ferrari. Quase ao mesmo tempo, atrás, mais um final melancólico: a Williams pediu a Franco Colapinto para que fosse à box e parasse o carro de vex. Segunda desistência da corrida, segundo final melancólico da temporada. Sim, sim, já começa a não ser imaginativo...
Na volta 31, mais sarilhos: Magnussen e Bottas tocam-se, depois do finlandês ter travado tarde demais para evitar a colisão. Com danos no seu lado direito, sem parte da asa dianteira e com um furo. Claro, com suspeita de danos no braço da suspensão, apesar do finlandês ter chegado às boxes, não saiu mais dali. Não era o final que Bottas queria para a sua longa carreira na Formula 1.
Na volta 35 foi Hamilton a ir às boxes, naquela que era a sua última paragem para trocar de pneus na sua longa história pela Mercedes, e uma das últimas da temporada. Por esta altura, a noite tinha caído, e alguns pilotos continuavam a sua recuperação. Piastri queria chegar aos pontos e colaborar para o título de Construtores da McLaren, e Max queria passar o máxima do que podia, para chegar o mais alto possível. No final, o neerlandês chegou ao sexto posto, e Piastri conseguiu passar nas voltas finais o Williams de Alex Albon, não sem antes apanhar um susto quando ficou colado na sua traseira, saindo de pista.
E na última volta, Hamilton passou Russell. Cortesia ou no braço?
Independentemente disto tudo, Norris fazia uma corrida sem mácula, e com isso, chegava à meta como vencedor, na frente dos Ferrari. Parecia que, só com ele, a McLaren tinha conseguido o tal título que procuravam. Mas quase no final, Piastri conseguiu um ponto, e isso, apesar de ser mínimo, confirmou o título que a equipa de Woking procurava desde... o século passado.
No final, o fogo de artificio habitual do final do ano mostrara não só o final normal de uma temporada. E a ideia de que o final de algo raro tinha chegado. Espera-se que 2025 não seja não dominante como se teme, mas... espera-se que as pessoas não tenham saudades desta temporada.