Duas semanas depois do arranque da temporada em Melbourne, máquinas e pilotos deslocavam-se a Sepang, palco do GP de Malásia, a segunda prova do campeonato. Michael Schumacher poderá ter tudo o melhor arranque do campeonato possível, mas com McLaren e Williams à espreita, não poderiam respirar fundo porque a temporada era longa e um tropeção seria o suficiente para tudo regressar à estaca zero.
Ainda por cima, em caso de nova vitória, Schumacher poderia ser o primeiro piloto a vencer seis corridas seguidas, algo que não acontecia desde Alberto Ascari, em 1952, também num Ferrari.
Mas as conversas daquele final de semana eram mais sombrias. A morte do comissário na corrida anterior, em Melbourne, atingido pelos destroços do BAR de Jacques Villeneuve, ainda era assunto, e os comissários malaios decidiram reforçar as proteções nos postos de comissários espalhados pela pista, e recuar os postos nas curvas 5 e 6 em dois metros, para evitar as rodas que separam dos carros em caso de colisão. Charlie Whitting viu as modificações e deu o selo de aprovação da FIA.
Feitas as modificações, máquinas e pilotos foram para o fim de semana competitivo determinados a tirarem o melhor de si e das suas máquinas. No final, o melhor foram os Ferrari, que monopolizaram a grelha de partida, com Michael Schumacher a levar a melhor sobre Rubens Barrichello. Ralf Schumacher era o terceiro, na frente do McLaren de Mika Hakkinen, enquanto na terceira fila estavam o Jordan de Jarno Trulli e o carro de Juan Pablo Montoya, no segundo Williams-BMW. Jacques Villeneuve era o sétimo, mo seu BAR-Honda, na frente do segundo McLaren de David Coulthard, e a fechar o "top ten" estavam o segundo Jordan de Heinz-Harald Frentezen e o segundo BAR-Honda de Olivier Panis.
A qualificação ficou marcada pela desclassificação do Arrows de Enrique Bernoldi, que tinha irregularidades na sua asa da frente e no seu fundo plano. Por causa disso, ele partia da última posição.
O tempo estava quente no dia da corrida e havia previsões de chuva. Minutos antes da prova, o carro de Schumacher tinha uma fuga de óleo e teve de correr para ir buscar o bólido de reserva. E na volta de formação, o Jordan de Frentzen teve um problema de ignição por causa de erros informáticos no seu mapa de motor. Mas a gota que fez transbordar o copo foi quando o carro de Fisichella ficou mal colocado na grelha de partida e isso foi o suficiente para os comissários abortarem o procedimento da largada, fazendo com que tudo voltasse à estaca zero.
Poucos minutos depois, os carros voltaram a fazer a sua volta de aquecimento, mas no meio isto tudo, Montoya trocou de carro porque teve um problema de motor. Quando por fim as luzes se apagaram, Schumacher foi-se embora do resto do pelotão, seguido por Trulli e Ralf, que aproveitaram a má partida de Barrichello para o ultrapassar. Mas na primeira curva, Ralf e Barrichello tocam-se e o alemão da Williams acabou por ir para o fundo do pelotão. Mais atrás, Kimi Raikkonen era a primeira desistência com a quebra na transmissão do seu Sauber.
Com os Ferrari na frente - Barrichello passou Trulli no final da primeira volta - na terceira... os céus malaios abateram-se sobre eles, ao mesmo tempo que o BAR de Panis tinha um problema de óleo e deitava um rastro na pista. Quando os Ferrari passaram por cima, disfraçados com a água que já caía, ambos se despistaram e foram para a gravilha. Quem aproveitou a ocasião foi Trulli, que subiu para o primeiro posto. Na volta seguinte, Montoya, Villeneuve, Bernoldi e o outro Sauber de Nick Heidfeld entraram em "acquaplanning" e retiraram-se, obrigando a entrada do Safety Car e os pilotos irem às boxes colocar pneus de chuva. Mas o primeiro a chegar foi Barrichello e com um dos pneus a não apaecer na altura certa e a remover a gravilha das entradas de ar laterais, perderam tempo a trocá-la, enquanto Schumacher aguardava pela sua vez de trocar de pneus. No final, ambos sairam das boxes na décima e 11ª posição.
Quando a corrida recomeçou, na volta onze, já tinha parado de chover, mas a pista ainda se encontrava molhada. Coulthard liderava o pelotão, mas todos andavam juntos, logo, os Ferrari ainda tinham chances de recuperar o tempo perdido. Já começava a haver uma linha seca, que os pilotos aproveitaram. O escocês foi-se embora, enquanto Schumacher começou a livrar-se dos obstáculos que estavam na sua frente, como Frentzen, Trulli e o próprio Barrichello. No final da 15ª volta, era segundo e aumentava o ritmo para apanhar o escocês, que lutava com um carro subvirador.
Demorou apenas uma volta e meia para apanhar o piloto da McLaren e no inicio da volta 16, ele já comandava o Grande Prémio. Barrichello veio depois, e ambos começaram a afastar-se do resto do pelotão. Mas a pista começava a secar rapidamente e os primeiros pilotos, como Hakkinen e Ralf, iam ás boxes para colocar pneus secos. Barrichello fez isso na volta 21, Coulthard na volta 25, mas nenhum dos dois incomodava Michael Schumacher.
Na volta 28, apareceu uma ligeira chuva, mas não a suficiente para afetar os pilotos e molhar a pista. Schumacher aproveitou a ocasião para fazer nova paragem, e quando saiu, tinha uma vantagem bem confortável e todos viam que, se não tivesse qualquer problema mecânico ou despiste, ele seria o vencedor. Pouco depois, a chuva deixou de cair e as coisas não se alteraram até à meta, com os Ferrari a fazer dobradinha e Schumacher a conseguir a sua sexta vitória seguida, igualando Ascari como o piloto da Ferrari com mais vitórias seguidas da pole-position.
Barrichello seguiu-o no pódio e a acompanhá-los estava Coulthard. Nos restantes lugares pontuáveis estavam o Jordan de Frentzen, o Williams de Ralf Schumacher e o segundo McLaren de Mika Hakkinen.