Naquele ano, o belga tinha um carro péssimo. Não se sabe se, concentrado na Endurance, ou se eles não tinham acertado a mão no Ferrari 312B3, os factos mostravam que ele apenas tinha oito pontos, contra os 51 de Jackie Stewart e os 41 de Emerson Fittipaldi, depois da corrida neerlandesa, do qual os Ferrari primavam pela ausência.
Contudo, a gota que fez transbordar o copo foi quando o Commendatore lhe disse que eles não iriam ao Nurburgring Nordschleife, para investir no seu carro. Para o belga, que tinha ganho no ano anterior, fora demais. E pediu para que se libertasse do seu contrato. Foi atrás de uma vaga num carro competitivo e descobriu que a McLaren tinha um terceiro carro que poderia ser usado.
Eles tinham construído um terceiro M23, para além de um carro para Dennis Hulme e Peter Revson, e este era usado por Jody Scheckter. Contudo, depois da carambola em Silverstone, fora recomendado para que não o usasse por uns tempos. Isso foi o suficiente para que Ickx aproveitasse.
Terceiro carro significava que tinha de ficar com as sobras dos outros dois. Pneus usados, de cliente, um carro pouco desenvolvido, mas desde que funcionasse e fosse competitivo, era o que interessava. E o seu conhecimento de Nurburgring foi o suficiente para conseguir um surpreendente quarto tempo, o melhor dos McLarens (Revson e Hulme foram sétimo e oitavo na grelha, respetivamente), surpreendendo tudo e todos, mostrando ainda ser competitivo.
A corrida, feita debaixo de um sol de verão, como em 72, foi uma cavalgada dos Tyrrell, com Jackie Stewart sempre na frente de Francois Cevért, do principio ao fim, com o escocês a conquistar a sua 27ª e última vitória, enquanto Ickx ia na sua cavalgada algo solitária, especialmente depois da desistência de Ronnie Peterson, logo na primeira volta. Acabou a 41 segundos do vencedor, e a conseguir mostrar ao mundo que não estava acabado em termos de competição. Afinal, ainda tinha 28 anos.
Contudo, essa corrida, disputada faz hoje precisamente 50 anos, foi a única ao serviço da McLaren. Aliás, começou aqui algo que foi único na Formula 1: as suas três corridas seguintes foram feitas ao serviço de três equipas diferentes. Em Itália, regressou à Ferrari, antes de competir com um Iso-Marlboro em Watkins Glen, conseguindo um sétimo posto. E na primeira corrida de 1974, na Argentina, começou a correr ao serviço da Lotus, onde foi prejudicado por ter chegado na altura em que estrearam um dos maus carros de Colin Chapman, o modelo 76.