sábado, 5 de agosto de 2023

A(s) image(ns) do dia





Em 1973, Jacky Ickx era um piloto que estava farto da Ferrari. Pilotava desde 1968 pela Scuderia, tirando o ano que passou na Brabham, em 1969, onde ganhou duas corridas, incluindo no Nurburgring Nordschleife, acabou em Maranello como candidato ao título, que quase ganhou em 1970, especialmente nas corridas do final da temporada, após a morte de Jochen Rindt

Naquele ano, o belga tinha um carro péssimo. Não se sabe se, concentrado na Endurance, ou se eles não tinham acertado a mão no Ferrari 312B3, os factos mostravam que ele apenas tinha oito pontos, contra os 51 de Jackie Stewart e os 41 de Emerson Fittipaldi, depois da corrida neerlandesa, do qual os Ferrari primavam pela ausência. 

Contudo, a gota que fez transbordar o copo foi quando o Commendatore lhe disse que eles não iriam ao Nurburgring Nordschleife, para investir no seu carro. Para o belga, que tinha ganho no ano anterior, fora demais. E pediu para que se libertasse do seu contrato. Foi atrás de uma vaga num carro competitivo e descobriu que a McLaren tinha um terceiro carro que poderia ser usado.

Eles tinham construído um terceiro M23, para além de um carro para Dennis Hulme e Peter Revson, e este era usado por Jody Scheckter. Contudo, depois da carambola em Silverstone, fora recomendado para que não o usasse por uns tempos. Isso foi o suficiente para que Ickx aproveitasse. 

Terceiro carro significava que tinha de ficar com as sobras dos outros dois. Pneus usados, de cliente, um carro pouco desenvolvido, mas desde que funcionasse e fosse competitivo, era o que interessava. E o seu conhecimento de Nurburgring foi o suficiente para conseguir um surpreendente quarto tempo, o melhor dos McLarens (Revson e Hulme foram sétimo e oitavo na grelha, respetivamente), surpreendendo tudo e todos, mostrando ainda ser competitivo.

A corrida, feita debaixo de um sol de verão, como em 72, foi uma cavalgada dos Tyrrell, com Jackie Stewart sempre na frente de Francois Cevért, do principio ao fim, com o escocês a conquistar a sua 27ª e última vitória, enquanto Ickx ia na sua cavalgada algo solitária, especialmente depois da desistência de Ronnie Peterson, logo na primeira volta. Acabou a 41 segundos do vencedor, e a conseguir mostrar ao mundo que não estava acabado em termos de competição. Afinal, ainda tinha 28 anos.

Contudo, essa corrida, disputada faz hoje precisamente 50 anos, foi a única ao serviço da McLaren. Aliás, começou aqui algo que foi único na Formula 1: as suas três corridas seguintes foram feitas ao serviço de três equipas diferentes. Em Itália, regressou à Ferrari, antes de competir com um Iso-Marlboro em Watkins Glen, conseguindo um sétimo posto. E na primeira corrida de 1974, na Argentina, começou a correr ao serviço da Lotus, onde foi prejudicado por ter chegado na altura em que estrearam um dos maus carros de Colin Chapman, o modelo 76.  

Sem comentários: