sexta-feira, 14 de abril de 2023

A imagem do dia


"Foi muito bravo, fiquei sem travões no fim da reta, virei praticamente um passageiro.. felizmente não estava ninguém naquela zona da bancada e consegui sair ileso do acidente, graças ao nível de segurança daquele carro."

Estas foram as declarações do piloto Alex Areia, piloto da Porsche Sprint Cup Ibérica, na sua página do Twitter, depois de ter perdido o controlo do seu Porsche 991 GT3, depois de passar o que poderá ter sido o susto da sua carreira automobilística - e da sua vida. Acho que ali é o óbvio: os travões do seu carro falharam no final da reta da meta, perdeu o controlo e a velocidade de impacto foi tal que andou por cima das barreiras de proteção e acabou na bancada. A sorte dele é que aquilo foi numa sexta-feira de manhã e não num domingo à tarde, senão o resultado poderia ter sido outro. 

Ontem choramos a morte de um talentoso piloto de ralis, hoje agradecemos por o piloto ter saído ileso disto e ninguém estar ali no lugar onde o carro aterrou. É mais um exemplo de que apesar de todos os avanços na segurança, o automobilismo continua a ser um lugar perigoso. 

Endurance: Félix da Costa depende-se do seu LMP2 em Portimão


Portimão será a última corrida onde António Félix da Costa e seus companheiros de equipa, o chinês Yifei Ye e o alemão David Beckmann, utilizarão o Oreca 07 da LMP2, antes de passarem para o Porsche 963 da classe Hypercar, que se estreará em Spa-Francochamps, a última prova antes das 24 Horas de Le Mans.

E também as Seis Horas de Portimão será o lugar onde iremos ver correr Felix da Costa em terras lusas, algo que não acontece desde 2021, e nas vésperas da corrida, ele não deixou de afirmar o que significa voltar a correr perante o seu público.   

"Na verdade não podia pedir um melhor lugar para me despedir da categoria LMP2. Passei grandes momentos neste carro no WEC, um deles a vitória aqui em Portimão em 2021, mas na altura infelizmente sem público nas bancadas. Este fim-de-semana a festa será grande e estou ansioso por correr em Portimão e estar com os meus fãs, família, amigos e apoiantes. Tenho dois pilotos jovens ao meu lado, mas que têm potencial e já o mostraram este ano, portanto acredito que poderemos ter uma palavra a dizer na luta pela vitória", comentou.


No total serão 37 os carros inscritos em Portimão, que serão divididos em três categorias. Na classe Hypercar estarão 11 carros, outros 12 carros na classe LMP2 (onde estará Félix da Costa) e 14 carros na classe LMGTE Am. A corrida acontecerá no domingo, a partir do meio-dia, com transmissão em direto na Eurosport 2, das 11h30 até às 13h00 e depois das 14h30 até às 18h30, altura da bandeira de xadrez. 

Youtube Rally Testing: Os testes da M-Sport na Croácia

Eu reparei neste vídeo, tarde da noite de quarta-feira, e achei fantástico pelo facto de ter imagens captadas em drone dos carros de Ott Tanak e de Pierre-Louis Loubet, que dá uma bisão diferente destes bólidos no asfalto croata, quando falta uma semana e pouco do rali, o segundo em asfalto, depois de Monte Carlo.

Contudo, depois do acidente mortal do Craig Breen ontem, decidi que não era a altura de colocar, preferi adiar para hoje. E nem sei se deveria, para ser honesto.

Mas mesmo assim, acho que gostaria que nós, amantes do automobilismo, observemos uma maneira diferente de os ver correr, que as equipas estão a começar a mostrar.   

Endurance: Lamborghini anuncia Daniil Kvyat como seu piloto de desenvolvimento


O russo Daniil Kvyat será mais um piloto de desenvolvimento da Lamborghini para a temporada de 2024, ao lado de Mirko Bortolotti, de Andrea Caldarelli e do francês Romain Grosjean, na primeira temporada da marca no Mundial de Endurance, para a classe LMDh, quer para o Mundial, a WEC quer para a IMSA. A sua estreia acontecerá em janeiro, nas 24 horas de Daytona.  

"Como equipa, estamos muito entusiasmados por receber Daniil na Lamborghini e ele é claramente uma forte reforço ao nosso projecto LMDh para além da temporada 2023", disse Giorgio Sanna, chefe da Lamborghini Corse Squadra. "O papel principal da Daniil será trabalhar em estreita colaboração com os nossos engenheiros e mecânicos no protótipo que terá início no próximo ano. Ele será capaz de partilhar connosco a sua vasta experiência de diferentes categorias. Não tenho dúvidas de que ele desempenhará um papel crucial até 2024", concluiu.

"Estou encantado por me juntar à Lamborghini Squadra Corse", disse um entusiasmado Daniil Kvyat. "Isto é uma grande honra para mim. A Lamborghini é uma marca italiana muito conhecida, com uma grande história em todo o mundo. Cresci em Itália, isto é para mim uma fonte adicional de orgulho. Esperamos alcançar os nossos objectivos juntos e gostaria de lhes agradecer pela confiança que depositaram em mim. Estou ansioso por começar a trabalhar no projecto LMDh no final deste ano", concluiu.

Até guiar o Lamborghini, Kvyat estará no mundial de Endurance num Oreca 07 de LMP2, inscrito pela Prema, guiando em conjunto com Bortolotti e a francesa Doriane Pin. Os carros da Lamborghini correrão pela Iron Lynx.

quinta-feira, 13 de abril de 2023

A imagem do dia


Só sinto choque e tristeza com esta noticia. Ainda por cima, não só pela brutalidade do acidente, como, quem conhece o palmarés dele, sabe que mais de uma década antes, passou por algo semelhante, onde viu o seu navegador morrer com um guard-rail a empalá-lo, e ele sair ileso do acidente. Aconteceu em 2012, no Targa Florio Rally, na Sicila, a contar para o Intercontinental Rally Challenge de ralis, quando guiava um Peugeot 207 S2000. Breen, então com 22 anos, sentiu o choque de assistir o seu navegador, Gareth Roberts, morrer a seu lado e saber que mais meio metro e poderia ter sido ele. O que é um pouco irónico, dadas as circunstâncias do seu acidente mortal desta quinta-feira 13.

Quatro anos depois, na Finlândia, quando ele era piloto da Citroen, conseguiu o seu primeiro pódio no WRC com um terceiro lugar. Emocionado, dedicou aquele resultado a Roberts, mostrando que ainda se lembrava dele após aquele tempo todo. 

Existiam certas coisas que faltava para ter "o estofo de campeão" como tem o Sebastien Ogier, o Thierry Neuville, o Ott Tanak e o Kalle Rovanpera, mas conseguia trabalhar para a equipa. Conseguia bons resultados - o seu segundo lugar no Rali da Suécia, há quase dois meses, comprova isso - mas numa Hyundai onde tem Neuville e Esapekka Lappi, partilhar o terceiro carro com o espanhol Dani Sordo implicava que tivesse aceite o desafio da Hyundai Portugal de guiar um i20 Rally2 no Campeonato de Portugal de Ralis, ao ponto de se perguntar se era legal ele guiar ali e ser campeão nacional. Mas aceitou o desafio e correu duas probas, ganhando em Fafe e desistindo no Algarve, com um despiste enquanto perseguia o seu companheiro de equipa, Ricardo Teodósio.

Breen nunca ganhou ralis no WRC, mas conseguiu oito pódios e 30 vitórias em especiais, conseguindo 372 pontos. Este ano, participara no rali da Suécia, onde foi segundo classificado, mostrando ter talento para ombrear com aquele gente que falei umas linhas acima. E mesmo quando, por exemplo, não conseguiu aproveitar a oportunidade de ser o primeiro piloto da Ford, com o Puma Rally1 - a única vitória do carro foi em Monte Carlo com... Sebastien Loeb! - conseguiu dois pódios e 84 pontos, a temporada mais lucrativa de sempre, superior ao de 2021, onde em apenas cinco ralis pela Hyundai, acabou com três pódios.  

Os que amam este desporto deveriam saber que este tipo de desfecho pode acontecer, pois andam muito depressa em lugares muito estreitos. Mas confiamos na rigidez das máquinas e... na sorte. Até ao dia em que, infelizmente, acaba. Recordo na minha memória o acidente de Esapekka Lappi no México onde, depois de um primeiro dia de sonho, acabando por liderar o rali, se despistou, saiu de estrada e embateu de traseira contra um poste. Apenas o "roll cage" o impediu de aquele despiste ter tido consequência sérias. E ao contarem-me das circunstâncias do acidente desta quinta-feira... só lembro de Lappi no México e o Gareth Roberts, em 2012, na sorte e no azar, a diferença entre a vida e a morte.      

E com idade que tenho, das coisas que já presenciei nos quase 40 anos que sigo este desporto, depois do choque, aparecerá a tristeza. Até surgir, muito mais tarde, a nostalgia. Sentimos o desaparecimento precoce e brutal desta gente como se fosse uma perda familiar. Mas é porque amamos este desporto, simples.

Caro Craig, foi bom ver-te a correr e ombrear-te com os campeões. Tenho pena de não te ter visto ganhar um rali do WRC, porque tinhas velocidade e carro para tal. Hoje é mais um dia muito triste no automobilismo, iremos sentir a tua falta. Ars aeterna.

The End: Craig Breen (1990-2023)


O mundo dos ralis está em choque esta quinta-feira com a noticia do acidente mortal de Craig Breen. O piloto irlandês de 33 anos morreu esta manhã na Croácia, quando se preparava para o rali de asfalto, que acontecerá no final do mês. O seu navegador, James Fulton, sofreu ferimentos sem gravidade.

O acidente aconteceu às 12:40 locais (menos uma hora em Lisboa), entre as localidades de Stari Golubovac e Lobora, quando o Hyundai i20 Rally1 despistou-se e chocou contra um poste de eletricidade, caindo sobre o piloto. Os bombeiros chegaram ao local pouco depois e tentaram socorrer o piloto irlandês, mas o óbito foi confirmado pouco depois. 

A Hyundai Motorsport confirma com profunda tristeza que o piloto Craig Breen perdeu a vida hoje após um acidente durante o teste pré-evento para o Rali da Croácia. O co-piloto James Fulton saiu ileso do incidente que ocorreu logo após o meio-dia, horário local."

A Hyundai Motorsport envia suas mais sinceras condolências à família de Craig, amigos e seus muitos fãs. Neste momento, não fará mais comentários.


Nascido a 2 de fevereiro de 1990 em Wateford, na República da Irlanda, Breen era filho de Ray Breen, campeão irlandês de ralis. Começou na modalidade em 2007, depois de uma passagem pelo karting, guiando um Ford Fiesta R2, acabando em 2009 a correr nos campeonatos irlandês e britânico, entrando assim nas primeiras provas do WRC. Em 2010 ganha o seu primeiro rali relevante, o Ulster Rally, a contar para o britânico, e suficiente para estar na mira da M-Sport, indo para o WRC Academy, guiando um Fiesta R2. 

Em 2012, participa no SWRC, acabando por ganhar, e conseguindo os seus primeiros pontos no rali da Catalunha, ao ser sexto classificado. Porém, pelo meio, sofre uma tragédia quando, ao guiar um Peugeot 207 S2000 no Targa Florio Rally, sofreu um acidente e viu morrer o seu navegador Gareth Roberts. No ano seguinte, participa no Peugeot Rally Academy, no European Rally Championship, onde consegue dois terceiros lugares em 2013 e 2014, e o vice-campeonato em 2015, perdendo para o polaco Kajetan Kajetanowicz.

Em 2016, tem um programa parcial na Citroen, conseguindo o seu primeiro pódio ao ser terceiro classificado no Rali da Finlândia. Um resultado emocional para ele, pois chorou ao chegar à meta, lembrando o seu navegador falecido, quatro anos antes. 

Piloto a tempo inteiro da Citroen em 2017 e 2018, não conseguiu melhor que um segundo lugar no Rali da Suécia de 2018, não conseguindo mais que 67 pontos nessa temporada. Em 2019 ficou sem lugar devido à saída da equipa francesa do WRC. Foi para a Hyundai, onde até 2021 conseguiu apenas programas parciais na marca, onde conseguiu quatro pódios, três deles na temporada de 2021, conseguindo um oitavo lugar nessa temporada, com 74 pontos. 

Em 2022, passou para a Ford, onde guiou o Puma Rally1 como piloto oficial e a tempo inteiro. Contudo, apesar de pódios em Monte Carlo e na Sardenha, e de ter conseguido 84 pontos, a melhor pontuação de sempre, a Ford preferiu dispensar os seus serviços a favor de Ott Tanak. Para além disso, o seu navegador, o seu compatriota Paul Nagle, decidiu retirar-se no final do rali da Catalunha, sendo o seu lugar preenchido por Fulton.


Assim sendo, regressou à Hyundai nesta temporada, onde o seu lugar seria partilhado pelo espanhol Dani Sordo. Para ter mais ralis, decidiu aceitar o desafio da Hyundai Portugal em ter um piloto competitivo para o CPR, o Campeonato de Portugal de Ralis, correndo ao lado de Ricardo Teodósio.

Breen conseguiu começar bem o ano, ao ser segundo classificado no Rali da Suécia, e no mês seguinte, triunfar no Serras de Fafe, antes de desistir no Rali do Algarve, vítima de despiste, quando perseguia o seu companheiro de equipa. Ele iria voltar ao volante do seu Hyundai na Croácia e pegaria no i20 Rally2 em Portugal, porque o seu lugar iria ser preenchido por Sordo. 

Ao todo, Breen nunca ganhou no WRC, mas obteve oito pódios, 30 vitórias em especiais e 372 pontos em 81 ralis entre 2009 e 2023.    

quarta-feira, 12 de abril de 2023

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Ando a ver desde ontem as imagens que o João Carlos Costa anda a largar nas suas redes sociais dos carros que já estão em Portimão para a corrida das Seis Horas, que acontecerá neste final de semana. E o que me chamou à atenção foram os motorhomes que fazem parte do paddock. A Ferrari, como sempre, mostra-se e mesmo que não seja tão importante na Endurance - estão de volta depois de 50 anos de ausência - o seu vermelho e o escudo significam tudo no automobilismo.

Os motorhomes das outras marcas são mais discretos nas suas cores, mas mesmo assim, são grandes, imponentes suficientes para causar respeito. Mas também mostra que no automobilismo, não é só a Formula 1 que tem excelentes locais de reunião, informação e apresentação de projetos.

O regresso da Endurance à Europa é mais uma etapa no renascimento desta modalidade no automobilismo. E estamos a menos de dois meses da corrida do centenário das 24 Horas de Le Mans.

Amanhã mostro mais imagens, das boxes.   

Youtube Motoring Videos: Alpha Wolf, o anti-Cybertruck?

A Alpha Motors é uma "startup" californiana que anda a construir desde 2020 uns "concept cars" no sentido de serem comercializadas mais tarde. E no campo dos "pickups" a coisa dos quais os americanos gostam tanto que parece fazerem parte do seu corpo... a marca fez o o Wolf, um pickup elétrico que pretende fazer concorrência aos construtores mais tradicionais como a Ford e a GM, como outras novas como a Rivian, e sobretudo, a Tesla.

E é sobre ele que o pessoal da Fully Charged Show decidiu fazer este vídeo, a partir da sua apresentação no Salão Automóvel de Seul, na Coreia do Sul. 

terça-feira, 11 de abril de 2023

A imagem do dia


Já repararam que os feitos dele neste dia da há 30 anos aconteceram quando ele estava a cumprir o seu terceiro Grande Prémio da sua - que iria ser longa - carreira? E com 21 anos de idade? Pois é, mas se Ayrton Senna passou os Williams de Alain Prost e Damon Hill, o Sauber de Karl Wendlinger e o Benetton de Michael Schumacher, Rubens Barrichello ultrapassou oito carros, partindo de 14º para acabar a primeira volta na quarta posição, porque na frente, beneficiou da colisão do McLaren de Michael Andretti com o Sauber do austríaco. E foi aquele buraco deixado por ambos os carros que nos impediu de ver, logo nessa primeira volta que entrou na história do automobilismo, o Jordan do brasileiro na frente do pelotão.

De uma certa forma, é pena, porque Rubens merece ser chamado à atenção, 30 anos depois de ter conseguido algo ainda melhor do que Senna. Só que estava mais abaixo do pelotão, só isso. 

Pelas imagens que já observei desse dia de 1993 do GP da Europa, em Donington Park, uma tenho a certeza que nunca veremos: o seu onboard. Por uma razão simples: o carro não tinha uma câmara onboard instalada. O que é pena. Se tivesse, já teria aparecido há muito as imagens da sua primeira volta e tenho a certeza que muitos aplaudiriam e dariam crédito a ele.

Mas então... e depois?

Ao longo da corrida, Barrichello andou firmemente nos pontos. Chegou a andar no segundo e terceiro posto, andando na frente de Prost (!) e aproveitando tão bem as condições atmosféricas como Senna. Para terem uma ideia, o francês da Williams, que detestava correr à chuva, parou seis vezes nas boxes para trocar de pneus - numa delas, deixou cair o motor abaixo! - acabando com uma volta de atraso, embora no pódio. Mas foi por acaso porque Barrichello esteve perto de ficar com ele. O sistema de pressão de combustível do seu Jordan cedeu na volta 70, mas ainda se classificou na décima posição.

Mas no dia em que Senna mostrou a sua magia, um jobem rapaz de 21 anos mostrou o seu cartão de visita. Muitos não assistiram à primeira.  

Youtube Formula 1 Vídeo: O onboard da primeira volta do GP da Europa de 1993

As pessoas - algumas - chamam-se "a primeira bolta dos Deuses". Eu, que assisti na televisão este Grande Prémio, num domingo de Páscoa, achei das corridas mais interessantes da história do automobilismo. E então, para comemorar esse dia, decidi colocar aqui o "onboard" dessa primeira volta a Donington Park a partir do carro de Ayrton Senna.

Até foi mais simples que se pensava.  

As suspeitas sobre o projeto da Hitech


É sabido que a Formula 1 poderá ter novas equipas em 2026. Sabe-se da Andretti, mas também existe a Formula Equal, o projeto de Craig Pollock que terá dinheiro da Arábia Saudita, e cujo objetivo é ter uma equipa 50 por cento constituída por mulheres, mas também se fala muito da Hitech, uma equipa que está bem estabelecida nas Formulas de ascensão, nomeadamente na Formula 3, e também na Endurance.

Contudo, gente do meio fala que a equipa irá tentar seriamente uma entrada na Formula 1, ao ponto de já ter um chassis em túnel de vento, o H26, na sede da Mercedes Applied Science, tendo ainda iniciado testes de intrusão e de colisão do chassis de acordo com o regulamento atual, que não será o usado a partir de 2026.

Mas a equipa liderada por Oliver Oakes está a arriscar muito, porque se todos os projetos forem tidos em conta, falamos de três equipas para dois lugares. E essa nem é a razão mais importante. Há outra, a do dinheiro. E nem é se tem ou não, é a sua proveniência. O Dubai nem é razão para algum alerta vermelho, mas as pessoas que estão à volta, sim.

Durante algum tempo, um dos acionistas da Hitech foi Dimytri Mazepin, pai do Nikita Mazepin, antigo piloto da Haas. Dimytri é um oligarca russo, um dos "reis na área petroquimica, a Uralchem, e tem ligações muito fortes a Vladimir Putin. Os Mazepin foram sancionados pela comunidade internacional depois da invasão ucraniana, em fevereiro do ano passado, mas antes disso, injetou muito dinheiro na Haas, para comprar o lugar ao seu filho. É sabido que ele poderá estar no Dubai, e esse lugar se tornou num porto de abrigo a todos os oligarcas para tentar escapar das sanções ocidentais. Logo, o facto do financiamento ser daí não é uma garantia total.

O projeto está a avançar, esperando que seja um dos aprovados. Contudo, os alertas vermelhos já lançados poderão colocar o projeto em perigo, a não ser que mostrem que está tudo em ordem. 

segunda-feira, 10 de abril de 2023

A(s) image(ns) do dia





A fina flor do automobilismo, em peso, para se despedir de um dos seus, num pequeno cemitério escocês, há precisamente 55 anos. 

A 10 de abril de 1968, três dias depois do seu acidente mortal, na Alemanha, o féretro de Jim Clark chegou a Chirnside, na região de Duns, sul da Escocia, para ser sepultado no cemitério local. Gente como Jackie Stewart, Innes Ireland, o casal Graham Hill e Bette Hill, Dan Gurney, Jo Bonnier, Jo Siffert, Jochen Rindt e muitos outros, assistiram à chegada dos restos mortais e prestaram as suas homenagens, antes do caixão ser entregue à terra.

Curiosamente, muitos nessa foto assistiam ao que poderia ser o seu próprio fim prematuro, devido ao risco associado à sua profissão. Nos sete anos seguintes, Hill, Bonnier, Siffert e Rindt tinham tido um final tão violento quando Clark. 

Tempos depois, Dan Gurney contou que, no dia do funeral, o pai de Clark lhe disse que ele era o único que Jim Clark temia. O interessante é saber como alguém, um "all rounder" como ele, mas com menor palmarés - quatro vitórias em Grandes Prémios - poderia ser tão intimidante ao ponto de alguém que vencera sete vezes mais corridas que ele, o temesse.

Foi um tempo de tristeza e sobriedade, assistido por muitos à sua volta. O impacto foi tal que em muitas formas, lembra os de Gilles Villeneuve, 14 anos depois, e o de Ayrton Senna, 26 anos mais tarde. A grande diferença, se calhar, foi o mediatismo. Este funeral, como podem ver pelas fotografias, foi a preto e branco. Os outros já foram a cores.

Colocando os tons à parte, o que se pode ver aqui é o choque da perda e a homenagem dos seus a um dos grandes que o automobilismo jamais assistira. E após este tempo todo, não foi, nem é - e duvido - que seja esquecido no futuro.        

Os novos circuitos que a FOM quer no calendário


A FOM nas últimas semanas parece que deseja duas coisas: 25 corridas no calendário, e fugir da Europa. Corridas na Ásia e África parecem estar no horizonte, incluindo um regresso que muitos pensavam já estar descartado. 

Toda a gente sabe desde há muito que Lewis Hamilton quer um Grande Prémio em África, e existiram negociações para receber de volta uma corrida no circuito de Kyalami, na África do Sul, que acabaram por não acontecer por causa de assuntos financeiros. Mas recentemente, noticias surgiram que o governo local irá investir cerca de 50 milhões de euros para ter o Grande Prémio e assegurar as obras necessárias para que Kyalami tenha o Grau 1 para ser aprovado pela FIA. 

Especialmente depois de um estudo feito ter sito que o impacto económico esperado de levar o Grande Prémio para a periferia de Joanesburgo seja estimado em mais de 250 milhões de dólares. Com isso em mente, é claro para as autoridades sul-africanas que este é um investimento perfeitamente sensato e tudo indica que eles estejam de volta, 30 anos depois da última vez.

Contudo, pode haver concorrência no continente. E não falo de Marrocos, que tem um circuito permanente em Marrakesh e já acolheu a Formula 1 em 1958. Falava-se no paddock em Jeddah, no fim de semana do GP da Arábia Saudita, que o governo do Ruanda quer acolher a Formula 1, com um projeto desenhado por Hermann Tilke. O pequeno Ruanda, país no centro de África e que há 30 anos foi noticia pelos piores motivos, com um genocídio onde 800 mil pessoas foram assassinadas em pouco mais de cem dias, está a passar por um crescimento económico muito forte, com um governo que quer fazer do país a "Singapura de África", poderá pensar na ideia para impulsionar o turismo da região, dado o impacto económico positivo que organizações como estas poderão ter na economia. Uma delegação do governo local falou com Stefano Domenicalli e expôs os planos. Resta saber se são realistas e em quanto tempo tudo estará pronto para poder tentar a sua sorte. 

Outros dois países pensam também na Formula 1, ambos na Ásia. A Indonésia, de quando em quando, pensa na ideia de acolher a competição, e recentemente, construiu um circuito em Bali, mais concretamente em Mandalika, para acolher a MotoGP com sucesso, mas ainda não tem Grau 1 para as corridas de automóveis da FIA. Mas o governo criou uma comissão para saber que passos tem de dar para ter a Formula 1 no seu país, eles que acolhem a Formula E nas ruas de Jakarta, a capital. Melhorar o circuito será o mais fácil, porque construir outro de raiz custa umas boas centenas de milhões de dólares e claro, ter a aprovação necessária da FIA.


Mas não é só a Indonésia que tem vontade de ter a Formula 1. Nos últimos dias surgiu outro lugar, e de forma inesperada: o Vietname. Depois de construído o circuito urbano de Hanói, que estava pronto para acolher a Formula 1 em 2020, caso a pandemia não tivesse aparecido de forma inesperada, antes do escândalo de corrupção e desvio de fundos para a construção da pista, à volta da sona desportiva da cidade, ter derrubado e detido os responsáveis regionais da cidade - condenados a cinco anos de prisão por corrupção - por estes dias, Stefano Domenicalli visitou a cidade para saber se eles estão dispostos a acolher a Formula 1, já que o mais difícil, o circuito, está feito. Agora as obras serão bem menores, o investimento será mais baixo e o impacto económico bem maior para o governo local.

Contudo, tudo isto poderá não ter passado de um contacto inicial para saber se estão dispostos a acolher uma competição destas. Com as ambições da Liberty Media, e eles a construírem um calendário como querem, cada vez mais mundial, e se calhar, com a ideia de trocar algumas pistas em anos alternados, pelo menos nos circuitos europeus, a Formula 1 é uma competição mais apetecível que nunca.      

A possível nova equipa de Formula 1


Todos sabem das intenções da Andretti de entrar na Formula 1, e da disposição da FIA de provavelmente os aceitar, apesar dos obstáculos que as outras querem colocar por causa da fatia de bolo das receitas dos quais não estão dispostos a abdicar. Contudo, na passada terça-feira, o Joe Saward falou da chance de uma segunda equipa estar a ser montada para participar na competição num futuro próximo. A pessoa que daria a cara pelo projeto é Craig Pollock, um dos fundadores da BAR, no final do século passado, e teria participação saudita. 

Pollock, que tem agora 67 anos, Esteve metido na Formula 1 há mais de 30, primeiro como empresário de gente como Jacques Villeneuve, e depois, quando montou a BAR, a partir da British American Tobacco, que comprou a Tyrrell, que começou a correr em 1999, com o canadiano ao volante e acabou... sem qualquer ponto. Ficou na equipa até 2001, ante da BAR virar Honda, que depois deu BrawnGP e claro, Mercedes.  

Tentou depois lançar uma preparadora, a PURE, para construir motores híbridos, que apareceram em 2014, mas acabou por não resultar, fechando as operações em 2013. Agora, afirma que desde 2018 anda a montar uma equipa, do qual queria ter entrado em 2022, mas os 200 milhões que exigem para poder entrar tem dificultado a operação. 

Quanto ao financiamento, aparentemente, poderá ter origem saudita. Segundo conta o Joe Saward, apesar de haver algum sigilo nesta operação, existe a ideia de um maior envolvimento do reino árabe na Formula 1. Por estes dias, foi apesentado o projeto do circuito de Qiddya, nos arredores de Riyadh, que espera estar pronto em 2026, e também se fala que se preparou uma proposta para a compra da Formula 1 por valores na ordem de 20 mil milhões de dólares, muito mais que a Liberty Media pagou para comprar a Bernie Ecclestone. Mas eles também falam que uma equipa de Formula 1 não seria uma má ideia, dado o investimento da Aramco, a petrolífera da Arábia Saudita, e patrocinadora da Aston Martin. 

Claro, o que é que isto poderá dar? Por agora, nada disto é totalmente oficial. Há, a partida, duas vagas para preencher, e a Andretti é a que tem o projeto mais sólido. E com a FIA a abrir essas vagas aos melhores, projetos não faltarão. E este... é apenas um desses projetos. Falarei de outros nos próximos dias.   

domingo, 9 de abril de 2023

Feliz Páscoa a todos!


Amanhã será um dia de família, e normalmente não há muitas corridas, mas não queria deixar de passar esta altura para nos desejar que comam muitos ovinhos de chocolate - espero que tenham estômago para tudo isso - mas sobretudo, divirtam-se com aqueles que vocês gostam. 

Só estarei de volta na segunda-feira, mas essencialmente, haverá muita coisa para ser mostrada, noticias e efemérides a serem mostradas. Digamos assim... a programação normal. Mas creio que gostarão.

Em suma, aproveitem a primavera - aqui será um ia radioso - e voltarei em breve!