O britânico Peter Wright, um dos homens que ajudou a construir chassis da Lotus, ao lado de Colin Chapman, morreu aos 79 anos no Reino Unido. A noticia foi anunciada no final desta tarde. A colaboração de Wright no desenho dos chassis da Lotus não foram uns quaisquer: ao lado de Tony Rudd, teve o seu dedo em chassis como o 77, o 78 e o 79, alguns que começaram o efeito-solo na Formula 1, marcando uma era no automobilismo, dando o título mundial de pilotos e Construtores em 1978.
E depois de 1990, ao lado de Peter Collins, ajudou a manter a Lotus de pé até ao seu capitulo final, no final de 1994.
Nascido a 26 de maio de 1946, estudou engenharia mecânica no Trinity College, em Cambridge, graduando-se em 1967, aos 21 anos. Ali, foi trabalhar para a BRM, ao lado de Tony Rudd, no departamento técnico. Lá ficou até 1969, quando uma requalificação do departamento levou à saída de Rudd e Wright.
Entre 1970 e 74, ele e Rudd trabalharam na Specialised Mouldings, que moldaram carros a partir de plástico, com Wright a especializar-se em aerodinâmica. No final desse ano, ambos foram para a Team Lotus, onde Chapman encarava uma crise por causa do sucessor do 72. A primeira tentativa, o 76, fora um fracasso, e parecia estar sem ideias. Umas férias em Ibiza, no verão de 1975, o fizeram pensar nos princípios do efeito-solo, que Rudd e Wright tinham tentado seis anos antes, na BRM, sem sucesso. Chapman começou a escrever um relatório com cerca de 20 páginas, para saber da viabilidade do projeto, do qual ambos começaram a testar nos meses seguintes.
Em finais de 1976, Rudd, Wright e o projetista Ralph Bellamy acabaram por projetar aquilo que iria ser o Lotus 78, o primeiro carro maioritariamente de efeito-solo. Com Mário Andretti e o sueco Gunnar Nilsson como pilotos, o 78 ganha cinco corridas - quatro com Andretti, um com Nilsson - conseguindo 62 pontos e o segundo lugar na classificação dos Construtores.
Começam com ele em 1978, agora com Andretti e outro sueco, Ronnie Peterson, ao volante, e ganham mais duas corrida, antes de ser substituído pelo 79, que dará o efeito-solo desejado, tornando-o numa máquina de vencer, e dá ambos os títulos em 1978.
Contudo, depois disso, outros projetos mais radicais como o 80, em 1979, e o 88 de chassis duplo, em 1981, tornam-se fracassos, ora por razões práticas, ora por ter dobrado o livro de regras da FISA, em plena guerra com a FOCA, as coisas na Lotus ficaram complicadas.
Em 1982, Chapman encarrega Wright de desenvolver o conceito da suspensão ativa, praticamente a última ideia de Chapman ainda em vida - o primeiro teste deveria ter acontecido a 16 de dezembro de 1982, em Hethel, mas Chapman tinha morrido nessa mesma madrugada - e nos cinco anos seguintes, é o diretor da Lotus Engeneering. O conceito é experimentado em 1983, no 92T, mas só regressa em 1987, com Ayrton Senna no 99T, com motor Honda, e no ano seguinte, com Nelson Piquet, no 100T.

Em 1990, depois de uma temporada desastrosa, a família Chapman demite Peter Warr e pensa seriamente em dissolver a Team Lotus. Pede a Wright e Peter Collins para que tomem conta da equipa para tentar fazer regressar aos tempos de outrora. Com motores Ford, e pilotos como Mika Hakkinen e Johnny Herbert, conseguem colocar a Lotus no meio do pelotão. Mas a escolha do motor Mugen-Honda de 10 cilindros, em 1994, e mais uma má temporada - culminada com os acidentes de Alex Zanardi e de Pedro Lamy - fez com que entrassem em administração em setembro de 1994, e em falência no inicio de 1995, terminando uma era.
A partir dali tornou-se consultor da FIA, escreveu livros técnicos, e peças jornalísticas nessa área, tentando explicar as complexidades dos carros que surgiram ao longo dos anos. Na FIA, ajudou a desenhar nos GT's aquilo que depois se tornou no BoP, Balance of Performance, que se tornou muito usado no WEC, o Mundial de Endurance, especialmente na classe Hypercar.