A Formula 1 não sabe muito bem o que fazer com Baku. Quer tê-lo, mas desde que o tem, já mudou de lugar por - agora - pela terceira vez. Começou inicialmente por acontecer em junho, depois passou para abril, e agora é em setembro, para fazer de ligação ente a Europa e a Singapura, Ásia e o Médio Oriente. Apesar de ser uma pista desenhada nas ruas da capital do Azerbaijão, conhecida apenas pela sua capacidade petrolífera e pelos prédios de "design" que enxameiam a cidade capital desta antiga republica soviética, a Formula 1 poderá ser o melhor cartão de visita para esta nação.
E até calhou bem receber a competição nesta altura. Com três ou quatro equipas a lutarem pela vitória, parece que a competição será das mais renhidas em quase meio século. E se esta corrida tivesse acontecido no inicio do ano, seria um passeio da Red Bull, mas agora... é um pouco ver quem se sairá melhor. A Ferrari tinha o ímpeto, desde Monza, e ainda por cima, Charles Leclerc, está em alta depois de ter ganho, e da pole de ontem, a McLaren, que parece ter o melhor chassis do pelotão, e quer Lando Norris, quer Oscar Piastri, tem um carro para lutarem pela liderança, e melhor ainda, poderão chegar à liderança do campeonato de Construtores, algo que não acontece desde 2014!
A Red Bull tenta conter a decadência, mas parece que ali poderá ser um bom lugar para alguém que muitos o querem ver fora do lugar onde está: Sérgio Pérez. Que ficou na frente de Max Verstappen, que parece estar um modo "damage control". E nem sabemos ainda se a Mercedes não tirará chances para baralhar e voltar a dar. Eis a Formula 1 neste final de verão de 2024. E claro, Baku está alegre por os receber.
Na partida, Charles Leclerc reagiu bem e ficou com o primeiro posto, defendendo-se de Oscar Piastri, que por sua vez, começou a defender-se de Carlos Sainz Jr e Sérgio Pérez. O mexicano aproveitou a curva 3 para passar o espanhol para ser terceiro, iniciando-se um duelo que iria durar... quase toda a corrida. Max passou Russell e agora, era quinto depois de algumas curvas. Atrás, Lance Stroll e Yuki Tsunoda tocavam-se, mas os carros continuavam intactos.
Leclerc passou a tentar afastar-se de Piastri, para poder gerir a sua corrida a seu bel-prazer, enquanto atrás, Lando Norris começava a fazer uma corrida de recuperação, aproveitando as longas retas. No inicio da terceira volta, já era 12º e ia atrás de Yuki Tsunoda. Nas voltas seguintes, foi esse o ponto de interesse da corrida: a recuperação de Norris, lugar após lugar, para chegar aos pontos o mais depressa possível. No inicio da oitava volta, tinha passado Oliver Bearman e já estava nos pontos.
A partir dali, começaram as primeiras paragens de pneus, todos trocando os médios para os duros, e claro, alguns pilotos, que começaram com os duros, ficaram na pista e subindo dessa forma na classificação. Foi assim que na volta 15, Norris já era quinto, atrás de Alex Albon, e a ser ameaçado por Sérgio Pérez, um dos que tinha pneus novos. Na volta seguinte, Piastri parava, enquanto ao mesmo tempo, o mexicano passava o piloto da McLaren e era quinto. Mas ambos não apanhavam Piastri na luta pelo quarto lugar.
Com pneus novos, o australiano foi apanhar o monegasco da Ferrari e conseguiu no inicio da volta 19, com aquilo que chamam de "divebomb", ou seja, uma travagem no limite. Novo líder, e é um McLaren. Leclerc tentou responder, mas o australiano defendeu-se bem. Pouco depois, Norris trocou de pneus, caindo para sexto... e a ser ameaçado por Max Verstappen. Mas ele aguentou nas voltas seguintes. Como Piastri deu o seu melhor para se afastar, Leclerc reagiu indo atrás dele, esperando por uma chance de atacar. E tentou na volta 28, no mesmo lugar onde foi ultrapassado antes, mas o australiano defendeu-se dessa ocasião. Nas voltas posteriores, via-se porque é que Piastri tem mais estofo de campeão, porque sabia qual era a melhor trajetória para se defender dos ataques de Leclerc, que, por mais que tentasse, não conseguia passar.
E no meio disto tudo, Sérgio Pérez aproximava-se de ambos e esperava por um momento de má sorte... deles. Aliás, na volta 33, menos de um segunda separava o pódio! Mas a partir dali, parecia que os pilotos ansiavam mais num jogo de espera, pretendendo jogar com os pneus, porque a partir dessa altura, começavam as segundas paragens. Norris, por exemplo, trocou de pneus na volta 38, colocando médios.
Tudo muito calmo até à parte final, onde ali, as coisas escaldaram... confundindo tudo e todos. Tudo começou na volta 50, depois de Norris ter conseguido o que queria, passar Max a ganhar pontos na luta pelo campeonato. Depois, na volta 50, Pérez atacou Leclerc, que começara a afastar-se de Piastri por causa dos seus pneus, mais desgastados que os do australiano, e o monegasco defendeu-se. Quando este recuou para tentar de novo, Sainz Jr atacou-o para tentar ficar com o terceiro lugar, que conseguiu!
Claro, o mexicano não iria desistir - tinha de ser, faltava pouco mais de uma volta - e quando o espanhol foi para o lado direito, o mexicano tentou a ultrapassagem. Mas ambos colidiram! Bandeiras amarelas, Safety Car Virtual, e a corrida acabada. Basicamente!
Com isto, Piastri conseguiu a sua segunda vitória do ano, e aproximou-se dos três primeiros, com George Russell a ser terceiro, um inesperado pódio, na frente de Lando Norris, que claro, ficou na frente de Max Verstappen. As grandes surpresas aconteceram atrás, com os Williams, numa corrida imaculada, acabaram sétimo e oitavo, Alex Albon a conseguir a sua melhor pontuação da temporada, até agora, e Franco Colapinto a ser oitavo, e a conseguir nos primeiros pontos a um piloto argentino... desde 1982! Ainda havia um momento para Oliver Bearman, que acabou na décima posição e conseguiu um ponto para a Haas, e de uma certa forma... deu o primeiro ponto à sua futura equipa!
E foi assim a primeira das duas corridas urbanas neste setembro. Semana que vem, em Singapura, há mais!