No final de semana em que foi divulgado o calendário do novo Mundial de Endurance, bem como o seu respectivo logotipo, vinte anos depois da realização do último Mundial pela FIA. De uma certa maneira, este regresso - combinado com a FIA e o Automobile Club de L'Ouest (ACO) representa a nova politica que Jean Todt, ex-Ferrari e que levou a Peugeot a duas vitórias em La Sarthe com o modelo 905, em 1992 e 93, quer instalar na FIA, após o longo consulado do britânico Max Mosley.
Nos últimos dois anos tem-se vindo a verificar a lenta adesão dos construtores à Endurance, principalmente por causa das nova tecnologias, como a eletricidade ou a tecnologia híbrida, tão importante para os carros do dia-a-dia. Se a Audi e a Peugeot estão na Endurance por causa dos motores a Diesel, agora com o regresso da Toyota em 2012, e a tecnologia híbrida que querem explorar, muito provavelmente isso poderá significar a médio prazo evoluções significativas nessa tecnologia. E claro, quem fala dos híbridos, fala dos eletricos. Mas isso é outra conversa.
O que quero falar é o calendário de 2012 desta nova WEC, a sigla inglesa para World Endurance Series. É um verdadeiro Mundial, com paragens em quatro dos cinco continentes, e tem quatro clássicas incluidas: as 12 Horas de Sebring, as Seis Horas de Spa-Francochamps, as 24 horas de Le Mans e as Seis Horas de Siverstone, embora alguns incluam aí as Seis horas de Mont Fuji, devido à sua participação durante o tempo do Mundial de Sport-Protótipos, nos anos 80.
Contudo, o Mundial tem também outras provas no calendário, algumas de caráter duvidoso, digamos assim. A prova na China ainda não se sabe qual é, por exemplo. A ACO quer sair de Zuhai para correr em Xangai em 2012, mas não se sabe se tal vai acontecer a tempo. Não se discute a opção chinesa - toda a gente quer uma fatia daquele mercado - mas não se sabe ainda se a intenção de transferir a prova para aquele "tilkódromno" será bem sucedida. Basta dizer que no caso da Formula 1, o governo local oferece muitas das vezes os bilhetes para fazer encher as bancadas...
A segunda dúvida tem a ver com o Brasil. O fato do Autódromo de Interlagos ir albergar pode ser um incentivo para ressuscitar as Mil Milhas, um clássico da Endurance brasileira, mas as dúvidas que se colocam no calendário tem a ver com as obras que o veterano Autodromo irá passar na zona da curva do Café após dois acidentes fatais nos últimos três anos. Caso a FIA aprove as obras a tempo da sua realização, a 16 de setembro, teremos corrida. E veremos se as equipas atravessarão o Atlântico para brindarem os locais. Pelos vistos, sim, porque a Audi já confirmou que estará presente em todas as provas de Seis Horas.
Mas a mais polémica decisão tem a ver com o Bahrein. O sempre chato tilkódromo de Shakir fará parte do calendário a 20 de outubro, entalado entre Mont Fuji e o circuito chinês, e muitos já reclamam com tal decisão, pois como se sabe, a agitação social na pequena ilha do Golfo Pérsico no inicio deste ano - fazendo parte da Primavera Árabe - transformou o país num pária na comunidade internacional e desportiva. O GP do Bahrein de 2011 foi cancelado e apesar dos esforços de Bernie Ecclestone para o recolocar no calendário em 2012, as equipas estão a fazer "finca-pé" e estão contra o seu regresso.
E se para uns, a inclusão do circuito de Shakir no calendário do WEC pode ser encarado como um "prémio de consolação" e para aplacar a "furia" da familia real barenita e de Bernie Ecclestone, muitos também já reclamam do fato de a FIA já começar mal esta cooperação com o ACO. Enfim, esta polémica vai ficar para durar.
Entretanto, amanhã será também apresentado o calendário da Le Mans Series, que no ano que vêm será encarado como a versão europeia da Endurance, da mesma forma que funciona atualmente a American Le Mans Series. Em principio terá cinco provas de mil quilómetros cada uma - ou seis horas - e há rumores fortes de que terá uma prova portuguesa, em Portimão - como fecho da temporada, em novembro - a acompanhar provas em Paul Ricard, Brno, Donington Park e Zolder. A ver vamos.