quinta-feira, 3 de novembro de 2011

As dúvidas que tenho sobre o regresso de Kimi Raikkonen

Ontem surgiram noticias, especialmente da cadeia de televisão finlandesa MTV3, que afirmavam que Kimi Raikkonen iria regressar à formula 1 em 2012, com um anuncio oficial no próximo dia 12 de novembro, em Abu Dhabi, quando a Williams iria anunciar o acordo com o Qatar National Bank. esse acordo iria custar 30 milhões de dólares, 15 milhões dos quais para o piloto de 32 anos, que está desde 2010 no mundo dos ralis, onde não faz feio.

Digo – e defenderei tal tese enquanto for possivel – que não acredito muito que Adam Parr consiga arrancar um acordo deste tipo. Durante a sua fase na equipa britânica, Parr nunca conseguiu um acordo relevante com um patrocinador, e pelo contrário, viu fugir patrocinadores durante este tempo. Phillips, AT&T, McGregor... todos eles decidiram ou diminuir o valor desses patrocinios ou pura e simplesmente abandonar.

Aliás, conheço relativamente bem a história de que Parr negociou um acordo com a petrolifera angolana Sonangol, negócio esse que não o levou a lado algum. E eu tenho dúvidas que Parr, que tem contra ele toda a equipa, menos Frank Williams, desta vez consiga o “tal” negócio que melhore os cofres de uma equipa cada vez mais debilitada. E ainda por cima, conseguir um Kimi Raikkonen que depende de “humores”, como todos sabem. Mas a memória dos adeptos é curta e selectiva...

O Luis Vasconcelos, jornalista da Autosport portuguesa, escrevia sobre este caso na edição desta semana, ainda antes das noticias vindas a público em Helsinquia:

KIMI RAIKKONEN LONGE DA DECISÃO

O Qatar National Bank quer Kimi Raikkonen sob contrato para avançar com o patrocinio à Williams. Mas o finlandês não se deixa pressionar

Kimi Raikkonen está longe de decidir o seu futuro e não vai apressar uma decisão quanto ao seu programa desportivo para 2012, apesar da enorme pressão de Adam Parr está a fazer sobre o seu manager, Steve Robertson, para que o finlandês assine rapidamente um contrato com a equipa de Grove.

Parr está a utilizar o nome do antigo campeão do mundo nas suas negociações com o Banco Nacional do Qatar, que já duram há quase dois anos e estão longe de se poder considerar bem encaminhadas. Os árabes há muito que tem recebido propostas para financiarem equipas de F1 – da McLaren à Mercedes, passando pela Sauber, Toro Rosso e Virgin, mas até agora não se tem mostrado minimamente inclinados em integrar-se numa modalidade que já atraiu empresas de países vizinhos, como o Bahrein, Abu Dhabi ou o Dubai.

O mau desempenho da Williams nos últimos dois anos, que vai culminar no final desta temporada com o menor pecúlio dos últimos 34 anos de história como construtor independente, também não são própriamente uma fonte de encorajamento para os presponsáveis do QNB (Qatar National Bank). Mas se um piloto de primeiro plano, como Kimi Raikkonen, regressasse à F1 com a Williams, isso garantiria, pelo menos numa primeira fase, um enorme retorno mediático, o que pode ser um atrativo para os responsáveis pelo departamento de marketing do banco.

A GALINHA E O OVO

O principal problema que Adam Parr não consegue ultrapassar, segundo fontes da Williams, é que o QNB só pondera avançar para um patrocinio da equipa se esta já tiver Raikkonen sob contrato, e os responsáveis do finlandês não aceitam assinar qualquer contrato sem a garantia de que a equipa vai ter fundos para poder trabalhar rapidamente e sair da má situação desportiva em que se encontra. Ou seja, Parr parece encurralado numa situação em que as duas partes esperam que a outra dê o primeiro passo, o que o coloca num impasse negocial do qual poderá ter enormes dificuldades em sair.

Acresce que não falta na Williams quem questione a lógica de contratar Raikkonen, argumentando que o finlandês poderá perder rapidamente a motivação caso o FW34 não seja substancialmente melhor do que o chassis deste ano. E, de fato, não se vê como é que um piloto campeão do mundo poderá motivar-se para lutar por um lugar na Q2, que é o que Barrichello e Maldonado têm vindo a fazer nesta segunda metade do Mundial.

Acresce-se que a AT&T não parece na disposição de renovar o contrato de patrocinio que a liga há cinco anos à Williams, o que deixa ainda mais à vista os problemas financeiros da escuderia de Grove. E como os árabes não querem ser utilizados como salvadores da pátria, preferindo integrar estruturas mais sólidas, o negócio pode soçobrar, o que deixará a Williams enterrada na maior crise da sua longa história.

PARR JOGA FUTURO

Adam Parr poderá estar a jogar uma das suas últimas cartadas à frente da Williams nesta tentativa de garantir o patrocinio milionário do Banco Nacional do Qatar e consequente contratação de Kimi Raikkonen. Há muito que se sabe que o inglês tem o fortíssimo apoio de Frank Williams, mas a sia promoção interna foi uma das principais razões para Patrick Head se ter decidido afastar da equipa de F1 para se concentrar em projetos híbrido da marca de Grove.

Recentemente, Parr entrou em conflito com Toto Wolff, o segundo acionista mais importante da Williams, e agora está seguro apenas pelo apoio de Sir Frank. A decisão de entregar a direção técnica a Mike Coughlan e Mark Gillian deixou toda a gente espantada no “paddock”, pois nenhum deles tem boa cotação no mercado. Por isso, se o FW34 não obtiver bons resultados e se falhar tanto a contratação de Raikkonen como as negociações com o patrocinador árabe, Parr poderá vir a ter os seus dias contados na Williams, e por consequência, na F1.

Em suma, depois de ler o que o Luis Vasconcelos escreveu, confesso desconhecer o que é que se passou dento da Williams para que os dados se tenham alterado em 180 graus. Mas caso as noticias vindas da Finlândia sejam verdadeiras, pode-se dizer que por um lado, a equipa fica salva e tem condições para sair do atoleiro em que se encontra. E também se poderá dizer que Adam Parr, por uma vez, conseguiu levar o seu barco a bom porto. Mas honestamente, só acreditarei vendo.

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