Para muita gente, este regresso a Montreal é, de uma certa forma, um sinal de que alcançamos a normalidade. Como a última vez que vieram aqui foi em 2019, e nos dois anos seguintes o mundo ficou de cabeça para baixo, vê-los de volta é ótimo para toda a gente: os pilotos, os espectadores e a Formula 1, até. Numa corrida onde toda a gente saber que nunca será aborrecida - eu tenho a teoria que quando a Formula 1 chega aqui, o espírito do Gilles Villeneuve aparece por ali e faz de tudo para estragar os planos dos favoritos - e com os eventos da véspera, com uma qualificação invulgar da pole para baixo - as pessoas esquecem que Max Verstappen é muito bom à chuva - e ainda por cima, com os problemas de Charles Leclerc, que parte da última fila, parece que a vida estava mais que bem resolvida para o neerlandês da Red Bull.
Isto, se ele partisse melhor que Fernando Alonso. O quarentão da Alpine deu um ar da sua graça quando conseguiu o segundo melhor tempo, colocando o seu carro num lugar mais alto que o normal e conseguindo a sua melhor posição em quase uma década. E claro, prometia que iria colocá-lo mais adiante possível para não só dar um ar da sua graça, como também incomodar Verstappen na sua cruzada para o segundo título mundial.
Ainda por cima, hoje... não iria chover. Mas havia vento, e isso também afeta o desempenho dos pilotos.
Na partida, Verstappen foi perfeito, saindo bem na frente de Alonso, que começou a aguentar Sainz, Hamilton e o pelotão. O neerlandês começou a ganhar um avanço de um segundo por volta, ainda antes da terceira volta, altura em que o DRS começou a ser ativado. Atrás, gente como Kevin Magnusson tinha problemas no seu carro, no caso dele, a sua asa dianteira estava danificada.
Sainz consegui passar Alonso na volta 3, sedo segundo, mas já havia uma diferença de 2,6 segundos para Max, que seria complicado para ele o apanhar. E para piorar as coisas, o espanhol começou a se queixar de desgaste dos pneus logo na volta seis, numa altura em que Magnussen era passado por Russel para ser quinto. Atrás, bem atrás, Charles Leclerc tinha ganho três lugares, e já era 16º.
Mas na volta oito, a primeira retirada de destaque. E foi Checo Perez, com o seu motor a ir pelos ares! E por causa disso, a organização colocou um Virtual Safety Car. Quase de imediato, a Red Bull decide chamar o carro de Verstappen para colocar duros, um pouco cedo para quem quiser fazer uma paragem. Ou seja: vai para duas. Quer ele, quer mais outros pilotos, como Lewis Hamilton, Kevin Magnussen e Yuki Tsunoda, menos Carlos Sainz Jr e Fernando Alonso, que ficam com os dois primeiros postos. Verstappen era terceiro.
Sainz destacava-se, aproveitado a falta de andamento de Alonso, que no final da volta 13, tinha uma diferença de 4,5 segundos e segurando o resto do pelotão, especialmente Verstappen. O neerlandês conseguiu passar o espanhol na volta 15, mas já havia um avanço na casa dos cinco segundos a favor do espanhol da Ferrari. Contudo, Sainz Jr tinha médios e tentava manter-se o mais possível, esperando possivelmente por mais um problema vindo de outros.
Na volta 19, Mick Schumacher bateu no muro e novamente o VSD entrou em ação. Boa parte do pelotão aproveitou para trocar de pneus, incluindo Sainz Jr, que cedia o comando para Verstappen... excepto Fernando Alonso, que decidiu ficar na pista por mais tempo, tentando aguentar com estes pneus o mais possivel, numa estratégia "fora da caixa", espera-se. E no meio disto tudo, Leclerc já estava nos pontos: na volta 22, tinha passado Valtteri Bottas e era sétimo. Pouco depois, os espanhóis trocavam de posições: Sainz Jr em segundo, Alonso, terceiro.
Na frente, Verstappen tinha um grande ritmo para Sainz, enquanto Alonso perdia tempo, primeiro para Hamilton, que o passou na volta 24, antes de ele parar na volta 29, saindo com duros e tentando ficar na frente de Ocon, mas não conseguiu. Era sétimo, atrás de Leclerc... que não tinha parado, apesar de andar com duros.
Na volta 34, Verstappen começou a falar na rádio que ele começava e perder aderência com os duros, pagando o preço de ter ido as boxes cedo demais, provavelmente. Mas depois manteve o ritmo e deixou Sainz à distância. Na volta 42, Leclerc foi por fim às boxes, mas a paragem foi desastrosa e ele saiu em 12º.
Verstappen foi às boxes na volta 44, para voltar a montar duros e saiu atrás de Hamilton, o que incomodou um pouco o seu ritmo, antes de o passar. Agora tinha 10,8 segundos atrás de Sainz, tentando apanhá-lo, enquanto Hamilton ia às boxes, caindo para quarto. Na volta seguinte, Russell parava para colocar novamente duros até ao final da prova.
O neerlandês tentava apanhar o espanhol, e a diferença diminuía para 7,8 segundos até que na volta 49, Yuki Tsunoda bateu na saída das boxes e novo Safety Car, mas real. Sainz Jr aproveitou para parar nas boxes, deixando Verstappen na liderança. Mas ambos estavam com menos de um segundo de diferença... e o piloto da Ferrari tinha pneus mais novos. O potencial para um interessante final estava presente.
A corrida recomeça na volta 55, com Sainz ao ataque, mas o piloto da Red Bull defendia-se dos ataques do piloto espanhol, enquanto o outro Ferrari, o de Leclerc, passava Fernando Alonso, para ser sexto. Depois, o monegasco passou Ocon para ser quinto, enquanto Sainz Jr continuava a atacar Verstappen para a liderança, mas o piloto da Red Bull continuava a resistir.
Apesar destes ataques e defesas, Max não escorregou e fez tudo certo. Até à bandeira de xadrez, ele manteve a liderança e foi assim que cruzou a meta em primeiro lugar, pela terceira vez consecutiva, enquanto Lewis Hamilton subiu ao lugar mais baixo do pódio pela segunda vez na temporada, na frente de George Russell e Charles Leclerc, que cumpriu o objetivo de pontuar na corrida, mas viu escapar Verstappen em mais alguns pontos. Mas com a desistência de Perez, aproximou-se do segundo posto.
Agora, são duas semanas, onde atravessarão o Atlântico e correrão em Silverstone.